Capítulo 3
Eliza
Chorei até não aguenta mais,era uma dor infinita. Como isso aconteceu? Nenhum irmão normal se apaixonaria pela sua irmã mais nova.
Abelardo Monteios, sempre foi o melhor dos irmãos, quando minhas amigas vinham fazer uma visita,elas viam como ele se comportava comigo,diziam..."queria ter um mano assim, tão amoroso e dedicado."
Ele nunca me fez chorar, não pregava peças ou fazia piadas de mal gosto,como eram os outros irmãos, segundo minhas amigas. Meu irmão colocava-me num pedestal,eu era sua adoração. Nossos pais encentivavam essa adulação toda, sempre falavam que um precisava do outro.
Eles me contavam quando Abe me pegou nos braços, sentiram a nossa ligação e viram no rosto do menino de dez anos um amor puro.
Sempre achei nossa ligação bonita e pura,nada haver do que vi hoje. Abelardo beijou os meus lábios,sua língua queria entrar dentro da minha boca. Inacreditável a sua audácia,sua loucura inemaginavel. Esse tempo todo convivi com um lobo em pele de cordeiro.
Teria que fugir dessa abominação. Não cometeria esse pecado de incesto. Agiu como um homem insandecido. É Lamentável mas deveria ir embora do lugar onde nasci,abriria mão de tudo pela minha liberdade.
Levantei da cama decidida e bati,mexi na maçaneta desesperadamente. Até que ouvir a governanta Ricarda.
____ Ricarda... graças a Deus. Socorro,Abe me trancou aqui. Ajude-me.
Ela Murmurou algo,indo buscar sua chave reserva, em seguida destrancou a porta. Abraçei ela e depois corri para buscar uma mala, procurando roupas confortáveis e fáceis de usar numa fuga. O meu violino vermelho elétrico, também coloquei na mala. Ela não parava de questionar minha atitude impulsiva. Expliquei o que deu, não podia demorar,a qualquer momento Abelardo poderia voltar sei lá de onde. Para o inferno se quisesse. Mas não teria essa sorte.
Despedi dessa senhora que ajudou minha mãe Valentina a me criar e fui embora do casarão,sem olhar para trás. Sem destino... pensei em me esconder na casa da minha melhor amiga Nathalia. Pensando melhor esse seria o primeiro lugar que ele iria me buscar. Refletindo a melhor opção decidi ir de ônibus para outra cidade ou melhor outro estado.
Na Rodoviária comprei passagem para São Paulo. Viveria confortável no Centro,tinha conta no banco, dinheiro, cartão de crédito. A fazenda era metade minha,todos os lucros dela metade são minhas. Quando chegasse na cidade grande,procuraria um advogado que ajudaria na separação do patrimônio familiar.
Estava imersa,mergulhada nos meus próprios pensamentos, caminhando olhando para baixo,algum conhecido poderia me reconhecer.
Bati no peito de um homem que caminhava na minha direção,não saberia dizer de quem era a culpa. Porém caí de bunda no chão,e a mala foi junto, abrindo. Primeiro fechei rapidamente a mala, quando tentei me erguer uma mão foi estendida para me ajudar . Antes de aceitar a oferta,ergui os meus olhos e olhei o desconhecido mais belo que meus olhos já viram. Aceitei apertando sua mão fortemente, ergueu-me na sua frente nossas mãos continuaram unidas.
O homem era alto, cabelo negro,corte perfeito,rosto de um príncipe, olhos castanhos que sorriam iluminados por um humor desconhecido. Sua boca tentadora deu um meio sorriso.
Arqueou uma sombrancelha. Soltei sua mão envergonhada.
____ Perdão, adorável jovem por tê-la feito tombar no chão. Sou Dante Aragão ao seu dispor.
____ Eu que peço desculpas, deveria olhar para frente. Aceito sua desculpa. Você não é da Serra Vinhal. Sabe no interior todo mundo conhece todo mundo,e eu nunca ti vi por essas bandas. ____ Sorri.
____ Atualmente sou do Rio de Janeiro. Aqui é minha cidade natal. ____ Falou casualmente. ____ E a senhorita,parece que estava fugindo de alguém. ____ Analisou todo o meu estado físico.
____ Dá par notar?! ___ Perguntei assustada.
____ Esse boné,seu sembrante preocupada e assustada. ____ Semicerrou os olhos. ____ Como se chama?
____ Eliza Monteios... ____ Vi em seus olhos um brilho malicioso,mas logo mudou ficando afavavel.
____ Eliza,sei que não me conhece,mas sinto uma forte conexão com você. Deixa eu ti ajudar?
____ Porque ajudaria uma desconhecida?Aliás, não preciso de ajuda. Sei me virar. ____ Soltei as palavras, sentindo raiva. Na Verdade nunca sai de casa sozinha, sempre estava acompanhada de um dos meus pais ou dele. ____ Pensar nele sentia uma angustia.
____ Quantos anos têm. Já é maior de idade? ____ Sua curiosidade não me pertubava.
___ Tenho dezoito anos, Dante.
____ E onde vai assim tão aturdida, alguém ti feriu? Pode se abrir,sou um amigo, embora não me conheça. Pode contar comigo. ____ Seu olhar era bastante sincero.
Sentamos em um banco de madeira. Contei tudo para um desconhecido. Abri o meu coração pesado e amargurado.
____ Vou com você. Conheço um advogado. ___ Mostrou um intusiasmo contagiante.
____ Sério. Dante embora nunca ter visto você, também senti essa conexão instantânea. Posso contar realmente contigo? ____ Perguntei na defensiva.
Ele segurou nas minhas mãos e olhou profundamente dentro dos meus olhos.
____ Conta comigo sempre que nada de mal vai ti acontecer. Serei seu guia,amigo, companheiro fiel. Eliza cheguei aqui cheio de tristeza e dor. Eu vim visitar os túmulos dos meus pais e encontrei você, você princesa. _____ Fascinação essa e a palavra para descrever o sentimento brotado em meu coração.
Entre viajar sozinha no mundo desconhecido, prefiro viajar com um desconhecido para um mundo que ele conhecia. Uma proteção é tudo o que não esperava, não vou desperdiçar essa chance. Admito, Dante Aragão despertou uma sensação estranha, poderia afirmar semelhante a amor.
Amor a primeira vista. Só acreditava em contos de fadas. Dante meu príncipe,meu salvador. Abelardo um vilão, obstinado a prender a princesa no seu castelo.
Disse a ele que sentia muito,por ter chegado e ter que partir em outro lugar,ao lado de uma menina. Mas ele disse que eu estava escrito no seu destino.
Ele comprou a passagem e logo em seguida o ônibus chegou. Partimos em direção ao nosso destino. Com ele do meu lado sentia-me segura,igual na época quando Abe agia normalmente.
Pensar nele fazia sentir sensações e emoções estranhas e que se misturavam. Eu ainda ama-va o meu irmão. Por isso a fuga,quero impedi-lo de cometer um pecado. Ao mesmo tempo tinha asco,nojo dele. Por ter tocado nos meus lábios. Quando lembro disso limpo a boca constantemente.
Olhei de solaio para Dante. Ele estava conversando no celular,acho que é o tal advogado. Gosto dele. Gostei muito dele.
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