13
Azekel ainda estava com as mãos nos cabelos de N'Ayvilla, quando o estampido da pólvora permeou o ambiente.
A rainha cai para trás alvejada com um tiro na cabeça. Eles não perceberam o mercenário que desceu para verificar se a escrava estava morta. E por uma razão desconhecida, o homem atirou.
A turba não teve dúvida. Os escravizados que estavam perto do homem, pularam sobre ele arrancando sua arma e começaram a espanca-lo.
O mercenário sente no seu peito a pressão de vários quilos, por causa da montanha de gente que caiu sobre ele. Seu maxilar afunda como se fosse uma maçã podre.
O homem morre afogado no próprio sangue. Enquanto isso, Azekel vê a bala ser cuspida para fora da cabeça de N'Ayvilla e isso o faz esquecer da morte que aconteceu atrás dele.
— O que faremos? — Pergunta Duakakê se aproximando do amigo.
— Logo sentirão falta do branquelo ali atrás e descerão com tudo! — Grita Gonfar desesperado. — Meus homens estão fracos. Quase não deram conta de um, quanto mais de 20.
— Ela sobreviveu? — Pergunta Duakakê assustado. O espanto e o terror é geral quando a rainha se levanta, sendo ajudada pelo guerreiro Azekel.
Homens, mulheres e crianças gritam com euforia e temor ao verem a rainha em pé, com vida.
— Azekel! Como assim? Conte-nos como isso é possível?
O barulho da movimentação a cima da cabeça deles começa. O coração deles aperta quando escutam as ordens dada pelo capitão-mor.
— Pela minha nação Nagô! Eles vão matar a todos. — Fala Madela, uma mulher de 30 anos, que por causa da fome e sede desses mais de quarenta dias, parece ter setenta anos.
— Eu estou sem força. — Explica N'Ayvilla. — Preciso de algo. Não sei o que é.
Os mercenários batem seus pés e suas armas causando temor nos que estão no porão.
— Não vamos sobreviver. — Desespera-se mais um. Agora é um homem aparentando uns 40 anos, que abraça sua filha pequena. — Fique aqui. — O pai esconde a filha embaixo das suas pernas.
— Eu preciso me levantar para lutar.
— Você não conseguirá... pelo menos não hoje.
Das sombras sai o vulto. N'Ayvilla mesmo estando com todos os seus sentidos alterados, não conseguiu percebê-lo antes desse momento.
— Não fique se perguntado como não me percebeu. Você acabou de nascer, criança.
O homem tem seus cabelos presos para trás. A camisa branca de linho, com gola "V" e mangas compridas continua impecável. As calças pretas são folgadas e ele está descalço.
— Os ratos acabaram. — Lamenta-se o homem de olhos vermelhos que não piscam. — E vocês ganharam meu afeto.
— Onde você estava esse tempo todo? — Pergunta Azekel.
— Naquela caixa... a que fiquei deitada, não é mesmo?
— Exatamente, Korbelle.
N'Ayvilla só havia dado seu nome novo para uma única pessoa e agora ela sabe a quem.
— Acho que logo estarão descendo. — Comenta o desperto. — Acho melhor ficarem todos sentados. E se me dão licença, preciso seguir até o morto antes que o sangue esfrie.
— VAMPIERE! — Grita uma mulher.
N'Ayvilla lembra-se da sua infância. A rainha se lembra de quando pronunciou essas palavras para a generala Agoshi Meta. E o pior é que ela recorda o que aconteceu para a generala detestar tanto esse nome.
Homens e mulheres sentam no chão. Eles estão com medo e excitados. As lendas dos bebedores de sangue são verdadeiras. Um deles está ali, bem na frente de todos, caminhando como se flutuasse.
O vampiro pega o que restou do homem e rasgando-lhe as entranhas, começa a comer a carne fresca e suculenta de sangue.
Ele cava para dentro do corpo do homem, como se procurasse um diamante. Não demora muito para o mercenário está só pele e osso.
— Lembre-se Korbelle... pelos teus dentes matarás.
N'Ayvilla se retesa. Comprime o próprio corpo imaginando-se bebendo sangue humano.
— Eu sou igual a você? — Mesmo estando a pouco mais de 4 metros de distância, N'Ayvilla não precisa falar alto para ser ouvida, nem que seja falado alto para ouvir.
— De certa forma, sim. Mas lembre-se criança, você precisa se alimentar hoje. E para que não ataque os seus, sugiro que mate seus inimigos e beba-lhes o sangue.
— Eu não consigo. — Como um gárgula preso numa marquise, o homem abre um largo sorriso mostrando suas presas.
— Quando o cheiro do sangue entrar em suas narinas, você vai entender o que digo.
— Qual o seu nome? — N'Ayvilla pergunta.
— Drake. Viktor Drake, criança.
Quando os homens começaram a descer e a parte de cima do alçapão abriu, o mercenário Jhonatan que foi o primeiro a constatar o medo e a excitação nos olhos dos escravos percebeu algo diferente no fundo do porão.
— Tem algo aqui embaixo! Todos estão sentados! Todos estão com medo.
Jhonatan não viu por onde o ataque começou. Ele sentiu foi o estranho gosto de sangue na boca e seu pescoço sendo puxado do corpo.
Drake banha-se do sangue que jorra do corpo do matador. Foram dias bebendo sangue de rato. Foram dias esperando os ratos entrarem onde ele estava deitado escondido.
Agora, não era mais preciso esperar um rato cair na armadilha para poder matar sua sede faminta... a fartura havia voltado.
E conforme Drake disse, o cheiro do sangue despertou algo animalesco dentro de N'Ayvilla. Ela só conseguia partir na direção do líquido vermelho e atacar o dono do sangue que jorrava.
Drake deixava um rastro de sangue pulsante, ejetados dos corpos sem cabeça, que pareciam águas vermelhas jorrando de vários hidrantes.
O frenesi era louco. A loucura era estampada e dilacerante. Os mercenários nada puderam fazer. Morreram sem saber pelo quê foram atacados.
Azekel vai puxando os seus para o final do porão, e eles vão se comprimindo para não virarem comida. Todos fecham seus olhos para não assistirem de camarote o massacre proporcionado por sua rainha.
Drake segura N'Ayvilla para que a rainha não perca a sanidade que já está por menos que um fio de cabelo.
Como uma ferocidade desmedida de um animal solto e faminto, N'Ayvilla prende a cintura de Drake com suas pernas e morde-lhe o ombro esquerdo com extrema força, travando sua mandíbula no músculo para suga-lhe o sangue.
O vampiro abre um leve sorriso por causa da tempestade que tem em seus braços e seus olhos mudam da cor vermelha para amarela.
Ele sabe que o sabor do seu sangue vai estancar o frenesi causado em N'Ayvilla, por causa do sangue humano.
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