-- Capítulo 33: O Ressurgir do Ferreiro --
Faíscas se espalham pelo ar, uma grande quantidade de ossos se desfaz em chamas. Polaris sai de sua postura de luta após um suspiro. Algumas feridas superficiais estão espalhadas por seu corpo, aparentemente, a parte mais profunda da caverna tem perigos que nem o prodígio espadachim pôde resolver ileso. Ele apoia seu porrete no ombro. Essa foi a arma que usou até aqui, ainda não tendo sacado sua espada nenhuma vez.
Polaris segue pelo corredor da gruta.
Depois de um tempo caminhando, o espadachim se depara com o fim do corredor a frente, só lhe restando agora uma rota para baixo por um buraco extenso. A luz da tocha não consegue iluminar o final do que parece ser uma grande queda. O homem se agacha para visualizar melhor o orifício, ele analisa a situação, mas, não demora muito pra tomar uma decisão descuidada.
Polaris pula dentro do buraco.
O espadachim desce deslizando a parede com uma de suas mãos e pernas, desta forma, deixando um rastro da sua aura fumegante pelo trajeto. Seu poder fortalece o corpo durante essa descida. logo a escuridão toma o corredor em que ele estava. Após longos segundos, Polaris finalmente alcança o fundo do local. O som de ossos quebrando soa com seu pouso. A luz da tocha vai revelando a aparência desse lugar bizarro, um que ninguém em sã consciência gostaria de visitar. Um cemitério, ou melhor, um "lixão" de ossos medonhos resume esse local. Todo o solo do ambiente é composto de restos mortais e as paredes formam uma espécie de cúpula natural.
"Não esperava por essa... Esse lugar é de matar." pensa. "Se eu não fizesse esse piada ruim, acho que explodiria... Certo. Foco, tenha foco Polaris."
O espadachim começa a caminhar pelos ossos, o que faz com que o brilho de sua tocha consiga iluminar partes do ambiente que não podiam alcançar antes pelo seu portador ter pousado na beirada do local. A cada passo parece que crânios, costelas e outros tipos de ossos, mais grotescos, sejam revelados. Polaris mantém seu alerta no máximo, pronto para reagir contra qualquer ameaça que surja. Com o tempo, finalmente a parte mais singular do local é exposta para o homem. Uma imensa rocha tampa o que parece ser um caminho, sendo essa feita de um material peculiar que brilha em branco ao receber a luz da tocha.
"Interessante... Gostaria de me aprofundar mais na caverna, mas..." Polaris sente uma aura maligna atravessando seu corpo, ela passa por ele como um vapor que o envolve, mostrando para a sua alma o terror do fundo da gruta. "Acho que eu não voltaria ileso."
O espadachim se vira e começa a caminhar na direção do local onde caiu. O fogo da sua tocha balança de uma forma estranha, o que chama a sua atenção. Repentinamente o seu chão explode, ossos são jogados para todos os lados. Polaris pulou antes que fosse pego, ainda no ar ele nota um vulto subindo em uma velocidade absurda. Ao pousar, o espadachim toma uma postura de batalha com seu porrete, mantendo o seu centro de gravidade um pouco mais baixo. Uma leve aura de fogo se espalha pelo corpo do homem. Ruídos estranhos começam a se espalhar pelo alto da sala, uma forte impressão assassina é emitida contra Polaris, entretanto, sua seriedade não é afetada por algo assim.
"Ainda bem que eu explorei sozinho a caverna até aqui." o vulto da criatura segue se movendo em uma velocidade que não é possível de acompanhar com os olhos. Chamas azuis se espalham pelo ar. "Contra essa coisa, certamente algum deles iria morrer." a aura de fogo azul do esqueleto explode a partir de seu corpo, sua aparência é revelada pela luz. A criatura tem um aspecto que lembra os ossos de um grande macaco, talvez, lembre até os de um humano.
O monstro se segura nas paredes pelos seus membros que estão parcialmente enfiados nas rochas. Mesmo com toda essa luz, os "olhos" do esqueleto estão tomados por turbilhões de trevas. Entre suas costelas existe uma estranha pedra fincada, em alguma parte dela é gerado um forte brilho, como o de uma joia. O monstro abre sua mandíbula, como se tentasse gritar na direção do espadachim, o que gerou um forte vento que passa pelo homem. Mesmo com essa pressão, Polaris segue com um semblante inabalável.
O monstro se inclina o máximo que pode para a frente, mais do que no momento que gritou. E então, agiu. As rochas em que estava são destruídas pelo impulso, o esqueleto parece se teletransportar para outra parede de tão rápido que se moveu. A terra expelida de seu primeiro pulo ainda nem havia começado a cair e ele repete o ato mais três vezes. Os olhos de Polaris tentam o acompanhar. Subitamente o esqueleto surge na frente do espadachim, os olhos do homem se ressaltam com a visão repentina. Sangue é jorrado, poeira e pedaços de ossos são repelidos. Apesar de ter o feito com dificuldade, Polaris evitou um ferimento pior se esquivando para o lado, mesmo assim, o dano que levou próximo do ombro parece já ser fatal. Em lentidão está a criatura no ar, o espadachim observa surpreso seu novo ferimento.
"Maldição! Ele cortou minha artéria!!"
Antes que mais de seu sangue jorrasse, Polaris toma uma postura de combate enquanto sua aura de chamas cobre principalmente seu ombro de forma densa. O vermelho para de espirrar, os músculos em volta da parte machucada se contraem. O ferimento, que deveria ser fatal, foi contido. O espadachim pisa forte com uma perna a frente, poeira é levantada.
"Admito! Esse maldito é rápido! Rápido como se não tivesse nada na vida para se preocupar! Hehe..." O esqueleto desaparece com seu salto poderoso. Novamente ele fica pulando pelo alto das paredes. "Na próxima, ou é ele, ou é eu. Vamos resolver isso!"
Polaris segue a criatura com seus olhos, com mais atenção do que antes, pedaços de rochas e terra vão sendo expelidos das paredes. Repentinamente o esqueleto surge na frente do espadachim, mas, dessa vez não seria igual a antes. A coloração do homem se torna agressiva junto de seu rugido. O seu porrete vai sendo levantado com uma força absurda, a velocidade faz sua imagem se tornar algo borrado. Sangue volta a ser expelido para o ar, logo, fragmentos de ossos também. Partículas de chamas azuis e laranjas se misturam, repelidas de direções opostas. Desta perspectiva, o braço e uma parte das costelas da criatura foram devastadas pelo porrete, seu crânio está rachado assim como todos os ossos próximos da área de colisão. De costas para o esqueleto está Polaris, em uma distância considerável com uma postura pós golpe. Sangue esguicha de seu braço, não tanto quanto o imaginado. O tempo volta a correr, devido a sua velocidade e equilíbrio terem sido abalados, o monstro colide contra o solo de ossos, o que causa uma explosão.
Polaris se vira na direção do monstro com uma expressão tranquila, diferente de antes, o dano que sofreu não foi tão grave, tendo sido causado próximo do tendão de seu braço direito, porém, não demorou para sua aura e músculos, que se comprimem pela área afetada, pararem o sangramento.
"Droga, acertei as costelas erradas."
A criatura surge das pilhas de ossos, suas chamas azuis se espalham de forma agressiva. Dessa vez ela não pula para os muros, e sim, direto em Polaris. O espadachim é surpreendido pela ofensiva, seu rosto deixa isso claro. Com um movimento ágil com os pés e inclinando seu corpo para o lado, Polaris desvia, entretanto, não sai ileso, um corte aparece no seu peitoral. O esqueleto no instante em que pousa, se vira e se lança novamente contra seu alvo. A perna do homem é rapidamente arrastada para bem a sua frente, o que gera poeira. O espadachim tenta acertar o monstro, mas, acaba encontrando apenas o ar com seu balanço largo. Um novo corte surge em uma parte de suas costas próximo do ombro esquerdo. Apesar do parcial sucesso, o esqueleto perde o equilíbrio e se choca contra o solo.
Com um denso suspiro, Polaris se vira para seu oponente. O esqueleto levanta, ele não tomou danos dessa vez no embate entre os dois. O espadachim larga seu porrete para o solo e, após tantos eventos, finalmente saca sua espada. Um sorriso confiante se espalha no rosto do homem enquanto ele toma a mesma postura avantajada que andou fazendo a poucos momentos atrás.
Em sincronia, a aura dos dois são liberadas com a mesma intensidade. A criatura pula na direção de Polaris visando sua garganta, o espadachim reage com um ataque que começa rasteiro, que raspa nos ossos do chão e deixa um rastro de poeira pelo trajeto até finalmente, com sua força colossal, fatiar o monstro ao meio antes que sua mão próxima do pescoço do homem tivesse êxito em o matar. Vento e partículas das duas cores circulam forte em volta dos dois. Polaris ganhou o confronto.
Os pedaços da criatura se quebram no ar até finalmente se espalharem com força pelo solo. Nesse tempo de lentidão, Polaris pegou a rocha que estava antes nas costelas da criatura, essa que flutuava por perto. A luz da joia segue cintilando de modo intenso. O espadachim parece satisfeito com a vitória e obtenção do minério brilhante.
Polaris desfaz a sua aura, com isso, a luz da joia também desaparece, uma escuridão total toma o local.
"Ah, é mesmo. A tocha apagou." sua voz soa solitária pela sala.
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Horas se passaram, a noite caiu sobre a Zona Neutra.
Próximo da fogueira, Polaris faz sons de dor enquanto Rol Bost e Rogerinho enrolam grossas ataduras pelas suas feridas. A parte superior de seu tronco foi toda tomada pelas faixas.
— O que raios conseguiu te ferir tanto? — pergunta Vasto, aparentemente surpreso com a condição de Polaris.
— Bem, não foi a coisa mais forte daquela caverna, posso afirmar isso.
— Explique-se.
— Certo, certo. Vamos lá, do começo...
O espadachim vai contando tudo o que presenciou em sua viagem solitária pela caverna. Babuíno e Bassara dormem igual ursos dentro da cabana. Por algum tempo, os acordados discutiram sobre os eventos e mistérios desse dia, mas logo o cansaço fica escancarado em seus semblantes, nem tanto para Polaris, devido a isso, o anão os libera para descansar.
No céu, a lua ilumina essas terras. Vasto a encara pensativo. A Caverna dos Esqueletos se provou um enigma mais profundo que o esperado.
No fundo do subterrâneo, uma luz estranha se propaga em meio às sombras. Ela cintila em um forte tom negro com bordas brancas, o que a separa da cor dessas trevas que a rodeiam. Algumas silhuetas humanoides, levemente iluminadas, se movem pelas sombras.
Os perdidos não sabem, mas, o segredo da existência da Zona Neutra está perto, debaixo de seus pés. Entretanto, se eles teriam capacidade ou tempo para o alcançar, isso é imprevisível.
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No outro dia, um que o sol cobre toda a Floresta Esquecida, ou ao menos tenta, os perdidos estão reunidos na Caverna de Fios. A fornalha arredondada está pronta, parecendo bem mais robusta e imponente que antes. No centro de sua área de uso está uma rocha aberta com a forma de uma circunferência menor, repleta de metais brutos em volta dela. No espaço restante de baixo do engenho, estão espalhados vários pedaços da peculiar madeira que Vasto ordenou a coleta. Fora Polaris, Bassara e Babuíno, que estão sem roupas na parte de cima de seus corpos, os outros esperam do lado de fora. Os três dentro usam máscaras de couro, provavelmente para os ajudar a lidar com a fumaça que fosse gerada.
— Acendam. — fala Vasto.
O espadachim incendeia um pedaço de madeira, em seguida ele o joga dentro da fornalha, mais especificamente, no material altamente inflamável e perigoso. Nesse instante os três perdidos dentro da gruta se cobrem com suas auras. No momento que o graveto em chamas foi arremessado lá dentro, Bassara e Babuíno bloquearam a abertura da fornalha com uma rocha, uma que restringe até a passagem de algo do engenho pela chaminé. Um estrondo ecoa alto. Os aldeões se esforçam para manter a rocha no local que colocaram, Polaris se aproxima para ajudá-los.
— Vocês! Se preparem lá em cima! — diz o anão para os três do lado de fora.
Em cima da caverna, perto da chaminé, Rol Bost, Rogerinho e Sayru aguardam algo. Próximo deles existem algumas pilhas da madeira laranja. Alguns minutos passam.
— Agora! — com o aviso de Vasto, os três homens no interior da gruta puxam a rocha que bloqueia a fornalha até certo ponto para fora. As bordas dessa pedra brilham como lava, faíscas se espalham agressivas pela sua quase total retirada. — VOCÊS DE CIMA!! O QUE ESTÃO ESPERANDO?!! — ao ouvirem apenas o começo do feroz grito, Rogerinho e seu grupo pegam apressados algumas madeiras laranjas e as jogam para dentro da chaminé. Após poucos segundos da confirmação da queda do combustível, os três dentro da caverna empurram a pedra, bloqueando novamente o vazamento da temperatura. Algumas chamas conseguiram escapar pela chaminé, o que assustou o time de Rogerinho ao ponto de Sayru cair de bunda no chão. O tempo que esse ciclo prossegue é indefinido.
Depois de algum tempo, a fornalha é aberta, agora não estando na mesma temperatura absurda de antes, mas, ainda quente de modo perigoso. Com as mãos cobertas com bastante aura e enroladas em couro encharcado, o espadachim pega apressado a rocha com os minérios derretidos em seu interior. Ele corre para fora da caverna com uma expressão cômica devido a temperatura do que carrega. Ao chegar próximo de uma rocha com moldes, o homem despeja o líquido sobre elas. Rogerinho e Rol Bost posicionam em cima dessa pedra uma outra do mesmo tamanho, assim bloqueando o contato do líquido com o exterior.
— Ufa! Por um instante eu achei que nunca mais iria poder segurar uma espada... — comenta Polaris. — Sinceramente, também achei que esse recipiente iria derreter junto com os minérios.
— Hmpf! Isso é Tricalmaram, o ponto de fusão dessa coisa é extremamente alto. — esclarece Vasto. — Sou um profissional entre os profissionais, não erraria de maneira tão boba.
— E-Entendo, desculpe por isso.
Alguns dias se passaram, novamente na Caverna de Fios, as barras de metais criadas vão sendo aquecidas no fogo, elas brilham em uma cor forte, o que indica que já estão no ponto idealizado. Babuíno retira uma delas da fornalha, a leva para o lado de fora da gruta e a coloca em uma rocha. Polaris segura uma das pontas do material, obviamente, com a sua aura por volta da mão, mas, apenas ela, afinal um pano encharcado poderia tirar a temperatura da barra, ou afetar o material de algum modo ruim. O espadachim faz uma careta desconcertante pela sensação de ardência que sente, porém, no nível em que está, algo como isso não poderia o machucar seriamente.
— Hahaha! Aguente firme, afinal, nenhum tipo dos couros que conseguimos presta para te proteger da alta temperatura. — fala Vasto com uma expressão ameaçadora, um sorriso enorme se espalha por seu rosto enquanto ele começa a projetar seu martelo para desferir a primeira pancada. — Esperei tanto tempo para isso! Irei aproveitar cada segundo!!
Com a marretada no metal, as cores do ambiente se tornam como uma pintura. Vasto expressou toda a saudade que sentia de forjar com esse golpe. A expressão de Polaris se contorceu como na arte clássica nomeada como o grito.
Depois de longos meses, o anão pôde forjar algo mais uma vez. Durante essa manhã, os gritos de um homem com as mãos queimadas soaram alto.
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Em outro dia próximo, os perdidos trabalham novamente na fornalha para conseguir mais metal maleável. Agora com uma ferramenta apropriada, Polaris segura uma grande barra. Os músculos do braço do anão ressaltam, e com essa força e vigor ele golpeia com seu martelo. Bastante faísca são expelidas, o espadachim segura com seriedade o metal.
"Não há motivos para me conter. Usarei IN, não é como se eu tivesse muito tempo mesmo." sangue escorre pelo nariz de Vasto. "Tenho que fazer valer a pena!"
O anão sente como se ondas energéticas atravessassem seu ser a cada martelada, uma inspiração inexplicável se espalha por cada fibra de sua existência. As faíscas voam para todos os lados, como uma comemoração pelo retorno de um grande mestre ao trabalho.
Felicidade, isso resume o que ele sente.
Mesmo que seja a última vez que irá martelar, Vasto aproveita como se fosse seu melhor trabalho.
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Durante os dias seguintes, o anão se focou em finalizar as armas e outros tipo de ferramentas da forma mais rápida e eficiente possível antes da Onda. Com uma martelada, um núcleo de mana é balanceado na grande barra de aço, tendo algumas marcas por volta da mesma que lembram algo como "circuitos".
Nesse período em que Vasto esteve ocupado, os Perdidos estiveram treinando o controle de mana e artes marciais com Polaris, esse que parece ter sua aura ficando cada vez mais forte com o passar dos dias. O potencial do espadachim não demonstra limites.
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Numa manhã com uma leve brisa, Polaris treina alguma arte marcial em uma clareira. O espadachim para de se mover ao notar a chegada de alguém. Vasto é quem aparece no local, em suas costas está um grande presente.
— Você... Só pode estar brincando...! — o homem olha abismado para a arma que o anão carrega, ou melhor, a sua arma.
— Tentei ser o mais fiel que pude com a descrição que me deu antigamente da sua espada anterior. Então, creio que não terá problemas com o uso desta.
— Eu nunca... nunca nem sequer segurei uma arma com um núcleo de mana balanceado... — diz enquanto passa a mão pelo metal até onde está a joia incrustada, que é próximo do cabo. — Senhor Vasto, não sou digno... Mas a usarei com o melhor de mim.
— Tá, tá, pare de enrolar. Teste ela.
O espadachim confirma com a cabeça. O vento atravessa o ambiente de forma menos branda. Com o balanço de Polaris, toda a grama em volta parece se mexer por sua causa. A longa espada negra reflete a luz do sol de forma imponente. A joia incrustada brilha, faíscas laranjas e azuis rondam o homem, o dando um ar superior ao costumeiro.
Neste dia, o espadachim alcançou o novo patamar.
"É assim que deve ser..." considera o anão. "Você é a nossa esperança, garoto. Atravesse essa floresta com tudo o que tem. Mostre a ela que não somos insignificantes! Que somos algo além de um simples grupo de sobreviventes...! Argh!"
— Hoho! É incrível! Muito incrível! Eu- — um silêncio toma todo o local, Polaris é surpreendido pela visão que tem do anão. De uma perspectiva atrás de Vasto, a sua silhueta desfocada se move de uma forma estranha para baixo, um pavor vai tomando o semblante do espadachim.
O vento balança os galhos calmamente, algumas folhas velhas que carrega se desfazem no ar.
O tempo da terceira Onda está próximo, uma que será diferente de todas até agora. Estando preparados ou não, os perdidos irão a confrontar.
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