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Capítulo 29


Soen teve aquele pesadelo com a Rainha Peste outra vez.

Nele, Soen vagava no breu da noite à procura de Gin, seus passos rítmicos eventualmente o levando até o mesmo beco silencioso onde seu primeiro e único encontro com a bruxa ocorreu. Tudo foi rápido e confuso — como os sonhos geralmente são. Em um momento, ele estava caminhando no quase completo escuro rumo ao que parecia ser uma saída. No outro, seu corpo inerte desabava no chão, sufocava na podridão repulsiva do miasma da morte. Incapaz de falar ou se mover na medida em que uma silhueta distorcida ganhava forma pouco adiante.

A noite quente se condensava ao seu redor, fazendo seu cabelo úmido grudar nas têmporas enquanto a bruxa se aproximava em um ritmo alarmante. No intervalo de um sopro, a coisa já havia reduzido completamente a distância entre os dois. Ela se abaixou cuidadosamente diante dele, um vulto animalesco que o observava através de uma cacofonia de sombras agonizantes, uma cortina de cabelo negro caindo sobre o rosto como um longo véu inescrutável.

Soen não viu o momento em que a mão dela, negra e pegajosa como piche, agarrou seu pulso em um aperto frio; quando ele percebeu, já era tarde: os dedos longos e esquálidos fechavam-se sobre seu punho direito, aquele que fora marcado pelo sinal negro de Labe Mortem, enquanto o negrume pútrido vazava para a sua pele como tinta, a mancha crescendo de dentro para fora e consumindo seus ossos e carne.

— Eu sou a mão que guia a morte — guinchava repetidamente a bruxa, próxima o suficiente para que Soen sentisse seu hálito fétido e ouvisse seus dentes rangendo. — E onde eu estiver, ela também estará.

Mas não era só isso. Nos sonhos mais recentes, um par de olhos amarelos espreitava silenciosamente através da cortina de sombras que acompanhavam-na.

Soen não sabia ao certo se a presença de Gin era uma novidade ou se ele apenas não a notara nos pesadelos anteriores. Entre as sombras, a gata preta observava com os olhos arregalados e as pupilas contraídas de uma maneira selvagem, diferente do semblante curioso ou desinteressado típico dos gatos domésticos. No começo, Soen pensava se tratar de um olhar amedrontado, mas logo percebeu que, na verdade, Gin era uma caçadora à espreita, aguardando o momento certo para agarrar sua presa com dentes afiados.

Era impossível dizer se a presa em questão seria ele ou a Rainha Peste. Nunca teve a oportunidade de descobrir, uma vez que sempre acordava antes do fim do sonho, quando a gata começava a se aproximar com passos lentos e cuidadosos, até que sua presença fosse notada pela bruxa e tudo se dissolvesse quando seus olhos, estes tão escuros quanto a pelagem brilhante da pequena gata, se abriam sob o teto cavernoso de sua cela subterrânea nos calabouços de Etheia.

Soen esperava chegar ao final do sonho antes de finalmente ser mandado para a forca. Ele o tinha repetidas vezes nos últimos meses, e se tornava mais frequente conforme o tempo passava e a mancha negra em seu braço aumentava de tamanho. Ao que tudo indicava, Othail estava certo quando apostou que manter seu filho preso seria o bastante para que a pequena mancha negra em seu pulso se tornasse um visível sinal de magia negra.

A marca crescia suavemente a cada dia. O que antes não passava de um hematoma pouco acima do punho da camisa, agora tomava conta de todo seu braço direito, se arrastando pelo peito e subindo um pouco sobre o pescoço até terminar em um emaranhado de manchas espiralantes nas costas. Nada além de uma bagunça de veios negros que se arrastavam como raios tortuosos sobre a pele, tomando e consumindo de dentro para fora como um parasita.

Faziam poucas semanas que o príncipe constatara, com certa curiosidade, que a mancha diminuíram exponencialmente seu ritmo de crescimento, mas logo notou que seu outro braço também começara a desenvolver o sinal da maldição, dessa vez surgindo na ponta dos dedos e aumentando de tamanho com o triplo de velocidade. Naquele ponto, com o braço direito inteiro e metade do esquerdo consumidos pela mancha, ninguém contestaria o rei caso declarasse que o próprio filho fizera um pacto com o Diabo, ainda que homens — especialmente de sangue real — raramente enfrentassem tais acusações.

Como se eu fosse sobreviver até o fim desses dez anos de prisão, pensou ele, um riso amargo escapando com o pensamento. Pelas suas contas, só fazia pouco mais de um ano que estava preso. Em dez, seu corpo já teria sido tomado à muito pela marca de Labe Mortem, o que provavelmente implicaria em sua irremediável morte, na melhor das hipóteses.

— Qual o problema com o seus braços, garoto? — um dos prisioneiros da cela ao lado perguntou. Ele era novato, um homem de meia idade, cabelo cor de palha e olhos fundos que gostava de tagarelar quando os outros tentavam dormir para esquecer a fome ou o tédio. Soen não sabia seu nome, mas decidiu chamá-lo de Bharmerindus em homenagem ao seu velho amigo e capitão.

— Elhe fez um pachto com o Dhiabo, aí ficou pretho assim, ighal aqueles nhegros desgrachados — Disse o velho Joah, com seus dentes faltando na boca parcialmente oculta atrás de uma longa e asquerosa barba grisalha.

O velho magricela já residia naquela prisão fétida quando Soen fora jogado na cela ao lado, as pontas dos dedos dos pés mordiscadas pelos ratos e os olhos febris como os de um homem que fora largado para apodrecer até a morte sobre uma pilha da própria merda, e sabia muito bem disso. Quando olhava para Joah, ciente de que se encontrava tão sujo e acabado quanto, Soen quase sentia ânsia de vômito. Após um longo ano de carinho dos guardas e uma bela alimentação à base de restos apodrecidos, ele sentia como se tivessem-no desfigurado.

— Isso é verdade? — o novato perguntou. — Você fez mesmo um pacto? É por isso que está aqui?

Soen nada disse, se limitando a fechar os olhos enquanto descansava a cabeça em uma das barras de aço que delimitavam sua vida a um pequeno cubículo úmido no subterrâneo do castelo. Geralmente, bastava manter-se em silêncio para cessar eventuais conversas sobre a mancha em seus braços, mesmo que muitas vezes fosse necessário ser um pouco mais claro a respeito de seu desinteresse em comentar o assunto.

— Vai ardher no infherno ighual aqheles nhegros! — Joah cuspiu. E céus, como o desgraçado era irritante. Caso pudesse matá-lo antes de morrer, Soen agradeceria a Deus pela oportunidade.

— Mas não é como um negro — disse o novato. — Sua pele está preta como se estivesse pintada com carvão. Nunca vi algo assim antes.

— O Dhiabo vai te fazer ficar ighal à eles! Vai apodrecher shua carne e até meshmo os fios do sheu cabelo!

— Calem suas bocas de merda antes que arranque suas línguas imundas, seus filhos da puta — disse Soen, ainda com os olhos fechados. Depois de tantos meses de silêncio, agora era apenas isso o que ele desejava.

Em um lugar como aquele, um homem só tinha duas opções: ou ficar louco ou perder o juízo. O silêncio constante era pior do que qualquer tortura que os guardas pudessem oferecer. O tédio e a quietude tornavam os dias muito mais longos e tortuosos.

Antes de ser arrastado para a jaula ao lado do velho Joah, Soen ficou cerca de dez meses isolado em uma das celas mais profundas do calabouço. Mesmo assim, por pior que fosse a ideia de contemplar, sozinho, seus dias intermináveis durante horas à fio no mais completo escuro, Soen se sentia mais confortável na compleição de sua própria companhia. Além da presença de Gin, que aparecia às vezes para observá-lo silenciosamente à distância.

Por mais que fosse a responsável por orquestrar a morte de Garon, o que resultou na prisão de Soen e na perda total da humanidade de Yen, a presença taciturna da gata preta era bem vinda pelo príncipe durante aqueles tempos sombrios.

Àquela altura, Soen já não sentia mais qualquer rancor contra Gin. Na verdade, podia compreendê-la com mais clareza agora que a enxergava como quem realmente era: uma humana rancorosa e ardilosa, presa contra a própria vontade no corpo de uma pequena gata a serviço dos anjos. Servindo homens que não conhecia em uma terra estrangeira a troco de nada. Soen a respeitava por ter escolhido jogar com as próprias regras, mesmo que isso significasse traí-lo. A independência era, afinal, uma característica marcante dos gatos domésticos.

Ele também pôde compreender melhor a si próprio agora, seus pensamentos e desejos.

Era fácil permitir que pensamentos traiçoeiros drenassem sua sanidade em um lugar como aquele. Mas Soen sentia como se tivesse reatado sua razão, que perdera em algum momento entre o dia em que resolveu se aliar à Yen-Gato e a noite em que conheceu Alexander Blackthorn.

Seus vizinhos de cela não falaram mais. Eles eram homens tolos e ignorantes, mas sabiam que, se quisessem continuar inteiros, deveriam fazer o que Soen ordenava. Caso ele os mandasse calar a boca, morderiam a própria língua para se certificar de que ela permaneceria imóvel.

Até Bharmerindus, que chegou a dois dias, sabia disso. Os guardas também aprenderam, eventualmente. Alguns deram um pouco de trabalho, mas até mesmo eles evitavam desafiar o Príncipe Deserdado àquela altura.

Após algumas horas ouvindo o doce som do silêncio, o tilintar áspero de um maço de chaves chacoalhando contra as barras de ferro que levavam até as celas subterrâneas ecoou através dos ouvidos de Soen. A luz amarelada das tochas surgiu no mesmo ritmo do som de passos descendo as escadas do calabouço, acompanhado do suave ranger de ao menos quatro pares de armaduras. Os guardas estavam vindo, provavelmente para buscar alguém para execução ou julgamento.

— Príncipe Soen Blackthorn. Não mais Herdeiro da Coroa — o soldado à frente dos demais anunciou. — Fique de pé, e mantenha as mãos atrás das costas.

— Então a morte finalmente veio me buscar? — Soen deu a ele um sorriso lupino.

— Ainda não — respondeu o homem, os olhos vagando pelo sinal de Labe Mortem com algo entre cautela e medo enquanto procurava a chave certa para abrir aquela cela em específico.

— Julgamento, então? — ele indagou em um tom levemente divertido.

O guarda nada respondeu, se limitando a abrir a cela com a chave certa para que os outros atrás dele entrassem e acorrentassem o príncipe. Sua falta de confirmação respondeu a pergunta mesmo assim.

Soen poderia esfregar as palmas como um vilão caso não estivessem algemando seus punhos. Assim que saísse, mataria seu pai e o enterraria em uma cova rasa ao lado do crânio decepado e já decomposto de Garon. Nem mesmo Jesus Cristo pouparia Othail de sua fúria.

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