CHAPTER 25. boxing workout
25. TREINO DE BOXE
Pensar nas voltas que a minha vida tinha dado era estranho. O natal estava quase chegando e eu não iria passar o feriado com o meu pai, pois eu não sabia quem ele era.
Todos os homens que eu sentia desejo, eu não sentia mais. Eu só queria Andrew, mas não iria admitir isso em voz alta tão cedo.
Eu quase morri e me senti em segurança quando eu soube do que Andrew havia feito. Eu sabia que não precisava de um herói na minha vida, mas era legal pensar que alguém queria ser.
— No que tanto pensa? — mamãe sentou-se ao meu lado na varanda, colocando o braço por volta do meu pescoço.
— Na vida. — Sussurrei, sentindo o cheiro de lar que vinha de Aurora. — Eu posso ver uma foto do meu pai?
— Quem dera se eu tivesse alguma. Seu pai odiava bater fotos. Nem para o anuário ele saiu.
Eu até poderia estar enganada, mas os olhos de minha mãe pareciam brilhar em todas as poucas vezes que havíamos falado dele. Será que ele era um cara tão incrível quanto ela?
— Você nunca teve vontade de voar para a Inglaterra e dizer: "oi, você e eu temos uma filha"? Ou até mesmo dizer que ainda ama ele.
Aurora olhou para mim e suspirou, dando de ombros. Eu sabia bem que as coisas não eram tão simples assim. Mas, às vezes, minha mãe conseguir complicar ainda mais. O que era de família, claro.
— O que eu mais queria era fazer isso, filha. Mas não é fácil chegar com uma bomba dessas. Um filho não é um liquidificador estragado que dá para devolver.
— O meu conto de fadas é conhecer ele.
Deitei minha cabeça no ombro da mais velha e ela iniciou um passeio com os dedos pelos fios escuros. Ficamos ali por alguns minutos, ouvindo apenas o cantar dos gafanhotos enquanto olhávamos para o nada, pensando em tudo.
E então, Andrew chegou.
Sentado em sua Hilux, totalmente focado em seu celular, sem perceber a minha presença na varanda, ele ficava ainda mais bonito.
A mandíbula marcada, a barba crescendo aos poucos e seus olhos mais escuros por causa da noite.
Andrew Hawk era perfeito.
— Quando você vai admitir? — Fui tirada dos meus pensamentos com a pergunta direta de Aurora.
— Admitir o que?
— Que você está apaixonada por ele.
Eu não respondi. Não por eu não ter um argumento, mas porque Andrew havia acabado de sorrir para mim. E o sorriso sem jeito de Drew era magnífico.
— Não sei do que você está falando.
— Imagino que não.
Mamãe depositou um beijo eu minha bochecha e voltou para dentro de casa. Apressei-me para pegar minha garrafa de água e subir na caminhonete de Andrew.
— Pronta, Pimentinha?
— Nem tanto.
Ele gargalhou e deu a partida no carro. Era incrível como eu me sentia extremamente confortável ao lado de Andrew, mesmo com um silêncio ensurdecedor.
Em alguns momentos, ele olhava para mim e lançava um sorriso, me fazendo ter um sentimento ainda maior de proteção.
— Não é assim que faz, Pimentinha. — Andrew estava sendo extremamente paciente comigo, como sempre era. — Tem que colocar o vermelho em cima do verde.
— Ele não vai se machucar, Drew? — perguntei receosa. Era fácil ser convencida por ele.
— Não, Pimentinha. Ele não irá sair muito machucado.
— Drew! Você prometeu que não iria fazer nada muito agressivo.
Um garotinho vinha sendo muito cruel comigo. Rabiscava os meus cadernos enquanto eu não via, colocava ratinhos em minha mochila e jogava bolinhas de papel em mim.
Naquele momento meu cabelo estava cheio de cola após o garoto ter colocado em cima da porta para cair exatamente no momento em que eu estivesse passando. Os professores acreditaram nele quando disse que a culpa era toda minha.
— E se alguém descobrir?
— E se ninguém descobrir? — Retrucou e sorriu, sabendo que seu argumento tinha sido mais convincente que o meu.
— Eles saberão que fui eu, Drew.
— Não foi você. Fomos nós. — E, mais uma vez, Andrew sorriu e me deu a mão, como sempre fazia quando queria me passar confiança e proteção. E era isso que ele sempre me passava.
— Isso, atenção na postura. Direita e esquerda, direita e esquerda, gancho! — Dei os socos na sequência em que Andrew mandava. — Olha a retaguarda, presta atenção.
Assim que me recompus do soco que havia acabado de levar, tentei dar um chute em Andrew, mas a única coisa que consegui fazer foi parar no chão do ringue.
— Previsível.
— Você está mais me batendo do que me ensinando. — Resmunguei, fazendo bico.
— A vida te ensina da mesma forma.
Revirei os olhos e segurei a mão de Andrew para conseguir me levantar, mas a força do mais velho foi muito maior, fazendo com que eu me chocasse contra seu corpo.
— Desculpa. — Sussurrou e eu assenti, recuperando minhas forças.
— Tudo certo.
Andrew sentou-se no chão e respirou cansado, tomando toda a água restante da sua garrafinha. Me escorei mas cordas do ringue e joguei minha cabeça para trás, cansada do treino.
— Não conversamos sobre aquilo.
— Aquilo o que?
— Sobre o beijo, Pimentinha.
— Conversamos, sim. Você disse que foi um erro e eu bati a porta na sua cara. Para mim essa foi uma conversa bem produtiva. — Falei, dando de ombros.
— Eu estou falando sério, Ariel.
Um frio percorreu minha espinha quando vi Andrew se aproximando, novamente.
— Você fica tão lindinha quando se sente encurralada.
— Eu não me sinto encurralada.
— Ah, não?
Meu coração acelerou no exato momento em que Andrew segurou as cordas com as mãos uma em cada lado do meu corpo. Naquela hora eu me senti encurralada.
— Não. Tudo de boa.
Andrew assentiu e sorriu, se distanciando. Minha vontade era puxá-lo e roubar um beijo, mas meu auto controle estava em dia. Um pouco mais do que eu desejava naquele momento.
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, o celular de Andrew começou a tocar. Meu primeiro instinto foi perguntar quem estava ligando, mas como havia dito anteriormente: meu auto controle estava em dia.
— Boa noite, mestre. — Depois disso, Andrew permaneceu em silêncio enquanto escutava o que a outra pessoa falava. Seus olhos se arregalaram e a minha curiosidade aumentava a cada "uhum" que Drew dizia. — Tudo bem, vou mandar ver.
Assim que desligou o telefone, esperei que Andrew falasse rapidamente, assim como eu fazia quando estava muito animada com alguma coisa.
— Conta logo o que aconteceu!
Andrew olhou para mim como se tivesse acabado de sair de um transe. Meu coração se enchia de curiosidade a cada segundo que passava.
— O Destroyer foi desclassificado. — Disse. — Eu estou no lugar dele nas semi finais!
— O que? Por quê!?
— A luva que ele estava usando era feita com pó de chumbinho, por isso eu saí tão machucado. — Pimentinha, eu estou nas semi finais!
Abri um sorriso de orelha a orelha e corri para abraça-lo. Andrew me tirou do chão, dando umas voltinhas comigo em seu colo. Sabe quando tudo parece ter ficado em câmera lenta? Foi essa a sensação que eu tive.
A boca de Andrew estava perigosamente próxima. Examinei todo o seu rosto tentando procurar algum vestígio de alguém que acharia um erro minutos depois. E então, Andrew colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, segurando meu rosto com delicadeza.
Drew olhava cada parte do meu rosto, milimetricamente, como se estivesse com medo de me machucar fisicamente. Parei de respirar quando senti nossos lábios sendo selados. Isso realmente estava acontecendo?
— Andrew, não faça isso...
— Você não quer?
— Quero. Só Deus sabe o quanto eu quero. Mas não quero ouvir que foi um erro depois.
— Ariel... — Ele abriu a boca para falar algo, mas fechou imediatamente. — Tudo bem. Vem, eu te levo para casa.
Todo o silêncio confortável que eu senti na ida, eu não senti na volta. O clima está a pesado e eu teria muito o que contar para Asher, Jason, Lola e Margot.
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