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Capítulo 17

4804 palavras

"A angústia de um amor não correspondido transforma a esperança em desespero, fazendo da alma um campo de batalha onde a paixão e a dor travam uma luta sem fim."

Próximo ao quartel, guardado pelos imponentes muros e afastado das áreas de convivência, erguia-se a base de quarentena, um pesadelo moldado em concreto e ferro. O prédio era um monólito sombrio. A única cor que quebrava a monotonia cinza das paredes era o vermelho enferrujado das portas de metal, corroídas pelo tempo e pela umidade, como cicatrizes de um passado esquecido.

Hange me acompanhava até lá, enquanto Levi e Erwin permaneciam envolvidos em uma discussão sobre o Distrito Maria. O interior do prédio era ainda mais opressor, com um frio úmido que se infiltrava nos ossos. O ar estava impregnado com o cheiro forte de mofo e desinfetante, uma combinação sufocante que parecia penetrar na pele. As lâmpadas fluorescentes dos corredores lançavam uma luz pálida e instável, piscando de forma intermitente, criando sombras grotescas nas paredes descascadas. Cada passo ecoava de maneira inquietante, reverberando pelo espaço vazio e amplificando a sensação de isolamento.

Minha cela era um pequeno cubículo, quase claustrofóbico, onde as paredes de concreto pareciam fechar-se ao meu redor. O chão, manchado por ferrugem e sujeira, refletia a decadência do lugar. O cheiro de mofo e desinfetante era ainda mais forte ali, tornando a respiração pesada e difícil. Havia apenas uma cama de metal enferrujada, rangendo sob o menor movimento, e um banheiro com uma privada velha e manchada, ao lado de um chuveiro que parecia não ter sido usado em anos. A porta de ferro, pesada e imponente, tinha uma pequena abertura retangular, o único canal de comunicação com o mundo exterior, através do qual a comida seria passada.

Cada detalhe do lugar parecia gritar desespero, como se a própria estrutura estivesse impregnada de angústia, tornando a perspectiva do isolamento ainda mais aterrorizante.

Hange ficou me observando da porta. Eu não disse uma palavra durante todo o caminho, não tinha forças ou vontade para isso. Ela deve ter percebido, pois não tentou iniciar uma conversa, e, por isso, eu agradeci mentalmente.

— Bom, deixarei você aqui, Amelie. — Assenti silenciosamente. A porta se fechou, e agora era só eu, sozinha novamente, por sete dias. Sentei-me na cama e abracei minhas pernas, sentindo o vazio me corroer por dentro. Que dia de merda.

Os guardas de vigia eram os únicos seres vivos em movimento, suas botas pesadas ecoando pelos corredores vazios. Além deles e de mim, não havia mais vida ali. A quarentena não era prioridade; se todos morriam, nosso trabalho era apenas diminuir o sofrimento, reduzir os custos.

O jantar chegou algum tempo depois. Peguei o prato e o coloquei ao meu lado na cama. Não sentia fome. Tudo o que eu queria era que o tempo passasse rapidamente, mas o relógio no quarto parecia ser um inimigo cruel, cada segundo se arrastando em um silêncio opressivo.

Acordei com batidas na porta, e o prato do jantar ainda estava lá, intocado. A pequena janela da porta se abriu, revelando o rosto de Hange.

— Bom dia, trouxe seu café da manhã. — Levantei-me lentamente, pegando o prato do jantar para devolvê-lo e aceitar o que Hange me oferecia.

— Você não jantou, Amelie. Por quê? — Hange perguntou, a preocupação evidente em sua voz.

— Não é óbvio o motivo, Hange? — respondi, minha voz afiada e cortante. Hange suspirou, mas manteve a calma.

— Sei que deve ser difícil ficar aqui, por isso...

— Não, você não sabe, Hange. Não me diga o que devo fazer e nem como agir aqui dentro. — Minhas palavras foram carregadas de amargura. A realidade da situação estava me esmagando, e Hange não podia entender. Ela estava do lado de fora, livre, enquanto eu estava presa nesse pesadelo.

— Não me faça alvo da sua raiva, Amelie. — A frustração em sua voz era evidente. Encostei-me na parede fria, percebendo que Hange não merecia ser tratada dessa forma.

— Me desculpe... — murmurei, desviando o olhar. — Como está minha equipe?

— Levi colocou todos sob o comando de Petra Rall. — Ao ouvir isso, me aproximei da porta, incrédula.

— Petra? Por que diabos ela está assumindo esse cargo? Ela acabou de chegar. Que inferno, por que Levi escolheu ela? Não havia ninguém mais experiente?

— Eles foram informados que você está em quarentena, e ficaram muito preocupados. Sasha e Jean queriam vir te ver.

— Não. — Respondi, voltando a me sentar na cama.

— Eles são seus amigos, Amelie. Ver você pode ajudá-los e também a você.

— Diga que eles não podem, que é restrito e não têm permissão. — Falei, encarando o chão. A ideia de vê-los, de expor minha fraqueza, era insuportável. Ainda assim, saber que eles se preocupavam comigo, mesmo após tudo, trouxe uma sensação esmagadora de culpa. Eu não merecia o cuidado deles, nem sua amizade.

— Tudo bem. Tenho que ir agora, voltarei à noite. — Hange fechou a pequena abertura na porta, e o silêncio voltou a me envolver. Minha barriga roncou, mas a vontade de comer era mínima. Ainda assim, comecei a mastigar, o gosto da comida parecendo quase inexistente na boca, uma rotina sem sentido.

Como prometido, Hange voltou à noite, trazendo o jantar.

— Boas notícias, o senhor Egner está detido. Ele será interrogado amanhã.

— Ótimo, espero que ele diga algo útil para nós. E sobre Faye Yeager? Ela tem algum parentesco com os Yeager que conhecemos?

— Sobre isso, não tenho permissão para falar. Sinto muito, Amelie.

— O quê? Por quê? — Minha voz saiu alta e mais fina do que eu pretendia, a frustração aumentando.

— São ordens. Quando você sair daqui, será atualizada sobre tudo.

— Então, além de me isolarem aqui, também me privam de saber o que acontece lá fora?

— Não tem permissão para saber assuntos relacionados ao trabalho, Amelie.

— Mas você me contou sobre Egner.

— Porque isso está diretamente relacionado ao motivo de você estar aqui. — Hange respondeu, tentando me tranquilizar, mas suas palavras apenas aumentavam minha raiva.

— Certo. Não irei discutir sobre isso. — Respondi, derrotada.

— Vou indo. Até amanhã. — A noite se arrastou, lenta e opressiva. Dormi e acordei várias vezes, mas parecia que o dia nunca chegava. Sem janelas, a escuridão constante fazia o tempo se perder. O confinamento começava a mexer com minha mente, tornando-se cada vez mais claustrofóbico.

Hange não veio pela manhã, e a sensação de desespero começou a crescer. A única coisa que me mantinha à tona era a lembrança do meu fone. Talvez eu pudesse usá-lo para obter alguma informação, qualquer coisa que quebrasse o silêncio.

— Central de controle, Marco Bodt falando.

— Capitã Moreau, direcione essa chamada para Miche Zacharius.

— Sinto muito, capitã. Tenho ordens. — A voz de Marco estava tensa, ele parecia nervoso.

— Quem deu essa ordem?

— O comandante Levi, senhora. — Sua resposta foi cautelosa, como se temesse minha reação. Aquele idiota arrogante. Senti uma onda de raiva subir, mas me forcei a controlar.

— Marco, me conecte com Miche. Prometo que ninguém ficará sabendo.

— Sinto muito, capitã. — Marco respondeu, hesitante. Frustrada, arranquei o fone da orelha e o joguei na parede com força. Comecei a andar de um lado para o outro na pequena cela, meu coração acelerado, a ansiedade me corroendo por dentro. A cada passo, sentia o desespero aumentar, a solidão transformando-se em uma dor física.

Os dias seguintes passaram em um borrão de monotonia e desespero. O isolamento era sufocante, cada momento se arrastava com uma lentidão torturante. A comida continuava chegando, mas meu apetite estava quase inexistente. O vazio do lugar era esmagador, e a solidão corroía minha sanidade, um pedaço de cada vez.

No terceiro dia, Hange voltou, tentando trazer alguma luz para a escuridão em que eu estava mergulhada.

— Amelie, como você está? — perguntou, sua voz carregando preocupação genuína.

— Como acha que estou, Hange? — respondi, minha voz amarga. — Presa aqui, sem saber o que está acontecendo lá fora, sem poder ajudar, inútil.

— Eu entendo, mas você precisa aguentar mais um pouco. Logo isso acaba.

— Você não entende, Hange. Ninguém entende. — Minha raiva fervia, mas eu sabia que ela estava apenas tentando ajudar. Sentei-me na cama soltando um longo suspiro, sentindo o peso da realidade me esmagando. — E o comandante Levi?

— Levi está bem, ele está cuidando de tudo.

— Ele sequer se importa? — Minha voz quebrou, um misto de raiva e tristeza me dominando. — Eu queria que ele viesse me ver. Só uma vez, que ele demonstrasse algo.

Hange suspirou, a preocupação evidente em seu rosto. — Amelie... descanse um pouco. — Eu não a olhei, mas sabia que ela estava indo embora.

Os dias continuaram a se arrastar, cada vez mais insuportáveis. No penúltimo dia, minha frustração atingiu o ápice. Quando o guarda trouxe meu almoço, eu o peguei e o arremessei contra a parede, a comida se espalhando pelo chão. Chutei a parede repetidamente, como se isso pudesse aliviar a pressão em meu peito, mas a exaustão logo tomou conta. Sentei-me no chão, abraçando minhas pernas, tentando controlar a ansiedade que crescia dentro de mim. O desespero me sufocava, e a apatia começou a se instalar de forma insidiosa, transformando cada pensamento em um grito silencioso de angústia.

Passei o resto do dia no chão, cercada pelos restos do almoço espalhados, mas estava tão apática que nem me importei. O isolamento estava me quebrando, pedaço por pedaço, e a única coisa que restava era a dor constante da solidão, a única companhia que eu parecia ter agora.

Durante a noite, a porta foi aberta abruptamente, a claridade invadindo o quarto escuro. Levantei-me rapidamente do chão ao perceber quem era, o coração acelerado e o corpo rígido de surpresa. Acendi a luz com mãos trêmulas, iluminando a figura do comandante Levi, que observava o caos ao redor do pequeno quarto. A bagunça refletia perfeitamente a tempestade que se passava dentro de mim.

— O que aconteceu aqui, capitã? — A voz de Levi era firme, controlada, enquanto permanecia perto da porta que havia acabado de fechar.

— O que você acha, comandante? — gritei, minha voz carregada de raiva e frustração. — Estou presa aqui, sem estar doente! Como espera que eu reaja? — Meus olhos o encaravam, desafiadores, enquanto minha respiração acelerava.

— Amanhã você será liberada. Quero que vá diretamente ao meu escritório. — Ele ignorou minha explosão, mantendo a calma característica dele, o que só aumentava meu desespero.

— Terei meu posto de volta? Ou Petra vai tomar meu lugar? — minha voz estava cheia de indignação, cada palavra carregada com a dor de ser substituída. Será que Petra realmente tomaria tudo o que era meu?

— Foi uma decisão prática. Não discuta isso agora. — Ele respondeu com a mesma calma impenetrável, virando-se para sair, mas parou na porta, a mão ainda na maçaneta. — Apenas vá ao meu escritório amanhã.

A raiva e a frustração ferviam dentro de mim, mas quando ele hesitou na porta, um pensamento atrevido cruzou minha mente. Não queria que ele fosse embora, não agora. Com passos lentos e calculados, me aproximei, cada movimento desenhado para capturar sua atenção.

— Comandante... — Minha voz suavizou, carregada com uma intenção que eu sabia que ele perceberia. — Você veio até aqui só para me informar que serei liberada amanhã?

Levi parou, sentindo minha presença se aproximar. Ele se virou para me olhar, seus olhos encontrando os meus. O silêncio entre nós era denso, quase palpável, e eu podia sentir o ar vibrar com a tensão. Aproximando-me mais, quase podia sentir o calor que emanava de seu corpo. Minha voz saiu baixa, insinuante, enquanto meus olhos não deixavam os dele.

— Ou... você veio por outro motivo? — perguntei, minhas palavras deixando um rastro de sugestão, esperando alguma reação dele, qualquer indício de que havia algo mais.

Levi permaneceu imóvel por um momento, seus olhos fixos nos meus, sua expressão inabalável. A intensidade de seu olhar fez meu coração acelerar, e o silêncio que seguiu parecia se arrastar por uma eternidade. Finalmente, ele deu um passo em minha direção, quase imperceptível, sua presença dominando o espaço entre nós.

— Até amanhã, Amelie. — Suas palavras foram ditas num tom baixo e firme, quase como uma promessa, antes de ele se virar novamente, desta vez saindo do quarto sem olhar para trás.

Assim que a porta se fechou, a realidade de tudo me atingiu como um golpe. A raiva e o desespero, reprimidos durante sua presença, finalmente me quebraram. Sentei-me no chão, abraçando meus joelhos com força, enquanto as lágrimas que tanto lutei para segurar começaram a escorrer. A angústia que me consumia era insuportável, mas o pensamento de finalmente sair dali no dia seguinte era a única coisa que me mantinha agarrada a um fio de esperança.

A manhã chegou com uma lentidão agonizante. A noite passada fora uma tortura sem descanso, o cansaço físico e emocional pesando sobre mim como uma âncora. Era o sétimo dia, e, contra todas as probabilidades, eu estava viva. Eu sobrevivi. Quando finalmente saí do prédio da quarentena, a fraca luz do sol tocou minha pele, uma sensação que há dias eu ansiava. O vento bagunçou meus cabelos, trazendo consigo o cheiro da neve e da fuligem. A neve cobria o chão em uma camada espessa, mas estava manchada pelo pó negro que saía da fornalha, formando um contraste deprimente de branco e cinza. O cheiro pungente da fornalha queimando me incomodava, mas, naquele momento, eu não me importava. Eu estava livre.

Andando pelos corredores do quartel, quase saltitando de alívio, vários soldados passaram por mim e me cumprimentaram, mas minha mente estava longe, concentrada em um único objetivo. Bati na porta do escritório de Levi, ainda sentindo a euforia da liberdade. No entanto, assim que a porta se abriu, minha expressão de felicidade desapareceu. Quem estava lá para me receber não era Levi, mas Petra, com um sorriso radiante que roubou toda a minha vontade de sorrir.

— Bom dia. — Ela disse, seus olhos fechando levemente ao sorrir, um gesto que me irritou instantaneamente.

— Você não deveria estar treinando minha equipe? — perguntei de forma rude, meu tom carregado de frustração. Queria que ela parasse de sorrir, e, para minha satisfação, funcionou.

— Sim, capitã, me desculpe. — Ela respondeu, sua postura subitamente mais formal.

— Ótimo, então vá. — ordenei, apontando para a porta. Levi permaneceu em silêncio enquanto Petra saía da sala, e eu me sentei na cadeira sem esperar por qualquer comando dele. Ele me encarou com uma sobrancelha levantada, como se esperasse uma explicação para meu comportamento.

O silêncio entre nós era pesado, quase palpável. Eu esperava que Levi falasse primeiro, enquanto evitava olhar diretamente para ele. Finalmente, ele soltou um suspiro cansado antes de começar.

— O fazendeiro foi liberado. — Ele disse, cortando o silêncio. Abri a boca para falar, mas Levi continuou antes que eu pudesse responder. — Mas eu não confio nele. Ele está escondendo algo.

— Sim, isso eu sei. — concordei, franzindo o cenho. — Perguntaram sobre o banheiro?

— Sim, perguntamos sobre tudo. As respostas dele o absolveram. — Levi respondeu, sua voz firme, mas com um toque de frustração.

— Não revistaram a casa dele? — perguntei, sentindo a tensão aumentar.

Levi balançou a cabeça em sinal de negação. — Quero que vá investigar lá novamente. Leve Mikasa com você e não conte aos outros, será confidencial.

— Sim, comandante. — Concordei, mas algo em sua postura distante, mais fria do que o habitual, me incomodava profundamente. Parecia que havia um muro de concreto entre nós, e meus pensamentos, nesse momento caótico, eram os mais egoístas possíveis. Por que, nesse instante, eu só queria me lançar nos braços dele?

Levi me observava, como se esperasse algo. — Mais alguma coisa a acrescentar, capitã? — Sua voz me puxou de volta à realidade.

Eu deveria estar parecendo uma idiota, parada ali, encarando-o. Levantei-me de forma desajeitada, o nervosismo tomando conta, e acabei derrubando a cadeira no chão, quase caindo junto. Meu rosto esquentou imediatamente, uma onda de vergonha me dominando.

— Desculpe, Levi... Comandante, desculpa. — falei apressadamente, tentando disfarçar o constrangimento enquanto levantava a cadeira. Quando olhei para Levi, notei os cantos de sua boca ligeiramente curvados, quase esboçando um sorriso. Meu coração acelerou, errando as batidas no peito. Ele conseguia ficar ainda mais lindo assim.

Balancei a cabeça, tentando me livrar dos pensamentos intrusivos, e saí apressadamente da sala, batendo a porta atrás de mim. Meu coração ainda martelava no peito, uma mistura de adrenalina e confusão.

Fui até o campo de treinamento em busca de Mikasa. A visão de Petra lá me fez parar por um momento, mas não deixei transparecer minha irritação. Ótimo, ela estava exatamente onde eu não queria que estivesse. Aproximei-me, ficando ao lado dela, sem lhe dirigir um olhar. O grupo de soldados estava parado, conversando, como se o treinamento fosse uma simples distração.

— Por que não estão treinando? — minha voz saiu mais afiada do que pretendia, direcionada a Petra.

— Já íamos começar, capitã — ela respondeu, mas sua voz não tinha a urgência que eu queria ouvir.

— Já era para ter começado 30 minutos atrás. O que você estava fazendo? Foi a isso que o treino deles se resumiu durante a semana? — pressionei, o tom de desaprovação claro em cada palavra.

— Não, senhora, eu... — Petra começou a responder, mas eu não tinha paciência para suas desculpas.

— Não importa. Mikasa, venha. — A essa altura, todos já estavam observando a conversa acalorada. Estavam perto demais para não ouvirem, e eu percebia o desconforto no ar, mas não me importava. Caminhei até as arquibancadas, com Mikasa me seguindo.

Quando estávamos afastadas o suficiente, Mikasa quebrou o silêncio, sua voz carregada de preocupação. — Você está bem?

Assenti com a cabeça, tentando aparentar normalidade. — Sim, mas não é por iisso que te chamei. Após o almoço hoje, vamos até a fazenda novamente, investigar a casa do fazendeiro. Não conte a ninguém, é confidencial. Entendido?

— Temos um mandato para isso? — Mikasa franziu a testa, sua desconfiança evidente.

— Não, por isso é confidencial. — Minha resposta foi seca, sem espaço para mais perguntas.

Mikasa endireitou-se, a seriedade voltando a seu semblante. — Sim, capitã.

Voltamos ao campo de treinamento. Eu me esforçava para ignorar a irritação crescente dentro de mim, mas, quando Jean e Sasha vieram correndo em minha direção, me abraçando, não consegui deixar de sentir um breve alívio. Não esperava aquele gesto, mas foi bom, uma pequena pausa na tempestade interna. Eles me soltaram, rindo, enquanto Connie, Armin, Mikasa e Eren se aproximavam.

— Que bom que está de volta, capitã — Armin falou com um sorriso genuíno.

— Sim, pensamos que você iria morrer — Connie comentou, recebendo uma cotovelada no estômago de Sasha, que o repreendeu rapidamente.

— Não morri — respondi, tentando esconder o cansaço em minha voz. Mas a exaustão estava ali, presente em cada músculo e pensamento.

O grupo começou a conversar, aliviados por minha volta. As risadas e brincadeiras eram um alívio bem-vindo, um breve respiro de normalidade. Mas então o assunto mudou, e o desconforto retornou.

— Você viu como Petra e Levi parecem próximos ultimamente? — Jean perguntou, casualmente, como se não estivesse jogando sal em uma ferida aberta.

— Sim, ouvi dizer que ela está passando bastante tempo com ele — Sasha acrescentou, seu olhar sugerindo algo que me fez o estômago revirar.

— Eles sempre estão juntos, discutindo estratégias e missões — Armin comentou, pensativo. — Parece que ela ganhou a confiança dele.

Meu coração começou a bater mais rápido, uma batida irregular que ecoava na minha cabeça. Tentei ignorar, mas era impossível não ouvir. Cada palavra era uma agulha, perfurando minha calma frágil.

— Acho que ela está tentando impressioná-lo — Eren disse, com um sorriso malicioso que me irritou profundamente. — Quem sabe o que pode acontecer?

— Vocês acham que eles estão... juntos? — Connie perguntou, levantando uma sobrancelha, claramente intrigado.

— Não seria surpresa. Levi sempre foi reservado, mas ele parece diferente com Petra — Mikasa observou, com um olhar pensativo que apenas alimentou minhas inseguranças.

A raiva e o ciúme começaram a ferver dentro de mim, uma mistura tóxica que ameaçava transbordar. Tentei manter a compostura, mas cada palavra deles era como uma faca girando em uma ferida já aberta. Olhei ao redor do campo, procurando Petra, mas ela não estava em lugar nenhum. Merda.

— Amelie, você acha que eles têm algo? — Sasha perguntou, inocentemente, sem perceber o impacto de suas palavras.

Minha visão começou a turvar, a raiva consumindo o pouco de autocontrole que me restava. — Não tenho tempo para fofocas. Todos, voltem ao treinamento. Agora. — A autoridade em minha voz era inquestionável, mas o ciúme ardia em meu peito, queimando minha garganta como ácido.

— Calma, Amelie. Só estávamos especulando — Jean disse, levantando as mãos em um gesto de paz, mas sua tentativa de acalmar a situação apenas me irritou mais.

Enquanto eles se dispersavam, Mikasa me lançou um olhar preocupado, claramente percebendo que algo estava errado. — Está tudo bem mesmo?

— Sim, Mikasa. Apenas faça o que mandei. — Minha voz era mais suave agora, mas o fogo do ciúme ainda queimava em meus olhos, ameaçando me consumir por completo.

Assim que Mikasa se afastou, senti a intensidade da raiva começar a ceder, mas o vazio deixado por ela era ainda pior. Não era só ciúme. Era a sensação de que algo estava escapando por entre meus dedos, e eu era incapaz de segurar. A frustração era esmagadora, e, por um momento, pensei em Levi e Petra juntos, e a dor foi quase insuportável. Eu precisava me concentrar, mas era difícil com todos aqueles pensamentos e sentimentos conflituosos dentro de mim.

O restante do treinamento passou como um borrão, com a minha mente dividida entre a missão à frente e as palavras venenosas que ainda ecoavam na minha cabeça. A ideia de Petra e Levi... juntos... me consumia, uma tortura mental incessante que eu não conseguia afastar. Cada movimento, cada comando que eu dava, era uma luta constante para manter o foco, mas a dor e a raiva eram como facas afiadas perfurando minha concentração. A missão era importante, eu sabia disso, mas as emoções que fervilhavam dentro de mim eram quase insuportáveis, como um veneno que se espalhava rapidamente pelas minhas veias.

Antes que eu percebesse, meus pés me guiaram até o escritório de Levi. Era como se uma força incontrolável me puxasse, alimentada pela fúria cega e pelo ciúme ardente que eu não conseguia mais conter. Parecia que eu ia explodir, minhas emoções estavam à flor da pele, cada uma lutando para sair de dentro de mim de forma descontrolada. Quando invadi o escritório de Levi, a porta bateu com força ao fechar, ecoando pelo cômodo. Petra deu um pulo com o susto, os olhos arregalados, como se tivesse sido pega fazendo algo errado. E, na minha mente, ela havia sido. Eles estavam conversando, mas sobre o quê? O que era tão importante para manterem essa proximidade? Levi me olhou irritado, mas eu não conseguia parar. Eu estava fora de controle.

— Me diga, Petra, o que é tão importante para deixar meus soldados treinando sozinhos no campo para vir se acomodar na sala de Levi? — minha voz saiu carregada de sarcasmo, cada palavra como uma acusação velada.

Petra me olhou assustada, seus olhos arregalados, buscando algo, qualquer coisa que a salvasse da situação. Se não fosse tão fingida, eu diria que ela choraria ali, mas tudo nela me parecia uma mentira, uma máscara. E eu odiava cada pedaço disso.

— Saia, agora. — Ordenei, dando um passo ameaçador em sua direção.

— O quê? — Ela parecia desacreditada, como se eu estivesse sendo irracional. Olhou para Levi, esperando o quê? Alguma defesa dele? O peito apertou ao vê-la buscar nele algum tipo de apoio. Olhei para Levi também, esperando sua reação, meu coração batendo dolorosamente no peito.

Levi me lançou um olhar calculado, pesado, que se moveu de Petra até mim. — Deixe-nos sozinhos, Petra. — Seu tom era apaziguador, mas aquilo só serviu para me irritar ainda mais. Era como se ele estivesse tentando evitar um conflito, mas o conflito já estava fervendo dentro de mim.

Enquanto ela saía, eu mantive meus olhos fixos em Levi, sem desviar o olhar uma única vez. Minhas emoções estavam em guerra, um turbilhão de sentimentos confusos e dolorosos. Nem eu me entendia naquele momento. Por que estou agindo assim? Por que deixei isso chegar a esse ponto? Mas a raiva era mais forte que qualquer pensamento racional. Aproximei-me ainda mais dele, sem me importar com as consequências.

— Pode me explicar o motivo de tudo isso? — Levi perguntou, a irritação evidente em sua voz. Ele estava tentando manter a compostura, mas eu podia ver a raiva começando a se formar em seus olhos.

— Boatos sobre você e Petra. — Minha voz estava carregada de impaciência e ressentimento, um vulcão prestes a entrar em erupção.

Ele franziu o cenho, surpreso. — Você sabe sobre eles?

— E quem nesse maldito quartel não sabe? — A dor de admitir isso em voz alta foi como um soco no estômago. — Eles são verdadeiros?

— O que isso importa, Amelie? — A frieza na resposta de Levi foi o que quebrou o meu controle.

— O que importa? — Gritei, sem conseguir me conter. Minha voz ecoou pelo escritório, carregada de frustração e desespero. Sem pensar, chutei a mesa dele com força, fazendo o som de madeira estalar pelo espaço. Levi se levantou num impulso, me segurando pelos braços para me conter. Mas eu estava perdida, completamente dominada pelo que sentia. Lutei para me desvencilhar, mas seu aperto era firme.

— O que está acontecendo, Amelie? — Ele exigiu, sua voz ainda mais dura agora.

A pergunta ressoou dentro de mim, cada palavra dele perfurando o que restava da minha resistência. O que está acontecendo? Eu queria gritar, chorar, desaparecer. Eu estava aqui há tanto tempo, tentando, lutando para ser notada, para ser vista por ele. Então por que ela é especial? Por que eu me sinto consumida por isso, queimando em chamas por dentro, enquanto ele permanece impassível, inalcançável?

— Eu gosto de você. — As palavras saíram antes que eu pudesse impedi-las, como um grito de socorro que eu nem sabia que estava prestes a dar. Eu gosto dele. Não tenho motivos para isso, mas ainda assim, eu gosto dele, contra toda a lógica, contra toda a razão.

O aperto em meus braços aumentou, e por um instante, eu senti algo se quebrar dentro de mim. Não conseguia olhar para ele, não conseguia enfrentar o que viria a seguir. O que eu fiz? Por que eu falei isso? Eu queria fugir, mas era tarde demais. Levi estava me olhando, seus olhos fixos em mim, procurando algum sinal de que fosse mentira, ou que eu tivesse enlouquecido. Quando ele não encontrou esse sinal, me soltou, se afastando como se eu fosse contagiosa.

— Do que você está falando, Amelie? — A incredulidade em sua voz foi a facada final. Não era isso que eu queria ouvir.

Meu coração se partiu, despedaçando-se dentro do meu peito, como se tivesse sido esmagado por um peso insuportável. Eu não conseguia respirar, não conseguia pensar. Apenas a dor existia agora, uma dor tão profunda que me consumia por inteiro.

— Eu... — Não consegui terminar a frase. As palavras ficaram presas na minha garganta, sufocadas pelo desespero. Isso é humilhante. Olhei nos olhos dele, buscando algum sinal, qualquer coisa que me dissesse que eu não estava completamente sozinha nesse sentimento. Agi impulsivamente, talvez eu estivesse mesmo enlouquecendo. Diminuí a distância entre nós, deixando-o sem saída, encurralado entre a mesa e eu. O impulso me dominou, e antes que eu pudesse parar, o beijei. Um beijo desesperado, cheio de tudo o que eu não conseguia expressar em palavras.

Por um momento, ele me beijou de volta, e por um breve segundo, acreditei que ele sentia o mesmo. Mas então ele parou, nos separando, e o vazio que se seguiu foi como cair em um abismo. Não havia nada ali. Nenhum sentimento, nenhum indício de reciprocidade. Ele me olhou com o cenho franzido, como se estivesse tentando entender o que havia acabado de acontecer.

— A quarentena deve ter te afetado. — Sua voz era cortante, mas havia algo de perturbadoramente calmo nela.

Não, você me afetou, Levi. Você me intoxicou, me quebrou de dentro para fora. Ele cruzou os braços, olhando incisivamente para mim, seus olhos avaliando minha reação. E então, sem mais nenhuma palavra, Levi se virou e saiu, me deixando sozinha no escritório. Eu fiquei ali, paralisada, sentindo como se o mundo tivesse desabado sobre mim.

Sou uma idiota. As lágrimas começaram a cair, e antes que eu pudesse impedir, sentei-me no chão, o choro vindo em soluços incontroláveis. Como isso dói. A dor era insuportável, como se cada pedaço do meu coração estivesse sendo arrancado e esmagado diante de mim. Eu estava sozinha, completamente sozinha, presa nesse abismo de sentimentos que nunca seriam correspondidos. E pior de tudo, eu sabia que não poderia escapar. Estava condenada a amar Levi, amaldiçoada por um amor que só me traria sofrimento.

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