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Capítulo 2

Abelardo

____ Padre perdoe-me porque eu pequei.

____ Diga-me filho o seu pecado. Para se redimir deles.


____ Padre eu pequei,peco e continuarei pecando, não quero redenção pelos meus pecados,quero absorvisao deles.

____ Impossível! Abelardo, isso é inconcebível. Todos nós queremos ser redimidos dos nossos pecados. Onde se viu querer ser livre e não pagar o preço.



Padre Juventino conhece toda a família Monteios. Mas que um sacerdote de Cristo, também um grande amigo da família. Conheceu os meus pais quando eles eram ainda muito jovens,antes deles se casarem e forma uma família. Ele é um Senhor de idade,tem uns setenta anos,mas com muita disposição para ajudar os necessitados, realizar as missas e cuidar dos fiéis e as ovelhas desgarradas e incrédulas,como eu.

Senhor Abaquque Monteios e a Senhora Valentina eram bastante religiosos, não perdiam uma missa. Já eu conforme fui tomando conciência do quê era o pecado,fui pouco a pouco afastando-me de Deus. Por isso estou sem confesar há vários anos. Sou praticamente ateu.
Aceitei o meu pecado com fervor,o alimentei durante anos inteiros, momentos intermináveis de uma paixão lascívia e proibida, minutos sem fim adorando a menininha dos meus olhos. Perdido e achado, alegria e sofrimento, perdição e redenção. Sentimentos, emoções e sensações,tudo se mesclavam e viravam uma coisa só,viva e necessitada.  Havia dias que nem conseguia respirar por causa dos turbilhões de coisas que passavam dentro da minha cabeça,corpo e coração.
Ninguém disse como era doloroso amar alguém proibido e ainda por cima ser tudo o que um dia sonhava em ter. Sufocava e às vezes era libertador.

Quando ganhei idade,a adolescência e a puberdade,ai sim ficou mais difícil suporta as dores físicas. Meu corpo pedia,gritava por alívio, esperando encontrar libertação.
Como não podia tê-la nos meus braços, depois que completei dezoito anos,meu pai disse para mim: "filho você agora, já é adulto,use isso ao seu favor, não disperdice a responsabilidade da maturidade. Seja um homem, mas se proteja, não faça nada que possa se arrempender depois."

A primeira vez que transei foi com uma mulher de trinta anos, não era daqui,veio a passeio. Nem lembro o seu nome,ela me ensinou que poderiamos separar prazeres sexuais do amor. Fiquei com a mulher por três noites de estadia dela no hotel.
Uma aventura sadia sem vínculos emocionais,sem amor,apenas pelo alívio sexual.
Nunca namorei sério, não podia.
Quem me agradava aos olhos eu apenas olhava despreocupadamente, casualmente, e a mulher em questão deitava na minha cama. Prontas para deixar eu fazer de tudo,tudo mesmo.

Acho que fiquei um pouco mulherengo e minhas preferências eram mulheres parecidas com Eliza,minha irmã. Um fantasia erótica era doma-las de quatro e fazê-las chupar até a garganta. Era bruto na cama,perverso, sobretudo nunca forçei uma mulher. Elas gostavam o que eu oferecia e eu encontrava alívio em seus braços,pelo menos por alguns minutos,ou horas. Depois sentia um imenso vazio e solidão.

Tenho curiosidade em beijar apenas Eliza. Um beijo erótico,molhado na região íntima,no meio das suas pernas...coxas...entre o seus quadris.
Isto jamais fiz em uma mulher.


____ Padre, Juventino venho informá-lo que daqui há uma semana,vou me casar com a minha irmã, Eliza,você e mais ninguém ira me impedir de finalmente tê-la só para mim.




Saio da cabine de confições as pressas, sabendo que viria atrás de mim.

____ Só por cima do meu cadáver, Abelardo. Isso é um incesto. ____ Virei de frente lentamente. Sorrio para o sacerdote.




____ Não peço sua aprovação e têm mais. Vou me casar aqui!




____ Não realizarei esse casamento abominável. A lei ti proibi essa sua sensatez. No fundo eu suspeitava seu interesse na menina,Eliza. Mas não queria acreditar no que os meus olhos estavam vendo,achava que era coisa da minha cabeça. _____ Disse ele aturdido.




No meio da igreja vazia,pois a missa não havia começado. Entre as imagens de santos,de Jesus crucificado na cruz pendurado na parede,perto do altar, disse-lhe.




____ Nada entre o céu e o inferno me deterá. Sou eu que mando aqui nessa cidadezinha pequena,pacata do interior de Minas Gerais, chamado Serra Vinhal. Nome dado pelos fundadores, pelos meus tataravós por causa da minha fazenda de Vinhedo. ____ Abri os braços, mostrando toda a falta de humildade.

____ Sempre se sentiu dono e Senhor daqui,mas pensei que fosse para o bem do povo. Você ajudou a igreja,trouxe comida aos que tinha fome e passavam grande necessidades financeiras, empregou muita gente na sua fazenda e fazenda vizinhas.  Me diga o porquê de tudo isso? ____ Perguntou o padre abalado. Seus olhos cansados,adornados com um óculos de grau.

____ Será que nunca percebeu? Eu estava apenas expelindo a minha sujeira, limpando os meus pecados. Estou absorvido deles,mesmo que o Senhor não tenha me liberado. Pensei que poderia contar com sua aprovação,mas já que não posso,passe bem,irei me casar em outra cidade. ____ Andei alguns passos,mas sua voz sabia me faz parar quase na porta.



____ Eliza não concorda com isso,sei que se casara a força. Responda para o padre que viu você nascer. Tomará a sua irmã a força? Sua vilania se prestará a tanto, Abelardo.




Fechei minhas mãos em punhos, apertantando tanto,mais tanto... achando que as veias a qualquer momento iriam se romper. Rebati na defensiva sem precisar olha-lo.


____ A idéia de tê-la em sacrifício não é o que tenho em mente. Depois do casamento com carinho e dedicação vou conquista-la.




____ Sabe que posso denuncia-lo por isso. Atreva-se a essa crueldade e terás um inimigo, não vou descansar até tirá-la das suas garras malignas. Está possuído pelo demônio! ____  fitei-o pelo ombro e o quê ele viu nos meus olhos deveria ter sido algo terrível,pois deu uns passos para trás em reposta e seus olhos assustados foi como se visse o próprio demônio.

____ Tente...e terás toda a força de um homem possuído pelo ódio extremo. Acabarei com tudo na minha frente. Não cometa seu próprio suicídio padre,eu não recomendo. ___ Respirei fundo,passou uns segundos e disse. ____ Benção padre.




Saio da igreja casualmente,como se nada tivesse acontecido. As pessoas na praça conversando, alguns casais tomando sorvete, namorado. E outros trabalhando fazendo suas coisas. A vida em andamento. Crianças brincando de pique, andando de bicicleta,patins e pipa. Um verão escaldante, muito quente. Ninguém aguentava ficar dentro de casa por tempo demais,essa hora ficava muito abafado.

Entrei no casarão sentindo um enorme silêncio. Cadê os empregados?
Corro na direção da porta do quarto de Eliza,antes de entrar,bato e na segunda batida,percebo que a porta não se encontrava mais trancada.
Fiquei furioso. Abri seu guarda-roupa e constatei a falta de algumas peças de roupa. Passei às mãos nervosamente pela minha cabeça,quase puxando o meu cabelo gritando e chamando todos os meus empregados.

Em questão de segundos todos eles, homens e mulheres da fazenda Monteios se encontravam enfileirados na minha sala de estar.

____ Quem liberto,Eliza? Não quero perguntar pela segunda vez,as consequências podem ser piores... sempre fui um ótimo patrão para todos vocês, meus pais em vida e depois de um ano da suas partidas.
Qual de vocês traíram a minha confiança?

Enquanto falava fingindo uma paciência descomunal,andava de um lado para o outro bem devagar, olhando para cada um deles.
Sei que Inácio, Jesse e Cleiton,nunca iriam me trair,eles são os meus braços direto e esquerdo. Os três miravam dentro dos meus olhos, gosto disso,mostram a sua integridade e lealdade.

____ Os três podem ser retirar e voltem ao trabalho. Cuidem bem das nossas uvas...e caso vejam ela por a caso escondida no meio da plantação,a peguem e tragam para mim. Os outros também podem ir.



Estava me referindo aos outros vinte trabalhadores da plantação. Para uma colheita perfeita eu tinha muitos empregados,eles eram bem pago,nunca me deram trabalho. Bons trabalhadores, só não tinha vínculo com eles, tirando os três homens que mandei se retirarem, eu não confiava em mais ninguém para conversar. Conhecia o nome de cada empregado e eles podiam contar comigo para o que eles precisarem. Com todos os homens saindo, fiquei de frente para as cinco mulheres trabalhadoras de dentro do casarão.
Rute: cozinheira chefe. Fernanda: ajudante de cozinha, Ricarda: senhora governanta,nos viu nascer,a respeito como uma mãe, Josefina e Marroquina: empregadas domésticas.


____ Senhoras,sei que uma de vo....


____ Fui eu, Senhor Abelardo Monteios. Pode me mandar embora. Se quiser. ____ Disse a Senhora Ricarda seriamente. Fiquei decepcionado com ela, não esperava.


_____ Todas vocês por favor,nos deixe sozinhos.

As empregadas se foram ficando somente eu e a senhora governanta.



____ Porquê! ____ Meu tom saiu uma mistura de raiva e mágoa. Logo ela fazer isso comigo,eu não podia acreditar.




____ Porquê... você ainda pergunta o porquê? Eu ajudei a criar vocês dois,eu os amo como meus filhos...percebi que tinha algo de errado quando sem querer a porta do quarto de Eliza estava trancada. A menina gritou chorando desesperada, pedindo a minha ajuda para liberta-la.. ____ Disse ela chorando emocionada. ____ Quando achei a chave reserva e a libertei,a menina me abraçou aflita dando graças a Deus e começou a fazer a mala, não levou muita coisa,levou até o seu violino elétrico. Perguntei o porquê da sua partida assim do nada...tive que fazê-la se acalmar um pouco e... ____ Seu dedo cutucava o meu peito,desafiando-me. ____ Contou do suposto afer do seu irmão e do beijo do pecado... Abelardo ficou louco?! 

Soltei o ar preso nos pulmões.Estava desesperado. Tentei segurar seu dedo,mas ela o retirou rapidamente.

____ Espero que eu a encontrei logo,pelo tempo não deve ter indo muito longe. Torça para que nada aconteça com ela.



Dou as costas indo contratar uns homens para buscá-la e sei que vou acha-la.




____ O quê pretende fazer?Ela é sua irmã. Toma juízo.




____ Vou casar com ela,Ricarda. ___ Tranquilamente respondi.

Digo antes de atravessar a porta.
Escutando seu grito abafado de horror. Não me preocupo com a opinião de ninguém só quero a minha Eliza, somente ela me interessa.











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