04| Lar Doce Lar
•Música de sugestão:
Ermakov - Mama
Pegar metrô para voltar para casa sempre fez parte da minha rotina diária. Ainda mais depois que meus pais faleceram em um acidente de carro e eu passei a morar com a minha irmã, quatro anos mais velha do que eu, a adorável Saori Ishikawa, ou como eu costumo a chamar, Sayo.
Ela trabalha como atendente em uma cafeteria no centro de Tokyo, do qual eu costumo ir sempre depois da aula todos os dias, tanto para poder visitar ela quanto para fazer as minhas tarefas escolares e esperar ela para poder irmos embora para casa juntas.
E hoje não foi diferente. Assim que o metrô chegou na estação do centro de Tokyo, eu caminhei até a cafeteria onde a minha irmã trabalha, e assim que cheguei, me sento em uma mesa, a mesma de sempre, a mesa 7.
Coloco meus materiais encima da mesa e começo a fazer a lição de casa para a próxima semana, basta responder algumas perguntas que estão na apostila.
Permaneço ali por alguns minutos e em seguida sou surpreendida pela voz doce e acolhedora da minha irmã, que me faz abrir um sorriso.
— Como você está, Sassy? — ela pergunta ao me chamar pelo meu apelido.
— Estou bem. — falo com um sorriso. — Como você está, Sayo?
— Um pouco cansada devido a rotina de trabalho longa sabe? — ri. — Mas eu vou ficar bem. Aceita um cafézinho com espuma feito no capricho com alguns Dorayakis?
— Sim!
— Vou pegar para você. — ela responde e acaricia o meu rosto.
Desde que eu me lembro, minha irmã Saori sempre esteve ao meu lado, cuidando de mim de uma maneira que vai além do que eu jamais poderia esperar. Tenho tanto amor e admiração por ela que às vezes nem consigo encontrar as palavras certas para expressar tudo o que sinto.
Eu tinha apenas 13 anos quando nossos pais morreram naquele acidente de carro. Foi um momento devastador que mudou nossas vidas para sempre. Ela tinha 17 anos, mas, de alguma forma, ela encontrou a força para se levantar e assumir responsabilidades que ninguém naquela idade deveria ter.
Saori se tornou tudo para mim: irmã, mãe e pai. Ela largou suas próprias aspirações e sonhos para garantir que eu tivesse tudo o que precisava. Nunca reclamou, nunca se queixou. Sempre me ofereceu um sorriso, mesmo quando sei que seu coração estava partido.
Me lembro das noites em que ela ficava acordada até tarde, estudando para as provas enquanto eu dormia ao seu lado. Ela nunca deixou que eu percebesse o quão difícil era para ela conciliar escola, trabalho e cuidar de mim. Ela sempre fez parecer fácil, como se tudo o que importasse fosse o meu bem-estar.
Cada pequena coisa que ela faz por mim está gravada no meu coração. As refeições que ela prepara, os conselhos que ela me fala, as histórias que ela contava para me fazer dormir. Ela me ensinou a ser forte, a ser gentil, a nunca desistir. E fez tudo isso com tanto amor e dedicação que eu não consigo imaginar minha vida sem ela.
Saori é minha heroína. Ela me mostrou o que significa amar incondicionalmente, sacrifica pelos outros e seguir em frente, mesmo quando o caminho é difícil. Minha gratidão por ela é imensurável. Cada vez que olho para ela, vejo não apenas minha irmã, mas também a pessoa que moldou quem eu sou hoje.
Eu só espero que um dia eu possa retribuir todo o amor e cuidado que ela me deu e me dá até hoje. Até lá, vou continuar admirando cada coisa que ela faz e agradecendo todos os dias por tê-la na minha vida. Ela é a melhor irmã que alguém poderia ter, e eu a amo mais do que qualquer coisa neste mundo.
Retornamos a nossa casa, um modesto apartamento com cozinha, sala, banheiro, lavanderia e dois quartos.
Assim que Sayo abra a porta, nós duas somos recepcionadas por Anakin e Rey os nossos gatinhos que são irmãos que adotamos quando eles eram ainda bebês.
Me lembro até hoje da crueldade quando o vimos. Eles estavam dentro de um saco de lixo, algum ser humano (se é que posso chamar assim) jogou eles lá e na lixeira. Saori foi colocar o lixo na lixeira do prédio e viu um saco plástico se mexendo, e ao ver, eram dois gatinhos, com dias de vida. Ela não pensou duas vezes antes de tirar eles de lá e correr para o veterinário para cuidar deles, que hoje em dia estão super saudáveis.
Anakin, é um menininho. Muito na dele, parece muito comigo, não é à toa que ele ele é o meu gato. Já Rey, é espoleta, arteira que vive perturbando a vida do Anakin, seja mordendo a ponta da sua cauda ou pulando nas suas costas, Rey é da Saori.
Anakin e Rey foram nomes tirados do Star Wars, uma série de filmes que eu e minha irmã amando. Sendo Anakin o nome verdadeiro do Darth Vader e Rey o nome da protagonista do filme da trilogia, "Star Wars: O Despertar da Força".
— Olá meus amorzinhos! Como vocês estão? — pergunto enquanto acaricio o pêlo macio e negro do Anakin e o pêlo branco da Ray.
— Eu comprei sachê de atum que vocês tanto amam! — diz Sayo e em seguida os dois gatinhos começam a ronronar. — Sassy, você da o sachê para eles? Eu vou preparar o nosso jantar.
Assinto positivamente e pego os dois potinhos de ração deles e coloco o sachê para os dois, que imediatamente começam a comer enquanto ronronam.
— Pode ser um salmão com arroz?
— Sayo, até se você fizer um arroz com tomate eu como. Tudo que você faz fica incrível.
— Muito obrigada. — sorri. — Bem, vai tomar o seu banho enquanto eu preparo o jantar.
Vou até o meu quarto e ali separo a roupa que vou vestir: um short de malha com uma camiseta branca escrito "Tokyo" em japonês em vermelho.
O calor do dia se dissolve lentamente enquanto tomo um banho demorado. Deixo a água quente massagear meus músculos cansados, relaxando cada centímetro do meu corpo. É um momento de paz.
Após o banho, me visto e vou jantar com a minha irmã. Sentamos juntas à mesa, trocando sorrisos e conversas sobre nossos dias. É reconfortante compartilhar esses momentos com ela, uma conexão que vai além das palavras.
Depois da refeição, a ajudo com a cozinha e vou para o meu quarto e me acomodo confortavelmente na cama em frente à TV.
Estou pronta para desfrutar de um pouco de entretenimento tranquilo quando, de repente, um som estrondoso corta o ar. É como se o rugido de motores furiosos invadisse o meu espaço seguro, com um eco estrondoso.
Curiosa, vou até a janela e espio lá fora. A rua está escura, iluminada apenas pela luz dos postes, mas consigo distinguir o vulto rápido das motos passando em alta velocidade. O som é ensurdecedor, ecoando pelas ruas vazias como um trovão noturno.
Observo por um momento, tentando capturar um vislumbre dos pilotos intrépidos que desafiam a noite. Mas logo eles desaparecem na escuridão, deixando para trás apenas o eco de seus motores.
Volto para o conforto do meu quarto, mas o som das motos continua ressoando em minha mente. É como se fosse um lembrete do mundo lá fora, imprevisível e cheio de vida. A noite é jovem, e quem sabe que outras aventuras aguardam nas sombras da cidade adormecida.
— Sassy, já está dormindo?
— Não. Eu estava indo assistir TV, mas o som das motos lá fora tiraram a minha atenção. — solto uma risada.
— Bom, eu vou dormir. Preciso acordar bem cedo amanhã. E você faça o mesmo viu? Nada de dormir tarde. — responde e caminha até a mim me depositando um beijo na minha testa.
— Já já eu vou.
— Espero. Amo você.
— Eu também te amo, Sayo.
Ela deixa o meu quarto e eu olho para a TV. Eu ainda tenho algumas horas para assistir TV, afinal nem são dez da noite ainda.
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