-- Capítulo 9: Natureza Implacável --
Um galho despenca do nada sobre o solo, com o barulho, Tobias, o irmão de Rogerinho, acorda assustado. Ao olhar para os lados, esse rapaz visualiza todos os seus quatros companheiros adormecidos. Após ficar atordoado por alguns segundos com o ambiente, ele corre para despertar seu irmão. O aspecto de algumas árvores próximas indica que elas haviam amortecido a queda dessas pessoas.
— Ai... Estou acabado. — diz Rogerinho, ainda não ciente da situação. Depois disso, Tobias vai em carreira acordar Sayru, o mudo, que está estirado em uma postura desconfortável.
— Ei! Ei! Levanta! — fala o indivíduo enquanto balança o corpo de seu aliado. Com o barulho, o ruivo dá indícios da saída de seu estado sonolento.
— Que droga é essa!? — grita o baixo homem ao olhar melhor para as redondezas.
Após alguns minutos, todos os cinco estão acordados e debatem fervorosamente sobre a situação atual. A névoa suspeita da floresta vai se movendo sobre seus pés.
— Isso não está funcionando. — diz Tobias, depois de se sentar. — Nada faz sentido aqui, aqueles loucos nunca nos disseram algo sobre irmos para uma "floresta", ou algo assim! Bando de desgraçados! Acabou que eles usaram todos nós como ratos descartáveis nesse último teste... Só pode ter sido isso.
— O que faremos agora? — pergunta o homem que é um pouco gordo.
— Bem, infelizmente só nos resta sair dessa floresta estranha. Estamos por nossa própria conta.
Todos concordam com essa última fala de Tobias, em seguida eles voltam a conversar sobre como vão conseguir ir embora deste lugar. Depois de alguns minutos, Rogerinho acaba subindo em uma árvore. Lá em cima ele tem o vislumbre da vegetação grossa que cobre até aonde a vista bate e, também, uma forte impressão do céu repleto de trevas.
— Caramba! Esse lugar é muito sinistro! — diz o baixo homem enquanto desce pelo tronco dessa árvore. — A névoa está muito forte para a direita, pelos os outros lados também não pude enxergar muito longe, e o céu... prefiro não comentar. — Sayru começa a se comunicar pelos sinais.
— O que ele disse? — interroga o homem que tem cabelos encaracolados.
— Que parece ser mais seguro ir para a direção com menos névoa. Eu pessoalmente estava pensando o mesmo. — responde Tobias.
O grupo aceita a proposta, com isso, Rogerinho aponta para a direção com menos neblina e, com essa decisão, as cobaias se vão para lá. Um tempo considerável passa.
As cores das folhas das árvore se tornam mais excêntricas, flores bastantes distintas se espalham para todos os lados e, os arbustos, têm aparências mais semelhantes a de plantas tropicais. O grupo se movimenta com o receio de perigos desconhecidos. De vez em quando, barulhos estranhos ecoam até ali de outras partes da mata. Na frente do pessoal está Tobias, liderando o time com coragem, ou ao menos é assim que ele tenta fazer parecer.
"Espero sair daqui logo, estou sem cueca reserva para caso algo me assuste. Vamos... isso não é hora de fazer uma piada..." pensa o líder, ele começa a se lembrar da imagem ofuscada de uma jovem mulher. "Preciso voltar logo. Minha garota está me esperando."
Dos outros quatros, apenas Sayru tem uma determinação equivalente a de Tobias. Na cabeça do mudo, também está bem clara a sua vontade de rever as crianças que ele cuida.
— Caramba! Olhem isso! — fala o homem gordo.
Os outros membros ao olharem para ele percebem que o mesmo se referia a uma flor com uma mistura exótica de cores. Ali perto, algumas vinhas ocultas atrás das árvores começam a deslizar discretamente pela terra. O homem admirado pela flor se abaixa para a olhar melhor.
— Toma cuidado com isso. Não conhecemos essa planta. — alerta Tobias. Nesse momento o homem solta um leve riso e começa a aproximar seu dedo indicador da planta bem devagar. Todos ficam tensos com isso. As cores da flor continuam cintilando em um tom suspeito, e então, ele finalmente a toca, mas nada acontece.
— Peguei vocês. Na verdade eu conheço essa espécie por causa de um livro. É inofensiva. — diz. Suor escorre de alguns rostos pelo local junto de uma expiração em uníssono de alívio.
— Sério, não faça mais isso. — pede Tobias.
— Sim, não vou. Em todo caso, sou bem sortudo, esta aqui vale uma nota pre- — o indivíduo é interrompido pela sua morte. Antes que ele pudesse reagir, uma planta carnívora enorme, que estava oculta entre as árvores e arbustos ali, o engole com uma boca repleta de espinhos robustos. Só um pouco de suas pernas ficam para fora desse ser. Logo sangue começa a deslizar para o exterior dela a partir desses membros. Por terem presenciado isso, todos os quatro membros restantes esboçam verdadeiras expressões de pavor.
— O-O quê?! — interroga Tobias, ainda não entendendo direito o que aconteceu. A planta carnívora começa a balançar várias vinhas ligadas ao seu corpo para todos os lados, como se tentasse encontrar outra vítima. "Ele... O Deit... realmente morreu? Isso... é um sonho?" pensa imobilizado, até que umas das vinhas passa raspando por seu rosto, deixando um corte superficial em sua bochecha. Após essa surpresa ele desperta. Tobias se vira e dispara em corrida. — SE MEXAM SEUS IDIOTAS!!! OU QUEREM MORRER?!! — grita furioso enquanto em carreira. Com mais nenhuma escolha, os outros o seguem sem mais hesitações.
Durante a fuga do grupo, variados outros tipos de plantas suspeitas começam a se mexer. Um pavor começa a ser tingido no semblante dos homens. Tobias, ao mesmo tempo que ofegante, vai empurrando os galhos e arbustos que estão em seu caminho. A iluminação no limite de sua visão vai aumentando, o que o dá a impressão de à frente ter uma saída daquela zona ou, algo assim. Porém, ao perceber algo, subitamente ele cessa seu movimento. Seus sapatos se arrastam no solo, quando param, refletem algumas pedras para o abismo em quase desabou.
— PAREM!!! — vocifera Tobias.
Seu irmão e o ruivo acatam, mas o homem restante não. Desesperado, essa pessoa não nota a fenda, devido a isso, ele acaba caindo para o seu interior. Mas a queda não foi de quase nada, antes que o homem pudesse despencar muito, Tobias segurou sua perna. Com muito esforço e a ajuda dos outros dois, eles conseguem puxar o homem de volta para cima. Apesar de terem evitado o pior, não houve muito tempo para repouso, barulhos bizarros começam a soar do caminho em que vieram, sem perder tempo, todos se vão dali.
Nas paredes que moldam esse abismo, em algumas rochas quebradas existe uma pena presa. Não era a primeira vez que algo tenso havia acontecido nesse lugar.
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Muitos minutos se passam, a neblina em vez de diminuir, na verdade está ficando mais espessa e repulsiva. O homem a parte do trio acaba esbarrando seu braço em alguns espinhos, depois de um grito de dor, os outros vão checar sua situação.
— Isso não é bom, essa planta pode ser venenosa. — considera Tobias.
— Droga, isso é nojento, mas é o jeito. — fala Rogerinho. Ele informa algo para o ferido, apesar do repúdio dele sobre o assunto, ele acaba o fazendo. A vítima começa a chupar sua própria ferida, em seguida cospe o sangue que talvez esteja contaminado.
— Vocês estão ouvindo esse barulho? — O ruivo e os outros negam, mas quando dão seus passos seguintes, vai ficando mais claro o som de água corrente, uma bem forte.
A equipe agora tem uma vista deste perigoso rio, um com uma neblina que cobre quase toda a superfície da água.
— Isso não parece nada bom. Tem ao menos algum jeito de passar por aqui? — pergunta Rogerinho. Os mesmos barulhos animalescos de antes voltam a surgir para os ouvidos do grupo, o que deixa todos tensos. Eles vão olhando com empenho para todos o lados em busca de uma boa rota. — Talvez seja melhor seguirmos a borda do rio para o norte!
Tobias ia responder algo, só que nesse instante o som de uma forte pisada toma a atenção de todos. Sayru aponta para algo a vários metros do grupo.
Ao se aproximarem do que o ruivo indica, os indivíduos notam que o tronco de uma árvore, bastante robusto e largo, está caído sobre as águas do rio, mais especificamente, pelas bordas, formando assim uma ponte. Sua imagem não é totalmente visível por causa da neblina. Os barulhos estranhos voltam a incomodar o time.
— Isso serve! Vamos logo! — clama o homem de cabelos encaracolados. Sem perder tempo, ele sobe na madeira e começa a se mover com cautela para a frente. Após se olharem, os outros fazem o mesmo.
Os segundos vão passando, Tobias mantém uma expressão profunda enquanto segue em frente.
"Eu não sei se consigo acreditar que isso tudo seja real, mas esse frio me diz que sim... Maldição, só quero a minha casa... Deit, você tem a minha palavra de que eu não esquecerei da sua morte."
Uma sombra bestial começa a nadar pela água. Os passos do grupo vão soando pelo ambiente, fora isso, um silêncio aterrador vai tomando tudo. O homem à parte do trio agora parece pálido e fraco, a sua ferida oriunda dos espinhos brilha em um tom roxo.
— Gei, você tá bem? (...) Gei...? — pergunta Tobias. Os outros indivíduos parecem estranhar algo ao olharem o líquido aos seus arredores, que parece mais escuro do que antes. — GEI!!!
Nesse instante essa pessoa pisa em falso, não devido ao berro, mas pela sua fraqueza. Seu corpo despenca sem reação para a água.
— O QUÊ!!? — Tobias corre para próximo do espaço em que houve a queda, só que é em vão. O líquido por ali repentinamente explode, um barulho bizarro de ossos quebrando soa.
Gei havia sido pego pela fera oculta nessas águas. Vermelho se espalha pela sua superfície.
Todos ficam com uma expressão bastante abalada ao presenciar a cena e, para piorar, com o tempo vão surgindo novas sombras distintas na água, atraídas pelo sangue. Os sons vão piorando até que uma briga se desenrola entre os monstros. O tronco começa a balançar, ameaçando virar, porém, os indivíduos conseguem de alguma forma ainda se equilibrar, sem mais opções, eles decidem disparar em carreira pela passagem. Um verdadeiro tudo ou nada.
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Uma memória começa a passar:
— Ei, amor. — fala uma bela mulher de cabelos negros. Próximo, nesse quarto, está Tobias, se vestindo para sair.
— Qual o problema, querida?
— Talvez não seja melhor você largar esse emprego? Quase sempre vejo novas feridas em seu corpo e-
— Relaxe. Estou bem. — interrompe Tobias. — E sempre me manterei bem, afinal eu não posso morrer, tenho uma família para cuidar. Aguarde tranquila, seu homem de ouro logo estará de volta. Como sempre foi. — finaliza ao mesmo tempo que sai da porta ainda pondo sua gravata. Um sorriso determinado fica marcado em seu rosto.
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Em contraparte da situação de sua lembrança, agora a expressão de Tobias está nervosa, com medo do pior, infelizmente, seus receios parecem certos. Uma das criaturas se choca com brutalidade sobre o tronco, o que consequente faz o rapaz perder o equilíbrio e então despencar para a água. Seu cabelo flutua pelo movimento enquanto fecha os olhos em frustração.
"Desculpe, que-" uma mão segura firme seu braço, interrompendo o que seria seu último pensamento. Sayru puxa seu amigo de volta para o tronco.
Sem perder tempo com agradecimentos, eles se vão dali na maior velocidade possível.
Após outra pancada, o tronco perde seu firme apoio nos dois extremos do rio e acaba sendo levado pela correnteza. Do outro lado do rio estão os três rapazes em "segurança". Eles estão bastante cansados e abatidos com tudo o que ocorreu.
— Até o Gei! Maldita floresta!! — rosna Tobias ao bater seu punho em uma árvore.
— Sayru, valeu por salvar meu irmão. Se não fosse por você, ele agora estaria...
O ruivo responde apenas fazendo um sinal de "legal" com sua mão. Antes que eles pudessem conversar mais, um projétil é arremessado próximo deles, após bater no chão e rodar um pouco, ele para. É uma cabeça horrenda com traços répteis, provavelmente arrancada por uma força estrondosa de "algo" dessas águas. Por terem presenciado isso, eles fogem rápido deste local.
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Horas se passam. "Por quantos perigos esse grupo passou?" É difícil de estimar. mesmo com tudo o que aconteceu, eles ainda correm com todas as suas energias para longe das criaturas bizarras que os perseguem neste instante. Suas roupas estão rasgadas, sujeiras estão espalhadas por seus corpos e seus ferimentos superficiais os incomodam. A situação nunca parece melhorar, na verdade, apenas o contrário. Uma descida surge no caminho, após um rugido de Rogerinho, eles se jogam nela, desse jeito, deslizando bem rápido para baixo. Ao chegarem em solo firme, eles retomam suas carreiras.
A neblina começa a ficar diluída, a luz do pôr do sol se espalha mais radiante pelos seus corpos. Essa parte da mata parece diferente do resto, nem o céu corresponde ao padrão da floresta, pois não há sequer uma das nuvens negras. Os monstros param bruscamente ao chegarem próximo da transição entre os dois ambientes, mesmo assim, os indivíduos não param de correr.
À medida que se aprofundam nesse novo lugar, o grupo começa a escutar os passos de outras pessoas em corrida. Até que os dois times ficam de cara a cara um para o outro. Logo à frente dos rapazes está o grupo de Polaris, o espadachim, que mantém uma expressão de angústia ao mesmo tempo em que segura em seus braços o corpo de Ririn. O homem robusto não está mais com eles.
"Tem outras pessoas nessa floresta?!" pensa Rol Bost, atordoado.
E antes que aqueles indivíduos pudessem interagir, uma voz conhecida soa de cima:
— Novatos...? Interessante!
Ao lado do centro entre esses dois grupos, existe uma grande árvore com uma coloração semelhante ao Ipê-Branco. O vento balança uma manga pela falta de um braço equivalente a sua posição, folhas claras flutuam pelo ar. Em cima de um dos galhos está o anão, Vasto Krol, com um sorriso animado em seu rosto:
— Consigo até imaginar todas as merdas que devem ter acontecido até chegarem aqui... Mas fiquem tranquilos, ou se desesperem, pois a partir daqui, eu estarei ensinando todos vocês a sobreviverem nesta terra! Tch! Sejam bem vindos a droga da Zona Neutra!! Ha ha ha!!
[Fim do 1° Arco: A Chegada dos Azarados]
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