Rogério Oliveira:

A noite passou com risadas e conselhos, e a presença calorosa de Sky me deixou mais confiante para enfrentar os desafios românticos que viriam pela frente. No dia seguinte, acordei determinado a seguir as sugestões da minha "mentora dos romances" e a ser mais autêntico na minha abordagem com Joseph.

Ao longo da semana, busquei oportunidades para conversar com ele, mostrar interesse em sua vida e, acima de tudo, ser genuíno em minhas interações. Evitei as extravagâncias que costumavam caracterizar minhas tentativas anteriores e me concentrei em construir uma conexão mais sólida.

Estava no meu escritório da clínica quando a porta foi aberta com tudo, e Agatha entrou e se jogou no sofá à minha frente. Devo dizer que ela realmente é folgada; acho que foi por isso que se deu tão bem com a Sky. Olhei para a minha secretária, que a seguiu e estava com um pedido de desculpas no rosto. Apenas acenei para que nos deixasse sozinhos.

— Quem entra sem avisar em um escritório assim? — Perguntei.

— Eu — Respondeu revirando os olhos —  e sabia que estava vindo, te enviei uma mensagem — Agatha disse, e olhei para o meu celular. — Ainda dizendo "Bundão", vou ir na sua clínica te ver para conversar.

Abri a tela e realmente estava ali, e ainda tinha mais xingamentos que me surpreendeu como ela conhecia tantos.

— Esse último é em.... — Comecei.

— Chinês — Agatha disse, arrumando a gola da jaqueta. — Mas esqueça e me diga o que planeja para se vestir daqui alguns dias?

— O que tem daqui uns dias?

— Você é idiota, tem o musical da escola da Matilde — Agatha disse. — Tem que estar apresentável para entrar naquele lugar como digno de estar presente. Eu vi o que você tem no guarda-roupa do seu apartamento, devo dizer que está na hora de comprar algumas roupas.

Engasguei.

—  Quê? Você entrou no meu apartamento e viu minhas roupas?

— A Sky me deixou entrar, temos que escolher o que você vai usar neste evento, mas não tinha nada de bom no seu guarda-roupa que não fosse triste de se ver — Agatha disse e acenou com a mão. — Então tivemos que vir aqui ajudar com isso, realmente era tudo tão decadente.

Meu choque maior não era que me avisaram desse musical nesse momento, mas que Agatha estava querendo me ajudar sem que a mesma estivesse com uma expressão de nojo ao meu olhar.

— Você não me detesta e agora quer me ajudar a escolher uma roupa?

— Dentre outras coisas —  Ela respondeu. — Eu sempre vou detestar você pelo que aconteceu com o Joseph anos atrás, pois sei mais do que ninguém como ele ficou magoado e abatido. Mas, sabe o que vi nos últimos dias? Com você sendo o pai que a Matilde merece, foi como se meu irmão tivesse um pouco do peso que ele guardava em seu coração esvaziado. — Levantou e bateu as mãos com tudo em cima da minha mesa. — Agora levante e vamos sair para ver uma roupa.

Cedi à determinação de Agatha e levantei-me da minha cadeira. Ela me puxou pelo braço, e saímos juntos em busca de uma loja de roupas. Durante o trajeto, a atmosfera era surpreendentemente leve, considerando o histórico tenso entre nós. Parecia que, de alguma forma, estávamos conseguindo deixar as diferenças de lado, pelo menos temporariamente.

Ao chegarmos à loja, Agatha assumiu o controle, selecionando diversas opções de roupas para eu experimentar. Surpreendentemente, ela tinha um bom gosto, e suas escolhas eram mais modernas do que eu costumava usar. Conforme eu experimentava as peças, Agatha dava suas opiniões sinceras, e, para minha surpresa, concordávamos na maioria das escolhas.

— Acho que nunca imaginei que estaria fazendo compras de roupas com você e concordando com suas escolhas. — Comentei, surpreso com a dinâmica da situação.

Agatha riu.

— As circunstâncias mudam, e as pessoas também. — Ela disse de maneira descontraída. — Além disso, estou apenas tentando garantir que você não envergonhe a Matilde no musical.

Depois de algumas tentativas, encontramos um conjunto que ambos concordamos ser apropriado para a ocasião. Pagamos pelas roupas e voltamos para a clínica.

— Agora você está pronto para o grande evento. — Agatha disse, satisfeita com sua contribuição.

Agradeci a sua ajuda inesperada e, mesmo que a relação entre nós ainda fosse complicada, senti uma pequena mudança na dinâmica. Talvez, com o tempo, pudéssemos encontrar um terreno comum e construir algo mais positivo.

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Sky notou nossa chegada e acenou animadamente para nos juntarmos a ela e ao rapaz com quem conversava. Assim que nos aproximamos, ela apresentou o rapaz como Tom, um amigo que ela havia conhecido recentemente.

— Oi, pessoal! Este é o meu irmão, Rogério, e a minha amiga Agatha. Rogério, Agatha, este é o Tom. — Sky fez as apresentações com um sorriso.

Cumprimentamos Tom, e todos nos sentamos juntos. A conversa fluiu de forma descontraída, e mesmo Agatha pareceu relaxar na presença de Sky e Tom. Enquanto trocávamos histórias e risadas, percebi que Sky e Tom tinham uma química evidente, e Agatha parecia intrigada com a dinâmica.

— Vocês se conhecem há muito tempo? — Perguntou Agatha, curiosa.

— Não, nos conhecemos recentemente, mas parece que nos damos bem. — Sky respondeu, lançando um olhar brincalhão para Tom.

— E vocês dois? — Tom perguntou, olhando para Agatha e para mim. — Irmãos?

— Felizmente não sou irmã dele — Agatha disse e levantou as sacolas de roupa. — Estou ajudando ele com algumas roupas.

Sky pareceu animada ao ouvir essas palavras.

—  Ainda tenho que discutir com você por deixar a mesma entrar no meu apartamento e ver as minhas roupas —  Falei e minha irmã deu de ombros.

— Sabe perfeitamente que foi necessário, mas deveria voltar logo para casa e se arrumar que logo começa esse musical da Matilde — Sky disse acenando com a mão para me afastar. — Vai saindo daqui.

Concordei com a cabeça, pegando as sacolas que Agatha trouxe com as novas roupas. Nos despedimos de Sky e Tom, e enquanto caminhávamos para fora da lanchonete, Agatha parecia pensativa.

— Nunca imaginei ver sua irmã agindo tão... divertida, e me deixa orgulhosa da mulher que aquela garotinha se tornou. — Ela comentou. — Mas ainda não acredito que ela é sua irmã no final de tudo.

— Não sei se me sinto ofendido ou não — Falei, e a mesma me lançou um olhar calmo.

— É um elogio para a sua irmã. Nunca irei te elogiar nessa vida. De qualquer forma, acho que ela merece um pouco de diversão. E você também, Bundão. — Agatha disse. — Mas se machucar meu irmão e sobrinha vou destruir cada parte do seu corpo.

— Obrigado por me lembrar, Agatha. A propósito, não sei como te agradecer por tudo isso.

— Não precisa agradecer, fiz isso pelo bem da Matilde, que quis te convidar de última hora, ainda mais depois que o Joseph disse que podia. Além disso, sempre quis mudar o seu estilo de roupa desde que nos conhecemos, e ainda mais com você fazendo parte da vida da minha sobrinha e, no final, do meu irmão. — Agatha disse.

É um processo gradual, e parece que está fazendo progresso tanto com a Matilde quanto com o Joseph.

Os dias que se seguiram foram cheios de ensaios para o musical da Matilde e momentos familiares. Eu estava tentando me integrar cada vez mais à vida deles, enquanto ainda respeitava os limites que Joseph estabeleceu.

No dia do musical, vesti uma das roupas novas escolhidas por Agatha, que surpreendentemente fez uma grande diferença. Matilde estava radiante no palco, e eu estava emocionado ao vê-la tão feliz. Joseph também estava lá, e trocamos alguns olhares durante a apresentação. Era um pequeno progresso, mas significativo.

Após o musical, todos nos reunimos para parabenizar Matilde pelo seu desempenho. Joseph estava sorrindo e elogiando-a, e eu não pude deixar de compartilhar desse momento especial com eles.

— Você esteve incrível, Matilde! — Eu disse, abraçando-a com carinho.

— Obrigada, Papai Rogerio! — Ela respondeu, sorrindo.

Joseph, mesmo que contido, parecia satisfeito com a apresentação da filha.

— Foi uma noite maravilhosa. — Ele comentou, olhando para Matilde.

Sky e Agatha também estavam presentes, celebrando o sucesso da noite. Todos nos dirigimos para casa, compartilhando risadas e conversas no caminho.

Chegamos ao apartamento de Joseph, e antes de entrar, ele se virou para mim.

— Foi uma boa noite, Rogério. A Matilde ficou feliz, e é isso que importa. — Ele admitiu, mostrando uma expressão mais amena.

— Sim, foi. E obrigado por me deixar fazer parte disso. — Eu respondi, genuinamente grato.

Joseph assentiu, e pela primeira vez, vi um leve sorriso em seus lábios.

— Veremos como as coisas vão se desenrolar. Boa noite.

Entendi que ainda havia muito a ser feito, mas estava determinado a continuar esse processo de reconstrução da nossa relação. Caminhei para casa com um misto de sentimentos, sabendo que o caminho não seria fácil, mas acreditando que o esforço valeria a pena.

O próximo capítulo dessa jornada estava apenas começando.

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Gostaram?

Até a Próximo 😘