Capítulo 31 - 𝕷𝖆ç𝖔𝖘 𝖉𝖊 𝕱𝖆𝖒í𝖑𝖎𝖆
Você é a página mais linda que o destino escreveu em minha vida.
Paola não conseguiria trabalhar durante toda a manhã. Mais ainda do que as preocupações com Isabela, as lembranças de Felipe ocuparam sua mente. Ela remexia os papéis e olhava pensativa para o lápis, sem conseguir se concentrar um minuto se quer. Sua produtividade havia caído bastante essa semana, e ao olhar os seus desenhos, nada lhe satisfazia.
— Posso saber com o que está sonhando?
A voz amiga de Cassie a fez sobressaltar e corar em seguida.
— É, estou com dificuldade para me concentrar hoje, só isso. — Tentou explicar.
— Hum... você não me engana. Não consegue trabalhar, fica sonhando a metade do dia e ainda está com um brilho diferente no olhar; não há outro diagnóstico, tudo isso só pode ser por causa de um homem. E posso quase afirmar que não se trata de um homem comum. Acertei?...
— Está óbvio demais? — Paola perguntou, preocupada.
— Só para alguém que já conhece os sintomas. No mais os demais podem achar que está apenas cansada demais. — Cassie explicou, sorrindo. — Paola, não há nada de errado em se apaixonar. Você parece tão feliz e eu até posso adivinhar o nome dele. — Fez uma pequena pausa e continuou. — Felipe Braxton Turner, o sonho de quase todas as mulheres de nosso país.
— Como sabe? — Paola perguntou, surpresa.
— Fique sossegada. Mais ninguém aqui sabe. É que eu sou muito observadora, logo percebi como ficava diferente na presença dele. A maneira dele te olhar e como lhe protege, vamos dizer até de modo feroz, já me diz tudo. Sabe, Paola, às vezes é bom falar sobre essas coisas com uma amiga. — Cassie sugeriu, olhando para ela.
Depois de hesitar por um momento, Paola percebeu que realmente precisava se abrir com alguém.
— Não sei o que há de errado comigo, Cassie. Durante dezoito anos tentei ser forte, sempre coloquei Isabela acima de minhas emoções.
— Então, Isabela é o problema. Por quê, Paola? Você já saiu com outros homens antes. Aquele seu vizinho, o bombeiro, Matt, por exemplo, nunca teve nenhum problema com ela.
— É que ela nunca se sentiu atraída por Matt.
— Então, ela está apaixonada por Felipe? Paola assentiu com um gesto de cabeça.
— Paola, você não está pensando em deixar de ver Felipe porque sua filha desaprova, está?
— Oh, Cassie, Isabela foi tudo o que eu tive durante dezoito anos de minha vida. Já perdi minha mãe e o meu pai por causa do Lipe; não quero perder minha filha por causa de um homem também!
— Isabela já é quase adulta. Se ela encontrar um homem que você não aprova, acha que vai mudar de ideia por causa disso? Oh, não, posso lhe assegurar que não. E se isso acontecesse você romperia seu relacionamento com ela? Além do mais da pra perceber que Felipe nunca olhou para sua filha com segundas intenções. Vi um pouco de surpresa, espanto e até desgosto nos olhos dele. Mas atração, não mesmo. E sua filha sabe disso, Braxton sempre deixou bem claro que via Isabela apenas como uma criança mimada e irresponsável.— Cassie argumentou.
— Eu nunca romperia com ela por nada deste mundo.
— Pois então, Paola, você vai ver que ela também vai entendê-la um dia. E quanto ao que sente por Felipe?
— Eu... eu me sinto muito atraída por ele. — Paola admitiu.
— Então, vá em frente, querida. Você está com uma aparência ótima, está crescendo dentro do Ateliê e ainda há um homem fabuloso que se interessa por você. Não jogue tudo isso fora apenas por um capricho de Isabela. E não caia nas armadilhas que sua filha possa fazer. Sei que ama demais, mas Isabela pode sim, se tornar cruel muitas vezes.
— Você não ficou desapontada por não ter sido outro homem ou mesmo o seu irmão á conquistar a minha atenção?
— É claro que não, Paola. Pelo menos não depois de ver o efeito de Felipe sobre você. Bem, vamos almoçar? Podemos continuar a conversa enquanto comemos.
— Sim, estou mesmo com fome.
Quando já deixavam a sala de Paola, o telefone tocou. Ao atender, ela não pôde evitar que um sorriso tomasse conta de seus lábios ao ouvir a voz de Felipe.
— Como vai, Felipe? — Disse, timidamente, sob o olhar de Cassie.
— Mais ou menos. Não consigo trabalhar. Só consigo enxergar você em minha frente. Allan e Cibelly estão até perdendo a paciência comigo. Explicou sorrindo.
— Eu também estou com saudade.
— Ouça, Paola, você nem imagina como os preparativos para o lançamento da nova marca de lingerie e roupas femininas estão maravilhosos. A campanha promocional precisa de alguns arranjos que você pode dar quando vier para cá neste fim de semana.
Ele finalmente tocou no ponto crítico, o fim de semana.
— Felipe, eu... Bem, sobre o fim de semana...
— Sim? — Sua voz era séria e preocupada.
— Talvez não seja uma boa ideia.
— Você quer dizer que não vem a Chicago?
— Isso não é tão importante para a campanha, é?
Felipe sentiu o sangue ferver. Ela sabia muito bem que a campanha promocional era apenas uma desculpa para que ficassem juntos.
— É por causa de Isabela, não? — Perguntou, como quem tivesse certeza da resposta.
— Não exatamente. É que vai haver um evento neste final de semana, onde vão se encontrar os familiares dos soldados desaparecidos no Vietnã.
— Deixe-me adivinhar. Isabela arrumou tudo para que vocês duas estivessem presentes.
— Não posso culpá-la, Felipe. Já foi suficiente ter descoberto que não fui fiel ao pai dela. Não imagina como iria ficar se eu abandonasse nossa esperança de que ele ainda possa estar vivo.
— Não foi fiel a ele? — Felipe perguntou estupefato. — O homem já foi declarado morto oficialmente; isso sem mencionar que você lhe deu dezoito anos de sua vida!
— É fácil para o resto do mundo dizer isso, Felipe, mas para Isabela ele ainda está vivo em algum lugar.
— E para você, Paola?
Houve silêncio do outro lado do fio. Como ela poderia lhe dizer que estava confusa sobre seus sentimentos em relação a Lipe sem revelar que estava se apaixonando por ele?
— Felipe, por favor, tente entender. Eu e Isabela precisamos de algum tempo a sós. Talvez possamos nos ver daqui a duas semanas.
— Duas semanas! — Felipe exclamou, sem acreditar no que ouvia. Como ela podia dizer isso depois de tudo que haviam sentido juntos? — Sua filha está manipulando suas emoções, Paola. Como pode acreditar na Isabela assim?
— Felipe, tenho um compromisso. Devo desligar agora.
— Paola, por favor, pense melhor sobre o próximo fim de semana.
— Não posso. Me desculpe.
— Eu vou lhe telefonar amanhã. — Disse, e desligou, possesso.
Ao desligar Felipe fechou os olhos tentando controlar a raiva que fazia o seu sangue fervilhar. Aquela garota impertinente, petulante, como Isabela ousa tentar ficar entre ele e Paola. Já não bastava as tentativas de aproximação que a mesma fazia.
Felipe cansou de proibir a passagem das ligações de Isabela para o seu escritório e as demais tentativas dela, Isabela chegou a lhe enviar bilhetes e flores. Felipe fez questão de devolver tudo sem ao menos ler.
Sabia que precisa ser firme e deixar claro para Isabela, que ele só tinha olhos para Paola. E que não iria cair nos jogos de manipulação e nem nas suas chantagens emocionais.
Mas com Paola era completamente diferente, a garota fazia o que queria da própria mãe.
Sentiu sua cabeça latejar e discou pedindo a sua secretária dias aspirinas.
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