Capítulo IV
GLOSSÁRIO DO LIVRO REINO LAPIDADO:
ADAMANTEM: Lug. Rel. 1. Planeta responsável por guardar toda os Elementos Lapidados do universo. 2. Adamantem também é chamada de Adamas por alguns povos de continentes frios, de Olhyncös. 3. Magnífica e indestrutível.
ANTORDEM: Cul. Rel. 1. Por muitos a palavra “antordem” significa todos àqueles que nascem contra o significado da Ordem Lapidada. 2. Na maior parte brutos e hereges glaudiamanticos. 3. Pessoas que comentem crimes contra a ordem.
ASSEMBLEIA DA ORDEM LAPIDADA: Lug. Rel. 1. Lugar onde a fé diamantense é profetizada. 2. Lugar de cultos e adorações. 3. Onde mestres e Lordes do Conselho da Ordem Lapidada se reúnem para discutir interesses iguais.
ADAMAS: Per. Rl. 1. Deuses de Diamante. 2. Todo deus diamantense carrega o nome Adamas. 3. Junção de todas as coisas sagradas do planeta Adamantem. 4. Todos os elementos lapidados, fonte de magia. 5. Aquele que é indestrutível, indomável.
BRUTO: Exp. Rel. 1. Aquele que nasce sem o poder das pedras. 2. Ser desgraçado e condenado pelos olhos de toda a população diamantica/diamantense. 3. São declarados mortos ou escravos em tempo limitado desde o Nascimento Antordem.
Ref. Nascimento Antordem, condenado.
CAVALEIRO DE VIDRO: Per. 1. Título relativo da Guarda Real Vidrience. 2. Aquele que vence o Torneio de Vidro.
CAADAL: Obj. Rel. 1. Cajado de diamante, pertencente à Adamas. 2. Criado antes da Guerra da Salvação e do chamado Fruto Sagrado. 3. Guarda o corpo potencial de Adamas e aquele que o carrega pode-se considerar um a partir do ponto de conexão. 4. A madeira rara da empunhadura é encontrada nas Ilhas das Sombras, na árvore U’uosá. 5. A empunhadura é feita para deter todo a magia concentrada de Adamas.
DIAMANTENSE: Per. Rel. 1. Divindade superior aos demais seres, alvo de grande devoção e admiração. 2. Símbolo de maior desejo, deus provido de todos os elementos de Adamantem. 3. Título da Ordem Lapidada, desde as primeiras cruzadas. 4. O maior cargo em todo o planeta, dado ao ser lapidado que provém do diamante. 5. Adamas/Adamantense. 6. Criador de toda a Ordem Lapidada, que originou Adamantem e todos os seres lapidados que nela habita. 6. Nome utilizado para expressar muitos diamanticos que pregam a fé diamantense. 7. Nomeia a fé dominante em Adamantem. 9. Muitos utilizam a palavra para expressar tudo que se refere a um diamante.
DIAMANTICO: Exp. Rel. 1. Aquele que prega a fé diamantense. 2. Sa’hamanianos, itilianos. 3. Qualquer um crente na fé diamantica/diamantense e nos deuses de diamante.
DONGÚ: Exp. 1. Expressão utilizada para descrever escravos que servem os reinos da Ordem Lapidada. 2. Kekuens, glaudiamanticos/hereges, às vezes brutos – por pouco tempo. 4. Pessoas que moram em dongos. 5. Espécies inferiores e escravas.
GLAUDIAMÂNTICO: Exp. Rel. 1. Aquele que não pertence à religião diamântica. 2. Hereges. 3. Conspiradores contra a fé de Adamantem e os Deuses Potens. 4. Qualquer ser racional que renega a Ordem Lapidada e suas leis. 5. ímpio ou crente de outra fé.
JAMALOS: Esp. Faun. 1. Homens selvagens que vivem nas montanhas de Golvo. 2. Possuem rostos deformados e às vezes chifres e mais de um braço. 3. Têm os dentes afiados e se alimentam de outros Jamalos em rituais religiosos e também de outros animais comuns. 4. São glaudiamânticos e antordem.
POTEN: Per. Rel. 1. Pronome de tratamento da Ordem Lapidada. 2. De acordo com o livro da fé, qualquer um abaixo do nível sagrado usa-se aos Deuses Diamantenses. 3. Deve ser utilizado quando nos dirigimos diretamente aos deuses da ordem, mostrando cordialidade e respeito com a palavra “Poten”, qualquer pessoa da nobreza e da realeza deve-se usar “Meu Poten”.
PATRULHA DA ORDEM LAPIDADA: Org. Rel. 1. Chamada também de Patrulha Diamântica ou Lapidada – o que é um termo incorreto mas ainda sim, utilizado. 2. Àqueles dedicam sua vida, com voto de fidelidade, honestidade e cordialidade à religião diamântica. 3. Sempre armados, lutam pela segurança e a justiça da Ordem Lapidada. 4. Qualquer um pertencente à patrulha, deve servir garantindo a segurança dos fiéis, de sua terra, lutando contra brutos, glaudiamanticos e antordens em todo o planeta.
PREU: Obj. Pol. 1. Moedas pequenas de bronze, cobre, prata ou ouro pelas quais são efetuadas as transações monetárias de Adamantem.
POTENCIAL MÁGICO: Exp. Rel. 1. Capacidade mágica de um ser vivo ou não. 2. Poder, força. 3. Diamânticos acreditam que a potencialidade mágica está interligada com os deuses diamantenses, onde, esses, guardam a maior carga mágica na estrutura que chamam de corpo mágico, capaz de extrair qualquer coisa de Adamantem.
TURANTI: Esp. Faun. 1. Criaturas grandes de corpulência extravagantemente musculosa, possuem uma pelagem curta e de tonalidade azul acinzentado como o resto de sua pele. Carregam grandes chifres em seu corpo, há também, algumas espécies que possuem mais de dois chifres em sua cabeça, estes que morrem para poderem utilizar como matéria-prima para a construção de armas, ornamentações, pontas de flechas. 2. São completamente crentes na fé lunar e não na fé diamantense. 3. Foram trazidos em caiotas e navios brutos, obrigados a servir Adamas durante o colapso das guerras e após o nascimento do Fruto Sagrado.
Boa leitura!
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Observei os seus movimentos durante a inquietude da tarde. O som áspero do seu arco recurvo e negro contra os galhos dentro de um arvoredo atrás do estábulo quebrava o clima silencioso que havia se formado entre nós dois. Ele atirava uma flecha e seus dedos já estavam apertando a próxima e acertando o mesmo galho enquanto caía e assim se quebrava em várias e várias partes finas até que estivesse completamente no chão. Ethan nem se importou com a minha presença que apenas observava-o com cautela, estudando seus movimentos letais e imprevisíveis, me impressionando cada vez mais com a sua capacidade física. O clima frio e nebuloso me deixava encolhida dentro da grande manta vermelha a qual era muito confortável e assim que eu conseguir voltar para o meu mundo, tentarei encontrar uma igual mas não ao ponto de exigir que mate algum animal para tê-la.
Sinto um pouco a falta de me maquiar, papear pelo celular, porém este clima me transmite uma paz diferente e difícil de encontrar na Terra nos tempos em que eu me encontrava. Aqui existe uma liberdade indescritível perto de Ethan, sei que em outras circunstâncias tudo podia ser muito pior. Mas ao seu lado, fugindo, sinto-me sempre liberta para o que eu quiser. Será que pagamos impostos por aqui? Com certeza deve haver impostos. Mas existe algum lugar para que possamos orar? Falando nisso, preciso agradecer ao criador de tudo pela vida deste homem em minha frente. Sinto que aos poucos estamos nos entendendo, nos moldando, não importa se ele já matou – talvez realmente fosse preciso, quem sou eu para questionar isso ao criador?
Suas atitudes me deixam confusa e ao mesmo tempo admirada. Ainda não consigo saber se devo realmente confiar em Ethan, muitos predadores atraem suas presas para depois degolá-las sem piedade. Será ele esse tipo de predador? Será que eu serei a presa de Ethan Haavik? Isso é perturbador principalmente quando lembro do mundo cruel que nos encontramos e que Ethan é um caçador. Infelizmente preciso confiar nele, não tenho outra escolha. Ninguém até agora mostrou-me ser uma pessoa confiável, apenas ele que afinal, está me ajudando sem pedir nada em troca, o que é completamente nobre. Ethan era um homem nobre, pelo menos aparentava muito ser e não se esforçava para isso. Será que sou apenas um passatempo para ele?
— Está orando? — Ele questionou, se aproximando enquanto guardava algumas flechas na aljava. — Não sabia que era devota.
Observo-o e sorrio.
— Eu costumo orar sempre. — Penso. — Não tenho hora, nem lugar. Apenas estou sempre agradecendo-o por tudo e eu gostaria muito que um dia você compreendesse.
Ele se desviou os olhos azuis que brilhavam como diamantes para algum lugar e suspirou.
— Por que ele a enviaria para Adamantem? — Questionou em tom provocativo.
— Eu ainda não sei… — Abaixei a cabeça por um tempo e depois voltei a observá-lo. — Mas sou grata por você ter aparecido para me salvar. Claro que não foi tão cortês — rolei os olhos, gesticulando e me aproximando do seu corpo em pé — mas enfim, obrigada por cuidar de mim, não deve ser fácil para você ter que fugir e estar com uma estranha de outro mundo. — Apoiei a minha mão nas armaduras de couro negro sobre o seu peitoral devagar, receosa que ele me advertisse.
Mas não se importou, apenas levantou uma sobrancelha e pareceu não querer responder por um tempo, mas logo cedeu.
— Não há pelo que agradecer. — Respondeu. — Sabe… gratidão não é tudo neste mundo e se quiser chegar ao turíbulo viva, vai precisar usar isto…
Ethan tirou de um dos seus cinturões uma adaga menor e mais fina. Sua lâmina era prateada e sua empunhadura era negra como as suas roupas. Era simples, mas bonita e bem afiada. Deslizei o meu dedo por cima da lâmina de prata e observei o meu reflexo natural, imaginando como seria tirar a vida de alguém. Será que para Ethan isso era fácil?
Analisando-o parecia estar acostumado com a morte, acostumado a observar as pessoas morrendo ao seu redor.
— Espero que não esteja pensando que vou enfiar isso em alguém…
— Não. — Observou, sem o menor problema. — Mas você não tem escolha. — Deu de ombros pegando a minha mão que já segurava a adaga, fazendo-a se aproximar do seu corpo com força e também arrumando a posição dos meus dedos. — É uma lâmina de dois gumes, leve e de fácil empunhadura. Tem uma boa proteção e um pomo que vai fazer com que a sua mão não escorregue na hora da luta. — Aproximou mais o seu corpo do meu enquanto ainda segurava a minha mão e fazia-me analisar cada ponto que falara. — Se o homem com qual estiver lutando possuir o mesmo tamanho que o meu, não use a força, seja objetiva. Tente fazer um corte abaixo do abdômen para confundi-lo e interceptá-lo e se conseguir oportunidade corte o seu pescoço — apoiou o fio de corte em sua pele — desta forma — mostrou-me, sério. — Ou use suas pernas para afastá-lo quando se inclinar contra a ferida.
— Ethan, eu…
Ele me interrompeu ainda apertando a minha mão contra si mesmo para exemplificar em seu corpo, mostrando como seria a cena de luta a qual eu chutaria o meu inimigo para fazer com que ele caísse após perfurá-lo.
— Em outras circunstâncias, caso ele golpeie as suas pernas, prenda suas mãos em seu pescoço — ele agarrou os meus braços e colocou uma de suas pernas ao lado da minha, cruzando-a, e fazendo o meu pé sair do chão para me derrubar. Antes que eu caísse Ethan apertou a minha cintura contra o seu corpo inclinado ao meu próximo da grama nevada. Ele segurou a minha mão armada e levou-a até o seu pescoço exposto novamente. — Assim… — Sussurrou apertando a adaga contra a sua pele.
Acenei com a cabeça como se estivesse entendendo tudo, mas não me imagino em nenhuma dessas situações e então engoli seco.
— Contra oponentes de boa corpulência, seja ágil e mais esperta — disse. — Em uma luta, não é o mais forte que vence e sim o mais astuto.
— Está me pedindo para ser traiçoeira? — Questionei enquanto ele me colocava de pé novamente.
— Estou pedindo para que sobreviva. — Respondeu. — Aqui é a sua vida ou a do seu inimigo. Não existem homens ou mulheres, todos são iguais perante a morte.
Arqueei uma sobrancelha por entender. Ele está certo, preciso aprender pelo menos a me defender se quiser sobreviver neste planeta tão hostil.
— Então vamos praticar, cavaleiro Sir Ethan Haavik, vencedor do Torneio de Vidro… — Me afastei fazendo pose de desafiadora.
— Já lhe disse, não sou mais um Cavaleiro de Vidro — Analisou mais uma vez — Certo, vamos lutar. — Ele não se mexeu. Ficou parado apenas esperando a minha reação como se fosse algo completamente previsível.
Então o fiz. Avancei depressa contra o corpo do homem e até mesmo soltei um gritinho de guerra, determinada a vencê-lo sob um sangue fervendo dentro de mim. Já perto o suficiente e com a adaga empunhada na mão direita, cortei o ar várias e várias vezes enquanto ele apenas dava um passo para trás e quando comecei a dar sinais de fadiga, ele apenas estapeou a minha mão e fez a adaga ir parar na sua. Como ele fez isso?!
Tentei acertá-lo com a outra mão e posso sentir as minhas bochechas vermelhas. Ele não precisou fazer esforços, segurou o meu pulso, girou o meu corpo cravando-o contra o seu. Tento evitar, mas ele é muito mais forte e apenas me imobiliza com seus músculos ao meu redor. E então, delicadamente apoiou a adaga em meu coração e pude sentir a sua respiração quando colocou o seu rosto perto do meu pescoço devagar e senti a pontinha do seu nariz.
— Te machuquei? — Ele questionou próximo ao meu ouvido.
— Não… Foi divertido. — Respondi com o corpo todo mole contra o seu, respirando alto e fazendo-o sentir os meus batimentos acelerados com a sua lâmina no meu coração. Comecei a sentir algo estranho em meu corpo conforme Ethan fora tirando a adaga e aproximando os seus lábios do meu pescoço. Ele parecia estar desconcentrado ou apenas me provocando pela forma que começou a apertar minha cintura. Senti o suspiro quente que saiu de sua boca assim que cheirou a minha pele fria. Ethan pareceu gostar do que sentiu e fez de novo, fazendo-me fechar os olhos e suspirar mais, extremamente arrepiada. — Não será fácil me transformar em uma guerreira. — Ri sem graça, saindo de suas garras para tentar descontrair o que estava sentindo em meu corpo e porque ele estava nitidamente se distraindo comigo.
— Nunca comece um ataque precipitado — declarou, suspirando também —, estude o seu inimigo, compreenda-o.
Balancei a cabeça.
— Vamos continuar então. — Comentei, ainda me sentindo corada enquanto observava os seus olhos.
— Certo. — Ele tirou a adaga Haavik do cinturão. — Bloqueie a minha adaga com a sua lâmina. — Se aproximou devagar para que eu tivesse tempo de pensar no que fazer. — Use a mão livre para dar suporte e uma força a mais ao seu pulso… — explicou — assim, está vendo?
Concordei e ele continuou explicando o que eu devia fazer com mais calma. Ao longo de sua aula, fiquei me questionando como ele podia ter uma paciência tão indestrutível. Falava “abaixa”, “bloqueie” “corte” “para trás” “para o lado” e assim sucessivamente. Isso é muito difícil! Noto que se passaram muitas horas de prática e sentia o meu corpo cada vez mais exausto, pedindo um tempo, porém estava satisfeita por ter conseguido aprender alguns golpes decisivos de vida ou morte.
Sempre tive vontade de aprender alguma defesa pessoal mas fui restringida o tempo todo. Talvez minha tia tivesse medo que me machucassem – algo contraditório. Apenas aproveitarei o momento e tentarei aprender cada movimento com o assassino Ethan. Ele está sendo muito gentil e quem diria que ele fosse, não é mesmo? Perto dele eu sinto uma segurança grande e algo a mais que ainda estou descobrindo… É como se nós nos conhecêssemos há um bom tempo, ambos acostumados um com o defeito do outro, fora que ele fica muito atraente quando está sério bancando o professor, me explicando cada detalhe com o seu sotaque forte.
Depois de um tempo que parei para descansar um pouco, ele voltou a atirar contra os galhos da árvore fazendo o mesmo ritual para praticar a sua mira impecável. E num momento pareceu estranho, tensionou a corda e ficou observando a árvore me fazendo pensar sobre o que estivesse imaginando ou lembrando.
Aproveitando seu momento de desconcentração roubei uma flecha de dentro da sua aljava propositalmente e corri rindo, fazendo-o me observar rapidamente. Olho para trás e vejo que ele apontou a flecha contra o meu corpo transeunte e atirou, fazendo a minha capa vermelha se prender no tronco grosso da árvore e enquanto eu ainda ria animada tentando desprendê-la, ele correu contra mim. No momento que consegui me soltar, ele me agarrou com força pela cintura, me trazendo para perto do seu corpo mais uma vez, nos envolvendo num clima divertido – algo que Chelsea com certeza criticaria por ficar dando corda para um homem que nem conheço direito e além disso, totalmente fora do comum. Mas isso era bom, o incomum me fazia gostar mais.
Eu não conseguia ver maldade em alguns gestos bobos. Será este o motivo pelo qual o turíbulo tenha me trago aqui? Em outras circunstâncias eu já teria estragado tudo ou morrido.
Ele retira a flecha da minha mão com um sorriso discreto no rosto. Percebi depois de um exame apurado que Ethan não gostava muito de sorrir ou se sentia mal fazendo isso. A questão agora era saber o porquê. O que o faria se sentir mal por ficar feliz? O que o impediria de sorrir em momentos que fossem vantajosos para ele? Era um conjunto intenso de uma personalidade instigante demais, eu queria saber tudo sobre ele e talvez entendendo-o eu conseguisse voltar para casa.
Ao despertar dos meus devaneios, senti um calor estranho correr pelo meu corpo que era capaz de vencer o poder do frio que passeava pelo meu rosto e sem perceber, peguei a flecha novamente num impulso e voltei a correr, sentindo as minhas bochechas vermelhas.
— Sara! — Ele gritou e começou a correr para me parar, com aquele mesmo sotaque caloroso e autoritário e por um momento eu pensei que ele estivesse realmente se divertindo. — Sara, cuidado! — Ele gritou mais uma vez e então eu olhei para o lado vendo uma grande flecha voar em minha direção sem me dar tempo de reação. Escutei um som áspero e místico surgir atrás de mim que fez um brilho esverdeado estranho piscar na neve à minha frente, como se algo tivesse sido aberto e fechado rapidamente. O choque do corpo de Ethan contra as minhas costas me fez gemer de dor e meu rosto encontrou o chão com brutalidade e a flecha impiedosa que estivera vindo em minha direção voou e atravessou os nossos corpos estirados.
Senti a respiração de Ethan, seu corpo por cima do meu e seus braços fortes que cobriam a minha cabeça e depois de minutos esperando ele saiu de cima de mim, tenso. Comecei a tossir assustada, apoiando a minha mão no peito com força para tentar estabilizar mas era inútil. Me sentia impotente e fraca demais para qualquer coisa, lembrando que mais uma vez Ethan salvou a minha vida.
Olhei para o lado para acompanhar o que Ethan espreitava e quando sussurrou “patrulheiros diamânticos” e notei meia dúzia de homens com armaduras prateadas sobre garranos, armados até os dentes, se aproximando. O vi engolir seco e respirar fundo pronto para começar uma briga que não queria.
— Se machucou? — Ele me olhou.
— Estou bem, Ethan. — Respondi, respirando sem ritmo, ainda com uma sensação de adrenalina queimando em minhas veias. Comecei a sentir um embrulho no estômago e minhas mãos tremeram. Droga, não nasci para isso, estou com medo. — Eles querem nos matar, não é?
Ele não respondeu, apenas continuou estudando os homens.
— Qual é o plano? — Questionei mais uma vez, pegando a adaga que me dera.
— Abaixe essa adaga, Sara! Não vou colocá-la em risco por uma luta que é minha. — Ethan sussurrou.
Os patrulheiros já estavam próximos e eu podia sentir o cheiro do metal e do suor de seus corpos. Eles saltaram de seus cavalos sem pressa, notando que não havia fuga para o fugitivo.
— Olhem o Fruto Sagrado com seu mais novo entretenimento. — O homem negro e careca que estava na frente disse e parecia conhecer Ethan. — Já passamos por isso antes, Ethan Haavik, ou devo-lhe chamar de Lorde Darius? Ou melhor, de Sir Scott, Cavaleiro de Vidro da Guarda Real Vidrience? Como você preferir, Meu Poten.
— Tokson Hantt… — Ethan resmungou para si mesmo, aflito.
— Você o conhece? — Questionei.
— Sim, eu o conheço.
— O que ele quis dizer? — Questionei curiosa.
— É uma longa história.
O homem continuou caminhando para perto, fazendo sinal para que os outros esperassem um pouco atrás dele e parou por segundos.
— Entregue-se.
— Desista, Tokson! — Ethan gritou.
— Não havia outras para satisfazer seu líbido diamantense? — Escuto com repúdio a sua ousadia. — Ela deve foder muito bem mesmo para tê-la mantido viva esse tempo todo já que existem outras milhares de mulheres em Adamantem, estou curioso para entender o porque desta aí. Pouco me admira que não a tenha queimado ainda durante alguma de suas fodas, com seu potencial.
Vi Ethan fechar os olhos com raiva e se sentindo um pouco envergonhado com as últimas palavras estúpidas do homem que chamara de Tokson e eu não entendi o porque daquilo. Queimar? Queimar o quê
exatamente? E o que ele queria dizer com líbido diamantense? Entretanto, parecia um homem autoritário demais e que o preocupava. Dessa forma, segurei o seu rosto e o fiz me encarar.
— Ethan, eles estão em um número maior! Estou com medo, mas prefiro enfrentá-los do que morrer fugindo.
— Está tudo bem, não se preocupe — ele colocou as mãos sobre as minhas — já lutei contra muitos homens e criaturas antes. — Olhou em meus olhos enquanto colocou a máscara no rosto. — Eu não vou me render, por tudo de mais sagrado em minha existência, eu não vou. Volte para o estábulo e prepare o nosso cavalo para a partida, me encontrarei com você em breve.
— Você promete? — Questionei com medo de que esta fosse a sua queda.
— Eu prometo. Agora, corra! — Gritou e se levantou, retirando uma flecha da sua aljava para mirar nos homens. Corri sem olhar para trás, apenas escutando o som de suas flechas, os gritos de dor e o barulho do metal se chocando contra metal, era horrível e me fazia sentir fraca por não conseguir olhar para trás.
Enquanto corria, sentia meu coração palpitar desesperado com o medo do que pudesse acontecer com Ethan e até cheguei a tropeçar com medo também de que tivessem me seguido até aqui, mas por sorte eu estava sozinha. Pelo menos era o que eu pensava enquanto adentrei o estábulo mais imundo de quando o deixamos. Havia sangue espalhado por todos os lados e por minutos eu tive receio de permanecer aqui até então observar o cavalo de Ethan morto, com os órgãos mergulhados numa enorme poça de sangue, estraçalhado. Coloquei a mão na boca e evitei soltar um grito de pavor para não alarmar caso alguém estivesse aqui.
Me abaixei devagar para apoiar a mão no rosto do animal indefeso, acariciando-o com tristeza. Quem teria feito essa crueldade?
Ao me levantar me assusto com a imagem do mesmo taberneiro que nos ofereceu abrigo e comida. Ele me encarava de forma estranha, mordia e lambia os lábios com frequência e seus olhos pareciam possessivos demais.
— O que realmente faz uma dama querer andar com o homem mais procurado de Adamantem? Ele é um assassino, matou inúmeros inocentes.
Cerrei o cenho, com raiva.
— Ele não é um assassino! — Devolvi irritada, olhando para os lados. — É um bom homem!
— Fique calma… — Ele disse dobrando os braços. — Acredito que não tenha conhecimento sobre este homem que estão procurando. Ele é muito mais perigoso do que você possa imaginar, por que acha ele está sozinho andando por essas florestas? — Ele aproximou a mão do meu rosto e começou a acariciá-lo e rapidamente retiro, incomodada e com muita vontade de vomitar.
— Não me toque! — Bradei novamente lembrando-me de Ethan e do quanto eu estava preocupada com ele.
— Fique tranquila, não vou machucá-la, só quero que me faça um favor… Entregue Ethan Haavik a mim pois de qualquer forma ele não escapará. A cidade toda está tomada por exércitos diamânticos, para todos os cantos que vocês tentarem fugir. Assim que vimos a confusão lá dentro da taberna, uma chama foi necessária para acionar a Patrulha da Ordem Lapidada. Ajudei-os matando o cavalo do Poten para impedir a fuga, mas quero ganhar a recompensa sozinho em vez de dividir com o monte de miserável que de vez em quando me incomoda.
Ele comenta, logo em seguida soltou um arroto em frente ao meu rosto e pude sentir seu hálito ébrio da manhã e também olhei seus dentes sujos. Novamente tive vontade de vomitar.
— Costuma trair seus clientes sob o seu próprio teto? — Questionei indignada enquanto ele ria e eu tentava desviar do seu bafo.
— Gostei de você, parecer ser uma mulher leal, diferente de muitas pessoas neste reino imundo que prega dignidade falsa. — Ele ironizou andando em voltas. — Não conheço um homem sequer que saiu ileso agindo desta forma, mas para lhe ajudar, tenho uma boa proposta.
— O que quer propor? — Pergunto insegura para ganhar tempo de Ethan me encontrar e sairmos logo daqui.
Ele sorriu.
— Eu sabia que era uma mulher tão sábia quanto itilianos.
— Me poupe de conversas. — Respondi, irritada.
— Você gosta de ser rápida não é? — Se aproximou, fazendo-me engolir seco. — Pois bem, dê isto para ele beber. Vai ficar desacordado por longas horas e como recompensa lhe dou vinte por cento da quantia que eu receber. — O homem hostil me entrega uma garrafa de duas, a envenenada. — Quem sabe não pouparemos sua vida depois de uma foda…
No momento em que o taberneiro se aproximou mais, por deus, Ethan entrou no aposento com passos pesados enquanto tirou a máscara do rosto e o capuz da cabeça, tenso e cheio de cortes em suas roupas negras, também sujo de sangue alheio. Tive desejo em lhe ajudar, mas observei a garrafa em minhas mãos, lembrando da proposta do homem.
— O que houve com o animal? — Ethan questionou.
O taberneiro logo se colocou à frente começando uma explicação esfarrapada.
— Alguns Jamalanos entraram e avançaram no animal! Podem ficar por mais tempo pelo prejuízo que fora causado. — Ele começou a blefar desesperado e tentei fazer olhares para que Ethan compreendesse que não estivesse falando a verdade e ele entendeu por um momento.
— Não me interessa o que aconteceu, você vai conseguir um novo cavalo agora ou eu arranco as suas bolas fora! — Ethan gritou irritado demais.
— Acalme-se, sir! Providenciarei um bom corcel para suprir o que aconteceu! Beba um pouco para se acalmar! — Ele esticou a mão para pegar a bebida, mas propositalmente eu a derrubei no chão e soltei um “ops”. — Sua vagabunda, meretriz infeliz! — O taberneiro gritou correndo contra o meu pescoço e senti as suas mãos apertarem a minha garganta. Ethan não esperou quando o agarrou e o arrastou para longe de mim.
— Me explique isso! — Bradou fervendo, enquanto levantava o homem.
— Ele nos traiu, Ethan. — Disse com medo enquanto deslizava os dedos no meu pescoço no qual ainda sentia a pressão dos dedos do homem hostil. — Ele queria me subornar para lhe entregar como recompensa, lhe envenenaria com esta bebida que derrubei.
— Vadia, puta! Você vai queimar por trair a Ordem Lapidada! Eles vão torturá-la até que peça para morrer — o taberneiro começou a gritar desesperado —, sua traidora antordem, glaudiamântica, miserável, escó…
— Silêncio! — Irritado e ainda agarrando o homem pelo colarinho, Ethan o socou com força, deixando-o inconsciente no chão. Ele se afastou do corpo do homem ainda vivo e se aproximou de mim com a respiração alta.
— Você está bem? Ele te machucou? — Questionou, me confiscando. — Por que fez isso? Sabe que suas chances de morrer são muito maiores agora! Você traiu a Ordem Lapidada, é uma antordem. Por que se importou com a minha vida, Sara?
— Eu to bem… — Respondi. — E nada neste mundo compra a minha gratidão, Ethan Haavik.
Naquele instante eu pude ver os seus olhos brilharem quando continuaram me encarando, talvez por confiar em mim, saber que estou falando a verdade. Por qual sentido eu mentiria para o assassino mais procurado de Adamantem? Mas isso não importava, estava ciente dos meus ideais, pelo que prezo e luto. Já me dei mal por muitas coisas mas nunca por agir pelas costas de uma pessoa; posso ser considerada frágil, ingênua, tola mas nunca serei desleal. Posso morrer por isso, mas morrerei mantendo intacta a minha identidade, quem eu sou.
— Sara, você está escutando? — Ethan me tirou dos devaneios e segurou as minhas duas mãos que estavam tremendo. — Os patrulheiros diamânticos chegaram, são muitos! Você precisa ir embora, você precisa me deixar! — Então suas palavras fizeram os meus olhos se ofuscarem e quis subitamente chorar.
— Não, por favor! — Comecei a balançar a cabeça e Ethan segurou o meu rosto. — Ethan, você não pode me deixar, eu não vou conseguir me virar sozinha nesse planeta! E você mesmo disse que já sou uma procurada da Ordem Lapidada, sabe lá o que podem fazer comigo! Eu prefiro morrer a ter que lhe deixar sozinho. Eu vou ficar aqui, exatamente aqui com você!
Ele esperou um tempo para responder mas engoliu seco sabendo que eu não retrocederia de forma alguma.
— Você é teimosa, Sara! — Exclamou. — São muitos! Olha, já passei por muitas coisas em minha vida e se tem algo que aprendi é que retroceder não é fraqueza! Um bom cavaleiro sabe a hora certa de atacar e de recuar. Orgulho é fraqueza, este sim é perigoso e pode te matar mais do que uma lâmina afiada. Me entendeu, Sara? Entendeu? — Apertou o meu rosto com carinho. — Tire isso da sua cabeça, você não é fraca! E terá que fugir, está me escutando? Faça isso pelas pessoas que você ama, faça isso pelo planeta que veio.
Balancei a cabeça concordando, admirando os seus olhos.
— Eu vou ganhar tempo para que consiga fugir e quando chegar a hora precisarás me deixar e correr! — Ele disse, por fim. — E eu prometo que enquanto estiver ao meu lado, não deixarei que ninguém a machuque!
Então ele se arrumou ajeitando a armadura em seu corpo, tirando o peso do arco das costas e voltou a me observar firme enquanto os meus olhos já estavam entupidos de lágrimas das quais eu não queria derramar. Ele está certo. Chelsea está me esperando, eu preciso voltar por ela.
— Por que tem que ser assim? — Sussurrei, mas ele escutou. Meus olhos começaram a arder mais e então não consegui mais conter a tensão e o sentimento de tristeza que amassava o meu coração, misturado com o do medo que fazia as minhas pernas tremerem sem parar com os pensamentos de um fim cruel.
— Não chore… — Ele murmurou com a voz rouca e acariciou o meu rosto para limpar as lágrimas. — Em breve estará de volta no seu lar e segura, eu prometo! Sou um homem de palavra, lembra?
Ri baixinho por lembrar do momento em que me dissera isso, me confortando com o momento por mais aterrorizante que fosse. Pequenas atitudes valem sempre mais do que grandes feitos e Ethan me impressionava a todo momento.
— Me desculpe por ser irritante… — Eu disse, ainda rindo.
— Já estava me acostumando. — Quando seus lábios foram se esticar para um sorriso um grande estouro é causado contra a parede de madeira e somos arremessados, nos separando. Cada um para um canto distante e sinto o meu corpo se colidir contra o chão com agressividade. Não contive o grito de dor e consegui observar ao redor, desesperada para procurar por Ethan e me desfoquei com os cantos dos olhos ao notar que bolas de fogo voavam em nossa direção.
— Ethan! — Gritei. — Ethan, cadê você! — Me encostei na parede de madeira para tentar desviar das outras bolas de fogo. Tudo estava em chamas e comecei a tossir e a sentir a minha respiração falhar e então tombei no chão.
— Sara! — Logo escutei a sua voz e ele veio em minha direção, cortando um pedaço da sua capa negra para colocá-la em minha boca. — Vamos, precisamos sair daqui! Há uma saída nos fundos.
Ele me ajudou a levantar e começamos a nos movimentar para a saída dos fundos do grande estábulo fechado enquanto as madeiras caíam quase que sobre nossas cabeças sob o cerco que criaram para nós. Alguns patrulheiros apareceram em nossas costas e Ethan os observou e retirou as flechas para matá-los. Ele tinha razão, dessa vez eles não pouparam esforços e estavam muito bem armados e carregavam escudos diferentes do que observara anteriormente. Ethan soltava suas flechas certeiras, algumas iam de encontro às suas cabeças e outras às seus escudos quando os levantavam para se protegerem da morte.
Mais bolas de fogo voavam em direção ao estábulo e depois flechas começaram a ser lançadas contra nós e Ethan parecia mais preocupado comigo do que com o que pudesse acontecer com ele mesmo. Fraca pela fumaça, sem querer tropecei e ele não contou tempo ao colocar o arco nas costas para me pegar no colo e sair de dentro do aposento em chamas. Ele me colocou no chão quando nos afastamos e percebemos mais inúmeros patrulheiros que ainda nos cercavam por todos os lados e até o escutei praguejando “maldição” baixinho. Ele se colocou em minha frente quando nos levantamos e o mesmo Tokson Hantt que encontramos anteriormente estava ali vivo e forte o que me fez acreditar que tivera recuado quando Ethan derrotou os seus patrulheiros.
— Eu disse que não havia saída para você, Fruto Sagrado. Terá de usar seu potencial, mas não sei se será tão eficaz.
— Vá embora, Hantt. — Ethan disse com a voz ofegante. — Mais ninguém precisa morrer!
— Você acha? — Esperou um tempo. — Então porque não se entrega ao que foi lhe dado de nascença? — Ele riu pausadamente e Ethan não respondeu. — Você é fraco. — Disse e se aproximou. — O caminho do fruto é sagrado. Deve ser regado até o seu destino ser concretizado. — Hantt profetizou um tipo de oração estranha e que eu não conseguia entender, mas parecia ter um grande peso para Ethan porque ele apertou os punhos com raiva logo tirando a adaga Haavik do cinturão, a observando por um minuto. Respirou fundo como se estivesse se lembrando de algo e voltou a olhar Tokson.
— Eu sou o único mestre do meu destino. — Respondeu e me arrepiei com suas palavras.
— Isso é o que você acha… — Devolveu, o provocando. — E enquanto você brinca de foder essa mulher, Opala está com o caadal de seu pai e tomando as fronteiras da Baía de Safira. Não percebe a guerra que está causando? Você está cuspindo no que o torna grandioso!
Ethan não respondeu, apenas respirou fundo. Consequentemente escutei Tokson rir novamente e sussurrar algo para os seus homens que começaram a caminhar em a nossa direção.
Ethan me empurrou para trás para tentar controlar a situação e quando viu que não havia mais saída, fez algo totalmente fora do comum. Seus olhos se ascenderam igual na noite em que bebi na taberna. Mas dessa vez era um tom púrpura como num sortilégio fascinante de filmes mágicos. Eu estava louca! Com certeza foi a fumaça que me deixou assim. Me convenci disso principalmente quando ele bateu com os dois pés no chão e levantou as mãos trazendo consigo alguns grandes torrões de terras que voaram contra os homens e se inclinaram como pináculos afiados os fazendo recuar com seus escudos postos e gritar.
Então os seus olhos brilharam mais uma vez e em um tom amarelado como o sol e suas mãos emanaram uma luz intensa, a mesma que avançou contra os olhos dos inimigos quando ele ergueu a mão. Escutei Tokson gritar “protejam seus olhos” e até mesmo fez isso ao colocar o braço contra o rosto; alguns conseguiram tempo para se proteger, outros apenas começaram a gritar “estou cego” e a socar os seus próprios olhos como se isso fosse ajudar.
— Estúpidos! — Tokson praguejou quando as mãos de Ethan se apagaram. — Arqueiros, atirar!
Então um conjunto de flechas saltaram e voaram contra nossas cabeças e apenas abri a boca esperando a minha morte promissora mas Ethan mais uma vez gritou, fazendo seus olhos se acenderem num azul acinzentado como quando suas mãos deram origem a um gelo profundo e bruto ao criar uma barreira para cada flecha que tentava nos encontrar. Era uma barreira com formato de circular como a de um guarda-chuva para nos proteger, e que logo era quebrada com os inúmeros impactos e mais flechas eram lançadas.
Naquele momento vi que não conseguiria tempo para criar outra barreira para nos proteger quando Tokson bradou “para cima e atirar”. Dado isso, Ethan apertou o meu corpo contra o seu com brutalidade e nos jogou para o lado e antes que caíssemos, seus olhos se acenderam novamente e senti o meu corpo formigar e os meus olhos se cegarem por milésimos de segundos sob uma luz verde. Então atravessamos uma centelha com a mesma cor esmeralda e pude movimentar meus membros novamente. Nos colidimos contra um pequeno morro nevado e enquanto rolávamos ele inclinou uma mão e criou uma pequena ereção na terra para nos impedir de continuar rodando como pneus. Senti a minha coluna encontrar o pedaço de terra conjurada e gemi de dor, vendo os arranhões profundos que tivera se formado, que tentaram me impedir de continuar.
Ethan estava um pouco mais ofegante mas logo se levantou e observou os patrulheiros vindo em nossa direção.
— Vamos, Sara!
Sentia a minha cabeça dolorida, desnorteada, e meu corpo ainda gritava como se o mundo inteiro estivesse despencando contra os meus ossos. Parecia um pesadelo, o pior pesadelo de todos.
— O que foi isso, Ethan? — Eu questionei com a respiração cortada e pronta para chorar. — Estou ficando maluca!
— Aguente firme! Não podemos parar! — Ele me puxava.
A patrulha logo nos alcançou com seus cavalos e Ethan me jogou para trás e tirou a espada da bainha, pronto para lutar. Observei que as flechas iam ser soltas e consequentemente corri para trás de uma árvore para me proteger e presumi que Ethan fosse conseguir se proteger com um de seus escudos caóticos que me faziam pensar que estava em um sonho idiota. Escutei o estouro das cordas quando se soltaram e tive tempo de olhar para trás e encarar o assassino criando uma barreira luminosa envolta de todo o seu corpo, enquanto chutava o queixo do oponente com brutalidade e o mutilava com sua espada logo em seguida, enlouquecido pela raiva sob um grito libertador.
Ele me observou num ensejo quando ficou cercado pelos infinitos homens e era obrigado a usar o que quer que tivesse que eu podia considerar sobrenatural e uma batalha mística começou ainda como em grandes filmes que eu assistia no cinema. Faíscam brilhavam no ar, centelhas verdes eram criadas enquanto Ethan desaparecia dentro delas e saía se reposicionando para cortar as suas gargantas e atirar com flechas de gelo. Ele gerava luz, ecoava sons perturbadores de sua magia, depois arremessava torrões de terra e grandes pedras do chão. Alguns homens que tinham poderes parecidos com o dele emanavam para tentar controlá-lo e parecia não haver algum tipo de saída, eram muitos e Ethan estava suando como nunca havia visto antes.
Senti uma faca passar de raspão pelo meu braço, o cortando sem piedade e alguém me puxar. Observei um dos homens me levantando para me prender e me matar, mas uma flecha de Ethan encontrou o seu crânio, derrubando-me no chão junto ao corpo morto. Tossi desesperada e tentei me afastar, ainda observando o homem lutar desenfreadamente, sem desistir de seus ideais, de forma inacreditável. Meu corpo inteiro estremecia de medo e de dor mesmo que eu não pudesse nesse momento de chacina, precisava ser forte. Ethan usou aquela mesma centelha para se aproximar de mim quando mais patrulheiros vieram ao meu encontro, para finalizá-los com suas lâminas. Cortou um, dois, três e o quarto que antes de morrer enfiou uma faca na minha costela e eu apertei os olhos, cerrei os dentes e gritei com toda a minha alma, o que me fez cair e Ethan se desfocar da luta.
“Atirar”, foi o que Tokson ordenou aos seus arqueiros quando o homem Haavik se abaixou para perto de mim e inúmeras flechas vieram em nossa direção. Ethan mais uma vez observou e enquanto elas voavam ele gritou e jogou as duas mãos para baixo. Seus olhos se iluminaram como sempre e ele subiu as mãos trazendo consigo uma grande barreira de gelo bruto azul acinzentado, os patrulheiros se exaltaram e tentaram derreter com bolas de fogo, magia e também com machados.
— Ei, Sara! — Ele gritou enquanto eu gemia de dor e tentava parar o sangramento em minha costela. — Vai ficar tudo bem! — Segurou o meu rosto e apoiou a testa sobre a minha e vi que sua barreira estava se quebrando. Seus olhos se acenderam na cor turquesa, esplendidos, fazendo-me sorrir pela magnificência do seu brilho mesmo que fosse a coisa mais estranha que eu já tivera visto na minha vida. Aquilo por ora me acalmou mesmo sob a tempestade. Então ele apoiou a mão que era coberta por sua luva de pontaria na minha ferida e gemi mais, apertando os lábios. — Shh.. vai ficar tudo bem, eu prometo. — Sussurrou mais uma vez, ainda com a mão na minha ferida. Logo percebi que a dor começara a sumir lentamente e seu corpo fora tomado por uma aura da mesma cor dos seus olhos e então parei de gemer, enquanto que, Ethan começava baixo. Vi em suas roupas um pouco arruinadas pela luta que uma mancha de sangue começou a surgir exatamente no mesmo lugar onde eu tivera sido machucada. Ele havia tomado a minha ferida? O que estava acontecendo comigo? Eu estava me sentindo muito mais forte como se todas as dores que eu estivesse sentindo fossem levadas embora.
Ele não disse nada, ao invés disso, colocou a mão no corte profundo agora em sua pele e apertou os olhos com dor.
— Por que você fez isso? — Questionei. — Por que fez isso, Ethan!
— Pegue — me ignorou e deu-me a sua adaga Haavik — guarde-a e cuide como se fosse a sua vida! — Gemeu mais uma vez com sofrimento.
— O que está fazendo! Para, Ethan! — Gritei com toda a raiva que existia em meu corpo e segurei a adaga forçadamente quando ele colocou em minhas mãos. — Eu não vou te deixar!
Ele não me observou quando se levantou cambaleando pelas dores que tomara de mim, se forçando a continuar em frente à barreira que tivera sido quebrada enquanto Tokson andava sem pressa e mandava seu exército se preparar para o próximo ataque seja ele qual fosse. Tentei segurar as suas mãos mas ele impediu, empurrando-me para trás com brutalidade.
— Vá embora! — Gritou, observando-me de soslaio. — Sara, vá embora, agora! — Gritou novamente com raiva e seus olhos brilharam para acompanhar uma corrente fria que se formava em suas mãos como gelo seco e a outra fora ocupada por uma espada. Quando viu que eu não iria embora, apertou mais forte a espada nas mãos e se virou contra mim. — Você não está me escutando?! Me obedeça!
Balancei a cabeça com consternação por deixá-lo, isso era demais para mim. Eu não conseguia suportar. Caí no chão de medo e comecei a recuar, desesperada, sentindo os meus olhos arderem novamente, mas me segurei. A luta novamente começou com crueldade, mas dessa vez eu comecei a escutar um som mais pesado de armaduras e escudos, Tokson gritou “anula-magia” e uma grande barreira feita com seus escudos fora formada pelo exército enquanto Ethan conjurava suas magias. Tentei continuar e percebi que ele fazia de tudo para manter a atenção dos homens para que eu pudesse sair ilesa.
Dessa forma, enquanto corria o que eu temia aconteceu: escutei um grito de dor de Ethan e aquilo congelou o meu corpo, fazendo-me frear – não olhe para trás, não olhe para trás. Você precisa continuar – ordenei a mim mesma, mas foi em vão.
Um homem o derrubou e um grande corte em suas costas se formou, ele não podia contê-los. Havia além de arqueiros, espadachins e magos. E vendo que ele estava no meio de todos os homens, sofrendo, senti o meu sangue queimar de desespero e sem perceber meus pés já estavam me levando ao meu salvador. Eu não podia deixá-lo, eu precisava tentar mesmo que isso custasse a minha vida.
Eles se colocaram em posição novamente. Um homem prendia Ethan com uma coleira que brilhava e o chutava para que ficasse de quatro como um cachorro. E Ethan realmente se relutava como um animal selvagem fazendo seus olhos piscarem nas diversas cores das suas magias por não conseguir utilizá-las enquanto Tokson caminhava em sua direção, sem pressa. Sendo assim, me joguei contra a árvore para me esconder, pensando no que fazer para o salvar.
— Como se sente sem poder conjurar seu potencial mágico, Meu Poten? — Ele questionou, com nojo.
— Vá se foder. — Ethan disse com um sorrisinho atravessado onde os seus dentes superiores apertavam com força os seus lábios inferiores. — Acha mesmo que pode me deter com um anula-magia? Eu não preciso do meu Potencial Diamantense para matar todos vocês. — Riu. — Só preciso das minhas mãos.
Tokson observou os arredores com calma e depois as mãos de Ethan ensanguentadas e chamou os seus homens com um simples gesto.
— Aqui, cortem. — Ele disse e Ethan começou a se debater mais enquanto tentavam puxar seus braços. — É uma pena que isso seja em vão. Mas, diga-me, Meu Sagrado Poten… O que o faz querer fugir tanto? Você é um Antordem agora e sabe qual é a punição para um Antordem? — Ele questionou, segurando o rosto ensanguentado de Ethan que apenas cuspiu em sua cara. Ele limpou com muita raiva e deu um tapa no rosto branco do assassino. — Tortura! E eu vou adorar começar deformando esse seu rosto diamantense.
— Vá em frente, eu não me importo. — Ethan respondeu, dando aquele mesmo sorriso atravessado.
— Está bem, Adamas. — Respondeu.
— Meu nome é Ethan Haavik! — Ethan refutou, perplexo.
— Sangue de Diamante! — Devolveu com outro tapa mais forte em seu rosto e um sangue carmesim jorrou da boca rosada de Ethan. — Aceite, Adamas!
Ele começou a se debater de novo com mais raiva e seus olhos continuaram a emanar luz mas não conseguia manipular a sua magia – o que chamava de potencial –, esta estava trancada como um passarinho dentro de uma gaiola.
— Comecem e assim levaremos à assembleia.
— Meu comandante diamântico, temos ordens de Mestre Kyon para não torturá-lo.
Tokson se enfureceu e agarrou o homem pelo maxilar.
— Você quer me desafiar? — Questionou. — Quero que se foda Mestre Kyon e todos da Ordem Lapidada, você segue as minhas ordens!
— Não quero fazer isso — o homem disse, me impressionando — ele é Meu Poten…
— Você morre por Vosso Poten?! — Tokson se enfureceu mais. — Morre?
Ele balançou a cabeça com medo, observando Ethan.
— Miserável, me fez perder tempo! — Tirou a espada da bainha e cortou a garganta do homem que apenas caiu no chão, morto.— Alguém mais quer morrer pelo Fruto Sagrado? Alguém mais tentará passar por cima das minhas ordens — expandiu o tom de voz —, alguém mais quer se juntar a Sir Owmar? — Questionou e ninguém disse nada. — Façam o que eu mandei! — Tokson ordenou e o patrulheiro que estava ao seu lado levantou um machado para cortar as mãos de Ethan e então segurei forte a adaga Haavik e corri ao seu encontro e perfurei a perna do homem. Ele berrou de dor e olhou para mim, fazendo todos os outros olharem também.
— Vagabunda! — O patrulheiro com o machado exclamou.
— Deixem ele em paz! — Ordenei com o coração descompassado, sem saber o que fazer a seguir. — Se afastem dele!
— Sara… — Ethan resmungou. — Não…
Tokson se aproximou do meu corpo me fazendo engolir a saliva, e dessa vez eu consegui perceber as cicatrizes em seu rosto negro e também que possuía um olho totalmente branco.
— Muito… muito corajosa. —Disse, batendo palmas pausadas. — Sabe o que fazemos com mulheres Antordem como você? — Questionou, molhando os lábios e aproximando a mão do meu corpo. — Sabe quantos homens eu tenho em meu exército, loucos para foder uma boceta gostosa como a sua?
Engoli seco mais uma vez, sentindo o meu corpo tremer.
— Não toque nela, Tokson! Não toque nela! — Ethan gritou quando viu que Tokson mordia os lábios com desejo e estava pronto para qualquer atrocidade. Ele apertou o meu ombro, começando a escorregar os dedos pelo meu braço, enfurecendo mais Ethan. — Eu vou te matar seu filho da puta! Eu juro que vou te matar Tokson Hantt! — Ele continuou a se debater para sair da coleira que prensava o seu pescoço e o enforcava à medida que tentava se aproximar e era puxado para trás de novo pelo patrulheiro.
— Céus! — Tokson rolou os olhos e resmungou. — Façam ele calar essa boca. — Ordenou e Ethan é esmurraçado com hostilidade fazendo mais sangue sair de sua boca. — Tô cansado de escutar esse sotaque hostil e totalmente terrestre. — Tokson zombou Ethan ao tentar imitar seu sotaque, o seu “r” cheio de vibração e riu logo em seguida.
Então me afastei e a sua mão que me alisava derrapou.
— Fico me questionando o porque de você o salvar agora se foi por sua causa que ele foi capturado… Mas não deixo de agradecê-la pelo excelente trabalho, não teríamos conseguido sem a sua ajuda, gracinha. — Sorriu, sarcástico. — Prendam-na. — Ordenou e todos me olharam como se eu fosse um pedaço de filé.
Dei alguns passos para trás enquanto os homens vinham em minha direção devagar e tropecei em uma pedra, era tarde demais. Ethan havia sido capturado e agora eu seria torturada, ou sabe lá o que mais eles fariam comigo sem piedade alguma e depois me matariam, quando eu não tivesse mais utilidade.
Meus lábios se abriram e soltei um suspiro alto de pavor. Meu coração espancava o meu peito, a minha respiração pedia paz. Esse era o meu fim, então apenas fechei os olhos e esperei. Nada aconteceu e logo escutei o grito raivoso de Tokson o que me fez abrir os olhos novamente e ver que o homem que segurava a coleira estava morto e Ethan já tivera pego as chaves e se libertado, matando outros espadachins com suas próprias mãos.
— Desgraçados! — Tokson gritou enquanto Ethan corria ao seu encontro e o agarrava pelo pescoço.
— Eu disse que só precisava das minhas mãos… — Ethan disse e Tokson praguejou sem acreditar, mas conseguiu se soltar e os dois começaram a lutar fervorosamente.
Mesmo cansado, Ethan forçava o corpo em seu potencial máximo o que para qualquer pessoa comum isso seria quase impossível. Tokson ordenou que os seus patrulheiros atirassem contra o homem e me pegassem para paralisar Ethan que o espancava e depois esmagava o seu pescoço. Eles vieram com pressa em minha direção mas Ethan largou Tokson subitamente e correu ao meu encontro, desviando de flechas e com a face enrugada de dor pelas feridas, se jogou contra o meu corpo que nos fez atravessar aquela mesma centelha verde-esmeralda e ir parar um pouco mais longe.
— Vamos, Sara! — Suas pernas falharam e eu o ajudei a correr, mas ele caiu de novo, respirando agonizantemente. — Corre! Corre! — Me empurrou para que eu continuasse.
Ethan olhou para trás junto comigo e logo vimos que àquelas mesmas flechas iam ser lançadas em nossa direção. A única coisa que pensei foi que este fosse o nosso fim, ele estava cansado, sem energia, machucado, talvez em estado fatal. Só conseguia agarrar os seus braços fortes para puxá-lo para trás de uma árvore. Mas Ethan era pesado demais.
Ele tentou continuar, mas era tarde demais. Cobri a minha cabeça sentindo o meu coração vir à boca, esperando as flechas penetrarem em meu corpo e então um aperto quente me cobriu por completo. Ethan gritou de dor emanando um brilho amarelo nos olhos, aquele mesmo brilho pálido como o sol que ele havia usado para cegar os seus inimigos. Agora começou a cobrir as suas costas quando se jogou contra o meu corpo para criar uma barreira e então sentiu o impacto das primeiras flechas e o escudo hesitou. Ethan cerrou os dentes com raiva, forçando mais da sua capacidade para manter o escudo intacto e quando não conseguiu, o escudo se quebrou e ele continuou em cima do meu corpo. Se inclinou um pouco mais e senti que o mundo estivesse desabando em cima do meu coração quando vi todas as flechas perfurarem o seu corpo e o seu rosto se desaparecendo na dor enquanto gritou, impedindo que eu morresse, mais uma vez tomando o meu destino cruel para si.
Tentei empurrá-lo para impedir já começando a chorar atormentada com a visão de Ethan morrendo em minha frente para me salvar, mas era tarde. Determinado, ele me observou pelos últimos minutos antes de gritar mais e dos seus olhos queimarem num tom ciano chamativo e suas mãos tudo ao redor dos nossos corpos com um fogo da mesma cor. Escutei Tokson gritar “recuem” com a voz falhada enquanto o fogo ainda deslizava para vários cantos do arvoredo e do vilarejo e o corpo de Ethan caía sobre o meu, morto.
Escutei a aflição ao redor do meu corpo intocado pelo fogo. Vi o metal sendo derretido como gelo e os patrulheiros gritarem por misericórdia. Coloquei as minhas mãos nos cabelos negros e suados de Ethan, balançando-o e abraçando-o com força. Levantei a sua cabeça e me inclinei um pouco com dificuldade para observar o seu rosto e apoiar a minha testa na sua. Senti um aperto ainda maior ao ver aquela mesma cicatriz no olho azul agora sem vida e meu coração se amassou mais fazendo os meus olhos continuarem com as cascatas de lágrimas.
— Por favor! — Sussurrei descrente, com um gemido de tristeza.
Esperei alguns minutos como se essas palavras fossem o trazer de volta, mas não funcionou.
— Fica comigo, eu não vou conseguir sem você!
Esperei mais e nada.
Sentindo o peso do corpo forte de Ethan, com esforço e desencorajada o deitei de lado para começar a tirar as flechas de suas costas enquanto meu peito soluçava como se isso fosse a sua salvação. Minhas mãos tremiam estupidamente no tempo em que eu me forçava a tirar todas as flechas e gritava para que eu acordasse. Quando terminei, apoiei a minha cabeça em seu rosto com carinho e o acariciei mais uma vez.
— Por favor, Ethan… — Murmurei, quase inaudível pelos soluços de choro. — Por favor! Não me deixe, eu preciso de você! — Gritei e observei mais uma vez ao redor, com medo. Muito medo.
Sentia um vazio gigante se formar em meu corpo, eu estava sozinha, com a dor da perda de Ethan e apenas com aquela adaga para lembrar-me sempre da sua pessoa nobre. Deitei mais uma vez a minha cabeça em seu corpo e não consegui segurar mais uma vez o grito desnorteante que se formou em meus lábios. Até Ethan não conseguiu sobreviver ao meu lado, mas ele prometeu! Ele disse que não me deixaria sozinha, que ninguém me machucaria.
— Você prometeu, Ethan! — Gritei. — Por favor, não me deixe! Você disse que era imortal, por que me deixou?!
Por que ele me deixou? Ele era imortal! Ele disse que era e eu já estava me acostumando com o seu jeito bruto! Ethan! Por que fez isso por mim? Por que fez eu me apegar a você? Por que fui destinada a isso, droga de turíbulo! Os pensamentos me sufocaram mais e minha respiração começou a falhar e depois de minutos soluçando, escutei um barulho de armaduras e corri observei os arredores com os olhos inchados e os lábios trêmulos. Não encontrei nada e voltei para o corpo de Ethan mas mais uma vez escutei o som das armaduras e me levantei, quase caindo enquanto me afastava para procurar um refúgio.
Por quê? Por que isso tinha que acontecer comigo?
Imagem como Ethan se jogou para proteger Sara das flechas
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