05 - O Treinamento - Parte II
Haviam se passado duas semanas desde a última luta. Os ferimentos tinham cicatrizado e, por noites, durante as madrugadas, Cole ensinou a Calum todas as suas táticas de defesa. Deveria-se levar em consideração que as duas derrotas eram pela não familiaridade com a espada. Caçadores não usavam lâminas pontiagudas, apenas arco e flecha. Na noite que antecedeu a revanche, Cole estava no quarto de Calum. Ficaram mais próximos, amigos, se ajudando no que podiam.
— É uma bela espada — Cole disse, analisando o fio da lâmina. — É élfica, leve, longa e afiada.
Calum pôs mais lenha na lareira.
— Griffin, um amigo meu de infância, me presenteou — o moreno disse, pensando no rapaz. — Aendor, meu cavalo, também foi um presente.
Cole se livrou da longa capa dourada.
— Tem amigos leais, Calum. Espero um dia conhecê-los — afirmou Cole, logo após. — Narcus também já foi um amigo meu. Ele é da Corte, além do sangue puro dos homens, ele é nobre, o que faz dele aquilo. Amanhã, quando vocês lutarem, ele tentará te matar. Ele é favorável à tortura. Seu pai é capitão de uma guarnição, então treina bastante. Ele tem uma fraqueza. É rápido... rapidez nem sempre é uma dádiva. Você deve atraí-lo, jogar o jogo dele e vencer usando a inteligência. Se for para medir forças com um Duäle, então ficará quebrado.
Calum ouviu atentamente, absorvendo cada palavra. A raiva e o desejo de vingança ferviam dentro dele, mas ele sabia que precisava manter a calma. Ele precisava ser esperto, não apenas forte.
Na manhã seguinte, o céu estava encoberto por nuvens cinzentas, o que parecia um presságio para a luta que estava por vir. Calum e Cole caminharam juntos até o campo de treinamento, onde uma multidão já se reunia. Tarys e Evan estavam presentes, observando com olhos críticos.
— Está pronto? — perguntou Cole, a mão firme no ombro de Calum.
— Estou — respondeu Calum, com determinação.
Narcus estava do outro lado do campo, seu sorriso arrogante intocado. Ele olhou para Calum com desdém, como se já tivesse vencido a luta.
— Vamos começar — anunciou Evan, dando um passo para trás.
Os recrutas se afastaram, formando um círculo ao redor dos dois combatentes. O vento soprou, levantando poeira e folhas secas, enquanto os dois oponentes se encaravam. Narcus foi o primeiro a atacar, movendo-se com a velocidade de um raio. Calum estava pronto, desviando com agilidade e usando a espada élfica para bloquear os golpes rápidos. Narcus sorria, debochado, seus movimentos precisos e cheios de confiança.
— Isso é tudo que você tem, Corvo Branco? — zombou Narcus, sua voz cheia de desprezo.
Calum ignorou a provocação, focando em seus movimentos, lembrando-se das palavras de Cole. Ele precisava ser inteligente, usar a velocidade de Narcus contra ele. A cada golpe desferido, Calum recuava, analisando o padrão de ataques de Narcus. A luta continuou, com Narcus dominando a maior parte do tempo. Ele era implacável, seu sorriso nunca desaparecendo. Calum estava começando a se cansar, mas sabia que não podia desistir. Ele precisava encontrar uma abertura. Finalmente, Calum viu sua chance. Narcus fez um movimento rápido, um corte lateral que Calum conseguiu desviar por pouco. Aproveitando o momento, Calum girou o corpo, desferindo um golpe preciso na perna de Narcus. O platinado cambaleou, perdendo momentaneamente o equilíbrio. Calum avançou, sua espada encontrando o ombro de Narcus. O grito de dor do nobre ecoou pelo campo, mas ele rapidamente se recompôs, o ódio em seus olhos mais intenso do que nunca.
— Vou te matar! — rugiu Narcus, avançando com uma fúria cega.
Calum estava preparado, desviando os golpes furiosos e esperando o momento certo. Narcus estava perdendo a compostura, seus movimentos ficando menos precisos. Finalmente, Calum viu a abertura que precisava. Com um movimento rápido, ele desarmou Narcus, a espada do platinado caindo no chão com um clangor metálico.
Antes que Narcus pudesse reagir, Calum o derrubou com um golpe poderoso, seguido por uma série de socos no rosto. O rapaz tentou resistir, mas a força de Calum era implacável. Cada soco arrancava gemidos de dor, o sangue começando a escorrer pelo rosto de Narcus.
— Isso é por todas as vezes que você me humilhou — disse Calum entre os golpes, sua voz cheia de raiva e determinação.
Narcus tentou se defender, mas Calum era incansável. Finalmente, com um último soco, Narcus desmaiou, seu rosto uma máscara de sangue. O campo de treinamento estava em silêncio, todos os olhos fixos em Calum.
Ele se levantou, respirando com dificuldade, o corpo dolorido mas o espírito triunfante. Cole correu até ele, um sorriso de orgulho nos lábios.
— Você conseguiu — disse Cole, ajudando Calum a se levantar.
Calum olhou para Narcus, inconsciente no chão, e sentiu uma mistura de alívio e tristeza. Ele sabia que essa vitória não resolveria todos os seus problemas, mas era um começo. Ele havia provado a si mesmo e aos outros que era mais do que apenas um Corvo Branco.
Seis meses tinham se passado desde que Calum chegou a Azaban. Ele não sabia como andavam as coisas em Enya, pois assuntos como esse não eram tratados abertamente, nem Cole dizia nada. Os treinamentos eram sempre mais intensos, porém, com o tempo, ele pegou as manhas. Os cabelos negros de Calum tinham crescido, caindo em ondas suaves abaixo dos ombros. O rosto dele estava mais másculo, os traços juvenis agora substituídos por uma firmeza determinada. Seus peitos eram mais fartos, o abdômen trincado e as veias saltando para fora de seu corpo, revelando o esforço constante e implacável dos treinamentos. Sua mente estava mais organizada, exceto pelos sonhos recentes que o assombravam, onde ele acordava suado após seguir um corvo branco por uma floresta e cair de um desfiladeiro. O amanhecer de mais um dia começou com a luz dourada do sol se espalhando pelo céu, tingindo as nuvens de rosa e laranja. O acampamento de treinamento estava em movimento, os sons de soldados se preparando para o dia ecoando pelas barracas. Os recrutas já estavam de pé, alguns se aquecendo, outros polindo suas armas.
Calum saiu de sua tenda, sentindo a brisa fresca da manhã acariciar seu rosto. Ele olhou ao redor, observando a movimentação. Cole estava próximo, dando instruções a um grupo de recrutas mais novos. O olhar de Cole se encontrou com o de Calum, e ele acenou com a cabeça, um sinal silencioso de respeito e reconhecimento.
— Bom dia, Calum — disse Cole, aproximando-se. — Como se sente hoje?
— Pronto para o que vier — respondeu Calum, esticando os músculos e sentindo a tensão desaparecer lentamente.
— Hoje temos um treino especial — disse Cole, um sorriso malicioso no rosto. — Vamos fazer uma simulação de batalha real. Prepare-se.
Calum assentiu, seu coração batendo mais rápido. Ele sabia que esses treinos eram brutais, mas eram necessários. Ele pegou sua espada, a lâmina élfica brilhando à luz do sol, e se juntou aos outros recrutas.
O campo de treinamento estava pronto, com obstáculos e alvos espalhados por toda parte. Evan e Tarys estavam presentes, observando tudo com olhos críticos. Calum sabia que eles esperavam o melhor dele, e ele não estava disposto a decepcioná-los.
— Vamos começar! — gritou Evan, e os recrutas se alinharam, prontos para a batalha.
Calum entrou na arena com determinação. Ele se movia com graça e precisão, seus golpes eram rápidos e certeiros. A cada movimento, ele sentia a força e a confiança crescendo dentro de si. Ele sabia que havia mudado desde que chegou a Azaban. Ele era mais forte, mais sábio, mais determinado. A simulação de batalha era intensa, os recrutas se enfrentando com ferocidade. Calum se destacou, sua espada dançando no ar, desviando e atacando com uma habilidade refinada. Ele enfrentou adversários mais fortes e rápidos, mas nenhum deles conseguiu derrubá-lo.
Finalmente, a batalha chegou ao fim. Calum estava suado e exausto, mas vitorioso. Ele olhou ao redor, vendo os rostos cansados e satisfeitos de seus companheiros. Cole se aproximou, um sorriso orgulhoso nos lábios.
— Você foi incrível hoje, Calum — falou Cole, batendo no ombro dele. — Continue assim, e logo será um dos melhores.
Calum sorriu, sentindo o peso do reconhecimento. Ele sabia que o caminho ainda era longo, mas estava pronto para enfrentá-lo. Ele olhou para o horizonte, o sol brilhando alto no céu, e sentiu uma nova determinação crescer dentro de si. Os próximos meses seriam difíceis, mas ele estava preparado. Ele enfrentaria qualquer desafio, superaria qualquer obstáculo. Porque ele era Calum Fireblade, e nada o impediria de alcançar seu destino.
A noite estava carregada com uma energia que fazia os pelos da nuca de Calum se arrepiarem. O som de trovões rugindo no céu, seguidos pelos clarões de relâmpagos, iluminava a Floresta Sufocante em intervalos breves e cegantes. A chuva caía pesadamente, cada gota estalando como um chicote nas folhas e no chão, enquanto o vento cortante uivava entre as árvores. O ambiente estava mergulhado em um caos natural, tornando a visão limitada e os sentidos aguçados. Calum corria, seus pés batendo contra o solo úmido, as botas afundando no lodo enquanto ele desviava agilmente das árvores, saltando sobre raízes e galhos caídos. Atrás dele, o som de passos pesados e respiração ofegante ecoava, sinalizando a perseguição de Cole. As gotas de chuva misturavam-se ao suor que escorria pelo rosto de Calum, tornando difícil distinguir um do outro. Ele podia ouvir o som do próprio coração martelando nos ouvidos, a adrenalina bombeando em suas veias.
O vento chicoteava seu rosto, a capa encharcada pesando sobre seus ombros enquanto ele continuava a correr, sentindo o peso da espada nas costas. Ele sabia que Cole estava próximo, cada trovão disfarçando os passos do perseguidor, tornando a perseguição ainda mais intensa.
— Calum! — A voz de Cole ressoou, embora abafada pela tempestade. — Não pode fugir para sempre!
Calum ignorou o grito, concentrando-se em sua respiração e na trilha estreita que se abria à frente. Mas então, como se a floresta em si quisesse testar sua resistência, ele escorregou em uma poça de lama, caindo de joelhos, suas mãos afundando no chão molhado. A respiração ofegante e os gemidos de dor se misturaram ao som da chuva. Levando apenas um segundo para se levantar, Calum correu novamente, mas sabia que a distância entre ele e Cole havia diminuído. A dor de seus músculos exaustos começava a cobrar seu preço, mas ele não podia parar, não agora.
De repente, um movimento branco chamou sua atenção. Entre as sombras das árvores, um corvo de plumagem alva como a neve pousou em um galho, seus olhos brilhando como safiras de gelo. Calum parou, sua respiração entrecortada, seus olhos fixos na criatura. O corvo olhou para ele, sua presença imponente e surreal, e soltou um grito que parecia romper o caos da tempestade.
— O Corvo Branco... — murmurou Calum, fascinado e aterrorizado.
O corvo saltou de galho em galho, guiando Calum mais para dentro da floresta, para longe de Cole. O jovem guerreiro seguiu, hipnotizado, o som do corvo reverberando em sua mente, cada batida de suas asas parecendo um eco do seu próprio coração. Mas então, sem aviso, o corvo desapareceu em um clarão de luz, deixando Calum sozinho na escuridão.
Ele estava perdido. A floresta ao seu redor parecia fechar-se, as sombras dançando sob a luz intermitente dos relâmpagos. A chuva ainda caía impiedosamente, e o vento gelado fazia sua pele arder. Calum tentou encontrar um caminho de volta, mas cada passo parecia levá-lo mais para dentro do labirinto verde e molhado.
E então, o som de passos atrás dele. Calum se virou rapidamente, seus olhos se ajustando à escuridão. Cole estava ali, a poucos metros de distância, sua expressão sombria e determinada.
— Não tem para onde correr, Calum — disse Cole, sua voz grave misturando-se com o som da tempestade.
Calum não respondeu, seus olhos fixos no amigo e inimigo. Ele puxou uma adaga da cintura, o metal brilhando sob a luz dos relâmpagos. Cole avançou, sua própria espada em mãos, e a batalha começou.
Eles lutaram ferozmente, cada golpe de espada ecoando como trovão, cada movimento uma dança mortal. Cole era forte, habilidoso e implacável, sempre debochado, sempre colocando Calum para baixo. Calum, por sua vez, usava tudo o que aprendera, cada tática, cada movimento ensinado por Cole. Mas a força bruta de Cole prevalecia, e logo Calum estava no chão, a lama misturando-se ao sangue que escorria de um corte no rosto.
— Levante-se, Calum — disse Cole, a voz carregada de sarcasmo. — Mostre-me do que é capaz.
Calum tentou se levantar, mas foi derrubado novamente, um soco violento de Cole fazendo sua cabeça girar. Ele gritou de dor, o sabor metálico do sangue na boca, mas não desistiu. Tentou uma última vez, levantando-se com dificuldade.
E foi então que Calum viu novamente o corvo branco, seus olhos de gelo fixos nele. O corvo soltou um grito, e Calum sentiu uma nova onda de determinação. Ele rolou para o lado, evitando o próximo golpe de Cole, e com um movimento rápido, enterrou a adaga no coração dele.
O grito de Cole ecoou na floresta, misturando-se com o som da tempestade. Calum olhou para o amigo, vendo a vida se esvair de seus olhos. Mas então, tudo desapareceu. Calum acordou em sua cama, suado e ofegante, o coração batendo descontrolado.
Ele estava de volta à realidade, o pesadelo ainda fresco em sua mente. O rosto de Cole, o sangue, o corvo branco... tudo parecia tão real. Ele respirou fundo, tentando acalmar-se, mas sabia que aquele sonho era mais do que apenas um pesadelo. Era um aviso, um presságio do que estava por vir. E ele precisava estar pronto. Calum respirou fundo, tentando acalmar-se enquanto o suor frio escorria por seu rosto. A escuridão do quarto era acolhedora em comparação com o caos da floresta em seu sonho, mas ele sabia que não podia ignorar o aviso. Ele se levantou da cama, os músculos doloridos, e foi até a janela, onde a lua cheia iluminava a paisagem serena de Azaban. O vento soprava suavemente, agitando as folhas das árvores e trazendo consigo o cheiro de terra molhada. Ele fechou os olhos por um momento, deixando-se envolver pela tranquilidade da noite. Mas a imagem do corvo branco e os olhos frios de Cole ainda pairavam em sua mente, lembrando-o da fragilidade de sua situação.
O amanhecer chegou lentamente, tingindo o céu de tons dourados e rosados. Calum vestiu-se rapidamente, preparando-se para mais um dia de treinamento intenso. Ele prendeu os cabelos longos em um rabo de cavalo para mantê-los fora do rosto e verificou suas armas, certificando-se de que estavam prontas para qualquer eventualidade.
Quando saiu do quarto, encontrou Cole esperando por ele no corredor. A expressão de Cole era séria, mas havia um brilho de preocupação em seus olhos.
— Dormiu bem? — perguntou Cole, embora já soubesse a resposta.
— Tive um sonho perturbador — respondeu Calum, tentando sorrir, mas a preocupação em sua voz era evidente.
Cole assentiu, compreendendo.
— Vamos, temos muito trabalho a fazer hoje.
Os dois seguiram juntos pelos corredores da Academia Real, trocando poucas palavras enquanto se dirigiam ao campo de treinamento. Seis meses haviam se passado desde que Calum chegara a Azaban, e ele já não era mais o mesmo jovem inexperiente. Seus músculos estavam mais definidos, seu corpo mais forte, e sua mente mais focada. Mas os pesadelos continuavam a assombrá-lo, lembrando-o de que a luta estava longe de terminar.
No campo de treinamento, a movimentação era intensa. Os recrutas praticavam com afinco, suas espadas brilhando sob a luz do sol nascente. Tarys e Evan observavam tudo de perto, corrigindo posturas e técnicas. Quando Calum e Cole chegaram, os outros recrutas pararam por um momento, olhando para eles com respeito e uma ponta de curiosidade.
— Vamos começar — disse Tarys, acenando para que todos se posicionassem. — Hoje vamos treinar em duplas. Escolham seus parceiros.
Calum e Levi, que passou a ser mais próximos, trocaram um olhar rápido antes de se dirigirem para uma área mais afastada, onde poderiam treinar sem distrações. A floresta ao redor do campo de treinamento fornecia o cenário perfeito para o tipo de treino que tinham em mente.
Eles começaram a correr entre as árvores, a adrenalina aumentando à medida que se afastavam dos outros recrutas. A floresta estava silenciosa, exceto pelo som de seus passos e a respiração pesada. O chão estava úmido devido à chuva da noite anterior, mas eles não se importavam. Calum sentia o coração bater rápido, não apenas pelo esforço físico, mas pela antecipação do que estava por vir.
Quando Levi finalmente parou, Calum soube que a luta estava prestes a começar. Eles se enfrentaram, suas espadas prontas, os olhos fixos um no outro.
— Pronto? — perguntou Levi, um leve sorriso curvando seus lábios.
— Sempre — respondeu Calum, ajustando sua postura.
Eles avançaram ao mesmo tempo, as espadas colidindo com um som metálico que ecoou pela floresta. Calum sentia cada movimento de Levi, cada golpe preciso e calculado. Ele esquivava, bloqueava, e contra-atacava, tentando encontrar uma brecha na defesa do rapaz.
A chuva começou a cair novamente, primeiro em gotas suaves, depois em uma torrente que encharcou suas roupas e fez a lama respingar em seus rostos. Relâmpagos cortavam o céu, iluminando brevemente a floresta e criando sombras dançantes ao seu redor. Calum deslizou na lama, quase caindo, mas conseguiu recuperar o equilíbrio a tempo de bloquear outro golpe de Levi. Eles estavam ofegantes, o suor misturando-se com a chuva, os músculos queimando de esforço. Calum sentia a frustração crescer à medida que Levi continuava a superá-lo, cada golpe cheio de força e habilidade.
— É só isso que tem? — provocou Levi, sua voz maliciosa cortando o som da chuva.
Calum rosnou, avançando com renovada determinação. Ele se lembrou das palavras de Cole sobre usar a inteligência. Em vez de tentar igualar a força de Levi, ele começou a observar os padrões de movimento do amigo, procurando por uma fraqueza. Foi então que viu novamente o corvo branco, seus olhos de gelo brilhando entre as árvores. O corvo soltou um grito, e Calum sentiu uma nova onda de força e clareza. Ele usou uma manobra que Cole lhe ensinara, mas com uma pequena variação, enganando Levi e conseguindo desarmá-lo.
Levi caiu de joelhos, a expressão surpresa e admirada. Mas antes que Calum pudesse reagir, a visão do corvo branco voltou a dominá-lo, transportando-o de volta ao pesadelo.
Ele seguiu o corvo, cada passo levando-o mais fundo na floresta. O som da tempestade parecia distante agora, substituído pelo silêncio opressor do sonho. Calum correu, seu coração martelando no peito, até que finalmente encontrou o corvo em um galho alto, seus olhos fixos nele.
De repente, ele sentiu uma presença atrás de si. Virou-se rapidamente, mas não havia ninguém. O medo tomou conta, e ele começou a correr novamente, tentando escapar da sensação de ser observado. Mas cada vez que olhava para trás, via apenas a escuridão. Foi então que tropeçou e caiu em um desfiladeiro, sentindo o vazio sob si. O grito de terror ficou preso na garganta enquanto despencava, mas antes que pudesse atingir o chão, acordou novamente, suado e ofegante, pela segunda vez naquela noite, como se não pudesse mais distinguir o real do imaginário.
De volta à realidade, Calum sentiu a dor aguda em seu corpo, lembrando-o de que a luta não estava apenas em seus sonhos. Ele se levantou, determinado a enfrentar seus medos e a descobrir o que tudo aquilo significava. A chuva ainda caía lá fora, mas ele sabia que cada gota era um lembrete de sua própria ilusão paralela. O sol verdadeiro, tímido, mas real, começando a se erguer no horizonte, derramando sua luz pela janela e, finalmente, ele pôde se levantar.
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