07. Uma longa viagem para casa
Da janela de seu quarto, Mia observa o céu cinzento a procura de algo, qualquer coisa. Havia passado um dia desde que Doflamingo saira para resolver uma negociação e ficaria fora por mais seis dias. Não queria admitir, mas dormir sozinha era solitário quando ele não estava.
- Não, Mia, ele não é bom para você. Para de ser louca, desgraça! - A inventora batucava com certa força os dedos em sua testa. Ouviu um barulho diferente, pareciam asas de inseto, o que não era muito comum por ali.
- Então, você é a princesa presa na torre?
"Pronto, já estou maluca. Uma abelha rosa está falando comigo.", ela pensou.
- Não foi você que pediu ajuda pelo passarinho?
- Er... Sim, mas... Quem ou... O que é você? Ah, espera! Você é uma fada?
A pequena criatura riu enquanto pairava no ar com as suas asas de inseto batendo.
- Vocês, gente grande, falam cada coisa! Não sou fada, sou uma tonttata! Me chamo Bian!
- Tonttata... - Mia repetiu, maravilhada. - Nunca achei que iria ver um na minha vida!
Tonttatas são pequenas criaturas que cabem na palma da mão e apesar de sua estatura, são ágeis e fortes. São erroneamente chamados de fadas pelos humanos, que aliás, sempre acusam os pequeninos por roubos de objetos pela cidade, o que não está 100% incorreto. Os tonttatas eram considerados uma lenda em Dresserosa pois não faziam tanta questão de aparecerem para humanos.
- Gostaria muito de compartilhar histórias com você, mas não temos muito tempo! Perdemos um dia porque queríamos ter certeza que o Rei estaria longe o suficiente para você fugir! Daqui a pouco uma confusão irá começar lá do outro lado da cidade, assim você poderá descer daqui.
- Descer? Mas como?
Mais insetos surgiram, dessa vez cerca de oito besouros em dois grupos com quatro cada carregando mais tonttatas.
- Então você é a princesa estrangeira? Segure esses besouros, serão sua carona até lá em baixo. Aliás, me chamo Leo!
O tonttata agilmente pulou para dentro do quarto, segurando uma enorme agulha de costura. Suas vestes verde folha mexiam-se incansavelmente, até que Leo enxugou o suor da testa, afastando as mechas loiras de seu rosto. Com seus poderes da fruta da costura, o pequenino criou o clone de tecido perfeito de Mia e o deixou deitado na cama como se estivesse dormindo.
Mia olhou aquilo tudo com admiração, ficando ainda mais intrigada com os tonttatas.
- Assim vai demorar para perceberem que você não está mais aqui.
- Mas, Baby 5 sempre entra para me acordar e deixar minha refeição.
- Coloque esse aviso na porta, assim ela não irá incomodar. Deixará sua bandeja na frente da porta e Kabu irá pegá-la.
- Mas ele não estará em perigo? Como sairá daqui?
Um besouro Hércules pousa na janela e Leo faz carinho nele.
- Não se preocupe, nós sabemos nos cuidar. Agora segure aqui, isso. Assim você vai para a esquerda e desse jeito para a direita. - Léo mostrava os movimentos para controlar os besouros no ar. - Vamos esperar o sinal.
Um estrondo, provavelmente uma explosão, acontece do outro lado da cidade.
- Agora! Cuide-se, Kabu, nos vemos depois!
Antes de sair, Mia sorri para o pequeno tonttata que mais lembrava um besouro dourado.
- Obrigada, senhor Kabu! Eu sou profundamente grata!
- Não se preocupe, agora vá com cuidado!
Mia acena com a cabeça e segura nos fios para planar no ar. Leo ficou em seu ombro e a humana pulou. A sensação era incrível, sentiu frio na barriga, mas faria isso de novo se pudesse. Seus cabelos e seu vestido voavam, deixando a inventora toda bagunçada. Chegaram em segurança no solo sem chamar a atenção.
- Agora, vista isso. Vamos te levar para o porto e você pega o navio que vá o mais longe daqui!
Mia se esconde em uma moita e veste uma roupa comum, bem menos chamativa.
- Leo-kun, algo está acontecendo nessa cidade, não está? - Ela andava rapidamente, segurando o tonttata no bolso, evitando áreas abertas. - Esses brinquedos...
Leo hesitou, era doloroso lembrar de tudo que estava acontecendo. Ele contou sobre Dressrosa quando o Rei Riku ainda reinava, sobre a chegada de Doflamingo, a loucura do Rei, quem eram os brinquedos vivos... Tudo aquilo deixou Mia entorpecida. E mesmo assim pareciam tão felizes.
- Os meus companheiros... Também foram capturados e são escravizados na fábrica.
- O que a fábrica produz, afinal de contas?
- Ninguém sabe, mas começou a ser produzido faz pouco tempo e nossos companheiros foram capturados pois eram os únicos capazes de fazer tal coisa. - Uma lágrima rolava dos olhos corajosos do pequenino. - E ainda, nossa princesa querida...
- Está decidido! Leo-kun, se eu conseguir sair daqui e chegar na minha ilha, irei ajudar vocês. Não consigo fazer muito por aqui, mas se não for eu, outros virão, eu prometo! Por isso, não desistam!
O tonttata a olhava com os olhos brilhantes, emocionado.
- Sim!
No porto, Mia se misturou às outras pessoas, o cabelo preso em rabo de cavalo saindo por trás do boné. Com um pouco de dinheiro fornecido por Leo, ela embarcou em um navio de viagem na área super econômica.
Despediu-se dos pequenos. Nunca iria esquecer da bondade deles de ajudar alguém que mal conheciam.
Dentro do navio, entrou onde os técnicos guardavam suas roupas. Pegou uma que ficasse boa em seu corpo, mas manteve o boné. Tirou a etiqueta com o nome de alguém para não causar confusão. Sabia que nesses navios turísticos era comum a mudança de equipes e com os seus conhecimentos, seria muito mais fácil a viagem. Melhor do que ficar exposta e alguém reconhece-la.
Durante a viagem, nunca chamava a atenção. Fazia o mínimo das suas tarefas e evitava conversar com os outros. Descobriu, lendo o diário de bordo, que iriam para a Grand Line e dali teriam mais três paradas: Water 7 e outras duas ilhas turísticas.
Desembarcou em Water 7 para pegar o expresso marítimo, mas não tinha dinheiro suficiente para pagar a passagem. Entrou em um estavelecimento menos movimentado e perguntou se não havia uma vaga de meio período.
- Pagamento no dia? Tudo bem, mas vista outra coisa. Não é tão bonita, mas tem um corpo atraente, assim chamará mais atenção e os clientes pagarão mais. - Disse um barman carrancudo. - Agora vá e chame os clientes.
Ela concordou e vestiu uma roupa simples de empregada, com um belo decote e a saia curta. Perdeu a conta de quantos homens e mulheres deram em cima dela. De madrugada, foi dispensada e recebeu devidamente seu pagamento. Seria o suficiente para a passagem mais barata do Expresso.
Correu para a estação e teve sorte de que o último trem sairia daqui a poucos minutos. Voltou com a roupa de mecânica, mas guardou em uma sacola o uniforme de empregada, caso fosse necessário. Comprou a passagem e embarcou, iria para Pucci. Chegou meia noite lá e sua situação monetária não era das melhores. Comeu um lanche surrupiado da cozinha do bar e dormiu ao relento, longe de áreas muito abertas.
Acordou dolorida e com fome. Pucci era um lugar que venerava a boa comida, por isso não seria fácil conseguir alimento barato ali. Esperou as barracas e restaurantes abrirem. Contou suas poucas moedas e sem ter vergonha, tentava ganhar descontos nas lojas. Apenas uma aceitou, aliás, recusou o seu dinheiro.
- Eu não posso negar um prato de comida para quem tem fome. - A mulher de cabelos verdes traz um belo prato de macarronada ao molho bolonhesa e um prato de salada. - É por minha conta. Aceita uma taça de vinho?
- Eu não quero abusar. Apenas água, por favor. - Mia dizia enquanto mastigava um pouco de macarrão com voracidade, sentindo o delicioso sabor da carne e o excelente molho de tomate muito bem temperado.
- Imagina! Eu adoro ver o que as pessoas acham do vinho. - A cozinheira coloca a taça perto de Mia e a observa. Notou que a curiosa visitante sabia apreciar a bebida.
- Eu conheço esse sabor! É de Muscat, não é?
A outra mulher abriu a boca cheia de surpresa.
- Isso mesmo! Como adivinhou?
- É o meu vinho preferido! Uma funcionária minha me apresentou e foi amor a primeira vista! Como será que está Blanc-chan? - Mia pensou alto, a cozinheira ficou mais surpresa ainda, arregalando os olhos.
- Você conhece a Blanc? Minha irmãzinha?
Depois que tudo foi explicado, Solaris, a cozinheira, senta-se tomando vinho com Mia.
- Que mundo pequeno! E pensar que minha irmã está estudando na Universidade Starlight e você ser a secretária da chefe. - Ela suspirou, tomou todo seu vinho e fitou Mia. - Mas o que uma pessoa como você está fazendo aqui desse jeito? Pedindo por comida?
Mia ficou sem jeito, não quis contar toda a história do que se passou em Dressrosa.
- Estou em apuros. Eu fui sequestrada, mas consegui fugir. Agora quero apenas voltar para casa...
Solaris bate palmas rápidas, empolgada com algo que se lembrou.
- Molly-san, um navio cargueiro chegará hoje de Muscat, partirá às cinco da tarde. Posso falar com o capitão para ele deixar que você embarque.
- É uma ótima ideia, Solaris-chan! Mas... Eu não quero abusar...
- Menina, você está cuidando tão bem da minha irmã, em cada carta sinto como ela está feliz da vida. Se eu pudesse vê-la...
Mia levantou, batendo com as duas mãos no balcão!
- Eu sei como posso te ajudar, Solaris-chan! Eu posso investir no seu restaurante em Muscat, o que acha? E também incentivarei Blanc-chan a voltar para sua terra natal depois que terminar os estudos!
Solaris a olha confusa.
- Mas... Achei que você era a secretária, Molly-san.
Percebendo o vacilo, Mia bate na testa. Decide ser sincera e conta para ela sua real indentidade.
- Não se preocupe, guardarei segredo.
- Ah, poderia também dizer que nunca me viu aqui? Tenho que ter certeza que os sequestradores não irão me encontrar.
- Fique tranquila. Bom, você ainda tem tempo até a viagem. Que tal um banho e algumas roupas limpas?
- Solaris-chan!!! - Mia a olha com olhos brilhantes e abraça a cozinheira com afeto.
Após o banho, vestiu roupas confortáveis femininas e descansou um pouco no sofá. Mal percebeu que cochilou. Um toque gentil no ombro indicava que era hora de partir.
No porto de Pucci, Solaris sorria, sua conversa com o capitão foi um sucesso. Entregou um pacote com queijo, pão e carne curada para Mia comer durante a viagem.
Entre tempestades e dias quentes, neve repentina e sol escaldante, Mia chegou em Muscat. Agradeceu ao capitão e procurou o mapa da região. Estudou as ilhas mais próximas, mais um pouco e chegaria em Loguetown. Conversou com alguns capitães e uma mulher forte e enérgica aceitou Mia como tripulante temporária.
Ajudou no barco em tudo que podia, até melhorou algumas coisas, deixando a capitã muito contente. Chegou em Loguetown depois de duas semanas. No porto viu um navio da Marinha que logo reconheceu. Seu coração batia forte e massageava seu dedo anelar inconscientemente.
Agradeceu a capitã e correu pela cidade até chegar na base onde um conhecido trabalhava. Tashigi, uma habilidosa espadachim subordinada de Smoker, quase tem um infarto ao ver a inventora.
- S-senhorita Molly? É a senhorita mesmo?!
- Sim, Tashigi, sou eu! Onde ele está?
- Venha, me acompanhe!
Algumas semanas atrás
Em Dressrosa, Donquixote Doflamingo volta mais cedo de sua viagem de negócios ao saber que Mia não estava bem. Kabu, o tonttata, logo se mandou ao saber que o Rei estava de volta.
Sem ser interrompido, Doflamingo anda apressadamente, não sabendo dizer ao certo o que estava sentido. Talvez aflição?
- Mia? - Abre a porta com cuidado e entra sem acender a luz. Doflamingo senta-se ao lado dela, mas sua expressão serena logo dá lugar a raiva. As veias em sua testa pulsavam e a sua mandíbula travou fazendo muita força. Soltou um grito aterrorizante no qual todos no castelo ouviram. Baby 5 e Trebol esperavam do lado de fora do quarto e não ousavam entrar. Depois de alguns minutos, o pirata surge da escuridão, arfando e segurando algo em sua mão. - O que... Significa... Isso? - Levantou um pedaço de retalho e espuma que imitava o rosto de Mia com seus cabelos pretos soltos. Usando seus poderes, estraçalhou a suposta Mia em mil pedaços.
- Ne, ne, ne, Doffy...
- Calado! Encontrem ela. Procurem em todos os cantos dessa ilha. Tragam ela para mim. - Saiu andando para um dos lados com as mãos nos bolsos.
Baby 5 e Trebol olharam para dentro do quarto, bom, pelo menos o que restava dele.
- Espero que ela não tenha ido longe, senão não sobrará nada desse castelo. - Baby 5 olhou para o homem-muco estranhando a seriedade dele e o fato de não ter começado a frase com "Ne, ne".
A busca durou quatro dias, todos os oficiais procuravam e perguntavam sobre a desaparecida, até que foi-lhe informado que um rapaz havia a visto.
Na mesa de jantar, Doflamingo permitiu que um desenhista e o tal rapaz sentassem e se juntassem a ele. Apesar da fartura de comida, o Rei apenas engolia o bife mal passado, mal sentindo seu sabor.
- Então você tem certeza que era ela? Explique ao desenhista então.
O rapaz obedeceu e depois de vinte minutos já tinha o retrato de Mia, com o boné segurando o cabelo em rabo de cavalo e uma roupa simples de casaco cinza e blusa branca por baixo. Estava perfeito e isso deixou Doflamingo surpreso.
- Está idêntica, é ela mesmo. Até nos detalhes do rosto. - Agradeceu ao desenhista, que saiu dali aliviado e orgulhoso de ter feito seu trabalho bem. - Agora, me diga... Como a reconheceu tão fácil assim? O rosto dela está está perfeito...
O rapaz ficou sem graça, vermelho nas bochechas.
- Bom, todas as vezes que vossa majestade saía do castelo as pessoas faziam o maior alvoroço, sabe? E... Bom... - Corou mais ainda, evitando olhar para o Rei. - Quando vi aquela mulher, achei ela tão linda, que, bom... Talvez eu tenha me apaix... - O pobre rapaz não conseguiu terminar a frase. Sua cabeça descolou do corpo e seu corpo desabou na mesa, fazendo o sangue se espalhar.
Doflamingo apenas comeu o último pedaço de carne e foi para seu escritório, sem tirar seus olhos do papel.
No dia seguinte cópias do retrato já circulavam pela cidade e depois de dois dias, soube que Mia já não estava mais na ilha.
- Ne, ne, Doffy, parece que ela embarcou em um navio turístico, mas não viram ela sair,. Talvez tenha mudado de disfarce...
- Talvez, não, tenho certeza. Usar pássaros para enviar mensagens de socorro? Aquela armadilha escondida de baixo da cama... Tsc! Parece que a subestimei.
- Ne, ne, quer fazer uma investigação para descobrir quem a ajudou?
- Não, esqueça isso, apenas descubra se ela desceu nas outras duas paradas do navio. Vou ligar para um contato em Water 7.
Fazendo uma reverência, Trebol saí dali para fazer o que lhe foi pedido. Doflamingo tira um denden mushi adulto com o símbolo do Governo Mundial.
- Então a mulher escapou? Blueno disse que o movimento em seu bar um dia desses não estava lá essas coisas. Perguntou para um dos clientes, que disse que o bar de Sartori estava com uma funcionária nova, bonita. Quer que eu investigue? - Uma voz séria ecoava do caracol.
Doflamingo confirmou e desligou. Esperou ali mesmo no escritório pelo retorno. Atendeu calmamente quando o denden mushi tocou.
- E então?
- Sartori disse que essa mulher apareceu lhe pedindo um emprego de meio período, mas precisava do dinheiro no dia. Vestiu ela de empregada e mandou chamar muitos clientes, que pagaram boas gorgetas. No dia seguinte não apareceu mais no trabalho. Talvez precisasse de dinheiro para o expresso?
- Sim... - Doflamingo massageava as têmporas. - Quais foram os últimos embarques daquela noite? - Ele ouve e sorri. - Não, não precisa. Eu irei pessoalmente, obrigado. - Desligou e sem avisar ninguém, saiu da sua janela, voando em direção a Pucci.
- Oh, sim, eu a vi, mas não vestia essas roupas. Era bem bonita, apesar de estar toda suja e bagunçada. Ela passou de restaurante em restaurante para ver se alguém dava comida para ela. Se não me engano... - O vendedor apontou para um restaurante enfeitado de videiras de uva, além de um logo chamativo de cacho de uva. - Não vi ela saindo do Vino & Pasta, talvez tenha dado sorte lá.
"Estou chegando perto, Mia", Doflamingo pensou abrindo um largo sorriso. Entrou no charmoso restaurante e pediu uma garrafa do melhor vinho e o spaghetti bolognese, o mais pedido da casa. Quando a cozinheira chegou com o prato, sentiu um certo medo que não conseguiu explicar. Tentou agir naturalmente.
- Aqui está, senhor! O espaguete e o vinho. - Serviu a bebida na taça e sorriu. - O melhor vinho que beberá em Pucci, senhor.
O pirata sente o aroma da bebida envelhecida e toma um gole, sentindo os sabores profundos passarem por sua língua. Sorriu e comeu uma garfada do macarrão.
- Certamente, nunca provei nada igual. - Ele discretamente coloca o retrato de Mia no balcão. - Reconhece ela?
Sem querer, Solaris dá um pulo de surpresa, que não passou despercebido por ele. O medo aumentou, mas se manteve firme a promessa que fizera.
- Aqui está sempre bem movimentado, senhor. Talvez tenha visto, mas não sei para onde foi depois.
Doflamingo sentia o medo da mulher, mas decidiu optar por outra tática. Fez a melhor cara de tristeza que poderia fingir.
- Ela é minha noiva... O casamento estava marcado, mas ela tem esse pavor de comprometimento, entende? Simplesmente fugiu... Estou todos esses dias procurando por ela... Eu a amo tanto... - Essa última frase soou um pouco mais verdadeiro do que gostaria. - Por favor, se tiver qualquer informação, me diga! - Ele ia saindo depois de pagar a conta, cabisbaixo.
- Espera!
Ainda de costas para a cozinheira, Doflamingo sorri, logo em seguida desmancha para uma cara triste.
- Ela disse que havia sido sequestrada...
- As mentiras que contam quando se está com medo...
Solaris pensou e observou o homem desconsolado. Contou para onde a mulher foi, sentindo uma pontada de culpa no coração.
Doflamingo seguiu para Muscat sem descanso. Não conseguiu obter mais informações da "noiva", mas sabia que Loguetown não era longe dali. Na ponta extrema da ilha, olhou para o horizonte e depois para sua mão direita. Mexeu de leve um dos dedos e viu a linha vermelha saindo da ponta. Havia prendido o fio em Mia da última vez que que dormira com ela, apenas por medida de segurança, já que estaria fora de Dressrosa por mais tempo do que costumava. Fitou, por um bom tempo, o ritmo que o fio vibrava, as batidas sempre aceleradas do coração dela. Não sentia aquela tristeza desde que teve que matar o irmão há muito tempo atrás.
- Poderíamos ter feito tantas coisas juntos, sua tola. - Fechou a mão com força sentindo o fio arrebentar.
Saiu de Muscat rumo a Dressrosa. Não sorriu por um tempo e seu humor era sempre terrível.
Em Loguetown
Smoker virou-se surpreso com a voz familiar que tocava seus ouvidos. A felicidade pelo reencontro deu lugar ao desespero, quando viu Mia cair de joelhos no chão, apertando o peito, o rosto desconfigurado pela dor.
Mia apenas enxergava os vultos dos dois correndo em sua direção. Caiu no chão inconsciente, sem mais nem menos.
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