CHAPTER 21. my name is Eric
21. ME CHAMO ERIC
Morgan e Cassie estavam a cerca de quatro mil e seiscentos quilômetros longe de mim. Como elas haviam falado, três dias depois do show de talentos ambas foram embora. Mandavam fotos todos os dias de como era Nova Iorque e, nossa, era lindo.
Só me restou Lola e Margot. Estávamos mais grudadas do que nunca, planejando vários detalhes para a faculdade. Nós três não queríamos ir para Nova Iorque como Morgan e Cassie. Queríamos ir para uma faculdade numa cidade litorânea. Compartilhamos o amor infinito por água salgada.
Bom, trocando da água para o vinho: Andrew, de um dia para o outro, havia decidido mudar-se para outro apartamento. Isso significou que todos nós iríamos ajudá-lo com a mudança.
Haviam caixas e mais caixas na sua nova casa. O lugar era bonito e aconchegante. Um pouco mair do que o seu antigo, mas nada muito exagerado. O que me chamava mais atenção, era a sacada em direção ao mar no quarto principal. Era lindo.
— O que achou?
— Não sabia que você gostava de morar perto da praia. — Comentei, sentindo um arrepio rápido assim que Andrew passou seu braço por volta do meu pescoço. — Mas é perfeito.
— Fica perto da academia. — Deu de ombros.
— E cadê o Ray?
— Só virá mais tarde. Está preparando os últimos retoques para a luta de Zach.
Assenti e voltei a observar o mar. Notei Andrew me olhar de canto de olho, mas não me importei. A casa estava silenciosa, o que achei estranho por toda a mudança. Só fui notar que estávamos sozinhos quando recebi uma mensagem de minha mãe perguntando onde eu estava. Bom, era para estar com ela nesse momento.
— Quer que eu te leve para casa?
— Não. Posso te ajudar com a organização. — Dei de ombros e ele assentiu, sorrindo de leve.
— Tudo bem, podemos começar pela cozinha.
Acompanhei Andrew pela casa, desviando de todas as caixas de papelão empilhadas uma em cima da outra. Por sorte, Drew não tinha muitas coisas para arrumar, o que facilitou ainda mais nosso trabalho. Ele mandava, eu obedecia. Portanto, meu espírito arquiteto queria falar mais alto.
— Por que você fez essa cara? — Questionou, cruzando os braços e deixando seus músculos marcados pela manga da camiseta preta.
— Eu? Não fiz cara nenhuma.
— Qual é, Pimentinha? Eu não sou idiota.
— Você é péssimo para organização. Sempre se deve deixar os temperos perto de onde se cozinha, a comida longe do fogão para não estragar por conta do calor e a louça em armários próximos à pia.
— E mais o que?
Não notei que Andrew se aproximava a cada palavra que eu dizia. As pupilas estavam cada vez mais dilatadas e meu coração acelerado.
Sentei-me na ilha e percorri meus olhos por toda extensão da cozinha, tentando desviar minha concentração do corpo de Andrew. Era impressão minha ou estava ficando ofegante?
Seu olhar era sério, mas não me dava medo. Só fazia minhas pernas bambearem, por esse mesmo motivo me sentei na ilha segundos atrás.
— A geladeira não está bem localizada.
— É?
— Sim, mas a culpa não é sua. Você não teria tant...
Minha fala foi interrompida quando senti os lábios quentes de Andrew tocarem os meus. Foi questão de milésimos para o moreno se distanciar de mim com uma expressão assutada, como se quisesse pedir desculpas e falar que aquilo havia sido um erro. Mas eu não dei tempo suficiente para isso. Encaixei minha mão em sua nuca e o puxei para um beijo. Andrew encaixou-se entre minhas pernas e conduziu suas mãos até minhas coxas.
Eu não sabia que precisava daquele beijo, até beijá-lo.
Eu o beijava com tanto desejo, que não me assustei quando Andrew retribuiu a mesma sensação. Parecia que seu beijo estava ainda melhor desde o Baile de Máscaras.
Drew se distanciou de mim e percorreu seus olhos por todo meu rosto, permitindo-me ver só a sombra de um sorriso antes de voltar a me beijar.
— MEU DEUS! — Empurrei Andrew num reflexo e olhei em direção a Asher, que sorria animado com a mão na boca. Andrew tentava se recompor do susto, mas estava do outro lado da cozinha, tossindo. — Eu estou extasiado! Não... melhor ainda! Rosa choque.
— Acho melhor eu ir. — Pulei da bancada e passei por Asher, extremamente envergonhada.
E o melhor de tudo: A casa de Andrew estava ainda mais distante da minha e eu não tinha dinheiro o suficiente para pedir um carro. O ápice da vergonha foi voltar para o apartamento e pedir carona. E Asher fez questão de nos acompanhar.
— Desculpe. — Andrew havia me acompanhado até o hall de entrada da minha casa. Por mais que Asher tentava se esconder, dava para notá-lo tentando nos espionar.
— Está se desculpando pelo beijo?
— É... você sabe... foi um momento de...
— Carência? Por favor, Andrew. Agora vai me dizer que foi um erro.
— Não foi carência, eu quis. Mas você sabe que isso não deveria ter acontecido. — Resmungou.
— Bom, Andrew Hawk... se não deveria ter acontecido, aconteceu. — Dei de ombros, abrindo a porta de casa. — Se você acha que foi um erro, lide com isso.
— Pimentinha...
— É Ariel.
Ouvi seu suspiro antes de fechar a porta na sua cara. Subi as escadas procurando por minha mãe, mas havia um bilhete colado na porta do meu quarto dizendo que estava com tia Liz.
Ótimo.
Posso dar meus gritos de frustração em paz.
Dizer que algo tinha sido um erro era a pior coisa que poderia falar para alguém. Ainda mais, se essa pessoa achou que o sentimento estava sendo recíproco. Fico me imaginando o que poderia ter acontecido se Asher não houvesse chegado naquele momento. Teria sido um erro pior? Porque eu estava doida para ver.
Me peguei pensando em ligar para Vince quando senti meu celular vibrando. Eu seria tão idiota quanto Andrew ao tentar esquecer um beijo beijando outra pessoa? Sim, mas isso não havia passado pela minha cabeça naquele momento.
— O que foi?
— Boa noite para você também, Miss Simpatia. — Lola bufou. — Mas enfim, não te liguei para trocar carícias. Uma amiga minha da faculdade nos convidou para uma festinha que vai ter no bar perto da universidade. Quer ir?
Lola era repetente, ou seja, todas as pessoas que haviam ido para a faculdade ela conhecia e mantinha contato para ser convidada para festas universitárias. Era um ótimo plano. Seguíamos ela em todo canto que ia, e ninguém se importava com penetras.
— Margot vai?
— Eu fico lisonjeada com a sua preferência de amizade. — Reclamou, como sempre. — Sim, ela vai
— Tudo bem, tenho que contar uma coisa para vocês.
— Ótimo, adoro fofoca. Te pego em uma hora.
Desliguei o telefone assim que ouvi o tchau de Lola. Me direcionei para o banheiro e tomei um banho rápido, só para tirar o suor e não ficar parecendo uma mendiga.
Meu método de arrumação rápida era sempre deixar um look separado para diferentes tipos de evento. Ou, claro, usar a mesma roupa diversas vezes. Ambos funcionavam.
Após tirar várias fotos no espelho para postar no meu Instagram de moda — sim, eu tinha um e adorava compartilhar meus desenhos lá —, guardei o celular na bolsa e retoquei o típico batom vermelho.
Saí de casa calmamente assim que ouvi a buzina do carro de Lola. Margot estava no banco da frente, ao lado de Lola, com o braço apoiado na janela. Estavam lindas, como sempre.
— Boa noite, para onde? — Margot sorriu.
— Eu e o Andrew nos beijamos.
Após contar detalhadamente sobre o que havia rolado entre nós e responder todo o questionário de Margot, eu finalmente fui liberada.
Quando chegamos no local, Lola cumprimentava todos que via pela frente e, por conta do alto teor alcoólico em seus corpos, eles retribuíam o abraço como se conhecessem há anos.
O lugar não passava nem perto de ser aconchegante. Era um ambiente que eu não estava muito acostumada, mas seria uma ótima oportunidade para me familiarizar com o lugar que eu frequentemente iria habitar.
— Quem quer a primeira bebida?
— Você pegou isso aonde, Lola?
— Um cara me deu. — Sorriu animada.
Se você não conhecesse Lola, diria que ela está bêbada em todo momento.
— Parece criança pequena. — Murmurei, tirando o copo de sua mão e cheirando o líquido desconhecido. — Isso é vodka e outra coisa que não tem nada a ver com energético ou suco misturado. Vai ter uma overdose e nem saberá o motivo.
Lola deu de ombros, claramente despreocupada com as consequências de sua frequente irresponsabilidade com bebidas e festas. Foi em direção ao bar e mostrou sua identidade falsa, pegando três cervejas e dando um sorriso descontente em nossa direção.
— Essa garota é louca.
Peguei a cerveja da mão de Lola e varri o ambiente à procura de um lugar sem muita gente aglomerada. Festa era bom, o ruim era a quantidade de pessoas se esbarrando e brigando por pensarem que foi proposital.
— Vamos dançar!
Lola nos puxou para a pista de dança e começamos a dançar ao som de Brent Faiyaz. Meu corpo se movimentava para lá e para cá a cada batida de Poison, intercalando entre dançar e beber. A diferença entre festa de ensino médio e faculdade era que os universitários eram chatos o suficiente para encostar sem permissão.
Cansada de toda essa atenção desnecessária, sentei-me numa mesa próxima das garotas e descansei, pedindo algo leve, afinal, não seria Lola que dirigiria no final dessa noite.
A garota estava em cima de uma mesa, dançando junto de um homem barbudo. Ela não parecia ligar com a quantidade de mulheres a encarando. Pelo que eu podia observar, ele deveria ser o rei de Standford e o capitão do time. Lola realmente mantinha um tipo para caras.
— Imagino que você esteja se sentindo um peixinho fora d'água. — Um garoto, talvez estivesse na casa dos vinte anos, sentou-se ao meu lado. Franzi a testa e ele percebeu, dando uma risadinha. — Sou o Eric.
— Tá bom.
Ele manteve o sorriso sabichão no rosto, me encarando como se eu fosse uma presa. Deus, como eu odiava homens desse tipo.
— Você está com algum problema? — Questionei seriamente, pensando que naquela altura do campeonato ele já tivesse dado o pé dali.
— Só queria conhecer a garota mais bonita desse bar.
Que cantada previsível.
— Aceita uma bebida?
Olhei para Eric frustrada com a sua insistência. Impossível alguém querer inflar o ego tanto assim.
— Tudo bem, eu aceito.
Assim que o loiro se distanciou o suficiente para não me ver, catei minha bolsa de cima da mesa e caminhei o mais longe possível para o garoto não me encontrar mais.
Respirei fundo ao sentir o ar puro ao invés do cheiro de cachaça e tabaco. Olhei o celular e percebi que já se passavam da meia noite.
Aqui era um lugar bonito levando em consideração que eu estava nos fundos do bar. O gramado era bem verdinho e havia um balanço, pendurado numa árvore, movimentando-se levemente por conta do vento franco. Não havia ninguém aqui: apenas eu, a árvore, o balanço e a vista para a bela cidade iluminada.
Perdi a noção do tempo assim que sentei no pequeno balanço. A música abafada do bar dava um ótimo complemento para aquele momento. Só percebi que estava tarde quando notei as inúmeras mensagens de Margot e Lola questionando o meu paradeiro. Guardei o celular na bolsa e me preparei para encontrá-las.
— Aí está você! — Eric sorriu, mostrando os dois copos vermelhos. — Te procurei a noite toda.
— Agora não dá, Eric. Já estou indo embora. — Tentei passar por ele, mas o loiro agarrou o meu braço de forma agressiva. — Me solta! Quando vai perceber que eu não estou interessada em provar seu bafo de vodka?
— E quando vai perceber que você não tem escolha? — Sorriu, agora mostrando um sorriso malvado.
Eric tentou me beijar, mas de alguma maneira eu peguei a minha bolsa e bati em sua cabeça. Aquilo o deixou ainda mais irado.
— Você é uma desgraçada!
— Para de ser fresco, nem doeu. — Eu estava brincando com o perigo? Sim. Estava tremendo de medo? Também. Iria deixá-lo bater sozinho? De jeito nenhum. — Você é um babaca! Me solte!
Tentei chutar suas partes íntimas, o que funcionou nos primeiros milésimos, mas Eric logo se recuperou e veio atrás de mim, me jogando contra a parede do bar.
— Isso é pra você aprender a não me atiçar e depois me rejeitar.
— Por que eu iria atiçar um bêbado enlouquecido? — Murmurei, sentindo as gotas de sangue na minha testa. — Você não é o meu tipo.
— Vagabunda!
— Quer mesmo entrar nesse assunto?
Peguei uma garrafa de vidro no chão e joguei em sua direção. Ela só desestabilizou Eric por alguns segundos. Aquele homem era o que? O Capitão América?
— Vem cá, vadia.
Eric pegou meus cabelos e jogou-me contra o chão. Senti o primeiro chute ser desferido em meu estômago, fazendo com que eu tossisse. No sétimo golpe eu já não sentia mais nada, parecia que meu corpo havia tomado uma dose de anestesia natural.
A última coisa que eu vi antes de desmaiar foi o balanço se movimentando e, bom, tudo ficou escuro repentinamente.
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