-- Capítulo 37: Alma em Chamas II --
De uma perspectiva lateral, Polaris avança em uma velocidade notável, encurtando rápido o espaço até a criatura magrela. O espadachim segura sua arma ao lado da parte baixa do tronco, com a ponta alinhada para trás. Os dois tipos de chamas, a azul e laranja, são deixadas pelo trajeto que faz. O ser dá um passo para a frente e em seguida desfere um instantâneo ataque com a Ordelix, que atravessa o rosto do homem com seu rastro. Polaris recua de imediato com alguns saltos. Ele não havia sido acertado de verdade, porém, havia evitado sua morte por um triz.
"Não me diga..." pensa o espadachim ao ter tomado uma distância decente de seu inimigo. Com uma expressão de estranheza ele observa o monstro, esse que ainda mantém uma pose pós golpe. Apenas após alguns segundos ele volta a sua postura normal.
A criatura se regenera rápido, não demora muito para todo o dano que tomou de Polaris desaparecer. A Ordelix começa a ser balançada, o monstro desfere um forte ataque lateral pelo ar, depois de um instante, uma poderosa ventania é repelida a partir de onde está a arma. O solo racha e bastante poeira também é empurrada para longe. Com sua expressão nebulosa, já com o olho de luz fechado, ele encara os detalhes de sua postura pós golpe. A criatura arrasta seu pé para a frente, dessa forma, criando um potencial de projeção de ataque superior. É algo simples, muito simples, porém, apenas para humanos, por isso esse momento é tão bizarro. Uma forte impressão maligna é emitida do ser. É como um pesadelo. Uma besta irracional está entendendo como se usa uma espada, como se usa... a melhor espada. O monstro golpeia o ar de novo, dessa vez causando um efeito mais destrutivo ao seu redor. Em sequência, outros balanços são executados.
"Ele está treinando! Esse desgraçado está treinando...!" Polaris parece embasbacado com a cena, um sorriso nervoso se forma em seu rosto.
"Que maldita situação..." pensa Vasto, ainda caído ao chão, sem forças para levantar. As bordas de sua boca estão sujas de sangue, sua expressão parece exausta. O anão analisa a imponência da criatura a cada ataque que libera contra o ar. "Esse experimento é diferente... Não só por ter dois elementos raros, mas, comparando com todos os outros que lutei e abati... ele é muito humano. Mesmo sendo irracional, essa coisa... sabe como evoluir." Vasto olha para Polaris, esse que ainda não realizou mais nenhuma ação. "Acha que pode dar conta, garoto? Um vacilo e essa aberração com certeza vai te matar."
A criatura para de efetuar seus testes, voltando assim a uma postura totalmente ereta, logo ele se foca no espadachim, ou melhor, sua próxima vítima. Mesmo com toda a impressão maligna atravessando sua alma, o homem começa a gargalhar enquanto sombras escondem seus olhos.
- ISSO!! Eu já estava me corroendo por dentro pela forma patética em que usava a Ordelix!! Seu bastardo, use-a direito!! - a aura de Polaris volta a queimar de forma intensa por volta de seu corpo. Sangue pinga de seu queixo para o solo, apesar disso, faz um tempo que suas feridas pararam de sangrar. O homem se prepara para avançar. "Tenho inveja de você... um dos meus sonhos sempre foi de usar essa espada, mesmo que só uma vez. Maldição, logo o maldito que matou meus amigos é quem tem esse privilégio antes de mim! Desgraçado!"
Polaris dispara em carreira na direção de seu inimigo, de forma semelhante a tentativa anterior. Com uma pisada forte, que racha o solo, ele se impulsiona para a frente. O monstro lança um ataque com uma postura mais adequada do que a de antes. O semblante do espadachim se contorce em ira quando visualiza a arma vindo na direção de sua cabeça, nesse instante, Polaris firma sua perna a frente, pequenas pedras são repelidas, seu quadril gira com o vento e chamas em volta. O homem também libera uma ofensiva.
"'Regeneração extremamente rápida; aura de luz e trevas; força, agilidade, destreza e alcance desumano; usa a Ordelix.' Quanto mais eu penso em tudo o que esse desgraçado tem, mais meu sangue ferve!" a espada do homem está na metade do caminho para seu alvo, sendo esse um objetivo inesperado, um que deveria ser evitado. Nesse momento Polaris procura uma colisão de espadas, e ele a consegue. As duas armas colidem com forte intensidade, causando uma poderosa reação a partir de onde estão. O núcleo das espadas se destacam mesmo no clarão que foi gerado. O homem range os dentes e veias ressaltam por seu rosto pela forte expressão que faz. Com apenas um núcleo de mana, Polaris confronta a lendária arma que porta três desses núcleos. Rochas racham por volta do chão em que estão, partículas viajam enlouquecidas para os lados. Logo o resultado do embate surge, Ordelix, a espada mais forte do continente, sem a mínima distinção, foi lançada para o lado.
"Independente do quão exagerado você seja, isso não muda nada para mim!! Nessa luta, eu apostarei minha vida para te matar!!"
Polaris ganhou na colisão, dessa forma recebendo uma abertura como prêmio. O fundo se torna branco, partículas negras transitam por ele com vigor. O espadachim, com todo seu corpo, projeta um ataque a partir da postura abalada que tinha por causa do embate. Com um rugido, Polaris corta ferozmente a partir de cima para baixo o corpo do monstro, em seguida, sua espada se choca contra o solo, explodindo as pedras ali junto de suas chamas. Seu núcleo de mana brilha forte.
"Maldição..." considera com uma expressão nebulosa para o chão. "...errei."
A criatura flutua no ar por ter pulado para trás, seu sangue negro jorra do grande ferimento que vai de seu ombro direito para próximo da virilha. O homem repara um brilho suspeito no plexo solar do ser magrelo, lá parece haver uma jóia redonda, que normalmente é ocultada pela aura negra do monstro.
"Pelo menos agora eu tenho certeza de 'sua' localização."
O preto escorre para o solo, a criatura mantém seu tronco inclinado para a frente, ainda segurando em uma das mãos a Ordelix. Sua ferida, apesar de profunda, começa a ser curada. O espadachim refaz sua pose para avançar outra vez.
"Não tinha reparado naquele dia..." diz ao se lembrar de uma cena da sua luta antiga contra esse monstro, na qual parte de sua aura no ar ia em direção a ele. "Mas você já manifestava sinais desse seu 'roubo de mana' desde antes, só que nem se compara com a força de sucção que tem agora. Isso me leva a considerar duas coisas", Polaris dispara na busca de seu adversário, "Primeiro: você não sabia usar direito essa habilidade na época, ou... Segundo: Estava pegando leve conosco."
O espadachim lança uma estocada com sua arma longa, causando um corte notável na criatura, essa que evitou um dano mais profundo indo rápido para o lado. Faíscas azuis e laranjas vão para o ar junto do líquido negro. O monstro ataca com a Ordelix, o espadachim esquiva dando um passo para trás e inclinando seu corpo. Polaris golpeia com sua arma, visando o pescoço do adversário, um movimento que é evitado. Outra ofensiva é feita com a Ordelix, o espadachim se retira do caminho da lâmina, em seguida ele desfere outros poderosos cortes sobre o adversário que causam feridas claras. A criatura ajusta sua postura, esquiva de um golpe e começa a lançar poderosos balanços com a Ordelix. Mas, com movimentos ágeis, todos são evitados.
"Se for o 'segundo', como espadachim, isso também me irrita para caramba!!"
A batalha prossegue, a tensão está escancarada no ar. Polaris vai levando cortes preocupantes por seu corpo, só por um momento sangue jorra forte de um ferimento que acaba de levar em seu ombro, tendo sido feito por um golpe da Ordelix que veio de baixo para cima. A trocação de ataques continua, o homem passa a lâmina várias vezes no corpo da criatura, ela parece acabada, mais do que ele, porém, suas feridas se curam em uma velocidade tenebrosa. Às vezes as armas colidem, causando poderosas reações e clarões pelo local. Estrondos soam frequentemente. Mesmo que o ser magrelo se regenere de modo veloz enquanto seus danos são permanentes, Polaris é quem domina a luta. As cicatrizes no peitoral do espadachim cintilam com intensidade.
O homem tenta cortar o plexo solar da criatura, ela desvia e em seguida lança um ataque de cima para baixo com a espada, desse que Polaris esquiva girando seu corpo e, tentando aproveitar a chance, ele tenta cortar as pernas do adversário. Isso é em vão, e também, é o que causa a pior situação possível. O ser magricelo para a arma com uma forte pisada, travando a espada longa e Polaris em uma posição desvantajosa. Pela Ordelix ainda não está recuada para ser usada em outro ataque, o monstro desfere uma ofensiva com seu outro braço, visando perfurar a cara do espadachim com seus dedos. O homem observa tenso o ataque vindo, ele reage rápido, agarrando o braço da criatura que segura a espada enquanto se joga para trás, a fazendo despencar com ele. O ataque do ser passa raspando a cara de Polaris, deixando um corte feio por lá. Aproveitando a falta de equilíbrio do monstro por estar caindo, o homem aproveita e encaixa um forte murro na cara dele, ainda segurando com seu antebraço e bíceps o braço dele que carrega a Ordelix. A cara da criatura se desfigura pela pancada.
No chão, Polaris alivia seu aperto no braço do ser magrelo, em seguida ele aproveita o abalo que seu inimigo sofre pelo soco e tenta tomar distância com um salto. Uma forte impressão assassina é emitida da criatura, avisando o espadachim do que vinha. Após pisar forte, a criatura se joga na direção de Polaris, o que o deixa surpreso. Sem perder a oportunidade, o ser magricelo finca sua mão no peitoral do homem. Sangue jorra, Polaris sofreu um dano sério no seu peito direito. O homem ao pisar no solo gira seu pé e, também rodando o resto de seu corpo, libera um poderoso soco com o braço esquerdo, assim atingindo com grande impacto a cara da criatura. Pelo movimento do ataque, ele aproveitou para tirar os dedos que atravessavam sua carne.
Muito sangue se espalha pelo ar, o espadachim deu outro salto para trás, buscando tomar o máximo de distância possível de seu inimigo. Polaris parece muito abalado, tanto no físico como no psicológico. Antes de dar outro pulo, o homem cospe bastante sangue enquanto olha para o chão, seus olhos estão sem vida e sua vitalidade não parece existir mais. Quando tentou saltar outra vez, o movimento saiu falho, o fazendo cair de costas de forma brusca pelo solo.
A criatura segura seu rosto com a mão que pinga em vermelho por o ter perfurado mais cedo. Suas feridas se fecham rápido, por outro lado, Polaris segue caído no chão em um estado lastimável, sem sua espada com o núcleo de mana para rebater a Ordelix ou o fortalecer com sua aura. Com uma expressão ensanguentada e devastada, o espadachim olha para a profunda escuridão no céu, uma que engoliu tudo. Em meio a todo aquele negro, uma pequena estrela parece brilhar, mesmo que o faça sozinha por todos os seus companheiros terem sidos apagados pelas trevas no céu. Porém, o fardo de brilhar sozinha em uma vastidão de trevas é demais para ela.
A pequena estrela desaparece no negro.
As batidas do coração de Polaris caem drasticamente por sua aura de chamas não está mais acesa, a escuridão toma o local. Vasto soca o chão em amargura, ranger os dentes manchados de sangue é o único protesto que pode fazer em sua condição. O anão dá uma última olhada na silhueta da Ordelix antes de encarar o solo, essa que brilha levemente mesmo nessas trevas.
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Em alguma cidade, um grande movimento de pessoa acontece neste horário do dia, porém, tudo acontece de forma estranha, como se as pessoas fossem desenhos ofuscados. Polaris, em sua versão mais jovem, parece deslumbrado com toda essa quantidade de pessoas. Ele vive em zonas rurais, então essa capital repleta de comércios é algo completamente surreal ao seus olhos. Alguém cutuca o jovem, o fazendo se virar. Na sua frente estão Ririn e Rioul, ambos também em suas versões mais novas. Eles não parecem estranhos como os outros indivíduos por ali.
- Ah, são vocês. - fala o espadachim. - Agora que terminaram seus estágios, finalmente podemos voltar a formar um grupo, dessa vez, como verdadeiros aventureiros!
Nenhum dos dois o responde, a dupla apenas mantém expressões animadas.
- Ei, falem alguma coisa, faz meses que não nos vemos! - o silêncio prossegue. O movimento de pessoas ofuscadas as vezes bloqueia a imagem dos jovens dessa perspectiva. - Seus estranhos. - diz enquanto faz uma expressão nervosa. - Nem eu faço piadas de tão mal gosto. Em todo caso, que tipo de missão vocês vão querer?! Eu quero algo maneiro, que der depois pra contar uma boa história como as dos Erguidos no Sol!
Ririn e Rioul continuam sem falar nada. Após alguns segundos, a jovem entrega para Polaris um presente. Ele segura a espada que ganhou com surpresa.
- Pra mim?! Caramba... Assim eu fico sem jeito... Valeu Ririn! Cuidarei muito bem dela! - a moça responde sorrindo de forma mais graciosa do que antes. - S-Sério, parem com isso. É muito bizarro vê o Rioul sorrindo por muito tempo. Eu me rendo, vocês já estão me assustando. Hm... Em todo caso, vamos de uma vez para a guilda!
Os dois se viram e começam a caminhar, Polaris esboça uma expressão animada e avança para os acompanhar, entretanto, algumas pessoas que passam por perto começam a esbarrar nele, o fazendo cair de bunda no chão.
- Seus desgraçados! Vocês não olham para a frente?! - Polaris quando olha para a frente outra vez, percebe que seus companheiros haviam tomado alguns metros de distância e que aos poucos eles se misturam na multidão da rua. - Ei! Me esperem!! EI!!!
Mesmo com os gritos constantes, seu dois amigos não param. O contorno do ambiente se torna branco, um que quase engole todas as silhuetas por ali. O jovem vai tentando os alcançar, só que, a multidão segue barrando seus avanços e, mesmo impondo muita força, ele não consegue derrubar nenhum dos que estão em seu caminho.
- RIRIN!!! RIOUL!!! ME ESPEREM, DROGA!!! - berra com uma expressão desesperada e lágrimas nas bordas dos olhos. - NÃO ÍAMOS JUNTOS?!! ENTÃO POR QUE NÃO ME ESPERAM?!!
Ririn e Rioul se viram para olhar para o espadachim.
- Idiota. - começa Rioul. A moça ao lado segue com uma expressão sorridente. - Ainda não é sua hora de nos acompanhar.
- O que está dizendo...?
- Pol, você não é do tipo molenga que foge das coisas "feitas pela metade", certo? Ainda não é o momento de nos reunirmos. Em todo caso, estaremos sempre te aguardando, somos seus amigos afinal de contas.
Rioul se despede levantando a mão enquanto vira seu corpo para seguir seu caminho, Ririn mostra sua língua e em seguida também se foca na rota a frente. Uma forte luz vai engolindo todo o local. Com uma expressão embasbacada, Polaris também é tomado por ela.
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