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Dezessete

Depois do almoço voltamos para o palácio. Acabamos chegando três horas da tarde, o príncipe me conduziu até o corredor. Tobias estava me esperando, quando nos aproximamos ele sorriu para o príncipe e Christopher retribui.

- Aqui está ela, sã e salva -- Christopher fala.

- Não duvidei em nenhum momento alteza -- Tobias fala e ele ri.

Observo ambos, eles parecem amigos.

- Tenho que ir Rose -- Christopher fala - Até breve -- ele termina levando minha mão aos lábios.

O príncipe se despede de Tobias com um gesto com a cabeça, ele faz o mesmo ainda sorrindo. Ficamos parados observando Christopher da meia volta e desaparecer do corredor.

- Desde quando virou amiguinho do príncipe? -- pergunto.

Assim como com Christopher tenho que levantar o rosto para encarar meu amigo.

- Desde que começamos a ter uma pessoa em comum -- ele fala tocando meu cabelo.

- Então me considera mesmo uma amiga? -- pergunto.

- Acho que melhor amiga se encaixa melhor -- ele fala e não resisto ao impulso de abraçá-lo.

- Você sabia do nosso passeio? -- pergunto curiosa.

- Claro que sim -- ele fala - O príncipe ordenou para que eu os esperasse no corredor nesse horário -- completa.

- Ah entendi -- digo.

- Então, como foi o passeio? -- ele pergunta.

- Bom, Christopher me levou para voar de jato e depois almoçamos em um restaurante Árabe -- falo.

- Parece incrível -- ele comenta.

Começamos andar em direção ao salão da rainha.

- O nome era Múmia Árabe, fica em Doutrian -- falo.

- Múmia Árabe, que nome ridículo -- ele fala e me faz rir.

- Pensei o mesmo -- falo dando uma cotovelada nele.

- Vocês se beijaram? -- ele pergunta.

- Não, não sou assim tão fácil -- digo.

- E quando vai beijá-lo novamente? -- ele pergunta - Tá estragando meu shippe -- completa e riu de novo.

- E enquanto ao meu? -- pergunto - Como vai você e a Diana?

- Já ia comentar sobre isso -- ele fala e eu paro para o encarar curiosa - Dei uma desculpa dizendo que você queria umas flores novas para colocar em seu quarto -- comenta ele - Disse que sabia quais tipo você queria e dei um passeio com ela no jardim -- termina.

- Inteligente, realmente inteligente -- falo e voltamos a andar.

- Acho que a rainha notou a falta do príncipe -- ele comenta.

- Ele me certificou que não teríamos problemas -- falo.

- Acho que ela não acreditou que ele foi visitar uma galeria e nem que você estava indisposta -- Tobias fala - Dominique aproveitou e passou o dia com a rainha, está se aproveitando -- ele termina.

Concordo plenamente, se depender da rainha ela casa com Christopher e se torna a princesa.

- Sugiro que tenha a atenção do rei -- ele fala.

- Já tenho toda a atenção de Christopher, é isso que importa -- falo.

Mentira, eu sei muito bem que não é tão fácil assim. Como minha mãe disse, a decisão final é sempre do rei e da rainha.

Vou para o meu quarto e pego a carta de Nathew, noto que as flores de Christopher não estão mais. Mandei minhas criadas distribuirem para as outras do palácio.

Para quê queria flores?.

Abro a carta de Nathew deixando todos os medos de lado. Tenho que superar, não importa o que estiver escrito.

"Querida Rose

Fico feliz por me responder com tanta agilidades, doeu cada palavra, mas entendi os seus motivos e concordo plenamente.

Você quer a coroa, não só quitar a dívida, esse agora é o mínimo dos seus interesses.

Não negue te conheço muito bem, você sempre quis mais do que tinha e nunca agradecia. Podemos nos encontrar no baile de talentos se eu puder. Se assim desejar meu amor.

Quero que seja feliz e sei que não será difícil se for princesa, merece isso.

Ainda estou em casa, indo a alguns treinamentos e resolvendo bastantes coisas, você seguiu em frente, mas eu não quero seguir.

Não vou deixar de te amar Rose, não me peça isso. Você é o meu motivo para lutar, não quero deixar isso escorregar pelos meus dedos.

Não podemos ficar juntos, mas nada me impede de te amar e enquanto não me impedir, vou te amar para sempre, até o meu último suspiro.

Eternamente seu
Nathew"

Não choro, não tenho mais lágrimas para isso. O que está decidido está decidido, não vou voltar atrás.

Nathew e eu não existimos mais, mesmo assim suas palavras me tocam com amor, carinho e adeus.

Não sei se vou escrever em resposta, talvez seja melhor deixar como está. Nathew me entende, ele descobriu algo que nem contei a ele.

Quero a coroa tanto quanto quero tirar minha Pedra da falência. Não vou deixar que meu amor por ele me impeça, mesmo que isso destrua o meu coração.

Saio do quarto e encontro Dominique na sala da rainha. Ela entrou a pouco tempo e parece alegre. Quando nota minha presença sorri com provocação.

- Não parece indisposta -- provoca.

- Não estou mais -- falo sorrindo.

- Ficou o dia todo no quarto? -- ela pergunta.

- Por que quer saber? -- retruco.

- Não a vi e nem o príncipe -- ela comenta.

- As pessoas tem muito mais o que fazer do que ficar cuidando da vida alheia -- falo.

- Tenho que me arrumar -- ela fala tocando no vestido azul com nuvens brancas. Igual o céu, parece alguns tipos de opalas. Acho que é essa a intenção.

- O príncipe deseja minha companhia -- Dominique ajeita a trança embutida com força.

Não digo nada e ela apenas entra em seu quarto ao lado de suas criadas. Coitadas.

Segundo o meu protocolo tenho aulas de canto. Não suporto aula de canto, não que eu cante mal, mas não gosto de ser obrigada a fazer algo que deveria ser um hobbie.

Fico horas treinando o hino de Cristália até conseguir cantar no mesmo tom que o original.

Iludo-me pensando que Christopher vai aparecer e me livrar dessa chatice. Ele está com Dominique, não me importo com isso.

Excluo todos os pensamentos em relação a Nathew, preciso da presença de Christopher quando estou com ele não penso no par de olhos de esmeralda.

A presença do príncipe me tranqui-liza, como se os meus problemas deixassem de existir.

Não seria uma tortura me casar com ele, talvez até o amasse com o tempo.

Ele me faz bem, faço bem a ele. Tão fácil, poderia ser assim comigo e com Nathew, mas minhas condições financeiras não garantem e nem a dele me garantiria.

Gosto do príncipe, tenho que admitir, o meu problema é só Nathew, não consigo esquecê-lo e não quero.

Depois da aula, saio da sala. Tobias estava me esperando na porta, andamos um poucos metros e chegamos no corredor.

Christopher e Dominique estão lá, ele a conduz. Ela está com o braço em seu ombro, ri de alguma piada sem graça que o príncipe tenha contado.

Ele nos nota e se aproximam.

- Boa noite Rose -- Christopher fala.

O simples fato de ele me chamar pelo nome perturba Dominique que me encara como se quisesse enfiar uma faca em meu pescoço.

- Boa noite Christopher -- falo.

Chamo ele também pelo nome de propósito. Dominique só falta soltar faíscas de raiva, mantém escondidas em um sorriso terrivelmente forçado.

- Nolan -- ele cumprimenta Tobias usando o sobrenome.

Tobias apenas se curva com a cabeça.

- Estava indo para o salão -- falo.

- Que coincidência, estou levando a Lady Opala para lá -- Christopher fala.

- O príncipe ia me levar para a sala de música, só que a rainha estava utilizando -- Dominique comenta - Então ele me levou para a linda adega do palácio -- termina.

- Espero que tenham se divertido -- falo abrindo o sorriso mais falso que consigo.

Segundo o caminho que estavam seguindo, Christopher ia levá-la para a sala de música em seguida.

- Rose, gostaria de te levar a um jantar -- ele fala.

- Agora? -- pergunto e ele confirma.

- Deixe só eu conduzir a Lady Opala até o salão -- ele fala.

- Posso levá-la se vossa alteza permitir -- Tobias responde sorrindo para mim.

- Claro, boa noite Dominique -- ele fala.

Ela sorri e acompanha Tobias, aposto que tinha vontade de matar meu amigo.

Christopher me conduz para o jardim. Andamos um pouco até chegar lá, estou praticamente abraçada com ele.

- Ia levar a Dominique para a sala de música? -- pergunto.

- Sim, por quê? -- ele pergunta descendo os degraus.

- Não quero que leve ela lá -- falo - Aquele lugar é só nosso -- termino apertando um pouco o braço dele.

Christopher me carrega impedindo que eu desça as escadas. Meu coração dispara com a surpresa, não esperava por isso.

Minha pele arrepia com seu toque. Queima e sinto que estou em chamas.
Ainda estou sem os pés no chão, Christopher sorri e me observando.

- Por favor, deixe-me beijá-la -- ele pede.

- Chris! -- sussurro fazendo ele ri.

Cedo como uma imbecil, o príncipe me beija.

Eu retribuo, gosto da sensação e do calor que ele emana. Ele me coloca no chão e beija a ponta do meu nariz.

- Obrigado -- ele fala.

Não respondo, estou vermelha em um nível estremo. Quero suplicar para que Christopher me carregue de novo, mas meu orgulho jamais permitira fizesse isso. Pelo menos ainda o tenho.

- Preparou um piquenique? -- pergunto.

- Vamos dizer que eu tentei -- ele fala rindo.

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