Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 14 - Lady Marsalla

Johanne sentou-se na cama abraçando os joelhos. Durante a noite o vento tinha parado e, as nuvens, coberto o céu. A chuva tranquila caía agora na vidraça que dava para a sacada. Ela havia dormido muito, mas não se sentia descansada. A fadiga era grande demais para poder relaxar completamente, os pensamentos muito perturbados. Tinha tido novamente o mesmo sonho, que a deixava agitada.

Começava com uma frase simples ao piano, um tema leve logo seguido em sequência pelo violino até um elaborado contraponto. Mas assim que as duas linhas musicais começavam a se trançar como amantes sem corpo, uma gargalhada feminina rompia a harmonia e uma voz masculina, com ligeiro sotaque dizia: Você é minha companheira e não vai me deixar nunca. Depois outra voz, a sua, infantil, amedrontada, suplicando incoerentemente. Os sons todos se repetiam mais e mais altos até uma dissonância que culminava com o ruído de espadas se confrontando no ar pesado, no chão molhado ela via gotas de suor e sangue caírem, depois o som agudo de metal se amassando pela força de uma garra sobre humana, vidros partindo e uma explosão ensurdecedora, fogo e fumaça por todos os lados...

Johanne afundou o rosto nos braços. Logo depois da morte de Erich tinha ficado com medo de dormir, com medo dos sonhos que voltavam sempre; pouco depois estava absolutamente exausta, incapaz de reconstruir sua vida.

Foi então que encontrou uma bruxa chamada Pétala. Essa bruxa, mais velha, tinha entendido tudo ao olhar para a nova vizinha e, calada, adotara Johanne, alimentando-a quando esquecia de comer e levando-a para o emprego de pianista no bar de propriedade do Lycans onde ela própria trabalhava. Quando Johanne desmaiou ao abortar, sem saber sequer que estava grávida, tinha sido Pétala quem a havia levado ao centro onde suas demais irmãs faziam pesquisas e cuidavam de curar os demais seres, dizendo à bruxa Amora que ela não tinha companheiro nem parentes, guardando em segredo o fato de ouvir Johanne chorar todas as noites durante o sono, chamando um nome masculino estranho.

Com o tempo os pesadelos tinham se tornado menos frequentes, menos vívidos. Johanne recobrou as forças graças aos cuidados de Pétala, que nunca perguntara nada sobre sua vida passada.

E agora, em sua primeira noite na propriedade do clã Brishen, o pesadelo voltava e ela sentia que estava se apaixonando por um estranho arrogante que a lembrava em tudo o falecido marido.

Que é que havia naquela combinação de feições e maneiras que lhe era tão irresistível?

Por que é que um determinado conjunto de músculos e ossos despertavam nela uma reação instantânea?

Com Jeffery tinha sido instantâneo, e ela se sentira inevitavelmente atraída por ele, fisicamente.

Agora, a perspectiva de repetir a experiência com Drake era insuportável. Drake não tinha sido nada gentil no primeiro encontro, mas, ainda assim, ela reagira à aproximação nada sutil dele com a intensidade esfaimada de uma humana recém-saída de seu mundo frágil e delicado.

Talvez fosse mesmo uma questão de fome, de necessidade física.

Tinha vinte e poucos anos e jamais experimentara uma real satisfação sexual. Jeffery tinha sido sempre absolutamente indiferente às necessidades dela e mais tarde, quando outros seres do sexo masculino tentaram se aproximar dela no lugar onde trabalhava, não tinha tido coragem de aceitar o que ofereciam, ainda traumatizada. Agora, porém, estava saudável, a cabeça mais ou menos tranquila e o corpo pedindo coisas que ela havia conseguido reprimir por um longo tempo.

Precisava de um amante, pensou. Era apenas isso. E logo haveria de encontrar um. Alguém que fosse razoavelmente inteligente, um frequentador atraente do bar onde tocava piano. Não tinha nenhuma exigência pessoal a não ser que ele não bebesse qualquer mistura de poções feitas pelas bruxas do bar, nem que lhe pedisse para tocar algum tema de um dos cinco reinos em moda no momento.

E que não fosse um ser do clã Brishen!


Aurora a esperava na grande sala de jantar formal e levou Johanne para uma saleta mais íntima, onde o café da manhã estava servido sobre bandejas aquecidas.

— Meu pai pediu que você o desculpasse porque tem que cuidar de assuntos referentes ao nosso reino antes de ir para Marlóvia amanhã. — Disse ela. — E tia Ella e Cinisia estão no salão matinal, preparando a festa.

Com a desenvoltura de um vampiro adulto, ela levantou o pesado bule de prata e serviu Johanne.

Sentaram-se à mesa e, enquanto comia, Johanne se desculpou.

— Desculpe eu ter dormido demais. Foi muita gentileza sua me esperar. Você tinha alguma outra coisa para fazer?

— Bom, eu queria sair com o meu cavalo — Respondeu a menina vampira sem tirar os olhos do rosto de Johanne. — Mas está chovendo e o familiar do meu pai detesta ficar com os pelos molhados. — Aura falava como se a chuva tivesse caído especialmente para impedi-la de sair, mas seu rosto se iluminou. — Que tal você me dar aquela aula de piano que prometeu?

— Claro, meu bem, se não incomodar ninguém.

Ao terminar o café, seguiu Aura até a sala de música, um pouco inquieta por não saber bem o que se esperava de um hóspede dos nobres Brishen. O piano reinava solitário na sala e Johanne sentou-se ao lado do banquinho

— Então Aura, toca alguma coisa para mim?

Depois de complicadas preparações, a pequena vampira respirou fundo e atacou as techas do piano antigo com vontade arrancando sons arrepiantes mais cheios de uma nova emoção. Mas mesmo o extraordinário som do piano não conseguia compensar a má execução. Aura se agitava a cada nota errada, olhando sem jeito para Johanne. Algo no fundo da mente da menina a deixava pertubada ou seria a presença de uma humana ao seu lado.

— Pode começar de novo, se quiser. — Disse Johanne, reconhecendo o nervosismo da criança. Mas depois de tentar novamente, Aura começou a esmurrar as teclas, irritada. Suas presas cresceram tal era a sua frustração por haver errado notas tão simples.

— Não faça isso. — Reprovou Johanne. — Pode desafinar o piano.

— É que eu odeio essa música! — Disse Aurora. — É tão chata.

— É mesmo... — Concordou Megan. — Não tem nenhuma outra que queira executar?

— Não. Eu esqueci de trazer as minhas partituras. Quando estamos aqui raramente toco piano.

— Mas deve haver, em algum lugar. Eu nunca vi uma casa que tivesse piano e não tivesse partituras em algum lugar.

— Vamos procurar no armário. — Disse a menina, saltando do banquinho e abrindo as portas de uma em uma. — Nada aqui. Aqui também não. Não, aí fica só o toca-discos. Não consigo abrir esta porta aqui, humana Johanne, me ajuda?

— Acho que está trancada, Aura. — Disse Johanne, puxando a maçaneta.

— Posso ajudar? — Perguntou uma voz atrás dela.

Johanne se voltou vivamente. Drake vestia calças pretas e uma camisa vermelho-escura aberta no pescoço, sem esquecer do seu longo sobretudo. Johanne corou imediatamente.

— Estamos procurando partituras para Aura.

— Esqueceu as suas, em Morlóvia outra vez? — Ele perguntou à filha. — Por que não me disse? Posso trazer outras para você quando for à Marlóvia.

— Não pensei nisso, pai! — Respondeu a menina sorrindo sem perder um movimento entre seu pai e a humana Johanne.

— Que tipo de música vocês querem? — Ele perguntou a Johanne.

— Pensei numa coleção dos clássicos mais fáceis: Tem umas canções escritas pela imperatriz Vivica, feitas para as crianças do reino de Marlóvia que seriam perfeitas para sua\ filha aprender a tocar, esse tipo de coisa. Essa partitura no piano não é nada inspiradora.

— Acho que tem aqui. Essas canções fazem parte da cultura de nosso povo e em quase todas as mansões existem cópias delas. Eu mesmo tive que aprendê-las! — Disse Drake, puxando um molho de chaves do bolso e abrindo a porta trancada. Na prateleira de baixo havia uma pilha de livros de exercícios e partituras envelhecidas, e a primeira delas se esfacelou quando Aura a tocou.

— Maldição, o tempo é implacável com tudo! — Disse Drake. — Algumas dessas partituras têm mais de três mil anos, mas acho que...

Johanne porém não estava ouvindo. Estava sem fôlego, olhando fixamente uma caixa de violino de couro preto na terceira prateleira.

— É o próprio! Vejo que o reconheceu apenas de vislumbrar a sua caixa! — Comentou ele, percebendo o susto dela.

— Mas como é que conseguiu? Eu o dei para Leifert...

— O que é isso, pai? Posso ver?

— É o violino que era de seu tio Jeffery! — Explicou Drake, levando o instrumento até o piano.

Ele abriu a caixa e tirou o instrumento envolto num lenço branco, estendendo-o para Johanne. Ela o pegou com cuidado. Tinha aprendido com Jeffery que um violino Guarneri era uma relíquia quase sagrada.

— Ninguém o toca mais? — Perguntou, tornando a guardar o belíssimo instrumento em perfeito estado.

— Ninguém! Ele pertence aos Brishen a gerações, jamais permitiria que ele fosse parar em outras mãos. — Suspirou Drake, fechando a caixa. — É uma pena.

Drake tornou a guardar a caixa e fechou a porta. Johanne certificou-se de que Aurora estava distraída com sua pilha de partituras.

— Eu dei o violino para Emílio Leifert! — Disse baixinho. — Como é que o conseguiu?

— Emílio me vendeu o instrumento. Ele sabia que era herança dos Brishen e que eu gostaria de tê-lo de volta. Por que não entrou em contato comigo, humana Johanne? Você precisava de dinheiro tanto assim?...

— Eu não vendi o violino para Leifert! — Johanne protestou. — Dei de presente. Não sabia que era parte da herança. Jeffery sempre me disse que era presente do pai. Quando morreu, ele devia uma soma enorme a Leifert e o violino era a única coisa que eu tinha para saldar a dívida.

— Mas você devia saber que um Guarneri genuíno, em perfeitas condições, vale pelo menos o dobro do que Jeffery devia a aquele agente...

— Você e Leifert devem se conhecer muito bem para ele lhe ter contado quanto é que Jeffery lhe devia.

— Não conheço Leifert. Combinamos um encontro da última vez que ele veio à meu reino. Ele foi honesto. Cobrou apenas o que Jeffery lhe devia. Disse que não havia como pagar o tempo e o amor que tinha dedicado.

— Amor... — Murmurou Johanne.

— Acho que Emílio gostava de Jeffery de verdade. — Comentou Drake. — Falou sobre ele com muita afeição. Mas foi muito amargo ao falar de você.

— Eu sei!... — Disse Johanne, pesada. — Graças a Ayla, Leifert acha que eu fui culpada pela morte de Jeffery.

— O quê, exatamente, aconteceu naquela noite? — Perguntou Drake, notando que o rosto de Johanne se retorcia de dor. — Emílio foi um tanto vago e eu gostaria de ouvir o seu lado da história antes de ter uma opinião formada.

Johanne viu que Aurora ainda estava absorta com suas novas partituras, mas caminhou para longe da menina.

Drake parou a seu lado e ficaram olhando a janela.

— Estava chovendo também na noite em que seu irmão morreu. Eu estava a caminho do porto para tomar uma embarcação para Cartana. Estava abandonando Jeffery porque a situação tinha se tornado intolerável. Jeffery e Ayla saíram atrás de mim na carruagem dela. Não sei por que Jeffery a estava conduzindo. Tinha bebido sangue e outras substâncias... sabia disso?

— Emílio não disse nada.

— Acho que Leifert não sabia. Jeffery raramente bebia além do permitido, mas infelizmente tinha bebido nessa noite. A carruagem derrapou, bateu numas pedras e caiu num abismo, seu irmão foi perfurado por dezenas de estacas, se não fosse as substâncias em sua corrente sanguinêa com certeza ele teria conseguido se renegerar, mas isso não aconteceu. Jeffery morreu na hora, pois havia estacas que perfuram seu coração e Ayla ficou seriamente ferida. Não podia contar ao marido que ela e Jeffery estavam indo atrás de mim com medo de eu revelar a Leifert o caso que eles tinham. E por isso inventou a história de eu estar fugindo com outro e que ambos foram cercados por caçadores Lycans e humanos. Leifert acreditou. — Os olhos de Johanne se turvaram. — Leifert era meu amigo, mas no funeral nem falou comigo.

— Então você de repente ficou sem companheiro, sem amigos, sem dinheiro, sem proteção! — Disse Drake, olhando-a fixamente.

— Falando assim parece uma grande tragédia, mas não foi tão patético. Eu me virei. A gente sempre se vira, sabe? E mesmo que Jeffery não tivesse morrido, eu não aceitaria nada dele, a não ser que...

— A não ser o quê? — Perguntou Drake quando ela parou de falar.

— Eu sofri um aborto dois meses depois da morte de Jeffery. — Ela murmurou, emocionada. — Se não tivesse perdido o bebê, talvez tivesse de aceitar a ajuda dele...

— Era filho de Jeffery? — Drake estava pálido, os olhos fixos.

— É claro.

— Desculpe!... — Ele disse, afastando o cabelo da testa. — Eu não tinha entendido. Pelo que você me contou ontem, eu não sabia que suas relações com Jeffery chegaram a isso.

Drake não sabia como revelar a Johanne que a sua gestação era algo raro entre os vampiros, há séculos uma humana não havia gerado um híbrido. Até mesmo as vampiras acabavam perdendo a vida ao gerar um novo ser. Poucos casos acabavam bem, tudo dependia da pureza do sangue e da magia das raças. Ele teria que conversar com a bruxa Sussurro o quanto antes.

— Há muitas coisas que você não sabe, Drake. — Suspirou Johanne.

— Você também não sabe nada sobre mim ou sobre o meu clã! Afirmou ele lhe dando as costas e saindo em silêncio, indo para a direção contrária.

2289 Palavras

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro