38| Uma Rasteira Acidental
•Música de sugestão:
The Proclaimers - I'm On My Way
Observo cada detalhe do rosto do Ran enquanto ele descansa. Rindou, percebendo o clima entre nós, já se despediu com um sorriso cúmplice e nos deixou sozinhos. O quarto do hospital agora está em silêncio, exceto pelo som suave da máquina de monitoramento ao lado do Ran.
— Ran. — começo, quebrando o silêncio. — Eu contei para a Saori sobre nós.
Ele vira a cabeça na minha direção, com um olhar curioso.
— E o que ela disse?
— Ela me apoia. — respondo, sentindo um misto de alívio e ansiedade. — Mas ela também deixou claro que, se qualquer coisa acontecer e eu acabar machucada ou em perigo, ela vai denunciar você para a polícia.
Ran me olha com uma expressão séria, seus olhos fixos nos meus.
— Sassy, você não precisa se preocupar com isso. Eu jamais faria algum mal para você. Eu te amo.
Essas palavras, ditas com tanta convicção, aquecem meu coração. Sorrio para ele, sentindo uma onda de emoção tomar conta de mim.
— Eu sei, Ran. Eu também te amo.
Ele se aproxima lentamente, com seus olhos violetas que nunca corta o contato visual. Sinto meu coração acelerar enquanto ele se inclina mais perto, até que nossos lábios finalmente se encontram. O beijo é suave, carregado de sentimentos que ficaram reprimidos por tanto tempo. É como se o mundo ao nosso redor desaparecesse, deixando apenas nós dois naquele momento.
Enquanto nos beijamos, sinto a promessa implícita em cada movimento, a certeza de que ele realmente se importa comigo e que nossos sentimentos são genuínos. Quando nos separamos, ele sorri para mim, seus olhos brilhando com a mesma emoção que sinto.
— Eu jamais deixaria algo acontecer com você. — ele sussurra, ainda próximo.
— Eu sei. — respondo, segurando sua mão com força. — E eu estarei aqui, ao seu lado, durante toda a sua recuperação.
Passamos o resto do tempo juntos, conversando sobre o futuro e fazendo planos, agora mais próximos do que nunca. Sentir o apoio de Saori e a promessa de Ran me dá uma nova força, uma esperança renovada para os desafios que ainda temos pela frente. E, acima de tudo, a certeza de que, juntos, podemos enfrentar qualquer coisa.
— Como que os pombinhos estão hm? — pergunta Rindou com um sorriso travesso no rosto.
— Estamos bem, seu fuxiqueiro.
— Fuxiqueiro não, curioso é o mais correto. — ele responde e sorri. — Eu percebi o clima romântico entre vocês dois e eu decidi bem... deixar o clima do amor no ar. — ele responde e finge uma tosse que me faz cair na gargalhada.
— Rindou, já arrumou uma namorada? — pergunto curiosa.
— Não, acho que não tem alguém que consiga acompanhar meu ritmo. — ele diz rindo.
— Então, sua namorada ideal seria uma mistura de velocista e dançarina de salsa? — pergunto rindo.
— Mais ou menos. Mas principalmente alguém que não se atrase para os encontros e que não pise nos meus pés enquanto dançamos.
— Bem, parece que você está procurando uma mulher com o pé direito e o coração acelerado.
— Eu não estou procurando sabe? Estou bem sozinho, mas se você encontrar uma assim, me apresente, ok?
— Pode deixar, Rindou. Vou começar a espalhar o boato de que há um velocista solteiro à solta.
— Mas como você sabe que eu sou velocista?
— Um passarinho me contou.
— E esse passarinho é alto, com olhos violetas e que dorme literalmente em qualquer lugar? Já sei quem é. — ele responde e arruma o seu óculos.
— Sim, foi o Ran que me contou. Ele diz que você corre muito bem.
— Gosto de participar de corridas de velocidade e artes marciais como jiu-jítsu por exemplo.
— Você é totalmente o oposto do Ran. — falo rindo.
— Ran não gosta de atividades assim. Ele gosta de academia, levantamento de peso e malhar o tanquinho sabe? É um hobby para ele. Ele gosta, mas claro que ele ama dormir. Se ele participasse de uma competição para ver quem é que ganharia de tanto dormir, ele ganharia.
— É, eu sei bem disso. Ran tem uma habilidade incrível de dormir na sala sem ser pego. — falo rindo. — Ele é hilário.
— Ele é. Mas tem um bom coração com quem ama.
Abro um sorriso e me lembro do Ran dizendo que me ama sem desviar o olhar de mim. Ah, aquele momento foi tão mágico que eu posso sentir ele até agora como um flashback.
— Rindou, você já teve sua visão verificada recentemente? Quantos graus de miopia e astigmatismo você tem? — pergunto curiosa enquanto ele caminha do meu lado e solta uma risada.
— Bem, a última vez que verifiquei, acho que era... espera um segundo. — ele diz e tira o óculos. — Aqui estão meus óculos. Dá uma olhada.
Ele me entrega com um sorriso malicioso, e eu coloco os óculos, curiosa para ver o mundo através das lentes que moldam sua visão.
Mas oh, doce surpresa! Assim que olho através delas, sinto como se um raio de sol estivesse queimando meu olho!
— Caramba, Rindou, seu grau é tão forte que poderia fazer até um super-herói se contorcer!
Ele concorda, ainda rindo, e eu percebo que, embora sua visão possa ser um pouco turva, sua capacidade de me fazer rir está sempre em foco. Ah, como eu adoro esses momentos de travessura com ele.
— Desculpa, Sassy. Acho que eu realmente preciso de uma atualização nos óculos. Talvez eu devesse considerar usar lentes de contato.
— Definitivamente. Ou talvez você possa usar seus óculos como arma secreta contra os inimigos. Um simples olhar e eles sairão correndo. — respondo rindo junto com ele.
— Boa ideia. Mas acho que prefiro usar minha velocidade para isso. Afinal, quem precisa de óculos quando se pode correr mais rápido que a vista deles? — ele questiona rindo.
— Rindou, uma coisa me intriga. Como você consegue lutar na gangue usando óculos? Não é perigoso? Eles podem quebrar e machucar você.
— Ah, eu entendo sua preocupação, Sassy. Mas não se preocupe, eu e o Ran temos um sistema.
— Um sistema? — pergunto curiosa.
— Sim, um sistema infalível. Eu tiro o óculos e vou na fé. Me aproximo do borrão que é uma ameaça para mim e... — ele diz e faz um gesto de aproximação. — Puff! Ataco.
— Espera, você quer dizer que você simplesmente se aproxima sem enxergar direito?! — pergunto rindo.
— Exatamente. Mas calma, não é tão louco quanto parece. — ele diz e faz uma expressão travessa, típico de criança encapetada. — Bom, exceto por uma vez que eu dei uma rasteira no Ran sem querer. Ele caiu igual jaca madura no chão
A imagem do Ran caindo como uma fruta madura me invade a mente, e eu sinto uma risada querendo escapar. Mas é quando olho para o rosto do Rindou que eu simplesmente não consigo mais segurar.
Seu rosto tem aquela expressão de uma criança encapetada, travessa e cheia de diversão, quando apronta alguma coisa. É como se eu pudesse ver a história se desenrolando em sua mente enquanto ele relembra aquele momento hilário.
Tento, desesperadamente, segurar o riso, mas é inútil. A risada escapa de mim, e logo estou rindo alto, incapaz de conter a alegria que aquele momento divertido me traz.
Rindou se junta à minha risada, e juntos rimos até as lágrimas escorrerem pelos nossos rostos.
— E como vocês evitam que isso aconteça de novo? — falo tentando conter o riso.
— Nós nos comunicamos o tempo todo durante a luta. — ele fala e respira fundo ao parar com a risada. — Se eu ouço alguém gritando "Rindou, cuidado, sou eu!", é sinal de que devo parar com a aproximação kamikaze.
— Vocês dois são realmente uma dupla dinâmica! Mas tenha cuidado, Rindou. Você não quer dar rasteiras em pessoas aleatórias por aí.
— Com certeza, Sassy. Vou tentar manter minhas rasteiras apenas nas batalhas de gangue.
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