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LA TRISTESSE DU DIABLE | ϐοα ℓєιτυяα
𔘓 ‧₊˚ Capítulo XI
QUANDO YOONGI CHEGOU AO SEU apartamento, ele não fez nada além de tomar banho novamente, vestir roupas limpas e deixar o café da manhã pronto como sempre fazia todas as manhãs. Ele não olhou Namjoon nem com o canto do olho, ele se sentiu culpado demais para fazê-lo.
Naquele dia não queria ir trabalhar, seu ânimo estava abatido. No entanto, ele não podia perder um dia de trabalho, porque isso custaria dinheiro. Embora certamente naquele momento não fosse algo que lhe importasse tanto, seu corpo só se movia por inércia.
Naquela mesma manhã percebeu que algo nele havia mudado desde a noite anterior. Ele podia parecer o mesmo, mas por dentro não era. Sentia ódio constante por si e de tudo ao seu redor. Ele percebeu isso quando o desejo de bater naquele cara à sua frente cresceu.
Receber uma reclamação ou insulto de um cliente não era problema para Yoongi, ele sempre teve paciência para lidar com isso, sempre concordou e conseguiu satisfazer o cliente. Mas naquele momento, quanto mais ele ouvia os insultos daquele homem, a vontade de dar um soco nele aumentava.
— Você é mudo? Por que não me responde?! — o cliente gritou exasperado. — Seu maldito inútil!
— Sinto muito, senhor. — Yoongi finalmente respondeu.
Essas palavras, por algum motivo, apenas deixaram o homem ainda mais irritado, fazendo com que lhe insultasse ainda mais.
Min coçou o braço esquerdo para conter aqueles impulsos enquanto fingia ouvir as palavras do cliente. Seus braços estavam cobertos pelas mangas de um suéter preto, mas quanto mais Yoongi coçava, mais abria as feridas que havia feito na noite anterior, e ele sabia disso. Ele preferia se concentrar em sua dor auto infligida e tentar se controlar, em vez de ouvir as palavras ofensivas de um homem que nem o conhecia.
Além do mais, quem ele pensava que era para gritar assim com alguém? Caras ricos de merda que acham que o mundo gira em torno deles. Ele cometeu um erro, sim, mas foi um completo acidente, não que ele tivesse feito de propósito. Além disso, não foi tão ruim.
Mas as coisas foram mais longe para Yoongi. O que todos eles pensavam para tratá-lo como bem entendessem? Ele não era a porra de uma boneca sexual, não era a porra de um escravo e não era a porra de um saco de pancadas. Sem perceber, ele começou a coçar a pele com mais força devido à raiva crescente.
Por alguns segundos ele não ouviu nada ao seu redor, apenas um bipe agudo. No entanto, pelas expressões do homem à sua frente, dava para saber que ele continuava falando e gritando. Yoongi se sentiu tão furioso, misturando o que estava acontecendo agora com todo o resto, que momentaneamente perdeu o controle.
— Aconteceu algo?
Jungkook apareceu no corredor, trazendo Yoongi de volta aos seus sentidos e tirando a vontade de levantar o punho.
Naquele momento ele estava ciente do que estava prestes a fazer e seu coração começou a bater mais rápido.
— Você não vê? — o homem zombou. — Esse idiota pisou no meu sapato, sujou de lama e não conseguiu nem se desculpar.
Jungkook levantou uma sobrancelha, virando-se para ver Yoongi.
— Só isso? — ele perguntou.
— Como você ousa dizer isso? — o cliente voltou a falar. — Não custam dois centavos, são sapatos de marca! Mas claro, são coisas que você nunca terá condições de comprar, por isso não entende.
Jungkook suspirou profundamente antes de falar.
— Bem, antes de tudo, não é permitido qualquer tipo de linguagem ofensiva para com nossos funcionários. Eu entendo que você pode estar chateado, mas vamos nos comportar como pessoas civilizadas. — ele se virou para olhar Min mais uma vez antes de retornar ao cliente. — Sinto muito, senhor. Sou o gerente da loja. — mentiu. — Meu funcionário foi muito descuidado, garanto que terei uma longa conversa com ele, e ele receberá uma merecida punição pelo que acabou de fazer. Clientes como você são muito importantes para nós.
— Da próxima vez você deve demiti-lo. Ele é incompetente.
Jungkook se curvou para se desculpar. O homem apenas bufou e acabou saindo da loja.
— Você está bem? — o moreno perguntou depois de se endireitar.
— Foi um acidente, não fiz de propósito. — murmurou.
— Eu sei. — sorriu quase imperceptivelmente. — Pode ficar tranquilo, você não será punido por isso. Eu apenas disse a ele o que ele queria ouvir.
— Eu sei, você não é o gerente da loja. — ele ficou em silêncio por alguns segundos. — Ei… — chamou duvidoso. — Hum… Obrigado. — gaguejou.
— Você não precisa agradecer. — ele lambeu os lábios e esperou um pouco mais antes de falar. — Está quase na hora do almoço, quer que eu faça um ramen instantâneo?
Yoongi assentiu com a cabeça e isso foi o suficiente para o moreno ir até a área onde estavam aqueles tipos de comida. A essa altura, Min já se sentia menos tenso, ele estava muito grato por Jungkook ter chegado bem a tempo. Ele não sabia o que teria acontecido se tivesse se jogado em cima daquele homem alto.
Ele continuou com seu trabalho por mais alguns minutos, antes que Jeon o chamasse para almoçar.
Ambos se sentaram em uma das mesinhas que havia na loja. Min pegou os pauzinhos descartáveis e silenciosamente começou a mexer o macarrão.
— Está quente. — Jungkook comentou, quebrando o silêncio. — Você não deveria estar de suéter.
— Minha pele é sensível. — respondeu com indiferença.
Luzbel não disse mais nada, em vez disso, se dedicou a comer de seu próprio prato. Yoongi, por sua vez, parou o que estava fazendo por alguns segundos apenas para olhar para o homem à sua frente.
Ele tinha que admitir que naquele momento sentia ódio de tudo, mas não de Jungkook.
O ruivo se perguntou seriamente como alguém como ele poderia realmente ser o diabo. Jungkook não representava nada do que as pessoas descreviam e, até onde o conhecia, ele parecia ter mais humanidade do que alguém de sua própria espécie
Pensar nisso o fez lembrar das primeiras vezes que o mais alto se aproximou dele, e ele o tratou de maneiras muito desagradáveis, na verdade isso havia acontecido na noite anterior. Perceber isso o fez se sentir um pouco mais culpado.
— Desculpe. — ele disparou do nada, olhando para o almoço. Nisso Jungkook ergueu seu olhar para ele. — Desculpe ter te mandado para o inferno na primeira vez que nos falamos.
— Bem, você não me mandou para o lugar errado. — ele forçou um pequeno sorriso.
— E me desculpe por tudo que eu disse ontem, você não merecia ouvir aquilo.
— E novamente, você não estava errado.
— O que quer dizer? — olhou para ele.
— O humano deixou de ter o que o tornava humano. Armas, assassinatos, escravidão, estupros, assaltos, vicios, guerras, vidas superficiais, sempre querer se sentir superior aos outros, ter mais e sempre querer mais, sede de poder. — suspirou pesadamente, pensando que se não tivesse levantado um dedo talvez o mundo não fosse tão corrompido. — Afinal, eu posso ter tomado decisões ruins.
— Sabe. — Yoongi limpou a garganta. — Não acho que seja sua culpa que o mundo esteja assim.
— Não?
— Não. — ele balançou a cabeça. — Aparentemente, você só dá a faca, e nós é que decidimos se vamos usá-la para cortar um legume ou enfiar no peito de alguém. — deu de ombros. — Você não tem nada a ver com isso porque você nem mexe com os vivos, o humano está se destruindo e tudo que o cerca, só isso. Estamos nos levando à nossa própria extinção. — exalou. — Embora haja algo que eu não entendo; Você está aqui, mas enquanto tudo isso está acontecendo, onde os "mocinhos" deveriam estar?
Jungkook lambeu o interior de sua bochecha, pensando em uma resposta, mas a verdade é que ele não conseguiu encontrar nenhuma.
— Eu também gostaria de saber.
— Há algo engraçado em você. — comentou. — É irônico que, considerando quem você realmente é, seja melhor do que a maioria das pessoas que conheci em toda a minha vida.
— Você acha?
— Sim. — concordou. — Você é muito... atencioso e gentil. Você realmente não parece estar agindo com dupla intenção.
— Também tem algo engraçado em você. — ele colocou os pauzinhos de lado e apoiou os cotovelos na mesa. — Te conheço há pouco tempo, e sei que sempre tenta resolver as coisas sozinho, não gosta de pedir ajuda... pelo menos não com palavras. Mas sempre que olho nos seus olhos, seu olhar sempre grita o contrário.
— Sério? — levantou uma sobrancelha, escondendo o quão surpreso, e talvez exposto, ele se sentiu quando ouviu isso. — Porque você acha isso?
— Eu não sei. — encolheu os ombros. — Posso perceber facilmente algumas emoções ou pensamentos, mesmo quando você mesmo não está ciente deles. Mas isso é diferente, sinto como se já te conhecesse antes ou como se tivéssemos algo em comum que nos une. — ele finalmente admitiu em voz alta. — É estranho, eu não tinha me sentido assim antes.
Yoongi ficou em silêncio. Ele não se sentia exatamente como Jungkook, mas sabia que também havia algo estranho de sua parte, embora ainda não conseguisse entender bem o que era.
— Eu acho. — ele limpou a garganta, tentando mudar de assunto. — Acho que é a primeira vez que entramos em uma conversa mais... fluída.
— Você está certo. — ele sorriu. — É a primeira vez que você não me manda sair ou me deixa falando sozinho.
— Me desculpe se eu sou muito duro às vezes. Tenho tantas coisas na cabeça que às vezes não consigo lidar com todas ao mesmo tempo... aliás... você tem que aceitar que nos conhecemos de uma forma um tanto estranha.
— Sim, sinto muito por isso. Taehyung me explicou que eu poderia ter te assustado.
— Sim, um pouco. — disse ele, com alguma ironia. — Quanto tempo se passou desde que você veio à terra? — perguntou. — Você nem sabia que existe presunto cozido.
— Há muito tempo, na verdade.
— Sua aparência é incrível, você parece alguém da minha idade ou até mais jovem que eu.
— Acho que esse é o benefício de ser imortal.
— Por que você está realmente aqui? — ele perguntou genuinamente intrigado. — Você não decide sair do nada depois de tanto tempo.
— Você não acha injusto eu te contar minhas coisas enquanto você não me conta nada sobre você?
Yoongi suspirou pesadamente, concordando. O Jeon tinha razão.
— Bem, você está certo.
— Então será assim. Quando você estiver pronto para falar, eu também estarei.
Yoongi assentiu silenciosamente mais uma vez. Ele não ia mentir, sabendo quem era Jungkook, era impossível ele não ter perguntas de vez em quando.
Por um momento esqueceu a distância que queria manter do moreno. Ele se dedicou a falar sobre outro assunto e conseguiu se acalmar ainda mais enquanto Luzbel seguia sua conversa.
Embora Yoongi quisesse evitá-lo no início, agora ele não podia fingir ou ignorar o fato de que Jungkook de alguma forma, quanto mais ele falava consigo, mas lhe dava um certo sentimento de confiança ou conforto que Min não sentia com outra pessoa.
Definitivamente havia algo estranho ali.
Após o almoço continuaram trabalhando normalmente até a hora da partida. Como sempre, Yoongi foi quem fechou a loja depois de deixar as luzes apagadas e tudo em seu devido lugar
— Tem certeza que não quer que eu te acompanhe até em casa? — Jeon questionou.
— Estou bem. — Yoongi assentiu, dando-lhe um sorriso muito sutil.
— Bom. Nos vemos amanhã.
Depois que Yoongi se despediu, Jungkook foi até a casa de Taehyung. Não era tão tarde, mas já estava escuro.
Sentia-se muito feliz, não conseguia esconder, pois seu sorriso não se apagava de seu rosto. Ele finalmente encontrou uma maneira de se aproximar de Min sem que ele fugisse. Não foi tão fácil, não foi do jeito que ele esperava, mas ele estava chegando lá aos poucos.
Ele parou na calçada para atravessar a rua. No entanto, ficou um segundo paralisado quando foi capaz de sentir uma espécie de presença perto dele, uma que não era humana.
Seu sorriso finalmente desapareceu e ele se virou em ambas as direções até perceber que à sua esquerda havia um beco. Ele podia sentir aquela presença daquele lugar.
Verificou se ninguém o estava observando antes de entrar no beco e se apressou ainda mais, com um mau pressentimento.
Seu esforço foi em vão, pois pouco antes de chegar à entrada do beco, a única coisa que se ouviu foi um barulho, como se alguém tivesse tropeçado no lixo antes de fugir. E depois disso tudo foi silêncio e escuridão.
Luzbel deu alguns passos à frente, querendo ter certeza de que realmente não havia ninguém. E assim foi.
Aquela presença não era mais sentida. Naquele beco não havia nada além de latas de lixo.
Jungkook franziu a testa, sentindo-se um pouco confuso sobre isso e se perguntou se ele havia imaginado ou algo assim.
Tinha que ser isso. Aquela presença não era de um animal ou de uma pessoa, era de um demônio e ele sabia disso.
Mas os demônios não podiam ir para o mundo dos vivos, ele não permitia isso. Por isso decidiu se apegar à ideia de que sim, muito provavelmente ele havia imaginado. Estar fora do inferno por muito tempo estava começando a deixá-lo paranoico.
⸸⸸
Yoongi conseguiu clarear sua mente um pouco mais na volta para casa. Naquele momento nada lhe importava, só queria tomar um banho, deitar-se e não abrir os olhos até a manhã seguinte, ou se tivesse muita sorte, talvez nunca mais.
Ele pegou as chaves com a intenção de abrir a porta do apartamento, mas ela se abriu antes que ele pudesse tentar.
Yoongi ficou surpreso ao ver Jongin ali.
Encontrá-lo do lado de fora de sua casa o pegou de surpresa. Sentiu uma pressão no peito, sentiu coragem, impotência e nojo ao mesmo tempo.
Ele ainda teve coragem de ir para sua própria casa falar com Namjoon? Yoongi não podia acreditar na falsidade daquele cara.
— Te vejo mais tarde. — ele disse a Namjoon para finalmente sair.
Yoongi o seguiu com os olhos por alguns segundos antes de entrar no apartamento e fechar a porta.
— O que ele estava fazendo aqui?
— Ele veio por causa de um trabalho. — respondeu, ajustando as calças enquanto se olhava no espelho. Ele se virou para Yoongi com um sorriso largo. — Afinal, as coisas podem finalmente melhorar.
— Isso é ótimo. — comentou, sem nenhuma expressão no rosto. — Mas eu não quero que ele venha mais aqui.
Namjoon bufou, virando todo o corpo para o namorado, sentindo-se um tanto indignado.
— É sério? — ele deixou escapar incrédulo. — Estou te contando algo muito importante e a única coisa que te preocupa é que ele não venha?
— Esse cara não me passa um bom pressentimento. — tentou manter a calma.
— Esse cara é quem me ajudou a conseguir um emprego melhor remunerado. Você deveria se sentir grato a ele, pelo menos não vamos mais comer merda depois de pagar as contas. — ele se virou para o espelho. — Além disso, por que você está me dizendo isso do nada? Ele é melhor do que aqueles seus amigos que sempre se metem onde não são chamados.
Yoongi não disse nada, embora para ser honesto naquele momento ele gostou da ideia de deixar escapar na cara dele que não era porque Jongin era um bom amigo que tinha conseguido um emprego melhor, era porque ele fez sexo com ele em troca. Se havia alguém a quem agradecer, era ele. Mas claro, eu não ia dizer isso em voz alta.
Min não queria discutir mais, na verdade nenhum dos dois parecia querer dizer mais nada. No entanto, Yoongi quebrou o silêncio tenso quando seu namorado estava prestes a abrir a porta da frente para sair para o trabalho.
— Nam. — o referido virou-se para ele, sem tirar a mão da maçaneta. — Você me ama?
— O que? — ele franziu a testa ligeiramente.
— Você me ama? — repetiu.
— Você vai começar essa porcaria de novo? — ele deixou escapar, irritado e cansado.
— Só me responda.
Ele queria ouvir, realmente queria que ele dissesse que o amava. Queria ter certeza de que não havia feito o que fez por nada. Queria saber se pelo menos tinha valido a pena ter dormido com um homem que ele não queria nem um pouco só para o namorado conseguir um emprego melhor.
— Eu sempre digo a você — ele se defendeu mal-humorado.
— Não. Você só me diz quando fazemos sexo depois de uma briga. Eu quero que você me diga agora. — ele insistiu. — Diga-me a verdade, você me ama?
O pequeno cômodo mergulhou num grande silêncio que se prolongava cada vez mais. Yoongi olhou em seus olhos, desejando, ou melhor, implorando para que ele dissesse aquilo.
— Não tenho tempo para isto.
O olhar do menor praticamente perdeu todo o brilho quando o namorado abriu a porta e, sem dizer mais nada, saiu do local.
Os demônios em sua cabeça que ironicamente desapareceram graças a Jungkook reapareceram.
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