Dezenove
Acordo com a luz do sol em meu rosto, é primavera mas o sol forte e quente me faz lembrar o verão.
Uma carta está ao meu lado esquerdo, tem um selo da minha Pedra. O vermelho vivo dos Rubi acende no broche e chama atenção sobre o branco amarelado do papel. Jacora Rubi, está escrito. Mamãe usa o nome da Pedra da nossa família, a que ela adquiriu ao se casar com papai.
"Bom dia docinho, espero que esteja bem. Eu e seu pai pedimos desculpas por não te escrever, mas vamos ao que interessa. Vi o que o príncipe falou em seu pronunciamento, aposto que teve um dedo seu. Como estou orgulhosa minha filha. Sei uma forma de te colocar no trono, não como princesa, talvez rainha te caia melhor. Se colocarmos Christopher no trono do rei, você será rainha meu amor, mas para isso umas coisas teriam que acontecer primeiro".
Leio a carta com curiosidade. Sei muito bem o que teria que acontecer. A morte do rei.
"Conheço umas pessoas que ficariam lisonjeadas em nos ajudar. Uns amigos antigos, só preciso que arrume um jeito de vir até mim. É claro se você quiser, não irei te obrigar a nada.
Colocaremos Christopher no trono do pai, ele colocaria em prática os seus planejamentos para o reino e você estaria ao lado dele.
Salvaria Nathew da guerra, como rainha poderia pedir para retirar o representante dos Esmeralda. Salvaria os Poeiras da fome, nós duas sabemos que até que Christopher suba ao trono muitos iram morrer de fome, pela poluição e por anos de trabalhos mal valorizado.
Te criei para ser uma Rubi querida, mas isso não destrói suas raízes de Poeira. Eles são o seu povo tanto quanto a sua família. Olha quantas pessoas você pode salvar Rose, e ainda ter uma coroa. Como disse, estou muito orgulhosa.
Com todo amor
Mamãe".
Mamãe e eu pensamos iguais.
Queria que Christopher pedisse ao pai para adiantar a coroação. Ele não quer se sentar no trono por causa da morte do pai, por respeito ao seu reinado.
É um plano assassino que salvaria milhares de pessoas da pobreza. E salvaria Nathew, como não pensei nisso antes?.
Não estaria com ele, mas saber que Nathew estará seguro já é muito bom, além de ter uma coroa e um reino para chamar de meu. Enquanto a Christopher, eu estaria com ele, a outra metade do meu coração e espero que o meu novo título preencha a que sobrou.
Guardo a carta de minha mãe no baú, junto com as de Nathew. Minhas criadas me preparam um banho e vou até a sala de jantar. Sento ao lado da rainha como sempre.
Quero que Christopher me encare, me análise e perceba que quero conversar com ele. Preciso arrumar um jeito de reencontrar minha mãe, sei que o príncipe ficaria feliz em me ajudar.
- Só faltam dois dias para o baile de talentos -- o rei comenta - Logo veremos as Ladys demonstrarem o que sabem -- ele fala sorrindo para o filho.
- Não irei desapontar -- Dominique promete.
Eu apenas sorri para o rei.
- Podemos saber o que pretendem apresentar? -- a rainha pergunta.
- Irei tocar piano rainha Andara -- comento e Christopher pisca para mim.
- Iremos ouvir um pouco de Mozart? -- o rei Christian pergunta coçando a barba loira e recém feita.
- Não, é uma obra mais pessoal -- falo e Christopher me mostra o lindo sorriso.
Ele sabe me deixar boba, meus interesses somem ali mesmo.
Navegam pelo sorriso do príncipe, sinto uma necessidade de beijá-lo, mas me contenho. Preciso parecer civilizada na frente do rei e da rainha.
- Eu conheço a melodia? -- Christopher pergunta.
O rei sorri para o filho, a rainha não esboça nenhuma emoção, se con-
centra em comer todo o bacon do seu prato. Dominique faz o de sempre, me fuzilando com os olhos cinzas com detalhes rosas, azuis e branco. Se não fosse pelos detalhes diria que ela é uma Poeira, mas isso ela tá longe de ser.
- Verá no baile -- respondo sorrindo.
Pisco para Christopher de volta.
- Irei apresentar uma peça de ballet -- Dominique fala por cima de mim.
Ela quer atenção e o mais irritante é que ela recebe.
- Qual é a peça? -- o rei Christian pergunta.
- O lago dos cisnes -- ela fala orgulhosa.
- Uma obra incrível -- a rainha comenta sorrindo para Dominique.
Ela tem pontos com a rainha, tenho que ter com o rei. Não irei pedir para Christopher me ajudar, ele não me ajudaria por ser injusto e eu também não preciso.
- Gostaria de tocar com o piano que o príncipe nos presenteou -- falo. - É um piano incrível e eu também queria acompanhar os músicos com o hino de Cristália -- peço. - Se permitirem, é claro.
- Acho um ótima ideia -- Christopher comenta finalmente.
Ele é melhor com as palavras quando estamos a sós, ou talvez sem a presença do pai.
- Não sei se será possível Lady Rubi -- comenta o rei.
- E se ela tocasse disfarçada? -- ótimo, Christopher pode convencer o rei com mais facilidade que qualquer um.
- De acordo então -- o rei fala.
Saí da sala de jantar as pressas quando terminamos. Christopher foi o primeiro a sair, tinha que acompanhá-lo, tenho que pedir algo.
Para minha felicidade consigo chegar até ele, estava na sala de pintura. Bati na porta e sua voz convidativa me mandou entrar.
- Christopher? -- chamo e ele se vira para mim.
Dessa vez ele pinta um minério que bem conheço. Christopher pinta um rubi e esconde a tela com um pano quando me aproximo.
- O que deseja? -- ele pergunta gaguejando.
- Preciso te pedir uma coisa... -- falo e ele espera que eu continue - Tenho que me encontrar com minha mãe, se possível hoje -- falo.
- Alguma emergência? -- ele pergunta preocupado.
- Sim -- minto confirmando também com a cabeça.
Christopher se levanta e toca meu braços com as duas mãos.
- O que houve meu amor? -- ele pergunta.
Não gosto quando me chama assim, não quando não sei se posso chamá-lo.
- Não sei ao certo, mamãe mandou uma carta pedindo que eu me encontrasse com ela o mais rápido possível -- falo e ele toca meu rosto preocupado.
- Não gosto nada disso -- Christopher fala - Não enquanto tem toda essa ameaça de rebelião -- comenta ele deslizando seus dedos nos meu braços.
- Eu preciso Chris -- imploro - Eu vou voltar o mais rápido que puder -- falo.
- Isso não é permitido Rose, mas posso ordenar que um guardas a leve até seu Palacete sem que ninguém saiba -- Christopher fala. - Precisa sair a noite, é o único horário possível, e voltar antes do amanhecer -- termina.
- Eu prometo -- falo.
Rapidamente Christopher me abraça com força. Não estava esperando por isso e acabo ficando sem ação, só depois relaxo e retribuo.
- Desculpa -- ele pede e não dá tempo de eu perguntar o porquê - Quando falou que iria precisar sair do palácio, se afastar de mim... -- ele não completa e afunda o rosto em meus cabelos.
- Eu sei cuidar de mim mesma -- digo e ele ri se afastando.
- O guarda Nolan vai com você -- ele fala.
- Não, não quero que ele vá -- digo apressada.
Não posso envolver Tobias de nenhuma forma em um plano de minha mãe, dos amigos dela e meu. Não quando esses mesmos planos nos levaria a punição de morte.
- Então vou escolher um outro guarda de confiança -- ele fala - E depois, quando voltar vai me contar o que houve -- Christopher fala com um tom de ordem e preocupação.
Mas uma mentira que irei dizer a ele.
- Está bem -- falo tocando em seu rosto e dando um beijo delicado em seus lábios.
- Por enquanto, vai passar o resto da manhã comigo -- ele pega minha mão me levando para um banco largo.
- Vou ser sua musa de novo? -- pergunto curiosa com óbvio.
- É a minha musa sempre -- ele fala se sentando no outro banco em frente ao cavalete.
- Como prefere que fique? -- pergunto demonstrando algumas poses enquanto ele troca a tela por outra.
- De lado, ainda não tenho nenhuma sua assim -- ele fala.
- E quantos retratos meus tem? -- pergunto.
- Daria para encher uma galeria -- ele fala - Estão todas no meu quarto. Jáá te mostrei o quarto da princesa? -- ele pergunta pincelando na tela.
Sua mandíbula se move de uma forma estranha, provavelmente para a concentração. Nunca vi o quarto da futura princesa, se tudo sair como planejado vou vê-lo, mas não irei usá-lo.
- Não, já mostrou a Dominique? -- pergunto.
- Sim -- ele fala levantando o olhar para me encarar - Ela me pediu para mostrar -- ele conclui.
- Também gostaria de ver, se não se importa -- falo e ele levanta a sobrancelha.
- Claro que não me importo -- ele fala se levantando -- Tenho que ir meu amor -- diz.
Christopher vem até mim e me beija levantando meu queixo. Ele sai da sala, a tela está coberta, não aqui acaba de pintar, mas a que ele estava pintando antes. Ela está no chão encostada, sinto vontade de bisbilhotar, mas não faço. Talvez seja um presente.
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