-- Capítulo 4: Verdadeira Floresta --
A frequência de grama no solo rochoso vai aumentando cada vez mais, a paisagem da floresta já está gigante pela aproximação da carroça. Sua vasta variedade de altas árvores geram um ar imponente, muitas delas têm folhas de cores escuras ou claras. A frente dessa mata se espalha por um monte, o que faz com que nenhuma parede no horizonte se iguale nem em parte a altura de suas plantas. A posição do sol indica que o tempo está perto do meio dia. Os transportes param, o grupo todo desce para se reunir e conversar.
— Escutem bem, principalmente vocês três que não têm muita experiência em combate ou em explorar um ambiente hostil. — fala Polaris ao mesmo tempo em que abre um mapa da floresta na plataforma da carroça. — Essa é a arte que a Ririn, que é a nossa alquimista, fez. — a moça faz um sinal de "legal" para todos com as duas mãos.
O homem robusto do grupo se aproxima com alguns passos do espadachim.
— Como sempre os desenhos dela são incríveis. — comenta para o grupo. Polaris dá algumas tossidas para conseguir a atenção de volta.
— Ela fez esse desenho com base nos mapas feitos de outros aventureiros que voltaram dessa floresta. Observando os que conseguirmos ter acesso, fica claro de que a flora desse lugar tem mudanças frequente em seu ambiente.
— Um verdadeiro labirinto... — diz Babuíno.
— Sim, se vacilarmos em nossa exploração é bem provável que a gente tenha que passar um tempo a mais lá dentro. Podemos negociar um bônus no pagamento se isso acontecer?
— Não mesmo! — responde Bassara. Todos ali começam a rir, incluindo o próprio espadachim.
— Se aceitassem, é certeza de que essa "raposa" iria fazer todos nós se perdemos no interior da mata. — fala o cara robusto.
— Ei! Eu nunca faria isso! Não existe ninguém mais confiável nesse mundo do que eu. E não sou uma "raposa"! Sou um "lobo"! Todos somos! — apesar do sorriso estampado, o robusto confirma isso com a cabeça.
— Continuando... Podem ficar tranquilos, apesar da floresta mudar a sua forma constantemente com os anos, existem certo padrões que não mudaram em nada. Um deles é o campo de ervas. Esse lugar fica sempre ao oeste da floresta, que por coincidência é próximo da rota que vamos usar. — o grupo fica pensativo com essa última informação.
— Entendido. Polaris, o que sabemos sobre os monstros? — pergunta Rol Bost. Todos ficam sérios ao ouvirem essas palavras.
— (...) Acho que chegou a hora de informá-los melhor sobre isso. Como devem imaginar, eles são perigosos. A grande maioria é classificada como "Patamar C", mas, também temos confirmações de alguns "C+" e até de raros "B" e "B+". Nestes dois últimos temos uma chance considerável de termos baixas, com isso em mente, devemos evitá-los com todas nossas forças. — Polaris dá uma boa expirada antes de prosseguir. — Os perigos não acabam aqui. A floresta também contém algumas pragas e doenças que podem ser perigosas para nós. Fora também as plantas carnívoras e venenosas que precisamos passar longe.
O espadachim se senta na superfície da carroça e encara todos, se preparando para dizer algo notável. Repentinamente a forma do ar não tão distante da floresta dá uma estranha "falha" em sua luz, em seguida surgem do nada acima do grupo alguns pássaros semelhantes a urutaus que se movem gritando histericamente. Nesse mesmo instante, os Uivos de Lobos entraram em uma postura de batalha. Com a pressão de suas intenções assassinas, os pássaros ficam atordoados e após se dividirem, eles se vão de vez deste lugar. Polaris, com um olhar profundo, tinha sacado sua longa espada em um único segundo, o robusto, suas duas clavas metálicas, a alquimista, uma espada curta e um escudo e, os outros três membros, fizeram o mesmo. A única exceção foi Rol Bost e os aldeões.
— Acabamos assediando algumas pobres aves... Se assustando por qualquer coisa, assim nem parecemos profissionais. — fala Polaris.
— Isso foi estranho... eles literalmente apareceram do nada. — comenta o robusto.
— Ei, não piore nossa impressão para os clientes.
— Ué, você mesmo já piorou. — responde a alquimista que conseguiu ouvir por estar próxima.
— Em todo caso, peço desculpas por nossos exageros. — fala Polaris diretamente para os homens baixos.
— Tudo bem. Me sinto mais seguro com pessoas que se atentem a qualquer coisa do que com palermas "surdos e cegos". — explica Babuíno.
— Obrigado pela sua paciência... Certo, por causa daqueles sacos de penas eu acabei esquecendo as belas palavras que ia dizer, então serei direto agora. — Polaris finca sua espada no solo. — Temos risco de morte aqui. E eu já tinha avisado isso em parte para o meu grupo ainda na capital, mas, vou repetir agora para todos aqui presentes. Se alguém quiser ir embora, ou esperar aqui, ninguém vai reclamar. Apenas seu pagamento será reduzido do valor total me entregue após a missão. Só que é aquilo, a vida vale muito mais que toda essa grana. Se tem medo de morrer, não vá.
Todos ficam em silêncio, alguns esboçam sorrisos simples, como se aquela conversa já fosse algo comum para eles.
— Certo, aceitarei o silêncio geral como suas decisões. Agora como o planejado, vamos passar o restante do dia observando a borda da flora. E como sabem, esse é um procedimento recomendado para quando se vem aqui, isso ajuda a identificar os primeiros indícios de perigos e a melhor rota a se tomar pela entrada da floresta.
O espadachim entrega binóculos para dois membros, após isso ele e outros vão montando um acampamento simples pelo lugar. As horas vão passando, a noite cai. Fora os homens baixos, o grupo de aventureiros vai revezando os horários de vigia. Uma pequena fogueira espanta a escuridão do lugar enquanto todos comem alguma coisa. Não podia ter sido feita uma maior, afinal, a luz poderia entregar a posição deles. O tempo continua correndo. Alguns vão dormir e, obviamente, existe um sistema de troca de turnos para manter a segurança no local durantes essas horas. Quando o sol começa a surgir, todo os indivíduos estão preparado para agir. Os homens baixos aceitaram carregar em suas costas grandes mochilas com recursos úteis para o time, apesar do tamanho das bolsas, o peso delas não é nada para eles.
— Antes de ir, vamos fazer o levantamento geral do que observamos sobre a floresta. — Polaris com suas duas palmas abertas indica a alquimista pra isso.
— Nada. — responde a jovem com uma expressão impassível.
— Hehe... Como podem ver, temos um problema aqui.
— Sendo mais informativo, na verdade não notamos nada de anormal na flora em si. As plantas externas são todas bem conhecidas e nadas perigosas. — diz o robusto. — Porém, certamente tem algo de errado naquele lugar. Não com a floresta em si, mas com o contorno dela. Todos que a olharam por um tempo devem ter notado algumas imperfeições em sua imagem, esses erros apareciam e desapareciam rapidamente. Nas informações que estudamos sobre esse lugar, não tinha nada que falasse sobre algo do gênero.
"Isso não me soa bem... Talvez eu devesse pedir para ficar aqui fora mesmo." pensa o rapaz moreno. — Chefe Po- — Rol Bost é interrompido de forma não intencional pelo próprio Polaris, que o puxa com o braço em volta de seu pescoço.
— Relaxem, relaxem. São essas coisas que deixam esses tipos de missões mais interessantes! — fala o espadachim.
E assim todos partem a pé, com exceção de um dos membros que decidiu ficar durante a noite. É necessário que alguém tomasse essa posição para que não houvesse o risco das carroças serem roubadas ou algo do gênero. Essa pessoa se acomoda em um dos carros e acaba dormindo.
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A neblina está densa, o ambiente está bastante escuro. O barulho de algo sendo arrastado pela terra é constante. Uma silhueta humanoide, magrela e alta, puxa algo que se assemelha com um corpo humano. Uma estranha aura negra cobre esse ser, não permitindo que ele possa ser identificado de forma nítida. Do lado dele existem outras duas criaturas, estas carregam os defuntos em suas costas. Suas formas são distintamente monstruosas e diferentes do magrelo. Eles são ocultados apenas pelas sombras naturais desse espaço. Depois de algum tempo, os seres finalmente chegam no destino, uma área em que o relevo é bem mais alto e que a neblina é liberada em uma quantidade tremenda. O centro desse local passa uma sensação horrível, um repúdio insondável.
A floresta atualmente é algo muito mais detestável do que qualquer lenda poderia ter descrito em suas histórias sobre ela.
Um barulho agudo e inconstante começa a tocar bem alto, o que faz com que cada um dos monstros se contorça pela dor. E por conta disso, um deles deixa os corpos que carrega escorregar para o solo, depois essa mesma criatura se vai dali apressada. O som acaba, com isso os outros, após um curto tempo, voltam a seguir em frente com suas cargas enquanto a neblina os engolem. Bem alto no céu, até mesmo acima das trevas agora existentes da mata, um grande pássaro vai passando pelo lugar. Apenas por pouco tempo. Subitamente um projétil em uma velocidade absurda o estoura, em sequência, seus restos mortais mal haviam começado a cair e até eles são acertados várias vezes por esses balaços. Esses projéteis alcançaram uma velocidade absurda, o que tornou uma possível análise deles praticamente impossível.
Com o tempo, a escuridão da floresta engole os farelos do que sobrou do animal.
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O grupo de aventureiros seguem sua viagem a pé. O time está bem organizado, todos estão bem atentos para qualquer coisa que aconteça, ou ao menos é o que acham. A composição do time está bem arrumada, Polaris e o robusto se posicionam na linha de frente, nas pontas da fileira dos homens baixos e Rol Bost está a alquimista, no outro extremo se encontra mais um membro dos Uivos de Lobos. A visão da floresta há frente segue a mesma de antes, uma paisagem densa e imponente, apesar disso, não existe nenhum aspecto hostil como as trevas por lá.
— Já tava esquecendo! Ei, Ririn! Nos entregue aqueles coquetéis que você preparou. — diz Polaris. "Na verdade ela que tinha que ter lembrado disso por ser a alquimista do grupo..."
— Ah, verdade. — a moça mexe em sua bolsa até encontrar o que deseja. Ela entrega pequenos copos com porções de um líquido vermelho para todos.
— Podem tomar sem medo, talvez apenas com um certo receio pelo gosto, mas garanto que é seguro... Eu acho.
— Polaris, você não passou muita confiança desse jeito... — observa Rol Bost.
— Bingo, a intenção era essa! Fiquem tranquilos, essa medicina em suas mãos vão os proteger de doenças costumeiras desse lugar e de certos venenos. Resumindo: vocês vão ficar mais cascas grossas.
Ao ouvirem isso, todos tomam o líquido em um momento de unanimidade, depois o grupo inteiro faz barulhos de repúdio ao gosto. Durante isso, a alquimista vai andando tranquila na frente do time, até que subitamente ela some por inteiro. Todos ficam surpresos de forma imediata ao presenciarem a cena. Sem hesitar, os aventureiros sacam de novo suas armas para reagir contra qualquer ameaça que apareça dessa situação estranha. Entretanto, nada anormal em volta pode ser notado, a moça apenas sumiu e isso foi tudo. Simplesmente não havia indício de mais nada. Após alguns segundos, um grito feminino soa alto pelo lugar.
— Ririn!! — berra Polaris em resposta. O grupo corre na direção em que ela sumiu, devido a esse ato, eles passam inesperadamente por uma parede invisível que está por ali. Um muro de luz é o que oculta todo o mal "daquele lugar". A frente deles, Ririn está caída ao chão, assustada pela sua vista ter mudado tão subitamente para algo tão sombrio e amedrontador.
Lá estão elas, a repulsiva neblina próxima do solo e as malditas trevas no céu. A floresta mostra sua verdadeira face para aquelas pessoas, em troca, o grupo só pode a observar boquiaberto. As árvores estão bem mais robustas e escuras, barulhos estranhos oriundos de seres desconhecidos às vezes soam do interior da flora até eles.
— O que diabos é isso!? — indaga o espadachim. O robusto ajuda a alquimista a se levantar, ainda nervosa ela vai respirando profundamente em busca de calma.
— Em todos esses anos de trabalho, eu nunca tinha visto algo que parecia tão ruim como isso... — comenta o parrudo. — O que é isso?! Ou melhor... O que está acontecendo aqui?!
— Acho melhor irmos embora... não sei se ficaremos bem lá dentro... Só em reportar isso para a guilda já devemos ganhar alguma recompensa. — propõe Ririn.
— Não é assim que funciona. Quem decide se eu volto ou não são meus patrões. Vocês podem ir embora, só que, se meus chefes quiserem, eu irei os acompanhar em sua viagem, mesmo se eles forem para um lugar de puro fogo. Esse é o tamanho do meu empenho em meu trabalho e vocês sabem bem disso. — explica Polaris.
— Isso parece realmente complicado, Polaris. — diz Babuíno. — Como a mulher que precisa ser salva com a medicina não é a minha, então quem vai decidir nosso futuro será meu sobrinho.
— Tch! Fala sério, já estou de saco cheio! Eu não tenho medo dessas trevas, ou de qualquer outra coisa que esteja lá! Pode ser daqui a um mês, uma semana, amanhã, ou até mesmo agora...! Minha mulher vai morrer se eu não achar a cura logo! E isso está lá, só lá! Independente se forem comigo ou não, eu irei!!
— Esse é o veredito. — informa o aldeão mais velho.
— Vocês escutaram. — o espadachim olha para seus companheiros com seriedade.
— Não tem como te abandonarmos aqui. Nós iremos também. — anuncia o robusto. Os outros companheiros confirmam com gestos.
E assim o grupo segue viagem no rumo para aquela escuridão. Certas perguntas são inevitáveis. O que é essa floresta? E que coisa medonha está acontecendo em seu interior?
Talvez seja muito tarde até para descobrir.
Por algumas brechas daquelas nuvens escuras, o sol brilha radiante.
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