96 - CONTRATO ALCESTE
Dor!
Você me fez um,
Você me fez um crente,
crente
Dor!
Você me destrói,
me reconstrói crente, crente
Dor!
Eu deixo as balas voarem, deixo que chovam
Minha vida, meu amor, meu impulso, vieram da
Dor!
Você me fez um,
Você me fez um crente, crente
Believer — Imagine Dragons
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– Green, tire a Kat do navio – Lissa sorria de maneira quebrada – Quero ela longe daqui antes de atacarmos. Aylin, ponha o selo de troca em todos da Ala 9 e em todos das celas para que a troca possa ocorrer mesmo estando distante, quero isso feito ainda hoje, faça uma ordem para os selos de uma maneira que os da cela sejam os primeiros. Senhora Kendra, saia agora da sala e deixe todos de prévio aviso: Nenhum Malpha irá morrer enquanto tiver uma Kitsune de pé, nós iremos fechar outro acordo.
– Lissa, por conta de uma provocação barata? – Senka arregalou os olhos – pelo amor de Deus Lissa, você nunca fez isso com 6 pessoas de uma vez.
– Não irei fazer isso com 6 – Lissa sorriu para a amiga e Senka sentiu um arrepio percorrer o corpo – Eu avisei, ninguém das Kitsunes morrem. Aylin, anote os nomes.
– Lissa... – Aylin jogou os braços para os lados.
– Isso é uma ordem Aylin – Lissa falou de maneira categórica.
– Sim, capitã – a voz de Aylin saiu baixa. Carlos se sentiu mal por ter causado aquilo, mesmo sem entender de fato do que elas estavam falando.
– Senka, Niely, Roy, Luc, Aylin, Yugo, Layla, Sam, Maia, Kai, Carlos, Nerissa, Lucy, Zyon, Naomi e Yoko – Lissa ditou tranquilamente – Coloque aí "Enquanto as Kitsunes estiverem vivas, nenhum Malpha morrerá. Enquanto a Lissa estiver viva, nenhuma Kitsune morrerá.
– Eu não vou fazer parte disso, Lissa – Senka falou brava.
– Vou te dizer a mesma coisa que falei para a Aylin – Lissa falou de maneira afiada – Isso é uma ordem.
– Você já tem um desse permanente com a Kat... você vai adicionar a carga de mais 16 pessoas?
– Do que vocês estão falando? – Yugo perguntou de maneira ríspida.
– Estou garantindo de que nenhum Malpha sairá ferido, só isso – Lissa deu de ombros – Faz logo isso Aylin.
Aylin suspirou e fez o mesmo ritual em um papel onde todos podiam ler "Contrato Alceste". Ela terminou e suspirou, uma linha vermelha surgiu no braço de cada um deles.
– Assinem – Lissa ordenou – Niely, você irá assinar pela Lucy e pela Yoko, já que você é a capitã delas. Layla você irá assinar pela Nerissa, Aylin você assina pelo Zyon, já que ele passará a fazer parte da sua divisão.
Aylin vacilou um pouco e em seguida assinou passando o contrato silenciosamente para as outras capitãs. Assim que a folha chegou nas mãos de Senka, todos notaram como pouco a pouco os olhos de Lissa começavam a se estreitar. Toda a raiva que ela sentia começou a ser exposta através daquela simples hesitação de sua vice-líder.
– Assina de uma vez – Lissa chegou perto de Senka até que a loira cedeu e assinou – Ótimo, vez de vocês rapazes.
– O que esse contrato faz? – Luc perguntou ao notar que Senka seguia forçando o maxilar e os pulsos.
– Exatamente o que está escrito aí – Lissa deu de ombros – assina Luc. Eu estou cansada, entendo a desconfiança, matei um de vocês e ainda joguei fazendo-os atuarem feito idiotas..., mas você sabe que essas drogas de contrato funcionam.
– Assinem – Kai falou com os olhos apertados para Lissa.
Kai, para dar o exemplo pegou o contrato e assinou e foi seguido de cada capitão que parecia vacilante em fazê-lo. Lissa sentiu com enjoo como várias linhas a ligava com todos e respirou fundo por conta da tontura.
– E agora, Lissa? – Kai perguntou ainda sem tirar os olhos da moça – quero entender como isso garante a nossa segurança.
Lissa sorriu, pegou uma das facas de combate que Roy havia pegado de Niely e jogou para a moça.
– Mostre Niely – Lissa ordenou sua capitã.
Niely com a mesma máscara imperturbável passou a faca pelo próprio braço e com a mesma rapidez que a linha ia surgindo, ela também ia desaparecendo e uma nova linha ia aparecendo no braço de Lissa mostrando pequenas gotas de sangue saindo de algumas partes do novo corte.
– Satisfeitos? – Lissa sorriu sem humor – Mas por favor, isso dói. Tomem cuidado. Agora podemos seguir?
– Por que você fez isso? – Zyon apareceu furioso pela porta, quase levando-a para baixo.
– Porque eu quis – Lissa pareceu não se imutar – pensei que ia demorar um pouco mais para você sentir isso, estou impressionada com a rapidez.
– Então é assim que você pretende me manter vivo? – ele esbravejou.
– Não. É assim que eu pretendo manter eles vivos – Lissa deu de ombros.
– Mas eles ficavam vivos nessa maldita linha que estamos – Zyon gritou – Como você vai lutar com a Kawany agora? Sabe que eles sobrevivem, mas você lembra do tanto de ferimentos de cada um?
– Claro que lembro – Lissa sorriu e Zyon arregalou os olhos.
– Te chamam de demônio com bons motivos, não é Lissandra? Quantos têm ali embaixo?
– 466 amontoados como vermes, sendo tratados como os lixos humanos que são.
– Resumindo, você irá matar 466 pessoas para que eles não sofram nem um arranhão? – Zyon sorriu de maneira divertida. Não havia sobrado traços da raiva inicial.
– Seria uma pena estragar o rostinho perfeito deles, não?
– Você é realmente um demônio, Lissa – Zyon virou um pouco mais a cabeça para o lado – Realmente me impressionou, mas estou curioso... como eles aceitaram isso?
– Pois é, agora eu posso falar isso com mais propriedade, não é? Afinal eu realmente sou um demônio, ou pelo menos meio demônio. Como eles aceitaram? Simples – Lissa deu de ombros – Consegue enxergar a cara de espanto deles? Eu simplesmente não falei abertamente o que eu faria. As únicas que sabiam eram as que estavam relutantes em assinar – Lissa fulminou sua vice-líder ao falar isso.
– O quê? A Senka está com dó do inimigo? – Zyon sorriu em direção a loira.
– Não estou com dó deles, idiota – Senka bufou – eles mereciam coisas piores. O que eu não quero é que ela sinta todas essas dores. Mesmo porque, acabando eles, quem começará a morrer serão os da ala 9.
– Quem diria que a impiedosa Senka estaria preocupada com pessoas que já estão morrendo – Zyon fez uma careta debochada – Nesse meio tempo eu fiz algumas teorias Lissa, mas acho que tem uma que pode ser que se aproxime do que você planejou até agora e por incrível que pareça esse seu contrato tem tudo a ver com isso. Vai me falar a verdade se eu acertar?
– Talvez – Lissa deu de ombros – Você pode tentar.
– Você irá seguir a linha até quase o fim – Zyon começou – Acharemos a Tenko, eles matarão o Rafael, nós mataremos a Kawany. Ninguém poderá matar eles ou a mim, já que você está tomando tudo para si mesma e enquanto você não se juntar com a Tenko, vocês duas não morrem. Até aí está bem explicado... ninguém morre assim como você disse que seria, nem mesmo eu..., mas na linha você deixaria de ser um receptáculo assim como desejou todos esses anos. Você seria uma simples ladra normal vivendo pelos mares, mas nesse processo eu morreria pelos meus próprios ferimentos, vale lembrar. Logo, se você deixar de ser um receptáculo, você morrerá por esses mesmos ferimentos – Lissa sorriu e ele abriu um pouco mais os olhos – Das duas uma, ou você irá ignorar tudo o que eu falei até agora e irá morrer, ou você passará por cima da sua vontade e não deixará de ser um receptáculo... É isso, não é?
– Bingo – Lissa falou com um sorriso distorcido – Satisfeito?
– Não sei – ele apertou os olhos – Vai seguir vendo as pessoas morrerem por você. Tem certeza disso?
– Acho que no fundo eu nunca fui um exemplo de bondade... contanto que não sejam os meus amigos, eu posso conviver com isso. Minha sorte é que não tenho nenhum amigo exatamente bondoso aqui.
– E você tem certeza de que isso irá funcionar Lissa? Você viu essa linha que você está tentando alcançar?
– É claro que não, estou no escuro como deveria ser para qualquer um. Ainda assim, a única vida que está em risco é a minha e acredite, não estou disposta a morrer agora.
– Muito bem então, Princesa Corvo – Zyon deixou transparecer, mesmo que momentaneamente um tom orgulhoso na voz – me mostra do que você é capaz.
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