Segredos
— Jonh, você sabe que não deve trata-la assim. — Vic ouviu a voz doce e apaziguadora de sua mãe.
— Ela vai voltar a fazer, você sabe o quê! — Ele sussura irritado.
— Você não sabe, nós não sabemos. Ela não se lembra de nada, então acho melhor não falarmos sobre isso na frente dela.
Victoria ouvia estupefata. Do que ela deveria se lembrar? O que seus pais escondiam?
Ela sentiu uma leve pontada em sua cabeça. E um pressentimento de que algo ruim iria acontecer.
Ao ouvir passos vindo em sua direção. Vic subiu correndo as escadas rumo ao seu quarto. Ela apanhou sua mochila e ao se vira para porta se depara com sua mãe.
— Tê assustei? — Ela sorri para filha.
— Não. — Ela mente.
— Vamos então.
O caminho até a escola foi calmo. Algumas crianças brincavam nos jardins de suas casas de cercas brancas, do outro lado da rua uma mulher passeava com seu pastor alemão.
Alguns carros transitavam pela avenida principal e uns poucos ciclistas.
Sua mãe parou o carro em frente a entrada da escola.
— Chegamos filha.
— Obrigada. — Vic agradece e ajeita sua mochila no ombro. Se preparando para descer do carro.
— Vic! — Helena chama sua atenção. — Tente se manter longe de problemas.
Vic acente com a cabeça e desce do veículo. Vendo o se afastar ao longe. Ao passar pelo portão. Ela se sentiu desconfortável, pois, todos pareciam estar olhando a mendindo.
Talvez sua escolha de roupa não tenha sido das melhores. Mas o que poderia haver de errado em usar um jaens preto com uma blusa regata branca com uma jaqueta jeans azul por cima. Um look comum.
Ela apertou a alça da mochila entre os dedos e seguiu para secretaria. Ao bater na porta de vidro, ouviu uma voz feminina mandando entrar.
Uma mulher baixa de óculos a olhou por cima dos mesmos, e perguntou:
— Pois não? O que deseja?
— vim buscar meus horários.
— Certo. Nome? — A mulher pergunta, enquanto foliava alguns papéis.
— Victoria Hills Bruks.
— Aqui está. Senhorita Hills. — Ela lhe entrega um pequeno papel amarelo.
— Obrigada. — Vic se retirá.
Victoria andou pelos corredores até seu armário azul preso na parede perto dos bebedouros. Ao abrir ela apanhou seus livros e seguiu para sua primeira aula.
Todos os alunos já estavam em seus devidos lugares, quando ela entrou. Um grupo de rapazes com jaquetas vermelhas do time de futebol da escola, estavam sentados nas carteiras ao fundo da sala. Um em particular, loiro, forte de olhos verdes, não disfarçava o fascínio por Victoria que ignorou seus olhares, e sentou-se na carteira da frente perto da janela.
O tempo parecia se arrastar, enquanto o professor explicava as questões de física. Vic se incomodou, pois, alguém bem desocupado estava atirando pequenas bolinhas de papel em suas costas.
Quando finalmente a aula terminou. Vic seguio para o refeitório, o local era enorme, com mesas redondas médias. Ela enfrentou uma fila enorme para pegar a merenda.
Com sua bandeija em mãos, ela procurou com os olhos, por um lugar vago. Encontrando na última mesa no canto posterior do pátio. Onde uma garota de cabelos castanhos escuro, já estava sentada.
— Com licença. — Ela chama a atenção da garota, que ergue os olhos de sobre o livro que estava lendo. — Será que posso me sentar aqui?
A garota apenas balanço a cabeça em afirmação, voltando a ler seu livro. Vic pegou a maça e mordeu um pedaço.
— Viagem ao centro da terra. — Ela fala para chamar a atenção da garota.
— Você já leu? — A garota pergunta, levantando os olhos castanhos de sobre o livro.
— Já. Eu amo as obras de Júlio Verne. A maneira como ele descreve as coisas.
— É incrível. — Ela completou a frase de Vic, e sorriu para ela que retribui. — Meu nome é Amélia. — Ela estende a Mão.
— Victoria. — Ela aperta a mão dela. — Mas me diz em que parte você está?
— Ainda no início, eles acabaram de encontrar o pergaminho. — Amélia responde, colocando o livro fechado ao lado da bandeija.
— Então você ainda não chegou na parte que...
— Não me conte! — Ela gritou rindo. — Não gosto de spoliers. — Ambas riram.
A conversa se seguiu, Vic lhe contou que tinha chegado de viagem a dois dias. E como o lugar onde morava era maravilhoso. Amélia era um tanto agradável, os lábios rosas parecia sempre manter um singelo sorriso mesmo quando estava seria. A franja que cobria a testa e parte da sobrancelhas acrescentava mais a sua beleza. Os cabelos cumpridos que caíam sobre a jaqueta de coro preta na qual de minuto em minuto ela esticava as mangas. Como se estivesse impaciente ou quisesse esconder algo.
— Nossa Nova Orléans parece incrível. Eu nunca conheci outro lugar além de Águas Claras. — Ela fala sorrindo.
— Minha família e eu nos mudamos muito. — Vic responde, tentando não parecer indiscretra com a forma como olhava os jestos da garota.
As duas conversavam distraídas, quando uma bola atingiu a bandeija de Victoria, batendo na garrafa de suco aberta, derramando seu conteúdo na blusa branca de Vic que se levantou assustada.
— Minha nossa. Eu sinto muito meninas. — O rapaz loiro da aula se aproximou, apanhando a bola, e escorando o cotovelo sobre a mesma.
— Só podia ser você Lucas! — Amélia esbravejou se colocando de pé.
— Está tudo bem. Não tem problema.— Victoria fala, enquanto fechava a garrafa a endireitando sobre a bandeja.
— Claro que tem. Olha como ficou sua blusa. — Amélia olha para Lucas que ria da situação. — Será que você não conhece um jeito menos agressivo de se apresentar.
— Olha hoje ela está de mau-humor. — Ele zomba gesticulando com as mãos.
— Com licença. — Victoria pede, passando apressada por eles, indo rumo ao banheiro.
Ela seguiu até a pia cumprida de azulejos brancos, ligando uma das torneiras. Vic esticou a barra da blusa esfregando embaixo do jato d'água.
— Eu mereço! — murmurou irritada.
" Deveria ter arrancado a cabeça dele". Ela ouviu ser sussurrado ao seu ouvido; Vic olhou lentamente para o lado, sentindo um calafrio subir por sua coluna, no entanto, não havia ninguém ali. Apenas o reflexo dela que como sempre a observava sem que Vic nota-se.
Ela terminou de limpar a mancha vermelha, que ainda havia deixando vestígios no algodão, e segurou com as duas mãos na beira da pia. Ela suspirou e encarou seu reflexo no espelho.
Victoria começou a lembrar da conversa que ouviu entre seus pais. Aquilo estava deixando a preocupada. Mas logo sua concentração acabou, seu rosto no espelho, parecia diferente.
Ela aproximou sua face um pouco mais, notando que seus olhos pareciam esticar e sua pele se torna mais pálida do que de costume. Seus lábios estavam se curvando em um sorriso sombrio, mesmo ela estando seria.
Seu coração começou a bater mais rápido, o oxigênio rarear em seus pulmões. Vic pulou para trás quando o sinal tocou a tirando o transe.
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