CHAPTER 22. awake nightmare
22. PESADELO ACORDADO
🥊DREW
Essa noite eu dormi terrivelmente mal. Uma sensação estranha, ruim e isso rendeu alguns pesadelos. Meu corpo estava cansado, mas minha mente estava ativa. Nos poucos minutos que eu dormia, um cachorro tentava me atacar.
A última vez que eu vi o relógio, eram três horas da manhã. Por sorte, amanhã era domingo. Não tinha nenhum compromisso pela manhã.
E mais uma vez eu sentia que estava usando uma capa da invisibilidade. As pessoas passavam por mim e não me olhavam. Eu não sabia onde estava... Los Angeles talvez?
Tinha monumentos de várias cidades: Torre Eiffel, Big Ben, Estátua da Liberdade, Cristo Redentor. Eu não estava decifrando nada do que acontecia.
— Está gostando, garoto? — Olhei assustado para o lado e a imagem de Ray apareceu repentinamente.
— O que está acontecendo?
— Você merece.
— Do que você está falando?
Em uma mudança drástica, apareci entregando um passaporte. O livro azul estava carimbado diversas vezes, me fazendo ter certeza que aquilo era real. Na verdade, avião não era o meu transporte favorito. Mas naquele momento eu não transmitia sentimento de medo, apenas de animação e excitação.
— Posso ficar com o seu banco, na janela? — Em questão de segundos, a careca de Ray havia sido substituída pela cabeleira escura de Ariel.
Ela estava sorridente e sem o seu batom vermelho. Na sua camiseta estava escrito... O meu nome?
— Que camiseta é essa?
— É sua, amor. — Gargalhou, terminando de arrumar sua bagagem.
De uma hora para outra, o avião estava decolando. Eu não conseguia entender o sentido daquele sonho. O que estava acontecendo?
Ouvi algo ser socado, o avião tremer e eu segurar firmemente a mão de Ariel, enquanto a outra apertava o braço do banco.
— Andrew!
Quanto mais me chamavam, mais barulhos eu ouvia.
— Andrew!
Num pulo, acordei assustado. Demorei alguma segundos para perceber que o barulho que eu estava ouvindo no avião não era do sonho, era apenas a minha porta sendo esmurrada.
Quatro e meia da manhã e Asher batia freneticamente no meu apartamento. Quando abri a porta, ele soltou um suspiro, parecendo descansar depois de toda algazarra. Suas roupas eram totalmente pretas e respingos de tinta manchavam pequenas partes do moletom.
— Me leva pro hospital!
— Por que, garoto? Tá ficando louco? — Asher estava agitado. Com certeza não era ele que precisava de cuidados médicos. — O que aconteceu com a mamãe? Aliás, o que você está fazendo na rua às quatro da manhã, pirralho?
— Você quer mesmo saber, Andrew? — Questionou e eu neguei rapidamente, pensando na probabilidade de eu ser um possível cúmplice. — Vamos.
Revirei os olhos e peguei uma camiseta. Entrei na Hilux e dirigi até o hospital que Asher havia colocado no GPS. Ficava bem longe de nossas casas. Se mais um amigo do meu irmão estivesse com uma perna quebrada, isso não seria novidade.
Quando cheguei, tentei estacionar o mais perto possível da entrada. Asher não esperou nem eu desligar o carro e saiu em disparada dentro do hospital.
— Boa noite. — Olhei para o recepcionista. Ele me olhou de soslaio e voltou sua atenção para o computador. — Meu irmão acabou de passar aqui. Quem ele veio ver?
— Preciso do seu nome.
— Andrew Hawk.
Ele imprimiu meu passe e colou na minha camiseta branca, sem vontade nenhuma. Assim que ele informou o quarto que a paciente estava, decidi subir as escadas para acabar logo com a minha curiosidade.
Assim que cheguei no terceiro andar, vi que minha mãe estava sentada e tia Aurora estava em pé. Asher conversava com algumas garotas, que eu reconheci por serem amigas de Ariel.
Mas cadê a Ariel?
— O que está acontecendo? — Aurora levantou seu olhar até mim e pude perceber seus olhos inchados e respiração ofegante. — Cadê ela? Cadê a Ariel?
— Você não falou pra ele, Asher?
— Ele iria dirigir que nem louco e ia matar nós dois. — Se justificou, dando dando de ombros.
— Vem cá, querido. — Fui para um lugar mais afastado com minha mãe e esperei que ela começasse a falar. Sua voz estava trêmula, o que me deixava ainda mais nervoso. — Há uma hora Ariel deu entrada aqui e desde então não sabemos como ela está.
— Mãe, é sério, o que houve?
— Ariel e as amigas estavam num bar perto da Universidade. Ari se afastou e elas não perceberam. Duas horas depois acharam ela desmaiada no gramado, com várias lesões no corpo. — Disse e suspirou. — Drew, ela foi espancada até desmaiar.
— Por quem? Quem espancou ela, mãe?
— Quem são os familiares de Ariel Burkhardt?
Assim que ouvi uma voz masculina, virei-me e um homem alto, negro e trajado com apenas roupas brancas conversava com Aurora. Ela estava com os braços cruzados, respirando pesadamente, como se uma tonelada de concreto pressionasse seus pulmões.
Assim que o homem esguio se retirou, todos nós aproximamo-nos de Aurora, afim de receber alguma boa notícia.
— Ariel está bem. Nenhum osso quebrado, nenhuma hemorragia. Só tem algumas lesões no corpo e no rosto. Sente muita dor, mas não é grave. — A cada palavra que saía da boca de Aurora, um sentimento de alívio percorria o meu corpo. — Ela está dormindo agora.
— Vamos crianças, vou levar vocês pra casa. — Liz estendeu o braço para Margot e Lola, mas ambas negaram.
— Queremos ficar aqui.
— Vão embora. — Aurora havia mudado totalmente o seu semblante. Era nítido que ela culpava as duas por terem levado sua filha em direção ao perigo.
— Tia Aurora, desculpa... A gente não sabia que isso iria acontecer.
— Eu sempre falei que vocês nunca devem se separar quando vão para lugares desconhecidos, Dolores. Vocês tinham que cuidar uma da outra.
Dolores?
— Que nome feio. — Asher segurou a risada assim que Lola lançou um olhar fulminante para o mais novo.
— Mais tarde vocês visitam ela. Agora tratem de irem pra casa e tomar um banho. — Minha mãe disse.
Era estranho o fato de tia Aurora estar agindo como... minha mãe. Os papéis haviam se invertido.
Minha mãe estava sendo gentil, prestativa e carinho, enquanto Aurora estava tensa, estressada e impaciente. Mas não a culpo, dada as circunstâncias.
Assim que as duas se distanciaram junto de minha mãe, tia Aurora suspirou. Asher estava ao seu lado, tentando tranquiliza-la de alguma forma.
Nas horas seguintes Ariel havia acordado e conseguia falar poucas palavras. Eu não tive coragem de entrar em seu quarto. O medo de vê-la debilitada me causava pensamentos ruins e agressivos.
Lola havia voltado sozinha e estava distante de nós. Depois da sua briga com a mãe de sua melhor amiga, ela não quis mais chegar perto.
— Lola? — Seu rosto estava inchado. Recebi uma pontada de dó em meu coração. — Posso te fazer uma pergunta?
Receosa, ela limpou seus olhos e assentiu.
— Como era o cara que atacou ela? Você viu?
— Eu não sei quem atacou, Andrew. — Suspirou pesadamente, claramente se culpando pelo que havia acontecido. — Mas quando ela saiu da pista de dança um cara loiro chegou para conversar. Ele é do time da universidade. O nome dele é Eric, mas não sei o sobrenome.
Mas eu sabia.
Eric Hayes, estudante de arquitetura e com o ego incrivelmente alto. Ele já havia entrado num boato de ter batido em sua ex namorada, mas não haviam provas o suficiente para condenar ele.
Estava ficando cada vez mais famoso por ser quarterback do time Stanford Cardinal. Ninguém iria querer que o astro da equipe entrasse num rumor sério que poderia tirá-lo do time, ainda mais no meio de uma temporada.
— Não foi a sua culpa. — Falei por fim e ela assentiu, agradecida.
Eric Haynes não estava numa posição ruim. Ninguém conseguiria arrancá-lo do topo da pirâmide e, muito menos, levá-lo para julgamento.
Eu não chegava nem perto de ser Deus, mas faria aquele homem se arrepender de todos os seus pecados.
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