SP02. Um Natal em família [ACE]
O enorme navio Moby Dick estava próximo a uma ilha inverno. A neve se acumulava no convés e apesar do frio, todos estavam animados, correndo para lá e para cá. Em um barco menor, os comandantes Marco e Ace seguiam em direção ao porto com alguns tripulantes.
- O pai está generoso, presentes de natal para todos? Isso vai ser muito bom! - Ace disse enquanto sacudia o chapéu para tirar um monte de neve que havia acumulado.
- Vai ser uma festança! Não lembro da última festa de natal ser tão grande assim! - Um dos tripulantes disse, tremendo por causa do frio.
Marco apenas olhava a ilha se aproximando, com um sorriso de satisfação no rosto.
- O velho está feliz, afinal de contas toda a família vai estar reunida.
Os outros tripulantes não entenderam, mas Ace mostrou surpresa.
- Não me diga que... - Marco assentiu com a cabeça. O comandante da segunda divisão calou-se e o rosto corou levemente.
- Hahahahaha! Essa foi uma reação inesperada. Toma, compra isso aí, é o presente que o pai quer dar pra ela. - A fênix entrega um pedaço de papel ao Ace, que lê e guarda no bolso.
Chegando na ilha, mesmo do porto, já era possível ver uma grande movimentação de pessoas de tudo quanto é tipo desembarcando para fazer as compras. Na ilha Okuri, o Natal era a data mais movimentada, seguida do dia dos namorados. Alguns grupos de turistas retornavam aos seus barcos repletos de embrulhos e sacolas das mais variadas lojas.
Uma mulher vestida de uniforme vermelho e verde, bem natalina, interceptou o pequeno grupo do Barba Branca, entregando um mapa e um cartão para cada um.
- Sejam bem-vindos à ilha Okuri, espero que achem o que procuram. E lembrem-se, aqui é uma ilha neutra então por favor, nada de confusão, ok? Devolvam os cartões ao saírem e boas compras! - A mulher cumprimenta com uma leve reverência e volta a atenção para um outro grupo recém chegado. Ela não era a única, outras pessoas com o mesmo uniforme faziam isso ao longo do porto, que se estendia na borda da ilha até onde os olhos conseguiam ver.
Ace observa o seu cartão com um panda impresso em dourado em um dos cantos.
- É difícil não ter nada dela nas ilhas, sempre vejo pandas ali ou aqui. O que ela quer? Dominar o mundo? - Ace resmunga, coçando a nuca.
- Realmente, ela deve estar presente no mundo todo, já que não é só o panda. Que eu me lembre, essa ilha é um projeto dela. - O médico observava maravilhado para as luzes e decorações de Natal por toda a cidade, diferente de qualquer ilha que já havia visitado antes. - Aqui era um caos e ela conseguiu mudar para isso. Desde que Okuri foi fundada, não houve nenhuma desavença. Aqui, piratas, caçadores de recompensa e marinheiros são todos os mesmos, apenas compradores. Ah, vamos comprar logo os presentes, estou começando a ficar com frio! - Marco esquentou seus braços com as mãos e o grupo se separou.
Na ilha Okuri, violência era proíbida. Qualquer ato hostil era imediatamente repreendido pelos funcionários uniformizados que andavam pelas ruas. Esses "guardas" não eram marinheiros da Marinha ou algo relacionado ao Governo Mundial, eram funcionários treinados pela Laurent Security, por isso boa parte do território de Okuri era neutro.
Duas horas depois, Ace finalmente estava terminando as compras, quando lembrou-se do papel que Marco havia lhe dado. Ele leu novamente e fez uma careta de confuso. Era a letra do seu velho.
"Algo fofo, mas interessante, bonito, elegante e que seja usado por pessoas inteligentes"
- Ah, não fode! Que raios que eu vou comprar? Tsc... - O comandante seguia pelas ruas cheias observando as vitrines das lojas. Roupas, calçados, bolsas, não achava nada disso interessante, pelo menos não para o seu gosto. Percebeu que algumas lojas estavam fechando, notou o horário quando uma voz falou no alto-falante.
- Queridos clientes, falta apenas uma hora para as lojas fecharem. Repetindo, falta apenas uma hora para as lojas fecharem. Por favor, façam suas compras e depois retornem para o porto, os funcionários irão ajudá-los caso precisem.
Desesperado, Ace começou a andar mais depressa pelas ruas, desviando das pessoas, até perceber que estava em uma rua sem saída, com apenas uma loja aberta. Se aproximou do pequeno comércio e olhou para a vitrine. Seus olhos pretos brilharam de felicidade ao ver um medalhão prateado, entrou e foi atendido pela dona da loja. Nem se preocupou em negociar o preço, o valor era alto, mas aposto que o seu velho iria gostar de presentear alguém com isso. O pequeno medalhão possuía dois botões, um para abrir e outro para acionar seu mecanismo, além da corrente para pendurar no pescoço. Não era algo tão chique, mas a arte gravada deixava o objeto com um ar requintado.
Satisfeito pelo achado, o pirata resolve voltar para o porto e torcer para encontrar o seu grupo. Ao chegar onde deveria estar o barco, uma das funcionárias o aborda, primeiro pedindo pelo cartão entregue quando entrou e depois passando um recado.
- Senhor, pediram para lhe informar que os seus companheiros já retornaram e por isso teria que voltar de outra maneira. Infelizmente não temos barcos para levá-lo, mas seus companheiros deixaram este equipamento, espero que ajude.
Depois de uma reverência, a simpática funcionária andou alguns metros para falar com outras pessoas.
No mar, Ace achou sua jangada que costuma usar para viajar para outros lugares sozinhos. Suspirou e embarcou, colocando o medalhão no bolso e ativando as chamas nos pés para se locomover até o Moby Dick.
Já podendo avistar o enorme navio em forma de baleia, Ace acelerou soltando ainda mais suas chamas. Por conta de sua velocidade, não teve tempo de parar quando algo surgiu bem a sua frente. Um submarino estava emergindo e logo em seguida a escotilha foi aberta, uma mulher de cabelos pretos saiu, acenando em direção ao navio do Barba Branca.
Os homens no navio gritavam para que ela saísse dali, mas ela não entendia porquê, quando sentiu um choque na sua cabeça. A jangada havia utilizado o submarino como uma rampa e atingiu a pobre pessoa.
- Você quer me matar, seu idiota???! - Usando suas adagas que podiam ser controladas a distância, Mia capturou a jangada antes que ela tocasse na água, partindo em milhares de pedaço. Com o ataque inesperado, Ace cai no mar e afunda. - Ah! O puto não consegue nadar!
Tirando suas botas e seu casaco, a inventora mergulha para socorre-lo.
Já dentro do Moby Dick, ao recobrar a consciência, Ace vai logo reclamar com a convidada especial, que estava com um galo enorme latejando no topo da cabeça.
- Mia, sua maldita, tinha que destruir o Striker desse jeito?! A culpa não é minha que você aparece do nada na minha frente! - O comandante retruca, cutucando insistentemente a testa da mulher com o indicador, mas por pouco tempo, já que ela o agarra pelo pulso e o joga de volta para o mar.
- Tsc, vocês que se virem para salva-lo. Não vai ganhar seu presente, imbecil! - Ela se enrola mais ainda no cobertor e vira para seu acompanhante, ajudando com as enormes sacolas com embrulhos coloridos. - Vem, Kevin, eu te ajudo. - Do submarino, o médico do Rainbow Panda traz alguns enormes sacos cheios de coisas. - Bom, espero que gostem, tem um pacote para cada um, podem pegar.
Os piratas, de início, ficaram meio envergonhados, mas quando o primeiro tomou coragem e pegou um dos pacotes, os outros se animaram e fizeram o mesmo. Eram presentes simples, produtos que as lojas de Mia vendiam, chapéus diferentes, mochilas com vários compartimentos, kits de acampamento e por aí vai.
Depois das trocas de presentes, a festa começou regada de comidas e bebidas deliciosas. Mia se aproximou da enorme cadeira onde o Barba Branca estava sentado, se deliciando no saquê.
- Feliz Natal, meu velho. - Ela sorri, sentando-se em um dos braços da cadeira.
O capitão dá uma gargalhada com gosto e pousa gentilmente a mão sobre a cabeça da filha.
- Mia, este é o meu melhor Natal. Fico feliz que tenha aceitado o meu convite.
- Você acha que eu recusaria comida e bebida de graça? - Os dois riem e brindam juntos, quando Ace aparece, a cabeça soltando fumaça ao ver Mia.
- Não sei por quê você tá aí, toda feliz, enquanto seus funcionários estão trabalhando.
Mia mostrou a língua, balançando os pés que não tocavam no chão.
- Eu não sou a chefe malvada, tá? Todos estão com suas famílias, por isso viemos com o submarino, que é fácil de usar com duas pessoas e para não chamar atenção. O Kevin veio porque, bom, ele era daqui antes de vir para o Panda. - Com um saltinho, Mia desce da cadeira, procura algo no bolso e entrega para Edward. - É um brinquedo simples, mas fui eu que fiz, espero que goste.
Era uma baleia pequenina de metal, pintada com tons de azul claro e branco. Girando para dar corda, Mia coloca o pequeno objeto dentro do enorme copo do capitão. A baleia começou a nadar e de tempos em tempos, jorrava do topo de sua cabeça um esguicho de saquê.
- Por que você fica dando esses brinquedos para o pai? Era melhor ter dado saquê, iria fazer mais proveito, não é, meu velho? - O comandante cruza os braços e olha para o capitão, mas se surpreende pelo rosto contente e emocionado de Edward Newgate.
- Tá vendo, ele gostou! - A inventora bate com o cotovelo no braço de Ace, mostrando a língua. - Se vocês me dão licença, vou pegar mais um espetinho de carne.
- Tsc, não sei por quê ela me deixa tão irritado. - Vasculhando no bolso, Ace mostra o medalhão que havia comprado na ilha Okuri. - Tá aqui o presente que você pediu para comprar, pai. É seu presente para a Mia, não é? Tó.
- Do que está falando, meu filho. Eu já dei o meu presente para ela, um kit de canetas e réguas de alta precisão. Esse presente que você comprou é para você dar para ela.
- Como é?
- Vocês sempre acabam um brigando com o outro por coisas tão mesquinhas. Queria que se dessem bem para, quem sabe um dia, você se casar com ela. - Edward deu uma gargalhada e logo em seguida tirou a baleia brinquedo e entornou o copo, tomando todo o líquido. - Ela tem mania de se relacionar com uns tipos que eu nunca concordaria. Morreria feliz se fosse com você, já que Marco não está disponível. Bahahahahaha.
- Desculpa te decepcionar, velho, mas eu nunca iria casar com aquela doidinha. Ela não faz o meu tipo.
- Não diga isso, Ace. Ela gosta muito de você, apesar de ter jeitos estranhos de demonstrar isso. Igualzinha a mãe. Bahahahaha. Agora vai lá entregar o presente.
Mesmo não estando de acordo, o comandante da segunda divisão resolveu andar pelo Moby Dick a procura da "irmã". Entrou na cabine principal, passou pela cozinha e em um dos corredores, ouviu alguns sussurros. De modo discreto, olhou para o corredor sem se mostrar e corou por causa do que viu. Duas pessoas se beijavam incansavelmente. Marco, o comandante da primeira divisão, prensava Kevin, o médico do Rainbow Panda, na parede, ambos os rostos quentes e suados, os corpos colados. Depois entraram para dentro de um quarto e trancaram a porta, sem perceber a presença de Ace.
- Bom, ela com certeza não está aqui.
Depois de andar quase todo o navio, Ace se encosta na parede da cabine onde não tinha tanto movimento, até que algo duro bate em sua cabeça. Ele consegue pegar o objeto na mão, era uma maçã-tigre recém lavada. Uma voz vinda de cima chama sua atenção.
- Onde você estava? Te procurei por todo o canto! - Habilmente, Mia salta de cima da cabine e pega pelo pulso de Ace. - Vem, quero te mostrar uma coisa.
Desviando dos festeiros, os dois conseguem chegar em uma parte do navio que está completamente vazia. Sob uma lona, Mia revela a jangada usada por Ace para viajar sozinho.
- Infelizmente não consegui arrumar completamente, mas acho que deve aguentar mais algumas viagens. Deixei um Log que aponta direto para o Panda, quando quiser, vá lá para eu te entregar uma nova jangada, o Striker 2.0. - Mia sorri, mas logo em seguida fica confusa com as bochechas coradas do irmão. - O que foi? Não gostou?
O comandante coloca a mão no bolso para pegar o medalhão, mas é interrompido pelos outros tripulantes que se animaram de repente e apontavam para onde estava a ilha.
- Parece que o show de fogos da ilha Okuri vai começar! Vamos para o convés assistir, Ace! - Mia batia de leve no braço do pirata, super animada. Amava esse show pirotécnico e sempre investia nas empresas relacionadas.
- Espera... - Ace vira e indica suas costas. - Vem, eu sei de um lugar melhor para ver.
De início ela fica um pouco confusa, mas aceita subir nas costas musculosas de Ace, segurando em seu pescoço. Ativando o poder de sua fruta do diabo, Ace usa as chamas em seus pés para poder voar até o mastro mais alto de todos, pousando gentilmente para que Mia pudesse se sentar. Logo em seguida, o céu escuro ficou colorido e a neve que caía brilhava conforme as luzes dos fogos de artifício, cascatas douradas, flores multicoloridas. Foi um dos melhores shows que Mia havia visto na vida.
A voz de Ace está alta o suficiente para sobrepôr os fogos de artifício, mas apenas para Mia ouvir.
- Então, está gostando da festa? - Falava mais tímido do que o normal, olhando Mia de canto de olho.
- Com certeza! Saber que a minha família só aumentou me deixa feliz. Não sei porquê. - Ela balançava os pés, o ar quente que saía de sua boca formava uma névoa que logo desaparecia. - Você se sente feliz também, Ace? - Mia inclina a cabeça lançando um olhar gentil para o pirata.
Ace observava as luzes vermelhas e azuis em formas de flores sumirem no céu escuro. Agora entendia seus sentimentos, o amor que sentia era fraternal, como aquele que tinha entre aqueles dois moleques na vila Fuusha. Sentiu-se um pouco mal por não poder atender as expectativas do velho pai. O frio deixou de incomodar seu corpo, seus olhos pretos brilhavam assim como as orbes amarelas de Mia. Ace não conseguiu segurar o largo sorriso por saber que tinha uma irmã mais velha para cuidar dele, apesar de que nunca, mas nunca mesmo iria falar isso em voz alta. Passou o braço musculoso sobre os ombros de Mia para trazê-la mais perto.
- Mais feliz do que nunca! - Fazia tempo que Ace não se sentia assim, mais leve e animado para viver seus dias como quiser. - Ah, tenho uma coisa pra você. - O pirata vasculha seu bolso e entrega o pingente, não compreendendo a surpresa de Mia. - Feliz Natal! O que, não gostou?
Ela sorri e passa os dedos sobre o arabesco na parte de metal enquanto imagens passavam pela sua mente como um filme sendo rebobinado. Posicionando o objeto a frente deles, Mia aproxima o rosto de Ace.
- Sorria, Ace! - Um clique metálico alto e depois outro para indicar que estava pronto. Mia abre o pingente apertando outro botão e lá estava a imagem dos dois gravada em preto e branco no interior do objeto, Mia sorrindo e Ace todo surpreso, sem entender o que estava acontecendo. - Feliz Natal, maninho!
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