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Capítulo 10


No dia seguinte, Soen acordou com uma jovem freira silenciosa e um padre de meia-idade esperando do lado de fora do corredor.

— Vossa Alteza — disse o padre enquanto os dois faziam uma longa reverência. — Me chamo Leroy, e esta é Eleanor, minha assistente. O Conselheiro do Rei nos enviou para tratar o príncipe Yenned.

— Um padre? — respondeu Soen, com sua habitual carranca de mau humor matinal. — Garon deve estar absolutamente desesperado para morrer hoje.

Yen precisava de tratamento médico, não da maldita oração de um padre.

Ele fora acometido por uma febre alta durante a noite, que piorou com o passar das horas e o fez chiar inconsolavelmente enquanto delirava. Soen teve certeza de que seu primo morreria como um gato miserável, se contorcendo entre as vísceras do homem que ele fora um dia, mas Yen sobreviveu àquela noite, apesar de suas alucinações perturbarem o sono do príncipe herdeiro até o início do amanhecer. Fato que limitava muito o quão paciente Soen poderia ser com aquele homem de batina.

— Não sou um padre, Vossa Alteza. Eu trabalho como médico para o Conselheiro do Rei em sigilo, já que meu conhecimento em ervas medicinais é mal visto pela Única Fé. Minhas vestes são somente um disfarce.

— E quanto a essa freira?

— Eleanor é minha sobrinha e assistente. Eu estou treinando-a para ocupar meu lugar no futuro. Ela também não é uma freira, e sequer pode falar. Vossos segredos estarão a salvo com ela.

Soen arqueou uma sobrancelha escura. O feiticeiro parecia preocupado com possíveis rumores que se espalhariam, enviando uma garota muda e um médico que estava nas mãos dele.

— Entrem — Soen indicou o interior de seus aposentos com a cabeça. — Façam a febre de Yen baixar, ou terei que dormir em uma taverna na próxima noite.

Com outra reverência, Leroy e sua sobrinha passaram por Soen e se puseram a tratar Yenned.

O herdeiro de Etheia, por sua vez, tinha um sorriso no rosto que ocultava suas verdadeiras intenções enquanto se trancava com eles dentro do cômodo.

Recostando-se em um canto, Soen inspecionou durante horas o médico e sua assistente trabalharem, limpando Yen e suas entranhas do piso, preparando ervas ou suturando a ferida de flecha na omoplata dele. Eles sequer pareciam surpresos com sua aparência quando o ajudaram a se vestir, e não fizeram qualquer questionamento sobre isso. Para Soen, estava claro que não serviam a Deus, apesar das cruzes que adornavam seus colares.

Yen, por sua vez, estava muito debilitado para se importar com sua pequena exposição, e permaneceu em silêncio enquanto a dupla trabalhava.

Ao menos ele parecia alerta com a presença de desconhecidos, nenhum sinal de vulnerabilidade ou daquelas suas lamentações febris diante da dupla que tratava seu ferimento.

Yen não morreria facilmente, no fim das contas. Soen já vira homens tão fortes quanto ele perecendo por menos. O real problema eram as suas transformações, que agora pareciam ter parado de repor seu sangue e pioravam a situação.

Nas últimas duas ou três vezes em que ele mudou de forma, Soen notou que seu sangue escorria e seus ossos se constituíam muito mais lentamente, como se houvesse um limite para o que a maldição podia fazer com um homem ferido, e agora Yenned estivesse condenado.

Apesar disso, Yen lutou contra a exaustão e só se permitiu adormecer depois que o médico tirou as mãos dele e a assistente saiu para descartar a capa manchada com suas vísceras.

— Ele precisa descansar pelos próximos dias — explicou Leroy a Soen enquanto organizava frascos com ervas e agulhas em uma maleta. Manchas de sangue adornavam sua batina, mas ele não parecia incomodado. — Os curativos devem ser trocados duas vezes ao dia e ele não pode deixar de tomar as infusões três vezes ao dia. Suas... Mudanças de aparência podem dificultar o tratamento, mas os medicamentos farão efeito imediato e seu ferimento desaparecerá em pouco tempo.

— Espero que você se responsabilize pelos curativos dele — Soen comentou. Não estava disposto a bancar a enfermeira de seu primo.

— Minha assistente virá periodicamente para cuidar disso, Vossa Alteza — Leroy respondeu.

— Eu entendo — disse Soen, bloqueando casualmente a saída. — Isso significa que seus serviços não serão mais necessários?

— Bem — o homem hesitou, os rumores sobre Soen provavelmente haviam chegado aos seus ouvidos. — Desde que o príncipe Yenned não tenha uma infecção até que sua ferida cicatrize...

— Ótimo — Soen avançou em passos firmes na direção dele, fazendo-o recuar até seu quadril colidir com uma poltrona. — Você parece muito mais eficiente do que aqueles médicos mascarados que perambulam pelas cidades fingindo entender da morte negra. Aprendeu com alguma bruxa?

O homem franzino fez o sinal da cruz repetidas vezes, desviando o olhar dos olhos de Soen. — Fui instruído por uma curandeira, Vossa Alteza. Por Deus, me deixe ir.

Soen queria rir daquele homem, agarrado cegamente à sua cruz enquanto servia aquele que trabalhava para o Diabo. Ele estalou a língua e Leroy se calou, temendo discutir com o Príncipe Herdeiro e acabar com os pés pendurados acima do cadafalso no meio da praça, com uma corda enrolada no pescoço.

Ele não imaginava que seu fim não seria muito diferente disso.

— Nada pessoal — ele respondeu ao médico. — Mas seria injusto se a punição para esse tipo de conhecimento fosse limitada somente às mulheres, não concorda?

O Príncipe Herdeiro não esperou por uma resposta. Ele manteve os olhos escuros fixos no olhar do homem enquanto avançava, envolvendo as mãos no pescoço dele e sufocando-o antes que houvesse tempo de reagir.

Por mais que fosse um desperdício matar alguém que detinha algum conhecimento verdadeiro em medicina, o risco de Yen acabar exposto era alto demais. Soen não poderia se dar ao luxo de permitir que Garon tivesse testemunhas sobre a aparência do décimo primeiro na linhagem de sucessão, isso poderia ser um problema no futuro agora que os dois príncipes foram publicamente associados.

Era melhor que somente a assistente vivesse, já que era incapaz de falar. Yen ainda teria alguém para verificar seus curativos, e por mais que Soen fosse odiado pela Corte, a acusação de uma jovem mulher não valia mais do que merda naquele reino.

Talvez fosse necessário lidar com ela mais tarde, mas por enquanto não seria um problema. O importante naquele momento era calar o médico, que lutava e arranhava as mãos do herdeiro do trono, ocasionalmente tentando alcançar a face dele, mas falhando devido à diferença de estatura dos dois. Soen só precisava manter o rosto longe enquanto os olhos de Leroy se arregalavam em duas esferas castanhas que imploravam pela vida.

As mãos de Soen esmagavam com firmeza a traqueia dele, e o corpo do homem perdia a força contra o aperto em sua garganta, o que o impedia de gritar. Por sorte, a exaustão de Yen não possibilitou que ele acordasse de seu sono entre os travesseiros de Soen enquanto Leroy se engasgava e se debatia debilmente. Caso tivesse despertado, o príncipe teria intervindo pela vida do médico, e os dois teriam que discutir sobre os riscos de mantê-lo vivo.

No entanto, ele permaneceu adormecido, e não havia ninguém que pudesse salvar aquele homem. A menos, é claro, que Garon pudesse vê-los com sua magia profana e decidisse intervir.

Seria interessante descobrir do que o Conselheiro do Rei realmente era capaz. Mas o médico já se encontrava além da salvação, e portanto havia sido descartado. O feiticeiro não viria, assim como era fato que não resolveria o problema de Soen com todas aquelas maldições por livre e espontânea vontade. Nem mesmo se fosse com o objetivo de continuar vivendo.

Contudo, como Garon dissera que algo estava protegendo Soen, alguma coisa que parecia grande demais até para ele, o herdeiro do trono esperava que seu rabo se mantivesse entre as pernas por enquanto.

Aquela suposta proteção também era uma questão problemática que necessitava de uma solução. Soen poderia estar sendo feito de peão no jogo da Rainha Peste, e não gostava disso. Gin parecia ser sua única pista, e o Príncipe Herdeiro precisava descobrir como usá-la.

Talvez fosse pela presença de Yenned, mas a gata preta não havia dado as caras no quarto de Soen, o que intrigou bastante o príncipe.

Ou talvez aquela criatura esperta soubesse que sua identidade fora descoberta, e agora estivesse escondida. Soen precisava resolver aquela questão o quanto antes.

Mas antes disso, o corpo do médico, que agora jazia flácido no chão, deveria ser descartado.


Depois de se livrar do cadáver, questão que exigiu alguns subornos, horas de esforço físico e depois mais suborno para que outras pessoas fizessem o esforço físico em seu lugar, além de forjar alguns álibis e de se certificar de que aquele corpo nunca seria encontrado, Soen se limitou a fazer algumas ameaças para Eleanor, a assistente, e então trancou a porta de seus aposentos, aos quais Yen estava confinado e ninguém teria permissão de entrar durante sua ausência.

Já era tarde quando Soen finalmente estava certo de que aquele assassinato nunca seria atribuído ao seu nome. Padres valiosos como aquele causavam um imenso alvoroço quando encontrados mortos, especialmente se muitos velhos ricos desfrutassem de seus atendimentos na surdina. O assassino dificilmente escaparia ileso, não importava qual fosse sua posição social. E como Soen estava longe de ser querido pelos nobres de Etheia, era essencial que não o descobrissem.

Cansado pelo seu longo dia, Soen finalizou a tarde na cozinha principal do castelo, onde sua presença claramente não era bem-vinda.

Foi então que o príncipe encontrou Balthazar, e não era uma coincidência. Soen sabia que seu tio estaria onde havia comida e bebida. Além do mais, já era hora do jantar, e sem o Príncipe Herdeiro para sair e encher a cara, o irmão mais jovem do rei possuía uma limitada lista de pessoas que poderiam estar minimamente interessadas em sua companhia.

— Aí está você, seu merdinha desordeiro — ele ralhou assim que Soen se sentou ao seu lado. — Já se cansou de fazer inimigos? Tenho certeza de que o cão do seu pai não vai deixar barato, seja lá o que você fez com ele.

— Garon e eu apenas falamos brevemente sobre negócios — Soen respondeu enquanto indicava a uma das cozinheiras para que lhe servisse. — Não há qualquer desavença entre nós.

Balthazar riu enquanto bebia uma antiga safra de vinho tinto direto do gargalo da garrafa.

— O guarda que você matou provavelmente discordaria — disse ele. — Mas e quanto a Yenned? Você o matou também?

É claro que Balthazar estaria a par das fofocas da Corte. Ele sabia que a última vez em que Yen foi visto, estava com Soen, e agora que ele fora dado como desaparecido pelos fofoqueiros, era possível que seu tio levantasse suspeitas. Balthazar sempre sanava suas dúvidas sem rodeios ou julgamentos, para depois contar tudo sobre o assunto em questão ao primeiro que o embebedasse, poupando Soen do trabalho de espalhar rumores pessoalmente.

— Não se preocupe com Yen — ele respondeu enquanto voltava sua atenção ao pequeno banquete que estava sendo rapidamente servido. — É verdade que ele se feriu, mas não está morto.

Olhando de soslaio, ele via que o semblante de Balthazar perguntava "e viverá por quanto tempo mais?"

Mas Soen não sabia a resposta para aquela pergunta, então não disse nada.

Ele pensou que seu tio insistiria no assunto, mas Balthazar parecia mais interessado no vinho do que na vida de Yen, bebendo vários goles para cada vez que Soen levava os talheres à boca.

Mesmo assim, o irmão caçula do rei tinha apreço pelos pais de Yenned, e não era capaz de esconder a pontada de preocupação que sentia em relação ao sumiço dele.

Mas não importava. Balthazar espalharia que Yen estava vivo, e Soen anunciaria à Corte sobre o bem-estar de seu primo assim que ele fosse capaz de parar em pé dentro de uma armadura, então todos seriam obrigados a esquecer aquela história.

E quando Soen se sentiu satisfeito com a refeição, Balthazar já não passava de uma pilha de ossos banhada a álcool, estatelado no piso sujo e resmungando palavras indecifráveis que pareciam um pedido para que trouxessem mais bebidas.

Ignorando o homem bêbado, Soen voltou ao seu quarto para conferir Yen, que já se encontrava novamente em sua forma felina. No entanto, o Príncipe Herdeiro se surpreendeu ao notar um pequeno vulto se esgueirando no batente da varanda.

Gin, a gata preta que havia desaparecido, finalmente dera as caras. No entanto, não parecia disposta a socializar e fugiu correndo pela janela no instante em que seus olhos amarelos encontraram o olhar escuro de Soen.

A gata desapareceu na noite enquanto saltava pelas saliências das pedras que compunham a estrutura do castelo, e Soen teria ido atrás dela, mas Yen-gato recém-transformado sequer se movia na poça de suas próprias entranhas humanas, e se não fosse pelo suave subir e descer de sua respiração felina Soen teria pensado que ele estava morto.

Por isso, deixando Gin para depois, o príncipe colocou seu primo sobre a poltrona em frente à lareira e tentou avaliar sua situação.

— Yen — ele chamou, planejando medir a gravidade do caso de seu primo através da oratória dele. Se Yenned não conseguisse falar, significava que estava atolado na merda até o pescoço. — Acabei me esquecendo de te contar mais cedo, mas tenho algumas notícias sobre a conversa que tive com Garon.

Apesar do corpo de gato, Yen soltou um resmungo bastante humano na mente de seu primo.

Mas quando Soen resumiu brevemente o que foi discutido, Yen não fez nenhuma pergunta, apesar das aberturas propositais que foram deixadas pelo herdeiro do trono. As únicas respostas que Soen conseguia dele eram resmungos de dor. Nenhuma pergunta sobre a Rainha Peste, nada de indagações quanto a Gin e sequer nenhuma menção a respeito de como o Conselheiro do Rei não parecia confiável.

Yenned parecia bem pior, uma vez que seu corpo humano e debilitado mudara para aquela forma felina ainda mais debilitada. Ao menos, a ferida feita pela flecha do sentinela em Forgent continuava suturada, indicando que qualquer alteração feita no corpo dele continuaria igual sempre que mudasse de forma.

Soen supôs que deveria ter feito Garon curar Yen com magia. Ele duvidava que aquele homem velho não tivesse seus truques na manga para esse tipo de situação. Mas era divertido ver seu primo sofrer um pouco, e um favor tão grande seria cobrado com juros altos pelo feiticeiro.

De qualquer forma, a maldição logo seria quebrada, e a aparência de Yen voltaria ao normal. Soen só precisava de paciência até o feitiço ser desfeito.

Cansado como nunca, ele esqueceu aqueles pensamentos enquanto se jogava sobre a cama, dormindo profundamente como se não o fizesse direito há dias. O que, de fato, não fizera.

E quando despertou, se arrependeu de não ter feito com Garon o mesmo que fez com aquele médico.

O ferimento de Yen estava muito melhor, a ferida se fechando como se houvesse muito mais do que apenas ervas medicinais naquelas infusões. Mas agora ele estava na forma de um gato pulguento mesmo durante o dia.

Soen viu o amanhecer e as horas passarem, até que finalmente o meio-dia veio, e então ele teve certeza de que seu primo não voltaria ao normal. Sua aparência não se tornaria sequer parte humana novamente.

E seria um problema caso Garon fosse o único capaz de desfazer aquela maldição, já que Soen faria sua cabeça enfeitar o piso junto à tapeçaria do castelo naquele mesmo dia.

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