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Capítulo 20


Soen estava reclinado em uma poltrona macia diante da lareira de Garon. A lenha rachada estalava relutantemente contra o fogo ocioso, pequenos pináculos de labaredas se erguendo acima do que restava da madeira, esquentando seus pés frios dentro das botas e seu torso nu manchado pelo negrume da tinta e o carmim de seu próprio sangue.

Sua memória confusa oscilou junto ao brilho tremeluzente do fogo, e a recordação do que aconteceu avançou através das fisgadas de dor que atravessaram suas costas.

O ritual parecia estar funcionando, a tinta negra empurrando a coisa podre dentro dele para baixo do tapete, enterrando em algum lugar esquecido abaixo dos níveis da consciência. Então ele perdeu o controle e tudo ficou escuro.

Testando o movimento dos dedos, descobriu que a sensação letárgica que o atingiu antes de perder a consciência desaparecera, o que era um bom sinal. Restava saber se o ritual havia funcionado.

A luz pálida de um amanhecer ensolarado vazou através de uma pequena abertura nas cortinas, seu tom amanteigado competindo com o brilho do fogo e indicando que Soen esteve dormindo, no mínimo, desde meados da tarde anterior.

Ao que tudo indicava, ficar sentado no meio de um círculo mágico exigia mais energias do que ele supôs. Seu colete e camisa, ambos meticulosamente dobrados e limpos, repousavam sobre o braço da poltrona e, cansado, Soen se levantou para vesti-los.

— Finalmente acordou, Vossa Alteza — a voz de Garon ecoou junto aos sons do castelo despertando do outro lado das portas de carvalho. Soen não percebeu sua presença até que ele a revelasse. — Eu estava começando a me preocupar com o seu bem-estar.

— Imagino que seria trabalhoso explicar como o meu cadáver ensanguentado veio parar nos seus aposentos — de má vontade, ele passou a camisa de linho por cima da cabeça.

Mesmo com movimentos cuidadosos, cada parte de seu corpo latejava como se tivesse virado do avesso e depois caído em um arbusto espinhento. Todos os músculos das costas se tensionaram quando Soen enfiou os braços dentro das mangas folgadas e ajustou os babados nos punhos, as feridas profundas causadas pelos dedos de tinta ardiam com o mínimo toque do tecido branco.

Parecia flagelante se forçar a vestir o colete justo em seguida, então Soen o descartou dentro da lareira, se certificando de que não sobraria nenhum pertence seu para Garon usar em algum feitiço mais tarde.

— E então? — o conselheiro tinha aquele brilho malicioso no olhar outra vez. — Como se sente?

— Fisicamente? — Soen estalou o pescoço. — Morto. Ou algo próximo a isso.

— E espiritualmente? — Garon se inclinou em expectativa.

Soen fez uma breve pausa, primeiro ponderando a respeito da questão e depois decidindo qual seria a colocação de palavras adequada para descrever a inesperada sensação de vazio dentro dele.

Quando pensou um pouco, ignorando a ardência das feridas profundas e se concentrando mais além, constatou que tudo parecia... Diferente. Ele quase não conseguia sentir a intensidade com a qual Garon sempre parecia desejar sua morte, e se perguntou se o feiticeiro esteve tão disposto a ajudá-lo com aquela maldição em particular para seu benefício próprio, já que agora não correria mais o risco de morrer enquanto planejava o assassinato do príncipe.

— Leve — disse Soen em resposta, os lábios se curvando em um sorriso que não chegava aos olhos. A última coisa deixada para trás por Elodie Vineyard finalmente foi transformada em cinzas. — Parece que deixá-lo viver finalmente me serviu de alguma coisa.

— É uma honra servi-lo — o feiticeiro se curvou em uma reverência zombeteira. — Entendo que a quebra completa da maldição seria o ideal, então me certifiquei de arcar sozinho com todos os custos do feitiço enquanto trabalho em uma solução mais satisfatória.

— Custos? — Soen sequer deu ouvidos ao restante das palavras. — Então seu rito exigia algum preço, no fim das contas.

— Tudo que envolve o céu e o inferno gira em torno de barganhas e sacrifícios, mas não deve se preocupar com esse em específico. Vossa parte foi paga com seu sangue derramado — ainda curvado, Garon encontrou os olhos escuros do herdeiro do trono. — O que Vossa Alteza planeja fazer agora?

Soen ainda estava sorrindo. Se Garon perguntava, então Gin deveria estar por perto e agindo.

— Terei uma conversa agradável com o rei.

O tecido da camisa grudava na pele enquanto Soen avançava pelo corredor, o calor aumentando na medida em que o sol se erguia como um machado implacável no céu.

Àquela altura, o linho branco revelava várias manchas de sangue que vazavam ocasionalmente das feridas abertas em suas omoplatas, se misturando com resíduos da tinta negra e oleosa que não secava, mesmo que a maior parte dela tenha ficado no encosto da poltrona de Garon.

Ao seu redor, alguns criados olhavam alarmados enquanto ele descia vários lances de escada, e estava claro que não se tratava apenas do sangue. Eles sabiam para onde seu príncipe estava indo, os passos casuais e os olhos escuros transbordando avidez enquanto a espada pendia confortavelmente na bainha.

Soen chutou as portas de entrada do salão de refeições, a bota ainda suja com resíduos da pasta vermelha que Garon usou para desenhar seus sigilos na tarde anterior.

Othail não estava comendo sozinho. Um garoto o acompanhava de perto enquanto duas mulheres suavam em seus vestidos pomposos, acomodadas a uma distância respeitosa.

A mais alta delas deveria ter a mesma idade de Soen, talvez alguns anos mais velha, mas não muito. Ela tinha longos cachos loiros e olhos azuis, uma cópia esdrúxula e hesitante de Elodie Vineyard em trajes espalhafatosos de um tom celeste. A outra, menor e mais jovem, tinha os mesmos olhos e o mesmo rosto redondo, o cabelo apenas um ou dois tons mais escuro.

O garoto ao lado delas era ainda mais jovem, do tipo que parecia ter acabado de conquistar alguma posição de respeito. Ele deveria ser um primo ou irmão mais novo, já que se assemelhava às duas mulheres. Era óbvio que ele dava o seu melhor para parecer confiante, e Soen foi tomado por uma súbita vontade de chutá-lo no saco.

Todos os convidados tiveram um sobressalto com a entrada repentina do Herdeiro do Trono, que avançou pelo cômodo abobado com aquele seu sorriso cheio de dentes que pareciam prontos para morder.

No teto, as vigas de madeira escura gemeram como um aviso, as paredes ricamente decoradas com uma tapeçaria elegante se esconderam nas sombras quando uma nuvem cobriu o sol que iluminava através das janelas. Até mesmo o grande lustre que pendia logo acima da mesa central pareceu escurecer por um instante.

O rei se limitou a avaliar seu filho com uma expressão neutra no rosto, mas seus convidados pareceram ainda mais perturbados quando ele se aproximou da longa mesa sobrecarregada com incontáveis pratos de desjejum, as manchas de sangue e tinta negra em suas roupas atraindo olhares atônitos.

Soen apanhou uma romã viçosa da bandeja de prata mais próxima e mordeu com nojo.

— Há quem diga que o fruto proibido era, na verdade, uma romã — ele cuspiu um punhado de sementes vermelhas. — Se fosse o caso, tenho certeza de que ninguém o teria comido de bom grado.

— Soen — disse o rei, o nome soando áspero nos lábios dele. Um aviso para não estragar as coisas, se manter na linha.

— Quem são os convidados? — Ele ignorou o aviso e descartou qualquer sinal de cortesia.

— Minha noiva, Theresa Harshel — Othail indicou a mulher mais velha com uma mão cheia de anéis, e ela arriscou um sorriso hesitante. — Sua irmã Anelin. Tiberius, seu sobrinho.

— Então essa será sua nova esposa? — Soen sustentou o olhar assustado da jovem mulher. — Me pergunto como morrerá desta vez.

— Se veio aqui para fazer ameaças... — o rei cortou um faisão suculento com precisão metódica. — Ao menos não se esqueça que os soldados atrás de mim não terão misericórdia apenas por se tratar do meu filho.

Soen lançou um olhar desinteressado para a meia dúzia de guardas em posição de sentido no fundo do salão.

— Se quiser me condenar à forca, precisará de um motivo melhor do que esse — ele jogou a romã para cima e pegou-a no ar. — Mas seja rápido, meu caro pai, pois sei o que você fez. Estou ciente de todas as vezes que tentou me matar, amaldiçoar ou jogar em batalhas que achou que eu não poderia vencer. Conheço o jogo que estamos jogando, e estou indo atrás da sua cabeça.

Um silêncio tenso recaiu sobre o salão. Soen ficou satisfeito quando percebeu o olhar de Othail vagando para a espada em sua bainha, o sangue espalhado nas roupas, as pretensões silenciosas transbordando na curva dos lábios.

Ele viu tudo, com clareza e certeza. Descobriu que não estava controlando aquele jogo tão bem quanto imaginava. Não conhecia Soen de verdade, mas sim uma ideia dele, o eco de um garoto que era deixado sozinho para congelar durante o inverno, que ninguém tinha permissão para tratar quando adoecia e que sempre ouvia, naquele tom indiferente costumeiro do rei, que deveria morrer antes de manchar o nome Blackthorn.

Por que? Soen perguntava, o olhar confuso e cheio de mágoa. Sou seu único filho. Sou seu herdeiro.

Ele demorou para entender o motivo.

Você vai afundar a todos nós. Solus, et Salus.

Othail levou tempo demais para perceber que cometeu um erro ao deixar aquele garoto sobreviver por conta própria. Ao fazer isso, ele aprendeu a resistir sozinho. Não precisava de ninguém, tomava o que queria, usava a cabeça para cometer delitos sem receber punições e odiava tanto quanto era odiado.

Soen deixaria todos para congelar no inverno, caso a oportunidade surgisse. E se certificaria de que ninguém sobrevivesse como ele.

— Meu rei — Theresa se atrapalhou com as palavras por um instante. — Sobre o que é tudo isso?

— Faça sua nova meretriz se calar antes que a vida dela seja ainda mais curta do que o esperado — mais silêncio, dessa vez carregado de consternação. — Não quero desperdiçar um minuto sequer do meu dia com os chiliques de uma cópia mal feita de minha mãe. Estou aqui para me presentear com a sua perturbação, e de mais ninguém.

Era raro ver Othail tão carregado de raiva quanto naquele momento. Não pelas palavras de seu filho contra Theresa, mas pelas explicações que precisaria prestar mais tarde. Os convidados tinham seus ouvidos atentos nas palavras "maldição" e "assassinato", e Soen as dissera em alto e bom som.

Furiosa e ultrajada, como Soen sabia que ficaria, Theresa se levantou com os olhos cheios de ódio, fez uma reverência dura para o rei e se retirou sem dizer palavra alguma, sua irmã igualmente raivosa seguindo logo atrás.

— Mesmo que seja o Príncipe Herdeiro — disse o garoto que Soen ainda queria chutar, ficando de pé —, não poderemos fingir que tais ofensas caluniosas não foram desferidas, Vossa Majestade.

Othail não disse nada enquanto Tiberius repetia a reverência de má vontade das tias e partia em passos resignados. Soen sorriu. Se Solus, et Salus não tivesse sido contida, aquele trio estaria morto em aproximadamente uma semana.

Para seu deleite, Othail ainda não parecia saber sobre a contenção da maldição, considerando a maneira como seu rosto afundou em uma carranca preocupada. Se não somente suas esposas como também os familiares delas continuassem morrendo, não haveria status social que o permitisse fazer um novo herdeiro.

Além disso, a população perceberia algo de estranho na morte não apenas de uma, mas de três pessoas envolvidas com o rei por questões matrimoniais. Fariam a ligação com todas as outras esposas mortas. Talvez a Única Fé acabasse intervindo em favor do povo. O presente de aniversário de Soen era assistir enquanto aqueles pensamentos tortuosos rodopiavam na mente de seu pai.

— O que você espera ganhar sabotando o meu noivado? Mesmo que eu não consiga um novo herdeiro, posso passar a coroa para o segundo ou terceiro na linha de sucessão — Agora que estavam sozinhos, Othail parecia tentado a exibir os dentes. — Talvez até o décimo primeiro.

— Você não sabe mesmo, não é? — Soen relaxou em seu assento, divertimento brilhando nos olhos escuros. — Não se perguntou quem está prestes a queimar em uma fogueira como um gato maldito, considerando que sua maldição não recaiu sobre mim?

O rei não tentou fingir que ignorância sobre o que seu filho falava, mas tampouco pareceu preocupado com Yen.

— Entendo — ele voltou a comer. — Então devo descartar Yenned das minhas opções. É uma pena.

— Foi um plano elaborado esse seu — Soen jogou uma perna sobre o braço da cadeira. — Conseguir um feitiço com Garon, fazer tudo sozinho para que o bruxo não soubesse como reverter sua bagunça, caso fosse pressionado. Convencer o Papa a exterminar todos os gatos. Teria funcionado, se eu já não fosse amaldiçoado há muito tempo.

— Então a maldição de sua mãe lhe protegeu?

— É o que dizem. Sozinho, mas seguro, você conhece a história. Me pergunto como você ainda não morreu.

Pela primeira naquela manhã, os lábios de Othail se curvaram brevemente em um sorriso.

— Há coisas que você não sabe sobre o sangue que corre em suas veias. Pergunte ao seu irmão sobre o primeiro rei da linhagem Blackthorn.

— Então você sabe sobre ele — Soen apoiou o cotovelo no braço vago do assento e o queixo no punho em seguida — Não pretende renomeá-lo seu herdeiro?

— Alexander continuará morto, se depender de mim — ele descartou as palavras de seu filho mais novo. — Não é mais quem já foi um dia. Não posso mais treiná-lo para esse cargo agora que sua cabeça está cheia dos próprios ideais, ou os ideais dos idiotas emplumados.

— É uma pena, eu suponho. Suas duas melhores opções foram destruídas por você e Garon.

— Futuramente, me certificarei de que o conselheiro pague por planejar contra meu primogênito pelas minhas costas — quando Garon não fosse mais útil, ele queria dizer. — Mas você teria sido minha melhor aposta, se não fosse pelos riscos da maldição.

Ele não estava dizendo a verdade, é claro. Estava jogando, testando a reação de Soen. Talvez soubesse sobre a reprimenda de Solus, et Salus e estivesse fingindo que não. Garon havia contado coisas demais para ele, e não seria surpresa se tivesse corrido para informá-lo sobre o feitiço de contenção no intervalo em que o herdeiro do trono esteve inconsciente.

— Uma pena que acabarei te matando com ou sem maldição — Soen comentou casualmente. — O que posso fazer? Uma vez odiado, odeio eternamente. Eu sou rancoroso.

— Eu te odiei, mas não pense que fui irracional ao ponto de odiar uma criança pela morte de sua mãe — ficando de pé, ele fez um gesto para que as criadas retirassem a mesa.

— Foi pelas esposas mortas, então? — Soen fingiu curiosidade, mas não estava interessado de verdade. Ódio era ódio, não importava o motivo.

— Está mais relacionado a você ter nascido com essa maldição, que acabou com quaisquer possibilidades de reinar depois de mim, ou mesmo de um novo herdeiro nascer para tomar seu lugar — faíscas de amargura preencheram suas palavras. — Preciso me livrar de você enquanto ainda há tempo, garoto. Me arrependo por não ter feito isso assim que ouvi as malditas últimas palavras de sua mãe.

— Te desejo sorte com isso — disse Soen, mais surpreso pela facilidade com a qual Othail falava sobre maldições na presença de seus empregados do que com a conversa em si. — Mas temo que estarei me sentando no trono assim que conseguir te matar.

— Amanhã de manhã, você receberá um aviso oficial informando que não será mais o herdeiro do trono — ele não parecia estar blefando, sua voz firme vibrava como aço contra aço. — Se não com Theresa, terei meu filho com outra mulher, e esse garoto será o rei em seu lugar. Ele não carregará qualquer maldição além do nome Blackthorn, nenhuma mancha sombria a mais. Quanto a você, Soen, vou me certificar de que não seja um empecilho para ele.

A resposta de Soen foi um riso opinativo, mas Othail já não prestava atenção nele, estava se retirando do salão com o semblante vago que prenunciava derramamento de sangue.



♜ Notas da autora ♜

Fala, gente linda <3 Finalmente finalizamos a terceira parte da obra, gostaram?

Perguntinha: quem deveria ser rei?

( ) Soen ( ) Alec ( ) Yen ( ) possível futuro herdeiro

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