Capítulo 45 - Lady Marsalla
O sol afundava no reino pacífico de Azkar quando a enorme embarcação imperial levantou as ondas azuis do mar. Shakira talvez ainda estivesse no porto, mas uma neblina espessa escondeu a cidade. Johanne afundou em seu leito com um suspiro dentro do camarote.
— Cansada, minha feiticeira? — Perguntou Drake a seu lado.
— Um pouco. Estes últimos dias foram uma loucura. — Ela olhou para ele, maliciosa. — E as noites também.
— Prometo que pelo menos até Morlóvia você vai poder descansar. — Drake respondeu rindo, pegando a mão dela onde brilhava a enorme ametista mística do anel que consagrou o início da união entre os dois, ao lado da aliança.
Johhanne tinha ficado extremamente surpresa quando Drake lhe disse que queria se unir no reino de Azkar mesmo, pois tinha pensado que ele haveria de preferir esperar para ter Aurora a seu lado. Drake tinha inventado a desculpa de que tudo ficaria mais simples se ela retornasse aos seus domínios já como sua companheira, mas acabou admitindo a verdadeira razão: pura covardia. Tinha medo de perdê-la de novo.
No nosso casamento, havia muitas crianças Lycans, todas vestidas elegantemente. Duas meninas receberam a missão de carregar a cauda do meu vestido Marsalla. Quando eu e meu lorde vampiro entramos no templo, eu senti que não conseguia caminhar: algo pesado me segurava. Não é que as meninas Lycans seguraram meu vestido e jogaram o corpo para trás, para que eu as "puxasse" enquanto caminhava, fazendo com elas deslizassem? Instintivamente, fiz um movimento brusco para a frente, pensando em sacudir as duas travessas, mas meus saltos me traíram e eu acabei de cara no chão, por milímetros Drake impediu um desastre. O olhar que ele lançou nas pequenas Lycans as fizeram grunhir de medo e sair gritando por todo o tempo fazendo alguns Lycans rirem. Shakira, rosnou organizando todo o caos.
E agora ela finalmente era dele. Até que as Deusas permitissem.
Ele pensava se não estaria sendo egoísta, exigindo demais dela ao levá-la para viver num reino completamente diferente do que ela estava acostumada a viver. Faria tudo o que estivesse a seu alcance para tornar a vida de Johanne feliz. Havia tantas coisas que queria lhe dar... Poderia até mimá-la, mas tinha como um dever sagrado apagar do rosto jovem dela aquelas olheiras que eram um legado do passado.
— Minha feiticeira, minha lady Marsalla... — Disse Drake, olhando para ela. — Tenho um presente para você.
— Mais um? — Perguntou Johanne, curiosa.
— Você não vai recebê-lo até as festas que o seu povo comemora, o Natal, mas quero contar agora. — Ele fez suspense um momento. — Preparei tudo para sua amiga Shakira vir passar o Natal conosco no castelo.
— Oh, Drake... — Disse Johanne, querendo pular no pescoço dele, feliz. — Eu pensei que nunca mais ia vê-la.
— Claro que vai. — Ele pegou a mão dela, emocionado pelo sacrifício que ela estava disposta a fazer por ele. Johanne havia aceitado ser a Lady Marsalla e quando chegassem ela seria transformada pelo beijo do vampiro. Um ritual realizado daqui a dois meses, na consagração da lua de sangue. — Um dia vamos voltar a Azkar. Afinal, nossos filhos vão querer saber tudo sobre a herança e a história da mãe deles também.
E, apesar do balanço do navio imperial, ele se inclinou sobre ela e seus lábios se uniram num beijo apaixonado.
***Fim?***
Claro que Não!...
Consagração da Lady Marsalla
Chegou a noite do baile, e da nossa consagração.
Finalmente um dos servos para a minha frente, e o Kairos abre a porta para que eu entre.
Dando um pequeno sorriso, ele acena com a cabeça, e eu entro no salão.
O salão de baile é magnífico, mas elegante do que qualquer lugar qual já estive.
Johanne se sente um pouco sufocada por toda essa grandiosidade. Então quando avista Shakira, ela suspira aliviada.
— Tantos machos lindos em um único lugar, e todos estão se divertindo muito. Tem alguns solteiros pelo que vejo.
Shakira segura o pulso de Johanne com sua mão enluvada, seus olhos reluzentes enquanto observa tudo à sua volta.
— Estou feliz que esteja tão ansiosa em conhecê-los Shakira. Queria ter metade desse seu entusiasmo...
— Não está animada por ser apresentada aos nobres e ao reino como a nova Lady Marsalla?
— Não exatamente... Não é que o baile não seja lindo. Eu só me sinto pressionada a ser a nova Lady Marsalla.
— Francamente, eu consigo pensar em coisas piores do que ser forçada a se tornar uma Lady, além disso, o seu maior brinde é um vampiro muito atraente.
— Ha, você é incorrigível. E acho que você tem um ponto. Ainda assim, tudo parece tão forçado e...
As palavras começam a falhar quando uma das criaturas mais bonitas que eu já vi atrai a minha atenção.
Drake está vestido de forma impecável, cercado por um bando de nobres que nitidamente estão encantados por ele.
Um sorriso... Tão radiante e charmoso — que poderia te cegar.
— Eu não lhe disse. Lorde Drake Brishen sempre vai lhe chamar a atenção. Vocês dois nasceram um para o ouro. Não tem como negar isso! Afirmou Shakira pensativa. — Rico, bonito e sempre deslumbrante como sempre.
Johanne lança um olhar na direção de Shakira, e então volta a olhar para Drake, sujos olhos se encontram com os dela.
— Como sabe que ele sempre foi assim? Indagou curiosa.
— Trabalhavamos num bar de caçadores, foi só fazer algumas perguntas aqui e ali. E pronto, obtive muitas histórias e informações sobre o lorde de Marsalla. Revelou a Lycan.
Drake encara Johanne com tamanha intensidade que ela chega a ofegar e ficar com as bochechas coradas.
O sorriso diabólico dele lhe envia arrepios por toda a espinha.
Drake interrompe seu olhar quando vários nobres o cercam implorando por sua atenção.
— Então será nessa noite que ele vai transformá-la?
A pergunta fica sem uma resposta e Johanne olha em direção a lua.
— Será na Lua de Sangue!...
— Onde o poder ancestral de todos os originais ficam mais fortes. Explicou Shakira. — Drake escolheu o melhor momento para fortalecer o seu poder dentro do reino realmente. Ele agora é um membro bastante proeminente do conselho de anciões. E o vampiro ancião ao lado dele também é muito influente...
Quando os olhos de Johanne transitam de Drake para o vampiro ao lado dele, ela sente uma sensação desconfortável na barriga.
— Shakira, não posso explicar mas...
— Ah, minha nossa, ele está vindo em nossa direção!
Antes que Johanne consiga avisá-la, o antigo ancião vampiro se aproxima de Shakira e a chama para dançar, o qual ela prontamente aceita.
Johanne está prestes a agarrar o braço dela, quando Kairos se aproxima dela. Ele está extremamente lindo, porém com uma postura bastante séria.
— Os Lycans normalmente não costumam dançar nestes eventos... Ele olha de cima à baixo para a Lycan, um olhar crítico, e Johanne é surpreendida pelo seu modo de falar afiado. —Lady Marsalla melhor não se por no caminho de um ancião!
A mandíbula de Johanne fica tensa de raiva enquanto fala em um tom hostil.
— Realmente, uma mera Lycan nunca ter participado de um baile sofisticado não é surpresa.
Johanne consegue senti-lo analisando tudo à sua volta.
— Uma Lycan e um ancião vampiro, são algo que não se vê muito por aqui!
Kairos ergue uma sombrancelha enquanto observa todo o salão. O silêncio cria uma tensão palpável.
Antes que Kairos possa falar alguma coisa, Drake chega bem na hora de interromper. Ele lança um olhar prolongado para Johanne, antes de focar em Kairos.
— Fez um bom trabalho em manter tudo seguro. Agora volte a seus afazeres!
Kairos cerra os dentes e encara Drake Furiosamente.
— Posso exterminar os ratos em segundos, mestre!
— Com certeza, meu bom e fiel servo. Mas esse não é o momento apropriado!
Drake volta sua atenção a sua amada.
— Eu simplesmente tive que me manter afastado da dama mais deslumbrante desse baile. Peço-lhe perdão minha Lady, mas os nobres desse reino estava sedentos por algumas respostas minhas.
Tudo o que Johanne consegue fazer é encarar enquanto Drake segura a sua mão e ergue até a boca. Os lábios dele tocam de leve sobre o topo de sua mão, causando um arrepio em seu braço. Totalmente hipnotizada pela presença do Lorde vampiro, Johanne quase se esquece de todos a sua volta.
O brilho avermelhado dos olhos de Drake... é fascinante.
Kaíros solta um suspiro exasperado.
O servo pessoal de Drake continua resmungando quando Drake a guia até a pista de dança, em seus braços como em uma valsa romântica. Johanne foca por completo nas habilidades impecáveis de condução de Drake, que os move como se estivessem flutuando. Seus gracejos a fazem rir e corar, e Johanne se sente cada vez mais atraída e apaixonada por ele.
Depois de mais algumas danças, Drake insiste em ir buscar ponche e bolinhos para os dois.
Ele a guia até uma varanda ampla e mais afastada do centro do salão, ambos são os únicos ali.
— Isso é muito encantador, principalmente com o luar da lua de sangue sobre nós.
Johanne levanta o rosto enquanto dá uma mordida no bolinho delicioso.
— Na realidade é você quem torna tudo isso encantador, minha feiticeira — a criatura mais adorável que meus olhos imortais já viram.
Drake lhe lança um sorriso branco vislumbrante.
— Isso é tão maravilhoso, mas me sinto estranha. Como se eu não co-conseguisse pensar direito...
Drake lhe segura gentilmente pelo braço, e a guia até um banco de pedra polida.
— Eu também sinto isso.
— Você também?
Drake segura as mãos de sua amada, a luz do luar irradiando sobre suas feições perfeitas.
— Eu nunca me senti tão fascinado por um humana assim antes. Confessou Drake pensativo.
Ele olha para Johanne, parecendo desesperado. O rosto dele próximo ao rosto dela enquanto sua voz soa cada vez mais grave, quase lírica.
— Eu nunca fui tão afeiçoado a nenhuma humana. Você é a humana mais atraente que já admirei!
O coração de Johanne fica acelerado ao ouvir as palavras dele.
— Não sei dizer se é culpa da lua de sangue, mas sinto um desejo ardente crescer dentro de mim. Por favor, minha feiticeira, não pense em mim como um vampiro descortês, mas preciso falar o que penso. Eu quero você, Johanne.
— Eu... Eu...
É tudo o que ela consegue dizer a essa altura quando tanto o seu corpo como a sua mente estão tão confusos.
Drake se aproxima ainda mais, e o hálito dele faz cócegas em seu pescoço. Johanne sente a adrenalina percorrer o seu corpo.
— Eu preciso ter você. Por favor, tenha misericórdia...
A respiração de Johanne começa a ficar pesada, jogando a cabeça para trás enquanto fica mole em seus braços.
— M-mas como?... Aqui?...
O dedo de Drake desliza pelo seu queixo enquanto sussurra em seu ouvido.
— Deixe-me transformá-la... Se entregue de corpo e alma a mim!... E ficaremos conectados por toda a eternidade.
— A mordida do vampiro?, pensou ela.
— Entregue o seu sangue a mim. E em troca, eu concederei a eternidade a você.
Os olhos de Johanne se arregalam e, em sua mente tumultuosa, o medo a invade.
O momento havia chegado...
Em seu estupor, Johanne engole o medo por hora e permite que a curiosidade suba a superfície de sua mente.
— E como funciona essa troca de sangue humano pela imortalidade?
— E quanto ao seu sangue obtido, ele se tornará parte de mim, obviamente.
Quando Drake a olha, é como um desejo beirando a ferocidade que traz o seu medo de volta à tona. Johanne tenta ficar de pé sobre suas pernas bambas, porém vacila em seu estado estranho de transe.
Drake se move rapidamente e agarra seu braço para lhe sustentar.
— Eu sei que... é repentino descobrir isso nesse momento. Por favor, você deve entender que o ritual de sangue não é tão diabólico quanto ouviu falar.
A tranquilidade no tom de voz dele, de certo modo, a acalma.
Johanne confronta o olhar dele, atordoada, enquanto encara aquele olhos encantadores do lorde vampiro. Parte dela também anseia por esse momento, então Johanne fica parada.
Drake traz seu corpo mais próximo dele, e ela ofega. Nunca havia sentido tamanha energia vindo dele anteriormente. Uma áurea negra e avermelhada está em volta de seu corpo imortal.
Além disso, tem esse calor flamejante que sobe e desce por sua espinha, e então se concentra em seu ventre. Um vínculo com o belo lorde vampiro... Um vínculo formado muito antes da criação desse reino.
A mente de Johanne está um rebuliço, enquanto relembra a sua vida sofrida e tediosa.
A voz de Drake soa como um sussurro sensual, seu hálito quente próximo ao seu pescoço quando ele se inclina.
— Quase consigo sentir o gosto do seu sangue doce... O sabor de sua alma humana. O quão intoxicante e saborosa seria consumi-la inteira aqui e agora.
Incapaz de se mover, Johanne engole em seco.
— Você com certeza deve ser algum tipo de feiticeira para ter esse tipo de poder sobre mim! Afirma ele sorrindo sem lhe revelar toda a verdade.
A respiração dele causa cócegas em sua pele, e os olhos dele ficam incandescentes enquanto espera a resposta dela.
— Permita-me marcá-la como minha, humana Johanne. Eu lhe imploro...
Fascinada e persuadida por seu amado lorde vampiro de tirar o fôlego, ela acena que sim.
Os olhos de Drake se iluminam.
— Essa é a minha humana... Agora fique parada, minha linda Lady Marsalla. Só levará um instante. E então, assim que a marca for feita, você se tronará uma imortal como eu...
Ele segura o seu braço e retira a sua longa luva.
— Isso vai... doer? Consumida pela intensidade do momento, Johanne mal consegue dizer as palavras.
— O oposto, na verdade...
Drake faz um traçado lentamente com o seu próprio sangue ao corta o seu indicador com sua presa afiada, que brilha um vermelho intenso como fogo. Isso gera uma sensação de prazer profana, que a faz gemer de êxtase.
Drake ofega pesadamente com sua voz rouca...
— Hum, Johanne...
Parece que ele também está sentindo algum tipo de prazer intenso. Conforme ele continua, seus olhos se fecham, como se estivesse embriagada pelas sensações percorrendo seu corpo.
— Isso é tão excitante! Pela primeira vez em minha vida... Eu me sinto totalmente livre. Pensa Johanne.
Mesmo de olhos fechados, Johanne consegue ver a silhueta de suas almas se amando no cosmo.
Repentinamente, Drake afasta o dedo. Johanne quase o segura para que continue, não querendo que a sensação termine.
— Você está marcada como sendo minha agora, minha companheira — toda minha!
A voz dele soa grave e rouca.
Johanne abre os olhos e vê os olhos dele praticamente em chamas de desejo — uma luxúria que enfraquece suas pernas.
— Ficamos conectados por toda a eternidade, meu amor. Nossas almas acabaram de fazer o sexo mais cósmico que existem entre as criaturas.
2453 Palavras
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