22.Reencontros e despedidas
Da clareira, Mia fechou os olhos. Sentiu Zoro se afastar, mas também sentiu uma agitação na floresta, os animais se moviam, estavam com medo. Havia algo ou alguém ali, ela sabia disso.
O estalar de graveto é o suficiente para Mia mandar a adaga direita em direção ao som. Parou bem na ponta do nariz de uma criança de roupas esfarrapadas.
- Ai, moça, não me machuca não! Não queria te assustá! - Com o susto, a pequenina caiu no chão, mas segurava firme algo entre as mãos em forma de concha. - Que bom que te encontrei, moça! Pu favô, arruma o meu bichinho. Ele parou de pular depois que o tio mexeu nele.
Mia estava cautelosa. Como que a garota descobriu onde ela estava? Se uma criança dessa conseguiu a encontrar, imagina os outros. "Ah!", ela pensou olhando para o ciborgue que atacara Zoro. "Provavelmente um rastreador. Quando usei a onda eletromagnética, souberam exatamente o local em que parou de enviar sinais."
Voltou sua atenção à criança. Aproximou-se e agaixou-se para analisar o brinquedo. Sim, era o sapinho de metal que havia dado para a menininha logo que entrou em Nova Kallin.
- Você tentou dar corda, mocinha? Lembra quando te ensinei?
- Ih, esqueci! - A menina corou por sua falta de atenção. Mia sorriu de modo gentil e deu a corda no brinquedo. O sapinho começou a pular sozinho pelo gramado, mas a menina não saiu correndo atrás dele como da primeira vez. - Tia, tem alguma coisa errada comigo! - Os olhos, que antes eram castanhos, agora estavam vermelhos, um brilho sombrio. A menina passava as pequenas mãos pelos braços, incomodada com algo. - Tá muito quente, tia. Que é que tá acontecendo? Me ajuda!! - Lágrimas começaram a rolar em suas bochechas sujas.
Os segundos passavam e a criança agora se encolhia no chão, as mãozinhas no peito, o rosto cheio de dor e agonia. Ela sabia que tinha que fazer isso. Lentamente, encostou a ponta da adaga nas costas da menina, fechando os olhos como se para diminuir a culpa.
- E.M.P.... - A garotinha imediatamente parou de se mover. A inventora andou e pegou o sapinho de metal, colocou o pequeno objeto entre as mãos da criança.
- Brigada, tia.
Mia arregalou os olhos, podia ser a culpa pesando em sua consciência ou estaria ficando louca?
- Não. - Resmungou para si mesma. - Quem está louco aqui é Alexei. Usar uma criança como bomba... - Segurou firme no cabo das adagas. - Vamos acabar logo com isso, velho "amigo".
No meio da densa mata, Zoro acabava de derrotar o 23° ciborgue que havia encontrado no caminho. Todos eram fracos e o espadachim só tinha alguns arranhões. Boa parte dos ciborgues faziam uma pequena explosão quando eram derrotados e isso já estava enchendo o saco.
- Merda! Pra qual lado fica a vila? Maldição!
- Precisando de ajuda?
Zoro vira-se, fechando a cara ao reconhecer a voz.
- O que está fazendo aqui, Mia? Não disse para me deixar sozinho?
O homem continuou andando sem dar atenção para a recém chegada. Passou por algumas árvores e pedras e finalmente chegou: era o último ciborgue que havia derrotado.
- ARGH! Que ódio! Esse lugar é um labirinto!
- Vamos, eu te guio até a vila e lá nos separamos. - Ela andou ao seu lado, pegando o caminho do lado oposto que Zoro havia pegado. - Prometo que quando chegarmos lá te deixo em paz, ok?
Sem muita opção, Zoro aceitou a ajuda, mas ainda agia de modo frio.
Enquanto caminhavam, um barulho fora da trilha o deixou em estado de alerta. Zoro falou para Mia esperar ali mesmo que ele iria verificar.
A cena era horrível. Aqueles macacos e gorilas que lutou alguns dias atrás estavam caídos no chão, cheios de cortes, a maioria mortos. Um pequeno filhote chorava debruçando na mãe seriamente machucada. Tirando a camisa, Zoro enrolou no animal para estancar o sangue.
- Espero que sobreviva. - Ele estava triste, matar aqueles animais assim sem mais nem menos era errado. Percebendo a aproximação, Zoro ameaça sacar a espada. - Por que não ficou lá? Não precisava ter visto isso.
- Mas eles são só uns animais insignificantes, não serviam para nada. - O sorriso de Mia era assustador, seus olhos brilhavam, vermelhos, com um toque de insanidade. - A não ser que queira juntar-se a eles.
A espada e a adaga chocam-se uma com a outra, Mia atacava sem parar enquanto Zoro se defendia. Vez ou outra era possível ver faíscas saindo quando os metais se tocavam.
Zoro não conseguia segurar sua ira. Em um dos golpes da adversária, a jogou para longe tomando distância. Agora usava as três espadas, preparando-se para o golpe.
- Rengoku Oni Giri! - Ao corta-la sentiu algo estranho, não escorreu sangue de Mia, apenas pedaços de metais, parafusos e afins. No peito rasgado, era possível ver um núcleo perdendo seu brilho. A explosão eliminou qualquer resquícios de sua adversária. - Pode sair daí.
A Mia verdadeira saiu de trás de uma árvore, os olhos arregalados e a boca escancarada. O espadachim guardava as espadas e coçava a nuca.
- O que foi? Eu sabia que não era você desde o começo, besta.
- S-sabia mesmo?
Ele parou em frente a mulher, a olhou nos olhos e envolveu o rosto dela com as mãos abertas. Assim que Mia sentiu o calor se espalhando, corou.
- Agora tenho certeza que é você. Por que estava me seguindo?
- Porque você estava perdido, ué. O seu senso de direção precisa ser estudado.
- Tsc. Cala a boca, eu sei o que estou fazendo. - Ele parou, cruzou os braços e virou a cara. - Só calhou que a gente vai para o mesmo lugar. Pode ir na frente.
Mia deu um risinho e foi andando pela estrada. Ela estava bastante incomodada, não esperava que Alexei faria um ciborgue parecido com ela. Após 20 minutos andando, chegaram na costa da ilha e era possível avistar o porto da velha vila Kallin ao longe.
- Eu fico meio assim de te deixar ir sozinho, sei que o risco de se perder é bem grande mesmo indo reto. - Zoro a olhava irritado, mas de um modo cômico. - Vá e espere no porto, o seu navio ou o meu deve chegar logo.
- E você, pra onde vai? - Ele a olhava, curioso. - Vai se meter em encrenca?
- O encrenqueiro é você, não eu. Preciso resolver algumas coisas, nada demais. - Ela sorriu. Mesmo percebendo a mentira, Zoro a deixou ir sozinha.
Por incrível que pareça, Zoro conseguiu chegar na velha vila Kallin sem se perder, mas se espantou por causa do jeito que o lugar estava. As janelas das casas estavam todas quebradas, poças de óleo espalhadas pelas ruas, não parecia com o lugar que viera antes, estava até pior do que a cidade logo a baixo. Percebeu uma movimentação dentro do hotel depredado. Não sentia nenhuma hostilidade, mas deixou sua mão próxima do cabo da espada caso precisasse lutar. Afastou algumas tábuas e encostado no balcão estava Alfred, o dono do hotel, mas apenas seu torso estava ali, as pernas estavam jogadas no outro lado da sala.
O rosto do concierge estava todo sujo e machucado, o sangue escorria de sua testa. Quando ele viu o espadachim, o ciborgue chorou. Sua voz, vez ou outra, soltava uma estática.
- Senhor... Espadachim... O que está fazendo aqui? Devia estar longe daqui, senão vai acabar morrendo! - Alfred tosse soltando sangue pela boca. - Por favor, fuja! Aqui não é seguro! Aquele... Aquele rapaz enlouqueceu de vez!
- Mas e você? - Zoro olha para as pernas caídas no chão, sem saber o que fazer. - Você precisa ser tratado! Mia deve saber te consertar.
- O-onde ela está? Ela não devia estar aqui, Alexei irá matá-la!
Da entrada do local, passos pesados faziam a estrutura frágil chacoalhar. Um enorme e gordo ciborgue, de olhos vermelhos, arrastava uma pesada clava de metal cheia de espinhos.
- A mulher pequena estava certa. - Sua voz era gutural e horrenda, babava óleo para cada palavra dita. - Ainda tinha lixo vivo por aqui. Mas vou dar um jeito, assim eu ganho um prêmio!
Apesar do tamanho, o ciborgue avançou com rapidez para cima de Alfred, sacudindo de qualquer jeito sua arma gigante. Alfred fechou os olhos achando que era seu fim, porém sentiu uma rajada de ar. O espadachim havia defendido com suas espadas e o impacto fez uma cratera no chão. Rapidamente, Zoro guardou as espadas, pegou Alfred e suas partes avulsas e saiu dali antes que o prédio desabasse em cima deles.
Depois que a poeira baixou, o ciborgue afastou alguns entulhos que o cobriam.
- Ahh... Fui eu que destruí? - Ele olha em direção a Zoro, ficou furioso que o seu alvo não havia sido esmagado, sua careca ficou vermelha e começou a suar óleo. - Você me paga, seu maldito!
———
No meio da floresta, Mia andava, ora virando para um lado, depois contornando uma árvore, até que parou ao achar o que estava procurando.
Se posicionou bem atrás de uma pequena mulher de macacão listrado, lembrando uma abelha.
- Então é aqui que você está, Mel.
Levando um baita susto, Mel virou-se tremendo, os óculos grandes e pretos ocultavam seu olhar de terror.
- S-senhorita Laurent! Oh, não esperava vê-la por aqui. E-em que posso ajudá-la?
- Você sabe...encontrei uma garotinha no caminho e ela estava com isso na nuca. - Mia mostrou algo parecido com uma abelha de metal. - Sabe me explicar por que sua abelha estava nela? - Apesar de estar sorrindo, a inventora passava um ar muito intimidador.
- E-eu só estava seguindo ordens, senhorita! Por favor, n-não me desligue! - A pequena ciborgue tremia, mas tinha que conseguir mais tempo. - Eu sei que é errado, mas o mestre disse para eu fazer, ele disse que você mudou, que não liga mais para essa ilha. - Ela se afastava, com as mãos para trás das costas, mexendo em alguma coisa. - Eu só queria o bem para todos aqui e ele disse que o único jeito era acabando com você.
Mia a olhava sem expressão, sabia, desde o começo que Alexei tinha alguns parafusos soltos em relação a sua pessoa, mas não achava que iria tão longe transformando os náufragos que paravam naquela ilha em escravos ciborgues.
Sem hesitar, a ciborgue Mel enche-se de coragem e finalmente aperta um botão vermelho, abrindo um largo e maligno sorriso.
- Agora é código vermelho para você, senhorita. Não pode vencer essa luta, a não ser que queira matar essas pessoas inocentes.
Era possível ouvir barulhos de passos e farfalhar de folhas por toda a mata e em poucos segundos Mia estava cercada por ciborgues da Nova Kallin, de olhos vermelhos e óleo escorrendo pela boca, indo em sua direção. A inventora suspira, triste. Dá as costas para Mel e anda na direção dos recém-chegados. Um por um, a luz insana vermelha de seus olhos vão se apagando. Seus corpos de metal caem fazendo barulho de parafusos e porcas chacoalhando. A pequena Mel mal percebeu o golpe. A descarga eletromagnética passou por todo o seu sistema, repassando para suas abelhas operárias nos outros ciborgues.
Sem os ciborgues, o caminho para Alexei estava livre. Atravessou a floresta e entrou em Nova Kallin por uma rua lateral, seguindo até o castelo. Dentro dele, uma luta feroz acontecia entre Igor, o barman, contra os ciborgues que tinham a aparência de Mia. O barman estava severamente machucando já sem um braço. Evitava, a todo custo, que os inimigos chegassem até um corpo caído em um canto, usando o próprio como escudo.
Os ciborgues, idênticos à Mia não acabavam nunca e ele já estava desistindo da batalha, quando a Mia verdadeira entrou pelo portão principal destruído, arrebatando sem piedade os inimigos que o atacavam.
Atrás de Igor, Mia conseguiu ver o corpo do prefeito de Kallin, apenas o torço e a cabeça, o rosto contorcido, aguentando a dor.
Descendo uma escada lateral, Alexei batia palmas enquanto era carregado por duas Mias e seguido por um enorme exército de robôs.
- Imaginei que viria, "chefinha". O que achou da minha legião de Laurents? Não se preocupe, é só um exemplo apenas para mostrar as armas dessas máquinas idiotas. - Alexei sorriu mostrando seus dentes tortos e amarelados, os olhos brilhavam insanos e obcecados. - É claro, eu como criador, aproveito sempre que posso dessas belezinhas. - Ele puxa o cabelo de uma das ciborgues, apertando as bochechas e tentando algo como um beijo.
Mia o olhava com cara de desdém, as mãos na cintura e o pé batendo no chão, impaciente pela enrolação e o falatório.
- Eu até queria fazer com que elas me amassem, mas o meu cliente prefere que as armas não tenham sentimentos. Como você fez o favor de vir aqui pessoalmente, você pode ter a honra de virar minha ciborgue preferida o que acha? - Ele desceu o último degrau da escada quando terminou de falar as bobagens, mal dando tempo para reagir ao soco no meio do rosto, que o fez subir de volta alguns degraus.
- Fazendo armas usando a minha imagem? Logo eu, que odeio armas? - As adagas pendiam, balançando conforme ela ia se aproximando para mais um soco bem dado, observando com frieza o seu alvo. - Vocês, Senhores das Armas, não tem um pingo de noção, né? Eu não devia ter te aceitado no meu navio. O Vegapunk só faz essas coisas para me irritar, não é possível.
- Eu já disse! Não fale mal do Doutor Vegapunk! Ele é um gênio, você nunca chegará aos pés dele! Você é um verme perto dele, Mia! Mas com você o ajudando o mundo será um lugar melhor! - Ele se afastava arrastando seu enorme corpo conforme o perigo se aproximava, o sangue pingando de seu nariz. Sua voz tremia de medo. - O que vocês estão esperando? Peguem ela!
As ciborgues liberaram as lâminas e armas de fogo que tinham embutidos nos braços, mas nada podia parar o corte das adagas gêmeas, que dançavam no ar conforme o desejo de Mia. Para olhos atentos era possível ver fios escarlates que sumiam e apareciam no ar. Corpos metálicos retalhados caíam escada a baixo. A mulher continuou sua subida em direção ao velho conhecido.
- Como a fonte principal não é uma pessoa de verdade, não preciso ter dó. Mas vou aproveitar algumas peças para reconstruir Kallin. - Apontou a adaga esquerda para o pescoço de Alexei, dando para ver a mão ensanguentada com o próprio sangue. - Eu tenho nojo de você, Alexei. Eu confiei Kallin a você porque tinha conhecimentos em mecânica avançada e você me traiu. Arruinou a vida de centenas de pessoas apenas para seu bel prazer. - Amenizou suas emoções e soltou o ar devagar. - Nunca mais apareça na minha frente e fique longe onde houver o nome Laurent. Se eu souber que você fez algo aqui em Kallin ou em qualquer lugar de minha responsabilidade, eu mesma o colocarei em Impel Down!
Mia vira-se para descer e socorrer o prefeito da vila.
O homem simplesmente aceitou sem falar nada e subiu as escadas, sumindo na escuridão.
No outro extremo do grande salão, Igor tentava, com dificuldade já que estava sem um braço, amparar o velho prefeito de Kallin. Nesse meio tempo, Zoro chega entrando pela porta principal carregando Alfred amarrado nas costas.
- Zoro? Por que não está no porto esperando seus amigos?
- Cala a boca, você não manda em mim. Eu só vim porque esse cara pediu para te ajudar. - Zoro fica zangado, mas logo se acalma percebendo que a luta havia terminado. Com delicadeza coloca Alfred no chão, sobre um tecido e se aproxima de Mia.
- Aquele carinha fracote quem criou esses robôs com a sua cara?
- Pois é, era um doido aí... - Zoro a olhava de relance para ver se estava tudo bem com Mia. Percebendo o olhar, a inventora salta ficando de frente para o espadachim, escondendo as mãos ensanguentadas. - Preocupado comigo? Estou inteira, se quer saber.
- Só me assustei com a quantidade de sangue nas suas mãos. Mas pelo visto, tá tudo bem, me preocupei a toa. - Ele tenta disfarçar o embaraço virando o rosto, mas acaba sorrindo. - Que bom.
Mia dá uma boa risada de satisfação vendo que a situação entre eles estava melhor.
- Tenho algumas coisas para fazer aqui. Por que não volta para o porto? Assim, vai poder receber os seus amigos.
- Besta. Vai fazer o que se mal consegue levantar os braços? Eles conseguem dar um jeito. Agora me fala o que tenho que fazer.
- Hum?
- O que foi? - Ele agaixava-se para pegar Alfred e levá-lo até Igor. - Você não vai conseguir fazer nada com esses braços. Me dá as instruções que eu tento fazer o melhor possível. Vem, parece que aquele velho não vai aguentar muito tempo.
Mia se admirou pela iniciativa, sorriu e seguiu o amigo. Durante duas horas, ela dava as instruções e Zoro obedecia, tentando não se atrapalhar com as ferramentas. Igor conseguiu ter seu braço de volta e agradeceu.
- Senhorita Laurent, senhor Espadachim, fico muito grato por terem me ajudado. Aliás, por terem aparecido aqui nesta ilha, nesta cidade. - Ele encolheu seu enorme corpo, fazendo uma reverência e encostando a testa e os joelhos no chão. As lágrimas caíam sem parar. - Obrigado! Se não fosse por vocês, continuariamos para sempre nesse ciclo de desgraça. Kallin está em débito com vocês! Obrigado por me dar mais uma chance, senhorita Laurent!
- Que isso, Igor! Agora vem, levanta e ajuda o Zoro. Ele ainda não sabe a diferença entre uma porca e um parafuso. - O espadachim a olhou irritado, mas deixou pra lá. Até que estava achando interessante fazer tudo aquilo.
Na vez do velho prefeito, apesar de sua situação crítica, havia um sorriso gentil em seu rosto.
- E pela terceira vez, você salva minha vida, senhorita Laurent. Sou só um velho, deixe-me ir, cuide de Alfred primeiro.
- Não diga besteiras, Magus, você ainda tem muitos anos para viver! E você é o prefeito daqui, precisa liderar o futuro de Kallin! - Mia disse sentando-se ao lado sobre os joelhos. - Alexei não será mais um problema e garanto que trarei os recursos necessários para ajudar todos aqui.
Magus segurava as lágrimas e estava decidido que iria morrer apenas se houvesse alguém para substitui-lo. Por mais algumas horas, o prefeito já conseguia mexer as mãos e os braços.
- Senhorita, eu...
O prefeito não conseguiu continuar a falar porque se assustou com uma mão agarrando o corpo de Zoro, que o puxou e jogou para o alto repetidas vezes.
- ZOOOOROOOOO! Nós finalmente te achamos! E parece que você está bem!
Luffy é o primeiro a chegar, logo em seguida seus companheiros também invadem o castelo sem cerimônia.
- Meu deus, o que aconteceu aqui? Ei, aquilo é uma cabeça? - Frank aponta para um lugar ao lado de Usopp e Chopper, que pulam morrendo de medo.
- Marimo, seu idiota, o que você andou aprontando e... Oh! Mas que bela moça! Muito prazer, sou Sanji e estou ao seu dispor! - O cozinheiro, com olhos de corações, faz uma reverência.
- Muito prazer, me chamo Mia. Mia Laurent. Então vocês devem ser os companheiros do Zoro. Não se preocupem, eu cuidei bem dele.
A pequena rena, bem observador, percebe que Mia não está tão bem e resolve examiná-la.
- Com licença, parece que seus braços estão machucados. Posso tratá-la?
- Por favor, doutor Chopper. Acho que perdi muito sangue também. - Mia não resistiu e fez uma cara boba, encantada com a pequena rena. - Você é tão fofinho quanto dizem!
Chopper confirma com a cabeça, envergonhado por ter sido chamado de fofo.
Depois que as apresentações foram feitas e as explicações dadas, Alfred foi consertado por Mia, depois de ser tratada.
- Bom, sei que estão animados por encontrar o espadachim - ela bate com o cotovelo no braço esquerdo de Zoro. - mas sugiro que partam amanhã. O Log não demora para registrar a próxima ilha. A não ser que queiram voltar para a trilha que estavam. Se for esse o caso, aconselho esperar o meu navio chegar por aqui.
Depois de alguns minutos discutindo, Luffy e seu bando decidem esperar e retornar de onde estavam, já que corriam o risco de encontrar Smoker no caminho.
Para descansarem, todos foram para o lago fora da cidade, andando pela trilha que Igor havia em sua casa. Os moradores de Kallin levaram comidas e bebidas para que pudessem festejar.
A fogueira ia alto e todos estavam animados com as músicas que Brook tocava. Os caranguejos eram o ponto forte da festa, feitos de tudo quanto é jeito: gratinado, em casquinha, marinado, grelhado. Uma verdadeira festa do caranguejo. Luffy, sempre animado, comia e dançava com seus amigos. Zoro observava, do outro lado da fogueira, Mia conversando animadamente com Robin. Percebendo o olhar, a inventora responde com um belo sorriso.
Ele suspira e entende como seria feliz se pudesse ver esse sorriso todos os dias.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro