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LA TRISTESSE DU DIABLE | ϐοα ℓєιτυяα
𔘓 ‧₊˚ Capítulo XVIII
JÁ ERA UM POUCO TARDE PARA ALGUMAS pessoas andarem na rua ou para um estabelecimento tranquilo estar aberto, então Yoongi e Jungkook optaram por ir a um parque.
Não havia absolutamente ninguém lá além dos dois. Os postes iluminavam o local, embora não o suficiente para enxergar além do necessário.
Eles estavam conversando baixinho, houve até algumas risadas suaves no meio. Yoongi se deixou levar pelo ambiente agradável, mesmo sabendo que Luzbel estava evitando falar sobre o motivo pelo qual eles haviam decidido deixar o hotel em primeiro lugar.
Ele não iria forçá-lo a falar sobre isso se ele não quisesse e também não iria culpá-lo. Ele não era a pessoa mais legal para se conversar, então entenderia se Jeon não estivesse confiante o suficiente para falar sobre coisas tão pessoais. No entanto, ele não podia negar o fato de que estava um pouco mais do que curioso. Além de saber que ele era o diabo, ele queria saber quem realmente era Luzbel.
Por alguma razão, Yoongi confiava nele e queria que Jungkook retribuísse essa confiança.
— Mm, então... você não pode ficar doente? — perguntou o mais novo, muito curioso sobre as habilidades celestiais do outro.
— Não. — ele balançou a cabeça. — Eu também não posso me machucar, qualquer ferimento que recebo cura em segundos.
— Isso é incrível. — ele se sentou corretamente no banco, já que antes ele estava sentado no fundo dele. — Então... você diz que é como qualquer outro homem, mas você é muito mais forte, você tem asas, você conhece a vida das pessoas quando elas morrem, você conhece mais segredos do universo do que eu posso imaginar, você pode controlar demônios, você entende qualquer língua do mundo, suas feridas cicatrizam sozinhas, você não sente vergonha e também não pode ficar doente?
— Sim, é isso.
Yoongi riu de como Jungkook disse isso, como se fosse sobre qualquer coisa.
— Você não é como qualquer outro homem. — respondeu ele, sorrindo, divertido. — Me diga mais.
— Bem... eu posso sentir a temperatura do ambiente, se está baixa ou alta, mas não posso sentir calor ou frio. — ele desviou o olhar para vários lugares, pensando em que outra diferença banal havia entre ele e os humanos. — Oh… — ele se virou para Yoongi novamente quando conseguiu se lembrar de algo. — Eu não sinto amor... Quer dizer, eu sinto amor, mas não esse tipo de amor romântico.
— Não? — ele questionou. — Você já se apaixonou em toda a sua existência?
— Anjos não se apaixonam. — ele respondeu, sorrindo. — Isso é mais como uma necessidade humana. — explicou. — Necessidade de amar e sentir-se amado, além de desfrutar desse prazer, que na maioria das vezes leva à reprodução. É como um instinto, que não tenho porque os anjos não se reproduzem, portanto não sinto aquele amor romântico, nem excitação e nem desejo carnal.
— Ah, entendo. — ele esperou alguns segundos. — Mas... Taehyung está apaixonado por Seokjin, não é?
— Semyazza está aqui há tanto tempo que se acostumou com as necessidades do homem.
— É nisso que acredita? Porque talvez seja você que ainda não se deu a oportunidade de sentir.
— Seria como enganar a mim mesmo.
— Oh, vamos lá. — ele o cutucou com o braço. — Você já esteve em todos os cantos deste planeta, há mulheres bonitas em abundância, você realmente nunca se sentiu atraído por uma? Porque... quero dizer, você é atraente, poderia ter qualquer mulher se quisesse.
— Por que você tem a percepção de que deve ser uma mulher que atrai minha atenção?
— Bem… — ele sorriu nervosamente. — Se você chegar a ter essa necessidade humana, você tem pinta de ser hétero. — ele respondeu honestamente.
— Por que os humanos têm que rotular tudo? — suspirou. — Se eu tivesse essa necessidade humana, poderia gostar tanto de um homem quanto de uma mulher.
— Você acabou de confirmar sua bissexualidade? — ele brincou, mas seu sorriso zombeteiro desapareceu quando viu que o moreno não tinha achado graça. — Tanto faz. — continuou ele, desta vez mais sério. — Por que você não tenta? Se Taehyung conseguiu, com certeza você também consegue.
— Eu sou o diabo, Yoongi. Amar implica conhecer e aceitar o outro independente de seus "defeitos". Ninguém pode me amar sabendo o que eu sou. Como Taehyung, por que você acha que Seokjin não sabe nada sobre Semyazza? — ele questionou, olhando para frente. — Não fomos feitos para amar ou ser amados, não nesse sentido.
— Mas... isso é meio triste. — ele comentou baixinho. — Você não se sente sozinho?
Jungkook se virou para olhar Yoongi, com pouca intenção de respondê-lo. Ele apenas continuou olhando em seus olhos, pensando sobre aquela pergunta.
Ele se sentia sozinho. Yoongi, sem saber, chegou a um dos tópicos que Luzbel queria evitar.
Ele se sentia sozinho em geral, mas não da maneira que Yoongi estava se referindo, teria sido mais fácil para ele se fosse.
Era difícil lidar com a separação de tudo, governando um lugar sem alma onde até seus irmãos o odiavam por condená-los a morar lá. Era difícil viver e saber que não só eles o odiavam, mas também os humanos pelos quais ele havia arriscado tudo. Em suma, ele não tinha nada e nem ninguém.
Ele sorriu levemente, tentando se livrar daqueles pensamentos, não queria tê-los na cabeça e muito menos com Yoongi a sua frente. Ele deu de ombros, tentando minimizar isso.
— Já conversamos muito sobre mim, conte-me algo sobre você.
— Sobre mim? — ele levou a mão ao peito, apontando para si mesmo, como se houvesse mais alguém no lugar a quem Jungkook pudesse se referir. Ele ouviu o mais velho fazer um ruído suave em concordância. — Hmm… — ele pensou sobre isso. — Como você sabe, minha vida agora não é muito interessante. — riu amargamente. — E o que quer que eu diga, você provavelmente já sabe.
— Isso não é verdade. Vamos lá, tente. — ele incentivou.
— Bem… — ele descansou o tornozelo direito na coxa esquerda. Ele sorriu com um olhar perdido por ter se lembrado de algo. — Há algo que não contei a ninguém. É sobre a minha infância.
— Sério? — ele ajeitou-se no banco, aproximando-se do Min. — E você tem certeza que quer me dizer?
— Por que não? — ele encolheu os ombros. — Não é nada incrível como o fato de você ter asas. — ele sorriu. — Além disso, confio que você não vai me julgar ou me ver como louco.
— Eu não vou. — ele prometeu.
— Ok. — esperou alguns segundos. Ele abriu a boca algumas vezes, mas não conseguiu pronunciar uma palavra até a terceira tentativa, como se tivesse vergonha de admitir. — Quando eu era criança, tinha algo como um amigo imaginário.
— Amigo imaginário?
— Sim. — ele assentiu. — Bem, eu não tenho certeza se era um amigo ou amigos, sua aparência era sempre a mesma, mas toda noite que chegava sentia que era alguém diferente. Nunca tive certeza, ele não falava, então também não consegui distinguir sua voz. — ele franziu a testa ligeiramente. — Era tão estranho... eu poderia jurar que era real porque às vezes ele até me deixava tocá-lo e eu podia senti-lo, ele estava lá... ele vinha todas as noites depois que minha mãe adormecia. Sempre que ele entrava pela janela me pegava chorando, mas ele fazia com que eu me sentisse melhor. Em cada uma de suas visitas ele me dava uma florzinha azul, e com aquele gesto simples e doce eu sentia como se seu único propósito fosse me proteger. — ele suspirou, colocando as mãos nos bolsos do paletó. — Enfim, depois que fiz 9 anos ele não apareceu mais.
Yoongi não percebeu, mas o corpo de Jungkook ficou tenso no meio da história.
— Yoongi, como... como era aquele amigo imaginário?
— Oh, ele era alto, muito, muito alto para um pirralho como eu. Também muito magro, os dedos das mãos eram compridos e pontiagudos… — descreveu, lembrando-se perfeitamente. — Tinha... tinha algo como a silhueta de um rosto, mas a verdade é que isso lhe faltava. — ele olhou para o mais velho depois de alguns segundos de completo silêncio. — Por que a pergunta? — Luzbel não respondeu e isso criou uma careta no rosto de Yoongi. — Eu não posso acreditar, você está olhando para mim como se eu fosse louco.
— O que? Não. — ele negou imediatamente. A verdade é que ele acreditou em cada uma de suas palavras e era isso que o preocupava, porque ele sabia o que estava sendo descrito.
Ele queria dizer algo, mas naquele momento seu celular o interrompeu com uma chamada recebida. E é claro que não poderia ser ninguém além de seu irmão.
No meio de um suspiro ele tocou o botão verde que mostrava a tela.
— Eu preciso que você venha aqui. Agora.
— Por que? O que está acontecendo? — ele deu a Yoongi um olhar fugaz antes de se virar para algum ponto do parque.
— Não podemos falar sobre isso por telefone. É urgente, Luzbel. Venha assim que puder. Encontre Yoongi, não me importa que desculpa você dê a ele, mas traga-o com você, não se afaste dele.
⸸⸸
Taehyung encerrou a ligação após essas palavras. Ele deixou o celular na mesa do café da manhã e pegou o copo de água que havia servido anteriormente, para levar consigo para a sala, onde Seokjin estava.
— Jinnie. — ele chamou docemente, oferecendo-lhe o copo.
— Eu não quero isso. — ele voltou a cobrir o rosto com as duas mãos.
— Seokjin, por favor. — ele pediu.
— Por favor? Por favor, o que?! — ele se levantou, encarando seu parceiro. — Por que você não me conta o que diabos aconteceu lá atrás? O que diabos foi aquilo?!
— Eu vou te dizer, ok? Mas, por favor, você deve se acalmar.
— Não me peça para me acalmar, caramba… Aquilo. — apontou na direção de onde ficava o jardim. — Aquilo ali não era uma pessoa... sumiu, Taehyung, sumiu. Puff! Como poeira. — ele puxou um pouco de seu cabelo, frustrado. — E algo me diz que você sabe exatamente o que era.
Seokjin estava histérico e Taehyung não sabia o que fazer para acalmá-lo.
Ele havia decidido contar a verdade, mas planejava ir devagar, fazer pausas para explicar tudo em detalhes e fazê-lo com delicadeza, sem que a verdade o atingisse com tanta força quanto agora.
Definitivamente, tudo estava dando errado, muito errado.
Luzbel caiu de pé em frente à porta da casa. Ele escondeu suas enormes asas e lentamente soltou Yoongi, que estava em seus braços. Semyazza pediu para ele chegar o mais rápido possível e essa foi a melhor opção, apesar do fato de Yoongi não ter concordado a princípio.
— Chegamos. — anunciou o mais velho.
Yoongi sabia que Jungkook havia afrouxado o aperto, mas continuou agarrado ao tronco como fazia desde o início, acreditando que seria solto a qualquer momento e cairia sabe lá quantos metros de altura.
— Yoongi?
— Um... sim. — ele respondeu, lentamente se afastando dele.
— Que tal a viagem? — ele sorriu.
— Turbulenta. — devolveu o gesto.
Silencioso, Yoongi se perdeu novamente no olhar de Luzbel, com aquele encanto que ainda não conseguia entender. Suas mãos ainda não o haviam soltado totalmente, então ele inconscientemente teve o prazer de passá-las sobre as costas nuas do moreno, pois antes de iniciar a viagem Jungkook havia tirado sua camisa preta de botão para evitar que rasgasse quando ele abrisse suas asas.
— Yoongi.
— Sim? — ele sussurrou, um pouco perdido em seus pensamentos e na maciez de sua pele.
— Posso ter minha camisa de volta, por favor?
Yoongi desferiu um tapa interno em si mesmo para finalmente poder reagir.
— Ah, claro. — ele se separou completamente de Jungkook, entregando-lhe a camisa.
Enquanto Luzbel colocava a roupa de volta, Yoongi olhou para outro lugar. Talvez o Jeon não tivesse vergonha e não se importasse se alguém o visse nu ou não, mas Yoongi sentia vergonha, porque ele era um humano simples que sentia atração e não podia descartar o fato de que Jungkook era atraente 'pra caralho, qualquer um que tivesse olhos veria. Ele não queria ver mais do que o necessário por respeito a Jungkook e ao seu relacionamento. Porque ele tinha que lembrar que tinha namorado.
Ele voltou a olhar para Luzbel quando este, com a camisa já vestida, abriu a porta e o deixou entrar primeiro.
A primeira coisa que ambos viram foi Taehyung tentando acalmar um chateado Seokjin, que não parecia disposto a calar a boca até que a porta aberta chamou sua atenção.
— Você finalmente chegou. — Taehyung falou.
— O que está acontecendo? — Jungkook perguntou, voltando seu olhar de Taehyung para Seokjin repetidamente.
— Você não viu nada estranho enquanto estava fora?
— Não. — junto com Yoongi, ele caminhou alguns passos em direção ao casal. — Do que você está falando?
— Um demônio, um filho de Lilith estava aqui. — confessou Taehyung.
— Um demônio? — Seokjin deixou escapar, incrédulo, mas horrorizado ao mesmo tempo.
— Quem é Lilith? — Yoongi perguntou.
— Ela é a primeira mulher que existiu no mundo e agora a mãe da maioria dos demônios do inferno. Ao deixar o Jardim do Éden, ele se fundiu com o demônio Asmodeu, então agora ele também é imortal. — Jungkook voltou seu olhar para Taehyung. — O que ele estava fazendo aqui? Assassinou outra mulher?
— Acho que ele veio nos deixar uma mensagem. Mas ele não falou muito, apenas três palavras… "Veniunt ad eum"
— O que significa isso? — Yoongi perguntou novamente, vendo o rosto chocado de Jungkook.
— Eles estão vindo atrás dele. — respondeu o castanho.
— Acho que fiquei fora do inferno por muito tempo. — comentou Luzbel.
— Eu estava pensando nisso e... acho que ele não estava se referindo a você.
— Então a quem mais?
Semyazza fixou seu olhar em um lugar específico e Jungkook imediatamente o seguiu.
— O que? Por que estão me olhando? — Yoongi sorriu nervosamente, sentindo-se um pouco deslocado por causa daqueles dois anjos caídos que não tiravam os olhos dele.
— Não faz sentido. — Jungkook sussurrou.
— Faz sim. — Semyazza caminhou em direção ao irmão. — Mas não é como você vê. Se houver alguma rebelião no inferno, duvido muito que seja justamente um demônio que venha nos avisar disso. Não é pelo inferno, é pelo céu e a profecia. É claro que tudo isso estava fora das mãos de nossos irmãos mais fortes.
Luzbel suspirou, sentindo-se completamente sobrecarregado. Ele estava entre a cruz e a espada. Ele queria ir embora para evitar qualquer vínculo com Yoongi, mas não podia deixá-lo sabendo que a qualquer momento um de seus irmãos poderia encontrá-lo e matá-lo para evitar que aquela maldita profecia se tornasse realidade. E ele não estava disposto a deixar isso acontecer.
Mas algo que Jungkook não conseguiu perceber e ignorou foi que o vínculo deles foi forjado desde a primeira vez que viram os olhos um do outro.
— Uh... olá? — Seokjin falou, chamando a atenção de todos os presentes. — Eu ainda estou aqui e estou esperando que vocês me digam que tudo isso é uma piada de mau gosto.
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