Acordo e procuro pelos braços de Christopher, ele não está na cama, deixou um bilhetinho em cima de seu travesseiro. Ele saiu do quarto bem cedo, deveria ter coisas mais importantes para fazer. Pego o pequeno bilhete que não passa de um pedaço de folha de caderno rasgado.

"Bom dia meu amor!
Perdoe-me por não te acordar com um beijo, tive que resolver algo a respeito do nosso casamento, por isso saí ainda cedo. Quando acordar e depois de ler isso, me procure para um café da manhã. Eu sinto muito mesmo, por não estar ao seus lado depois daquela noite maravilhosa.
Do homem que mais te ama nesse mundo.
Chris."

Levanto da cama de Christopher e visto o meu pijama, uma das criadas entra no quarto e quase desmaio de vergonha. Ela me encara surpresa e abro um sorriso para ela.

- Eu só vim arrumar a cama do rei Christopher -- fala - Posso fazer isso em outro momento.

- Tudo bem, pode arrumar -- digo.

Entro no banheiro de Christopher e pego uma escova de dente nova de sua gaveta, ele não vai se importar. Quando saio vejo uma gaveta semi-aberta. Como isso me agonia. Vou em direção para fechar a gaveta, vejo uma linda caixa pelo pequeno espaço aberto. Por curiosidade abro um pouco mais e vejo a caixa aberta com um monte de cartas. Todas com o símbolo da Pedra que eu nunca confundiria na vida.

Pego uma das cartas, Nathew não escreveu apenas uma. A que está nas minhas mão tem data de quando ele foi, para Matrix depois do baile de talentos. Christopher escondeu todas essas cartas de mim, me deu apenas uma, se ele fez isso, foi por algum motivo. Pego três das cartas e coloca no bolso da calça do meu pijama. Saio do quarto de Christopher com o coração acelerado. Na sala de visita vejo ele entrando e abrindo um lindo sorriso para mim. Uma criada o segue com uma mesa com rodinhas cheia pães e um bule de café.

- Bom dia meu amor -- fala segurando o meu rosto e me dando um beijo.

- Bom dia Chris -- falo sorrindo como se nada tivesse acontecido.

- Espero que esteja com fome.

- Estou -- digo sentando no sofá da sua sala de visitas.

A criada estaciona a mesa e minha frente e Christopher se senta ao meu lado enquanto ele serve o café.

- Obrigado, pode ir -- fala e ela sai.

- Para quê tudo isso? -- pergunto enquanto ele bebi um pouco do café.

Christopher está com um brilho nós olhos, mas do que de costume.

- Para você meu bem, perdoe-me mesmo por ter saído do quarto -- fala tocando em meu rosto.

- Eu li o seu bilhete, qual foi o problema?.
- Algo sobre o cerimonialista -- diz - Nada que tenha que se preocupar.

Pego uma torrada recheada com bacon e presunto. Está uma delícia. Quero falar com Christopher sobre as cartas que ele escondeu, mas também não quero estragar tudo com um assunto tão proposto a virar discussão.
Você escolheu Christopher, aceite Rose.

- Chris, meus pais estão dormindo em que ala do palácio? -- pergunto.

- Segunda.

Ótimo.

- Onde Saori está? -- pergunto e ele levanta a sobrancelha.

- Por que a pergunta?.

Olho de uma maneira que o diga que não vou responder. Ele entende o recado.

- Ela foi mandada para uma prisão em Trot -- fala.

Uma prisão em Trot? Onde os maiores criminosos de toda Cristália estão?.

Christopher percebe a minha surpresa e segura a minha mãos.

- Foi uma decisão minha e do novo conselho que formei ontem a tarde -- fala.

Conselho? Nenhum rei do país quis dividir as decisões reais. Por que Christopher desejaria um?.

- Os Lord Safira, Esmeralda, Ouro, Diamante, Opala, Ametista, Jade, Platina e o seu pai -- fala - Futuramente escolheremos alguém para representar os Poeiras, para termos a representatividade de todos.

Todos?.

- Não vejo uma Lady ou senhora nisso -- digo - Como pode haver representatividade se esquece do gênero que por todas as décadas e até às atuais sofre com a inferiorização, não só dá elite, mas também da sociedade -- digo e vejo Christopher sorri.

Ele me beija novamente.

- Justamente por isso, a minha futura esposa irá participar do conselho -- fala.

Como posso ficar chateada com Christopher?.

- Você é o Sol Christopher -- digo e agora sou eu que o beijo.

- Você é a lua Rose -- diz.

Tomo um banho em meu quarto, me arrumo para almoçar exclusivamente com meus pais. Christopher permitiu que eu não fosse almoçar na sala de jantar junto com os outros. Estamos no jardim, colocaram mesas com toalhas vermelha, o ambiente ficou o mais rubítico possível. Palavra que eu inventei para caracterizar o meu Palacete.

- Está tão linda querida -- mamãe comenta - Como se estivesse com o humor renovado, aconteceu algo de especial? -- pergunta.

Era como se mamãe pudesse ler a minha mente, mas seria um pouco vergonhoso conversar sobre isso com papai a minha frente.

- Só estou de bom humor -- respondo.

- Soube que tomou café com seu noivo -- mamãe comenta.

- Christopher me convidou, não podia rejeitar -- falo um pouco corada.

- Robert se anime, a nossa filha vai se casar com o rei daqui a uma semana -- fala mamãe e papai finalmente tira os olhos dos jornais.

Eu e papai não conversamos sobre tudo o que aconteceu, ele sabe que mamãe estava envolvida, mas não esperava nada disso vindo de mim.

- Espero que aprenda com o tempo querida -- diz papai me encarando - Um casamento não faz parte de um jogo, você terá que pensar por duas pessoas -- fala - Assim como o seu noivo.

O aviso de papai é claro: não faça outra besteira por si própria.

- Fiz tudo isso pela a Pedra Rubi papai -- digo - Só estava querendo ajudar, eu só acabei tirando proveito pessoal.

Papai bate na mesa e surpreende tanto a mim quanto a mamãe.

- Basta! Não lhe obriguei a entrar em um grupo de rebeliosos para salvar nossa Pedra, o rei morreu e a falência dos Rubi não tem nada a ver com isso -- diz - Não coloque desculpas para os seus erros, aprenda com eles e se torne uma pessoa digna de estar ao lado do rei de Cristália.

Sinto como se fosse uma pisada no peito. Papai nunca foi de dá sermões desse jeito.

- Robert! -- mamãe berra.

- Não estrague o nome da minha Pedra! Porque se você fizer algo novamente para a monarquia ou para esse garoto, que além de ser o rei será o seu marido, terei vergonha de lhe chamar de filha!.

Foi a gota d'água, papai apertou o gatilho, sinto a dor tremenda agoniando o meu peito. Me levanto sem nem terminar direito o meu almoço, vou em direção ao meu quarto. Deixei as cartas de Nathew em meu armário junto com as outras. E quando estou pronta para ler, alguém abre a porta. Escondo o mais rápido possível.

- Esqueceu de bater? -- pergunto.

- Eu preciso? -- Christopher vem até mim e me envolve em seus braços dando um demorado beijo na testa.

- Precisa, ainda não somos casados -- digo.

- Não me desafie a ordenar que levem suas coisas para o meu quarto -- fala beijando a minha bochecha.

- Christopher!

- Vem, quero te convidar para um passeio -- fala.

- Poderia ter falado com uma de minhas criadas.

- Para que terceiros, gosto da nossa dupla -- fala - Vamos? -- diz me puxando gentilmente para longe do quarto.

Tenho duas opções: ler o que Nathew escreveu o que pode estragar tudo que consegui restaurar, ou deixar como estar e ser feliz com Christopher. Ele me leva para a sua sala de música e sentamos na frente do piano. Christopher pega gentilmente minhas mãos e põe nas teclas.

- Sei que tem algo te perturbando e sei que não vai me contar -- fala.

Só o fato de ter várias cartas de Nathew em sua gaveta.

- Mas você ainda pode tocar -- diz com um tom suave e gentil.

Toco com ele por toda tarde, a noite vou para o meu quarto. Dominique está no salão da rainha com a própria, ela convidou para a conversa, mesmo contra a vontade da rainha Andara. Não aceitei, vou ler a carta de Nathew. Se for algo importante eu nunca saberei se não ler, prometi a mim mesma que independente do que estivesse escrito não ia jogar tudo em Christopher. Não vou perder a chance de voltarmos a ser como antes, ou até melhor.

"23 de Agosto de 2130..

Isso foi no primeiro dia que vim para o palácio, quando ele foi para Matriz antes do baile de talentos.

... Querida Rose, escrevo está carta, mas nem sei se chegará em suas mãos. Estou no carro em direção a Matriz, no primeiro dia vou resolver apenas os postos, não terá nada de interessante, muito menos uma aventura. Com certeza irei ao baile de talentos, não vou perder a oportunidade de te ver antes de voltar para essa guerra que se aproxima. Espero que esteja bem e com o coração desse príncipe em suas mãos. Eu sei do que você é capaz, pode conseguir tudo o que quer fazendo pouco esforço, foi assim que ganhou o meu coração. Sinto muito por ter te tratado daquela maneira, mas nem sei se vai ler isso, então irei fingir que estamos bem. Eu te amo Rose, queria te dizer isso sempre, queria está ao seu lado nesse momento. Quero teu bem, quero te amar, quero você e quero que me queira como seu, pois tomei a liberdade de ser.
Do homem que te idólatra,
Nathew."

Leio as outras duas cartas em seguidas, eram poemas bem parecidos, provavelmente criados no mesmo dia.
A carta de Nathew me consome por milhares de sentimentos que não consigo decifrar ao certo, o que eu daria para tê-lo vivo de volta. Daria o sol, as estrelas e a lua, mesmo o sol sendo Christopher, mesmo eu sendo a lua. O pensamento me machucou, pensar em perder o meu noivo acabou com todo o romantismo da carta de Nathew. Me sinto culpada e saio do meu quarto, já estou no corredor. Escuto as risadas de Dominique no jardim, vejo de longe Gregório dançar com ela. Subo até o andar real, os guardas me encaram com um sorrisinho no rosto.

- Pode entrar -- o mais velho fala.

Não sei o que Christopher ordenou a eles, mas funcionou. Meu noivo está sentado na cama e se levanta quando nota a minha presença. Tão lindo, ainda está com as suas roupas elegantes de sempre ao invés das de dormir. Deve ser uma 19:00 horas ainda.

- Meu amor, sentiu minha falta? -- pergunta beijando a minha boca.

Abraço Christopher com força o deixando surpreso. Precisava disso depois das cartas de Nathew, além disso poderia roubar mais já que li todas as três.

- Está tudo bem? -- pergunta em tom baixo.

- Meu lugar é aqui Christopher -- falo absorvendo todo o seu perfume.

Christopher abriu o lindo sorriso que tanto sou apaixonada.

- Amo você ma reine -- diz.

Minha rainha, como o apelido me fez bem.

- Ainda não somos casados para eu ser sua rainha Chris -- digo.

Ele ri.

- É a minha rainha desde o dia que colocou os pés neste palácio.

*
- Bom dia meu amor -- fala me dando um beijo na orelha.

- Bom dia Chris.

- Tenho uma coisa para te contar -- ele comenta e sento encostada nós travesseiros, ele faz o mesmo.

- O quê?.
- Não fica chateada, por favor.

Faço uma cara de interrogação, o que pode ter sido?.

- Mamãe fez uma agenda de noivado, ela não nos quer no palácio enquanto arrumam para a festa -- fala - Vamos pegar um voou para Outrora junto com príncipe Onix e Lady Opala -- diz.

Uma viagem, como podemos viajar sem que eu, a noiva, não saiba os preparativos do casamento? Não escolhi nem o meu vestido!. Christopher percebe o meu nervosismo e segura as minhas mãos com medo que elas tremam.

- Sua Pedra ficará aqui para garantir uma decoração que a agrade,não se preocupe meu amor, ainda pode escolher seu vestido hoje -- fala me beijando.

Como se tivesse lido os meus pensamentos.

- Quando soube disso?.

- Ontem a noite antes de você entrar, não queria estregar o momento -- fala.
Christopher me abraça.

- Vai ser bom para nós -- sussurra - Esqueci de dizer que um médico irá te examinar depois do café.

Ele apenas se levanta da cama sem me dizer mais nada.

- Christopher! Médico, para quê?.

Me levanto e agarro o seu pulso fazendo com que ele pare.

- Exames antes da viagem e para esse seu tremor -- fala segurando meu rosto e beijando a minha cabeça - Pode voltar a dormir, tenho que resolver uns assuntos de governo.

Ele se aproxima bem devagar da porta do quarto, não quero que ele vá, mas é um ótimo momento para atacar sua gaveta e roubar umas cartas de Nathew.
- Chris! -- chamo e ele se vira.

Como eu quero beijar aquelas sobrancelhas.

- Amo você! -- digo e ele vem até mim com um sorriso lindo.

Christopher me rouba um outro beijo demorado.

- Também amo você ma reine -- fala dando vários beijos em meu rosto.

Quando ele sai, pego mais umas quatros cartas da caixa. Vou para o meu quarto, minhas criadas estão arrumando as minhas malas.

Odeio viajar em cima da hora.