Capítulo 12 - 𝕷𝖆ç𝖔𝖘 𝖉𝖊 𝕱𝖆𝖒í𝖑𝖎𝖆
Você é a página mais linda que o destino escreveu em minha vida.
— Isso se parece com as roupas de Tina Turner! Não vamos num show de rock.— Paola gritou quando Isabela saiu de seu quarto na noite de sexta-feira.
— Mas era essa mesma a intenção. A garota da butique disse que eles receberam apenas dois modelos deste aqui e eu tive sorte o bastante para conseguir comprar o que restou. Parece couro, mas é bom confortável. Você acha que devo usar sapatos pretos ou as botas vermelhas? — Ela calçava um pé de cada um.
— Acho os dois sapatos razoáveis, se você fosse para um show de rock com os seus amigos. Mas vamos num jantar com acionistas de outra cidade. Pelo amor de Deus, Isabela, coloque um vestido pelo menos.
— Mãe, fale a sério. Eu não me vestir como se fosse uma velha de trinta anos.
— Pra ir pro bar com a Sara você vestiu um vestido e carregou na maquiagem, não é mesmo. Estou falando a sério, Isabela. Essa roupa não é apropriado para um jantar formal. Aliás, para ser sincera, eu não gostaria de que você usasse esse tipo de vestimenta em lugar nenhum. É tão indiscreto! Não cobre nada do seu corpo!... — Paola olhou para o decote revelador com desaprovação da micro regata.
— Se você quer usar decotes que ficam perto do queijo eu não vou ter que fazê-lo também. Posso colocar a jaqueta de couro preta, se isso a faz sentir-se melhor. — Ela entrou no quarto novamente, seguida por Paola.
— Pronto. — Colocara uma jaqueta do mesmo tecido negro da saia, que cobria parte do decote profundo, mas que ainda aderia sensualmente em suas formas. — Melhor agora? — Isabela deu uma voltinha.
— Melhor, mas ainda inadequado. Assim você vai causar uma péssima impressão.
— Mãe, todas as garotas de minha idade usam coisas assim. Não quero que a sobrinha de Marcus pense que sou uma idiota.
— A sobrinha de Marcus é de Los Angeles, a cidade dos astros, de Hollywood. Mas com certeza sabe se comportar em eventos assim. Já a minha filha...— Paola deu uma olhada para o relógio: — Agora troque essa roupa horrível.
— Mas mãe, eu não quero ir pra festa com roupas de velha.
— Então coloque essas roupas em uma mochila, se troque no Atêlie.
Isabela bufou uma duas vezes antes de ir em direção ao seu closet e trocar de roupa.
— Assim está bom pra você? Indagou irritada.
— Bem melhor, querida. Está pronta?
— Não, ainda não terminei a maquilagem do meu olho.
— Você não precisa de nada nos olhos. Eles já são bonitos naturalmente e, desse jeito, chegaremos atrasadas.
— Vou colocar pelo menos uma sombra, e um pouco de brilho labial. — Isabela correu até o espelho, afobada. — Mãe, você também deveria colocar um pouco de cor em seu rosto. Assim vai afastar qualquer pretendente.
— Espero por você no carro; não demore. E não quero você de conversinha fiada com Samira. Aquela lá só dá conselhos ruins.
Quando Isabela apareceu, Paola notou que ela havia colocado muito mais do que uma simples sombra. Tinha de admitir que a garota parecia ter muito mais que dezessete anos quando maquilada daquela forma.
Onde estaria aquela menininha que usava fitas coloridas no cabelo?
Será que fazia apenas dois anos que ela ainda usava aparelho nos dentes e não trocaria seu jeans rasgado e nem o seu tênis pelo vestido mais maravilhoso do mundo?
Quantas vezes Paola teve de ralhar com Isabela para que ela penteasse o cabelo e usasse... um vestido mais formal?
Bem, naquela noite, ela estava vestida e penteada, só que Paola já não sabia se era a mesma garotinha.
— Você está ótima, mamãe, um pouco pagada pro meu gosto. Quer um batom vermelho para colocar em seus lábios? Assim nenhum homem vai olhar pra senhora com segundas intenções. — Isabela comentou ao entrar no carro. — É um vestido novo pelo menos?
— É sim. O que você acha? — Paola perguntou sem dar importância para os comentários maldosos de sua filha.
— É bonito, se parece com você. Apagado!... — Isabela sabia que sua mãe era extremamente criativa, mas, por alguma razão que ignorava, ela sempre vestia o mesmo estilo de roupa: clássico, com linhas retas que disfarçavam seu busto farto, e sempre em cores um pouco apagadas. Desta vez era um rosa pálido, quase morto.
Paola nunca se cansava da maravilhosa vista proporcionada pelo lago municipal com suas árvores frondosas e floridas, por isso não se apressou muito nos poucos quilômetros que restavam até a propriedade de Marcus Bardier. Ele era uma pessoa de sorte por morar em frente ao lago e gozar de uma vista como aquela.
Poucas pessoas dentro de CampbellTown possuíam recursos para comprar uma das mansões em frente do lado, o prefeito e as famílias mais ricas da região eram uma dessas pessoas.
— Paola, você é a última a chegar. — Marcus a saudou. — Oh, como vai, Isabela?
— Ele a olhou, admirado. — Você está maravilhosa, esse vestido é lindo. — Disse tomando a garota pela mão. — Eu já tentei tanto fazer a sua mãe lhe trazer definitivamente para trabalhar como modelo da Maison, mas ela quer que você termine a faculdade primeiro.
— Bem, pelo menos você não pensa como minha mãe. Ela não gosta que eu use um vestido que não tenha a etiqueta do Atêlie.
— Ora, mas isso é ótimo, ela é uma funcionária leal. Venha e eu a apresentarei a minha sobrinha Adele. Não vá fugir Paola... — Ele a avisou, brincando. — Quero que conheça Braxton Turner.
Marcus levou Isabela até o sofá de veludo cinza onde estava sentada uma garota séria que parecia só e deslocada.
Paola deu uma rápida olhada em volta e constatou mais uma vez a capacidade de Marcus em transformar um simples jantar para poucas pessoas em verdadeira festa.
— Chegaram atrasadas, hein? — A voz gentil de Cassie soou atrás de seus ombros, fazendo-a virar-se.
— Oi, Cassie. — Paola sorriu diante da primeira pessoa conhecida que encontrou.
— Foi Isabela, ela parecia não querer mais sair daquele quarto. Queria vir com uma roupa que seria inadequada até para um show de rock.
— Percebi isso assim que olhei para ela, o semblante da garota dá até medo. Dê um desconto, ela tem a personalidade forte! Mas adolescentes são assim mesmo, gostam de se arrumar de uma maneira que somente eles entendem. — Cassie compreendeu, dando uma olhada para as duas garotas no sofá. — Acho que ela e Adele não são do mesmo tipo. Marcus me contou que Adele estuda violino num conservatório só para garotas em Los Angeles. Até ganhou um prêmio por seu desempenho. Isabela é mais livre e selvagem. Mas vamos ver o que acontece, não é mesmo?
— Realmente não é do tipo de Isabela. — Paola confirmou. — Espero que ela se comporte bem.
— Não se preocupe. Crianças são crianças; elas se darão bem. Você tem que desviar seu pensamento de Isabela um pouco e misturar-se aos convidados, conhecer novas pessoas. Há gente em todo lugar: no terraço, na sala de jogos, na sala de estar. Espere até ver o vestido de Samira, não sei se ela está se parecendo mais com uma cigana ou com uma árvore de Natal. E olha que nem precisa estar ligada na tomada, o excesso de brilho deixa qualquer um cego.
Paola não pôde deixar de rir do julgamento que a amiga acabava de fazer.
— Isabela vai adorar, aposto. Ela e Samira se dão bem apesar dos meus constantes avisos.
— Gostei do seu vestido. Ficou muito bem em você. Até parece a primeira dama de algum político famoso ou seria de um CEO. Ainda estou em duvida quanto a isso. Disse a amiga fingindo indecisão.
— Obrigada. Minha filha disse a mesma coisa. Mas não sei se estou bem. Isabela acha que eu precisa de um pouco mais cor.
— Está, mas ficaria bem melhor usando as roupas que cria para o ateliê. Como você é bem delgada, deveria usar estilos mais arrojados para se destacar um pouco.
— Cassie, sou a mãe de uma adolescente e não uma mocinha tentando flertar.
— Você é quem sabe, mas se eu tivesse a sua beleza, tentaria mostrá-la e não escondê-la. — Cassie comentou, ao observar a amiga. Certamente usando outro tipo de roupa e um penteado mais moderno, ela atrairia toda a atenção dos homens. — Acho que todo mundo já está aqui. — Cassie disse, voltando sua atenção para os convidados. — Logo Marcus servirá o jantar, espero.
— O que tem para o jantar? Com certeza você já verificou o cardápio.
— Pato à orange e arroz a grega, em homenagem aos convidados de Chicago. Nem sei o que uma coisa tem a haver com a outra. Os nossos convidados nem gregos são. Você já conheceu Braxton Turner?
— Não. Gostaria de ver Bruna primeiro.
— Venha, eu a levarei até ela. Bruna poderia ser mais discreta. Desde que Felipe Braxton Turner chegou, ela e Samira não o deixam respirar. Daqui a pouco vão começar a disputá-lo publicamente a tapas dentro do salão.
— Felipe Braxton Turner? — Paola parou, repentinamente. — Você não disse Braxton Turner?
— Sim, mas Felipe também está aqui.
— Mas, por quê? Ele tem muito a ver com o contrato com a Maison. Foi o próprio que deu o seu parecer favorável ao fechamento do acordo, além disso, o seu avô precisa de acompanhante, o velho Braxton está numa cadeira de rodas e...
Antes que Cassie pudesse terminar de relatar a história, Felipe entrou na sala cheia de convidados, vindo do terraço da cobertura. Ele estava ainda mais atraente naquele traje de noite. A primeira reação de Paola foi olhar em volta, tentando saber se Isabela percebera sua presença, o que não passou despercebido para Felipe. Sua atenção voltou-se novamente para ele num breve instante, antes que Bruna chegasse logo atrás.
— Querida, é maravilhoso vê-la novamente.— A irmã de Jakeline correu em direção a Paola assim que a viu e abraçou-a. — Marcus me mostrou a coleção Dion, é absolutamente genial. Eu ainda não vi nada parecido, nem em Nova York ou Los Angeles. Venha, você precisa me contar o que tem feito. — Ela pegou na mão de Paola, levando-a até a sacada, sob o olhar atento de Felipe. — Oh, você não está bebendo vinho!
— Não se preocupe. Não quero, por enquanto.
— Não? Que tal um perrier ou um coquetel de frutas? — Jakequline procurou pelo irmão com o olhar. — Marcus, peça um perrier para Paola.
Jakequline escolheu já que Paola era incapaz de lhe dizer alguma coisa no momento, pois estava completamente hipnotizada por Felipe.
Jake começou, então, a contar suas histórias sobre Nova York e Los Angeles, e como andava a moda por lá. Paola esforçava-se por desviar o olhar, mas não conseguia deixar de prestar atenção na porta aberta que dava para a sala. A figura atlética de Felipe sobressaía-se aos demais convidados.
Jakeline conseguiu captar de novo a atenção de Paola ao apresentar-lhe Braxton turner. Era um homem extremamente gentil e fácil de lidar, não se parecia em nada com neto. Ao contrário de Felipe, Allan também estava presente, sempre ao lado do avô e não a fez sentir-se incompetente e tola. Ela queria lhe perguntar por que Felipe voltara a CampbellTown, mas decidiu controlar-se, com medo de demonstrar interesse por aquele homem.
Quando percebeu que Felipe não estava por perto, decidiu entrar novamente na sala.
— Desculpe-me, mas eu gostaria de entrar e ver se Isabela e Adele estão se entendendo.
— Vou com você. — Jakeline insistiu. — Você foi muito gentil em trazer sua filha para fazer companhia a Adele. Minha menina ainda não fez amizades nessa cidade. — Ela comentou, enquanto entravam na sala decorada com elegância. — Você sabe como as adolescentes se aborrecem em ficar sozinhas em eventos como esse.
No entanto, ao avistarem Adele, perceberam que ela estava sozinha e parecia muito aborrecida.
Paola sentiu que um arrepio a percorria e começou a procurar pela figura alta e bronzeada de Felipe Braxton Turner. Isabela só poderia estar com ele.
— Adele, você se lembra de Paola, não é mesmo, querida? — Jakeline perguntou à filha ao se aproximar. — Onde está Isabela? Foi retocar a maquilagem?
— Ela disse que queria dizer olá ao sr. Braxton turner. Eles estão perto do piano.
— Ha... e-ela o conheceu na última vez em que ele esteve aqui na cidade. — Paola tentou desculpar-se. — Acho que vou cumprimentá-lo também.
Aproximou-se dos dois, percebendo imediatamente que a filha não ficou nem um pouco feliz em vê-la.
— Oi, mãe. Olhe quem está aqui! — Ela enganchou seu braço no de Felipe possessivamente.
— Sr. Braxton turner. — Ela o cumprimentou friamente.
— Srta. Mello. —Ele percebeu o modo como Paola olhou para o braço da filha agarrado ao seu. — Vocês vão me desculpar por um momento, tenho que falar com meu primo e meu avô.
— Só se você prometer que me leva para um passeio no lado. — Isabela replicou. — Por favor! Eu nunca andei num balão antes.
— Bom, isso eu deixo a cargo de sua mãe. — Felipe explicou.
— Eu faria qualquer coisa e... — Isabela disse com ar evidentemente provocante.
Paola sentiu uma vontade profunda de amordaçar a filha. Ou mesmo lhe dar umas boas palmadas. — Isabela, eu quero falar com você em particular por um momento. — Ela disse, levando a garota para o outro lado da sala.
— Agora não, mamãe, por favor, eu... — Dizendo isso, Isabela saiu de perto da mãe, misturando-se aos convidados.
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