LA TRISTESSE DU DIABLE | ϐοα ℓєιτυяα

𔘓 ‧₊˚ Capítulo XIV

     YOONGI SE LEMBROU NAQUELE MOMENTO porque nunca aceitou Jungkook ou qualquer outra pessoa para acompanhá-lo até em casa, o motivo era nada mais e nada menos que seu parceiro.

Namjoon não falou nada em nenhum momento, apenas ficou no mesmo lugar, observando os outros dois. Por conta disso, Yoongi soube imediatamente o que tinha que fazer.

— Até logo, Jungkook.

— Yoongi. — segurou o braço do menor antes que ele entrasse em seu apartamento. Min o olhou com algum aviso, então Luzbel o soltou lentamente, não precisou pensar muito para saber que não era por causa dele que o outro não queria o menor contato. — Estarei lá caso você mude de ideia amanhã.

— Obrigado. — disse ele sinceramente antes de entrar em sua casa.

Namjoon havia lhe dado espaço para passar. Jungkook estava observando as costas do menor enquanto ele se afastava, até que alguém parou na frente dele, ele reagiu rapidamente e voltou a descansar o olhar em Namjoon.

O homem não parecia estar com vontade de falar, ao invés disso, ele parecia apenas escaneá-lo de cima a baixo ou algo assim. Luzbel não sabia o que dizer num momento como aquele. Ele também não sabia como lidar com o pequeno bufo de superioridade que o Kim soltou, então ele apenas disse a primeira coisa que lhe veio à mente.

— Você deve estar… — ele nem conseguiu terminar a frase quando Namjoon fechou a porta na cara dele. — Claro. — sussurrou para si mesmo, balançando a cabeça.

Deu uma última olhada na porta do lugar onde sabia que Yoongi estava, antes de se retirar completamente.

— Quem é esse? — Namjoon chegou ao quarto, onde Yoongi estava colocando uma camisa mais folgada para dormir confortavelmente, naquele dia ele estava se sentindo mais cansado que o normal.

— Não é ninguém.

— Ninguém? — bufou. — Então era o que? Eu imaginei isso?

— Ele é apenas um colega de trabalho. — respondeu com um suspiro, um tanto irritado por ser sempre aquele que tinha que se explicar.

— Por que um colega de trabalho vem te deixar na porta de casa?

— Porque ele é gentil? Você pode esquecer isso agora.

— Você espera que eu acredite nisso? — ele sorriu ironicamente. — Claramente aquele cara é legal porque ele quer transar com você.

— Nem todos eles são como seus amigos homens das cavernas.

— Pare de trazer meus amigos para isso. — o repreendeu, sem saber exatamente o que estava por trás dessas palavras. Ele se aproximou até estar ao lado do Min. — Por que você o defende?

— Porque ele não fez nada de errado. Pare de pensar que todo homem de quem me aproximo quer algo comigo.

— Me dê seu celular. — ordenou, estendendo a mão para ele.

— Oh, meu Deus. — o menor suspirou pesadamente, virando-se de costas para ele com a intenção de deitar na cama. — Eu não quero continuar com isso.

— Yoongi. — o pegou pelo pulso. — O seu celular.

— Não. — retrucou com raiva, contorcendo-se para se soltar. — Droga, não.

— Por que você sempre torna tudo tão difícil? — ele levantou a voz, um pouco mais chateado.

Ele queria se aproximar da mesinha de cabeceira onde estava localizado o celular de Yoongi, mas este o atrapalhou, impedindo tal ato. Namjoon queria deixar isso de lado, porém seu namorado permaneceu firme e completamente determinado a não querer lhe dar o aparelho. Não que Yoongi estivesse escondendo algo ali, ele sabia que se seu parceiro verificasse não encontraria nada de ninguém, muito menos de Jungkook, que era seu principal alvo naquele momento. Mas ele não queria lhe dar, porque isso só mostraria o que Yoongi ainda não era capaz de aceitar totalmente.

O confronto começou tranquilo, Yoongi gentilmente pegava as mãos de Namjoon toda vez que ele tentava alcançar o celular e em voz baixa tentava tranquilizá-lo enquanto este outro continuava se opondo e mandando-o cair fora. Poucos segundos depois, a paciência deles começou a diminuir e o volume de suas vozes aumentou até que praticamente se transformaram em gritos que de vez em quando continham insultos e ameaças que não podiam ser entendidos porque ambos falavam ao mesmo tempo.

— Bom! — Yoongi acabou explodindo muito antes do namorado. — Você quer o celular? Pegue o maldito celular! — em sua explosão de fúria pegou o aparelho e o esmagou contra a parede com toda a força que tinha naquele momento.

Ele exalou pesadamente quando todo o lugar foi inundado por um silêncio amargo ao mesmo tempo em que sentiu pela primeira vez em muito tempo suas lágrimas derramarem na frente de outra pessoa. Ele não sentia mais raiva, apenas mágoa. Mas ele sabia que Namjoon estava furioso e ainda assim não se importava.

— Você quer saber por que ele me acompanhou até em casa? — falou apesar de sentir um nó na garganta. — Porque ele foi comigo a Daegu para ver o túmulo da minha mãe.

Namjoon franziu ainda mais a testa ao ouvir essa última fala. Sua surpresa foi tanta que até sua raiva se dissipou um pouco com a notícia.

— Eu sabia que se eu te contasse esta manhã, você não teria me deixado ir vê-la. — continuou o mais novo.

— Claro que eu não teria deixado. Além do mais, como é possível que você quisesse ir? Você já esqueceu tudo que aquela mulher fez com você? — ele o repreendeu.

Yoongi deu um sorriso sutil ao pensar que morar com seu namorado ultimamente não era tão diferente de morar com sua mãe, mas é claro que ele não iria dizer isso em voz alta porque só iria começar outra discussão.

— Yoongi.

— Cale a boca... Apenas cale a boca. — ele pediu, seus olhos ainda brilhando de lágrimas. — Nunca na minha maldita vida me senti tão mal, então... Só quero te pedir para calar a boca e ficar comigo. — mordeu o lábio inferior por um instante, querendo engolir os soluços antes de olhar nos olhos dele. — Não quero discutir, só quero que você não vá trabalhar só por hoje e fique comigo. É tudo o que estou pedindo a você. — sentiu mais lágrimas escorrendo pelo rosto e podia jurar que era algo que odiava. Ele odiava se sentir frágil, vulnerável e ainda mais na frente de outra pessoa. Mas desta vez ele não foi capaz de suportar. — Depois disso, juro que não vou incomodá-lo novamente, apenas... Por favor, fique comigo como você de alguns anos atrás, que sempre jurou estar lá para mim.

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A primeira coisa que Jungkook encontrou ao entrar em casa foi seu irmão sentado em um dos sofás enquanto revisava vários papéis que tinha em mãos, acompanhados de outra pilha na mesinha de centro.

— Você saiu muito cedo hoje. — comentou Semyazza.

— Eu tinha algo para fazer. — ele fechou a porta enquanto olhava ao redor com algum disfarce. — Onde está Seokjin?

— Ele saiu há alguns minutos. — respondeu com indiferença, sem tirar os olhos dos papéis. — Ele ia encontrar os rapazes e...

Taehyung não conseguiu terminar de falar, pois seu irmão o agarrou pela camisa, levantando-o de seu assento e fazendo suas costas baterem contra uma das paredes, sem que seus pés tocassem o chão.

— Que porra você está fazendo?! — ele gritou, colocando as mãos no braço de Luzbel em uma vaga tentativa de se livrar de seu aperto.

— Você mentiu pra mim! Você sabia disso, não é? — os olhos completamente negros de Luzbel refletiam como ele se sentia furioso, o que alarmou Semyazza. — Você sabia disso o tempo todo.

— Sabia disso o que? Não sei do que você está falando! Eu juro!

Jungkook o separou da parede apenas para esmagá-lo no chão com força suficiente para deixar um humano inconsciente, mas no caso de Taehyung, isso não lhe causou mais do que uma dor momentânea e criou um buraco perceptível no chão.

— Estou falando de Yoongi. — ele se ajoelhou ao lado de Taehyung, apoiando o antebraço direito em seu joelho. — Você sabia desde o início que ele não é humano, ou pelo menos não completamente.

A casa inteira ficou completamente silenciosa após essas palavras, tanto que a única coisa que parecia ser ouvida eram os ponteiros do relógio que Taehyung tinha em seu pulso esquerdo.

Nenhum deles voltou a dizer uma única palavra, e aos poucos Luzbel mudou sua expressão ao se convencer de que seu irmão realmente não sabia de nada daquilo, claro que não, sua cara perplexa não podia mentir.

O silêncio foi finalmente quebrado quando um celular começou a tocar. Não parecia um bom momento para atender uma ligação, mas era uma boa fuga temporária daquela conversa que aparentemente ambos tinham suas respectivas dúvidas em continuar.

Sem desviar o olhar um do outro a princípio, Taehyung se levantou lentamente para se aproximar da mesa de centro, onde seu celular ainda estava coberto por vários papéis que haviam caído da pilha onde estavam.

Ele suspirou ao ver a quem pertencia o número. Que oportuno. Ele pensou com alguma ironia.

— Yoongi. — ele falou assim que decidiu atender a ligação.

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O celular que havia sido arremessado contra a parede 40 minutos atrás agora estava no chão da varanda, com a tela quebrada mas felizmente ainda estava funcionando. Ao lado do aparelho Yoongi estava sentado, olhando para o céu e ao mesmo tempo para o nada. Ele segurou o cigarro entre o dedo médio e o indicador para afastá-lo da boca e poder expulsar a fumaça acumulada no tragar.

Ele olhou para baixo, percebendo pela primeira vez em todo o tempo que estava sentado ali, que ainda estava coçando o braço já machucado.

Segurou o cigarro com os lábios e, com certo desespero, tirou o suéter preto que vestia, jogando-o para o lado.

Ele encostou as costas na parede novamente enquanto olhava para as marcas e o líquido vermelho escorrendo de suas velhas e novas feridas. Até perdeu a conta de quanto tempo estava vendo seu braço pingando sangue.

— Isso não parece bem.

O ruivo virou para a esquerda, encontrando Jungkook parado do outro lado da varanda.

— Você realmente não é de bater em portas, não é? — fez uma tentativa de sorrir, enquanto observava o rapaz caminhar em sua direção.

— Achei que você gostaria que eu evitasse a longa caminhada até aqui. — se agachou ao lado dele.

— Você veio rápido. — comentou ele, esmagando a ponta do cigarro no chão para apagá-lo. — Me desculpe por ter feito você voltar.

— Você disse que precisava de mim.

Yoongi não respondeu, mas não era necessário para Jungkook que o fizesse. Os olhos do jovem estavam inchados e levemente vermelhos, indicando que ele havia chorado. Além do mais, ele se lembra de ter ouvido soluços quando Taehyung passou a ligação para ele. Yoongi se sentia muito mal e fragilizado, isso não era dúvida para o moreno.

— Você tem como limpar isso? — ele perguntou, olhando para as feridas.

— Sim, no banheiro.

— Ótimo. Vamos, eu vou te ajudar.

Jungkook se levantou e então estendeu a mão para Yoongi, que sem dizer nada e sem pensar muito a pegou, levantando-se também para guiá-lo até onde era o banheiro.

Yoongi poderia limpar a ferida sozinho, na verdade, se ele quisesse limpar os ferimentos, ele o teria feito quando visse o sangue. No entanto, Jungkook insistiu que faria isso, então o menor não teve escolha a não ser aceitar e explicar como desinfetar a área. O moreno não precisava que ele repetisse, enquanto os dois ficavam em silêncio, Jungkook começou a tratar Yoongi.

O menor manteve a região lombar apoiada na pia enquanto Luzbel estava à sua frente, muito concentrado naquelas lesões.

O braço de Yoongi ficava tenso de vez em quando ou até sibilava devido à queimação, e toda vez que isso acontecia Jungkook olhava para cima para se certificar de que o rapaz estava bem e lhe dava permissão para continuar.

Nenhum dos dois falou durante todo esse tempo. Mesmo assim não houve desconforto porque ambos pareciam estar muito perdidos em seus próprios pensamentos.

Luzbel deixara inacabada a conversa com o irmão, e não só ela. Semyazza sabia de algo que ele não sabia e tinha muita certeza disso, ainda mais quando o aconselhou a não ir até Yoongi.

Ele tinha certeza de que o outro não sabia que Yoongi não era humano, mas também estava escondendo alguma coisa.

Luzbel tentou encontrar uma explicação para tudo sozinho, mas por mais que fizesse, não conseguia encontrar nada, só ficava ainda mais confuso. E é claro que tentar fazer isso sozinho não iria funcionar quando faltava uma peça do quebra-cabeça, uma peça que Taehyung aparentemente havia escondido.

Ele não podia apenas especular com Yoongi no meio, não era algo para ser considerado levianamente.

— Eu implorei para ele ficar.

Jungkook saiu de seus pensamentos quando ouviu a voz de Yoongi. Ele parou o que estava fazendo por um momento para olhá-lo.

— Como? — perguntou baixinho.

— Por uma noite. — seu olhar parecia estar perdido no nada. — Apenas por uma noite, pedi a ele para ser o garoto por quem me apaixonei aos 17 anos. Aquele menino que me prometeu que estaríamos sempre juntos, nos bons e maus momentos... o mesmo que me disse que juntos poderíamos superar tudo que surgisse em nosso caminho. — ele sorriu com pesar depois de um curto período de tempo. — Deus, eu sou tão patético. — deixou escapar com algum aborrecimento consigo mesmo. Ele enxugou as lágrimas que ameaçavam cair com as costas da mão livre.

Jungkook não precisou analisar por tempo suficiente para perceber que o parceiro de Yoongi preferiu ir embora ao invés de ficar com ele.

— Você não é patético. — ele pegou a fita para colocar a gaze nas feridas do menor. — Seu namorado que é um idiota.

Yoongi esboçou um sorriso sutil com o comentário do moreno. No entanto, pouco a pouco, seu semblante tornou-se mais sério.

— Fiz sexo com um cara só para ele conseguir um emprego melhor. — confessou, o que fez Jungkook parar novamente para olhá-lo nos olhos. — A essa altura não sei quem é mais idiota.

— Isso está errado. — ele continuou com o que estava fazendo.

— Eu sei, não preciso que você me ensine que ser infiel ao seu parceiro é pecado e blá, blá, blá.

— Na verdade é, mas não é por isso que estou dizendo isso. Do jeito que você disse, parece que você nem queria fazer isso.

— Eu não queria fazer isso. — esclareceu.

— É isso que eu quero dizer. — ele gentilmente passou dois de seus dedos sobre a gaze assim que terminou o trabalho. — Não estou dizendo que é errado porque você foi infiel ao seu namorado, estou dizendo isso por você. — mais uma vez olhou para ele e desta vez manteve seu olhar firmemente nele. — Você não pode se obrigar a fazer esse tipo de coisa por ninguém.

— Caso você não tenha notado. — disse ele, olhando ao redor. — Temos problemas financeiros, Jungkook. Namjoon precisa desse trabalho. Sem falar que o cara com quem dormi viu você sair do meu apartamento há alguns dias e agora ele acha que você e eu temos alguma coisa e é por isso que ele está me chantageando. Se eu fizer sexo com ele, meu namorado não sabe de nada e isso é o melhor para todos.

— Você está se deixando chantagear por algo que nem é verdade. — franziu a testa, irritado com as coisas pelas quais Yoongi teve que passar.

— E você acha que Namjoon vai acreditar em mim quando um de seus melhores amigos lhe disser que estou saindo com alguém pelas costas? — ele bufou. — Ele nem precisa de provas, bastará sua palavra para que tudo termine mal. — suspirou pesadamente. — Quer saber? Isso é complicado. As coisas não são apenas preto no branco, Luzbel, são mais complexas do que isso. Talvez você não entenda porque não é humano.

Jungkook lambeu os lábios, abaixando ligeiramente a cabeça. Como deveria explicar a Min que ele não era totalmente humano? Yoongi parecia tão convencido de ser um, que Luzbel sabia que seria muito difícil acabar contando toda a verdade na frente dele.

Foi um pensamento fugaz, que se desvaneceu assim que ele lembrou que o assunto principal naquele momento era outro.

— Você se meteu nesse problema por minha culpa. — respondeu calmamente. — Então eu vou consertar isso. — se aproximou dele. — Se ele lhe chantagear novamente, quero que me diga.

— Não precisa, eu posso me livrar por conta própria.

— Yoongi, deixe-me ajudá-lo. — pediu quase em um sussurro.

Yoongi ficou em silêncio por aproximadamente dois minutos. Os olhos de Luzbel pareciam implorar para que ele aceitasse. E Yoongi parecia estar pensando em uma resposta, mas na verdade ele já tinha, só não sabia como dizer em voz alta.

— Você quer saber como pode me ajudar? — perguntou no mesmo tom do maior. Não era necessário que o moreno dissesse nada, seu olhar dizia tudo. Yoongi sutilmente mordeu o lábio inferior antes de finalmente falar. — Você poderia… — ele disse duvidosamente. — Você poderia me abraçar, como fez no trem.

Jungkook pareceu um pouco confuso no começo. Pela situação que Yoongi estava passando, um abraço não ajudava muito. No entanto, não era uma piada, o menor estava realmente esperando que ele concordasse, então Jungkook fez isso.

Pra falar a verdade não foi um meio abraço como no trem. Embora no início ele tenha sido um tanto inseguro, Yoongi acabou envolvendo o corpo de Jungkook com seus braços, e Jungkook fez o mesmo com os de Yoongi.

O mais novo exalou, apoiando a cabeça no ombro do rapaz de cabelos negros. Ele também não estava acostumado a abraçar as pessoas, mas por alguma razão abraçar Jungkook parecia tão diferente dos poucos abraços que ele havia dado antes, que inconscientemente se esforçou para segurá-lo com um pouco mais de força.

Ele sabia que podia falar diretamente com Taehyung, com Seokjin ou com qualquer um de seus amigos, mas algo dentro dele havia pedido especificamente que ele tivesse a presença de Jungkook consigo.

E sendo abraçado por ele naquele momento, ele sabia que não tinha feito a escolha errada.