Vinte e nove
Somos informados que pelo menos das dez pessoas que foram baleadas sete morreram. A senhora Diamante, Lord Pérola, Lady Ametista, o rei, Diana e outros dois funcionários.
Tobias está ao meu lado, quieto que nem uma pedra. Meu amigo tão falante não diz nada, apenas observa o corpo de Diana enrolado em um pano branco deixando seu rosto a mostra.
O rei é colocado em um caixão de cristal, a rainha chora nos braços do filho.
- Como ela pode ser tão bonita mesmo morta? -- Tobias pergunta sabendo que não vou responder.
Seguro sua mão e coloco meu queixo em seu ombro.
- Obrigado por ter tentado ajudá-la -- fala baixinho.
- Me perdoe por não conseguir -- peço. - A pessoa que eu amava também morreu -- falo.
Ele me abraça e vejo as lágrimas em seus olhos.
Nathew era tão incrível.
- O palácio inteiro está em luto -- fala e eu concordo com a cabeça.
- Você vai ficar bem? -- pergunto com os olhos inundados.
- Todos nós precisamos ficar -- diz - Inclusive ele -- fala apontando com o queixo para Christopher.
Dominique está quieta em um canto, Gregório faz o mesmo ao seu lado. Formam um belo casal, espero que sejam um. O trono de rainha tem que está livre para mim.
Christopher sai de perto da mãe e do pai morto. O sigo sem que ele perceba, ele não vai longe. O jardim está claro, o dia amanheceu em luto. O príncipe senta nos pequenos degraus, sento me ao lado dele. Coloco minha mão em suas costas para anunciar a minha presença.
- A arrastou com o pano até a porta do salão -- ele fala me olhando - Foi muito corajosa -- fala baixinho.
Encosto meu nariz em sua bochecha nas pontas dos pés, tento dá a ele o máximo de carinho e apoio. Mesmo depois do que ele fez por Nathew.
- Ele morreu muito cedo -- ele fala se referindo ao pai.
- De alguma forma todos nós teremos que ir -- falo fazendo meus lábios tocarem sua bochecha.
- Ele não era o melhor pai do mundo -- fala dando uma grande pausa - Mas era o meu pai -- diz.
- Eu sei Chris -- digo acariciando seus cabelos de tom loiro escuro.
Ele encosta a cabeça em meu ombro.
- Pensei que perderia você -- sussurra.
Uma onda de calor me invade com força, me fazendo corar igual aos tons da minha Pedra.
- Quando você soltou a minha mão -- diz.
Gentilmente trilho um caminho com os dedos do seu pescoço até o meio de sua nuca.
- Fiquei desesperado. -- Christopher completa.
- Dominique e Gregório parecem bem íntimos -- comento. - Espero que sejam felizes, eles formam um belo casal -- comento.
É melhor assim, o caminho até a coroa está livre para mim. Tenho que manter Christopher por perto, não posso dá o luxo de brigar com ele.
- Casa comigo? -- ele pergunta.
Quase sinto um peso em minha cabeça.
- Depois do período de luto, no baile da escolhida -- ele fala levantando a cabeça - Talvez não acredite em mim, mas não foi eu Rose -- ele fala tocando o meu rosto.
Sua mão passa nos meus lábios e na minha bochecha.
- Não peço que o esqueça -- fala. - Sentimentos não morrem Rose. -- diz, dessa vez ele coloca a mão no meu pescoço e me puxa para perto.
Tão perto que nossos narizes se encostam. Sinto sua respiração, tão urgente quanto a minha.
- Não me faça ser rei sozinho. -- pedi e sinto todo o seu desespero.
O beijo com todo a intensidade, é um sim.
Casarei com Christopher, terei a coroa, a minha Pedra sairá da falência. Deu certo, e para isso foram nescessário oito vidas. Sete no palácio e uma na linha de frente da guerra. Talvez deveria riscar essa última da lista, não era para Nathew morrer, só o rei. Fui bem tola em acreditar que seria um ataque objetivo. Nunca é.
- Não agradeça -- falo e ele ri.
O segundo beijo é dele, leve e carinhoso, nada comparado ao meu.
Sei o que uma pessoa é capaz quando está enciumada, não acredito em nada que diz. Christopher pode ser um bom jogador, mas sou eu quem controla o jogo. Sei que Dominique não vai cobrar tão barato assim para guardar um segredo tão grande, ela vai querer mais do que um casamento com um outro príncipe.
- Você será um excelente rei. -- digo e algo nele muda.
O deixando mais triste e sem graça.
- Aqui está você! -- Samara fala atrás de nós.
Christopher e eu nos viramos e levantamos rápido para vê-la. Samara abriu a passagem para Saori e o povo da Cidade Sul, ela achava que iriam fazer o rei renunciar. Samara também tem seus interesses, ela quer parar de se esconder da família. Seus olhos encontram os meus e faço um sinal para ela não comentar nada. Samara faz que sim com o rosto.
- Eu sinto muito Chris. -- ela fala passando o braço pela cintura do meu agora oficial noivo.
Christopher passa as mãos nos cabelos azuis dela. Está bonita em seus uniforme preto e um delineador gatinho característico.
- Eu sei que sente. -- ele fala baixinho.
- Você está bem? -- ela pergunta o soltando.
Os observo, ele é carinhoso com ela. Senão os conhecesse direito diria que são um casal ou irmãos.
- Vou ficar. -- ele fala colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. - Serei rei Sam. -- comenta e ela o encara. - Não vai precisar se esconder, não mais -- diz.
- Rose? -- ela chama largando os braços de Christopher.
- Diga -- falo curiosa.
- Soube que uma criada sua morreu, meus pêsames.
- Diana. -- conto de cabeça baixa.
Christopher segura a minha mão com delicadeza.
- Rose e eu vamos anunciar o casamento apôs o período de luto. -- ele fala.
- No baile? -- ela pergunta e Christopher diz que sim.
Samara me encara. Agora ela entende, mas estranhamente abre um sorriso para mim.
- Formam um lindo casal. -- comenta.
*
No meu quarto, pego papel e caneta. Escrevo uma carta para mamãe, contando tudo sobre o o ataque do rei, inclusive o pedido do príncipe. Não menciono a morte de Diana, não quero pensar nas vítimas desse ataque. O fantasma de Nathew vem em minha mente. Ficou ainda mais bonito com o cabelo raspado, seus olhos verdes me hipnotizam com muita facilidade, tirando minha concentração.
Será que eu causo esse efeito em Christopher? Será que o fantasma de Diana irá visitar os pensamentos de Tobias?.
Não consigo terminar a carta e a guardo junto com as de Nathew. Christopher tirou ele de mim, eu ajudei a tirarem o pai dele. Talvez estejamos quites, mas isso já tinha sido planejado muito antes. Sou vilã tanto quanto ele, só que meus motivos são melhores.
Invejo a minha mãe, Jacora Jaspe casou-se com um Rubi por interesse e é feliz. Ela aprendeu a amar, tinha a grande vantagem de um coração por inteiro. Se o meu coração é vermelho como Rubi, não é tão resistente quanto imaginei. Pensei que esqueceria Nathew por amor a Christopher, mas esse mesmo amor retirou a metade do meu coração, enquanto a outra está se destruindo.
Tento dormir um pouco, amanhecemos do dia graças ao ataque. Fecho os olhos e apago.
Sonho com uma coroa, ela está no chão. Feita de prata com rubis nada modesto, o chão está em sangue, o vermelho escarlate me arrepia. Vejo os meus pés brancos, quase pálido pisarem na poça vermelha.
Sinto o calor do sangue e o frio do chão, abaixo para pegar a coroa. Uma luz aparece e me mostra um trono. Um trono de rubi, pego a coroa e sigo em frente pela trilha de sangue. Sento me no trono e coloco a coroa na cabeça.
Estou sozinha, sem ninguém em minha volta. Esperava ver mamãe no sonho me aplaudindo, mas nem ela está lá.
Desperto do sonho, com Cássia me mexendo. Olho em volta e vejo Madalena com uma bandeja, está tarde para o café da manhã.
- Senhora. -- Cássia fala. - Precisa se arrumar para o almoço, trouxemos algo para comer, deve está com fome -- fala.
Concordo com a cabeça quase feliz por ela ter me acordado.
Como rápido o pedaço de bolo que Madalena trouxe para mim. É de milho verde, gosto do sabor.
Tomo uma banho morno e visto um vestido simples. Vermelho de tom quase preto, em respeito ao rei, em respeito a Diana e inclusive a minha perda mais profunda. Em respeito a Nathew.
Saio do quarto e encontro Christopher no salão da rainha, ele está sentado mas quando me ver se levanta.
- Desculpa invadir sua privacidade. -- ele fala.
O local em que as noivas reais dormem só é visitado pela rainha e os guardas tem que permanecerem o mínimo de tempo possível. Regras tão antigas quanto o sol.
- Seria muito incomodo eu pedir que me faça companhia o resto do dia? -- ele pergunta.
Me aproximo de Christopher graciosamente. Tem algo errado em seu olhar, o abraço e ele retribui enterrando o rosto em meu pescoço. Christopher chora, chora tanto que soluça. Acaricio seus cabelos loiros, enquanto ele aperta a minha cintura me deixando colada em seu corpo.
- Pode chorar Chris. -- digo.
Uma pontada de culpa me fere, tirei o pai de um filho. Mesmo ele tendo me tirado um amor, sinto que sou eu a culpada. Christopher desaba em meus braços, me apertando tanto que sinto a falta de ar.
- Chris! -- falo tentando respirar - Christopher você tá me machucando. -- consigo dizer.
Ele me solta em automático, me olhando com seus olhos de cristais.
- Me desculpe. -- pede fechando bem os olhos.
Enxugo as lágrimas de seus rosto macio. Ele segura a minha mão e a leva até a boca dando um leve beijo.
- Vamos almoçar. -- ele sussurra abaixando minha mão ainda na sua - Não solte, por favor. -- fala.
- Não vou soltar. -- falo e ele abaixa o olhar. - Prometo. -- sussurro.
Christopher me conduz até a sala de jantar. Segura a minha mão com força, tento andar o mais próximo a ele para acalma-lo. Quando largo para abraçar seu braço ele me encara.
- Não vou a lugar algum. -- digo.
Na sala de jantar esperava encontrar a rainha no lugar do rei. Está em seu lugar com Dominique ao seu lado, Gregório senta se de frente para sua nova companheira.
Quando entramos todos nos encaram, está claro como o dia o que Christopher quis passar, uma bela impressão pelo visto. Ele me leva até o assento a sua esquerda e puxa a cadeira para mim, me sento e o observo fazer o mesmo. Na cadeira do pai.
- Infelizmente ontem sofremos um ataque de rebeliosos insatisfeito com o governo de meu pai. -- ele fala assumindo uma postura de rei. - Suas atitudes foram claras do que vieram fazer. -- as palavras recuam de sua boca. - Não iremos mais tolerar isso, as guardas foram fortificadas por todo o palácio, e que a memória de meu pai seja guardada como o grande rei que ele era. -- termina.
A rainha segura a mão do filho como consolo. Ela sabe que foi difícil ele dizer essas palavras.
- Meu marido descansará em paz, enquanto caçaremos esses rebeliosos até que sejam punidos um à um. -- ela fala.
Meu estômago se revira por um momento.
- Após o período de luto, irei oficializar o meu noivado com Lady Rubi. -- diz.
Não ouso sorrir, não quando a rainha e o meu noivo estão de luto. Eu também estou, por Diana e por Nathew, me corrijo.
- Quero um pequeno baile em respeito ao rei. -- digo. - E quanto a recompensa do baile de talentos, quero que seja dado de presente de noivado a Dominique. -- falo e ela sorri em aprovação.
- É muito gentil da sua parte Rose. -- ela fala com uma falsidade impressionante.
- Como desejar. -- Christopher diz.
A rainha não esboça nenhuma emoção além da dor. Dominique me encara, não tem ódio e muito menos inveja. Gregório parece satisfeito com a notícia, parece que Dominique já o enlaçou sem nem precisar de minha ajuda.
- Já que tocamos no assunto, desejo informar que encontrei o que eu procurava em seu reino. -- Gregório comenta olhando para Dominique.
Christopher assente.
- Então deixo claro o anulamento do meu noivado com Lady Opala. -- diz.
Gregório abre o mínimo dos sorrisos.
- Senão se importe também gostaria de anunciar o meu para Outrora.
- Claro. -- meu noivo fala - Sirvam o almoço por favor! -- ele ordena com um gesto de mão e as criadas agilizam o trabalho.
Não sou fã de sopa, por isso nem toco na graciosa entrada. O prato principal é um assado saboroso, ninguém diz nada além de Gregório e Christopher. Falam sobre o reino e os noivados. Um dia cinza que nem mesmo a minha vitória pode colorir.
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