Tente se soltar da verdade
Das batalhas de sua juventude
Porque isto é apenas um jogo
É uma bela mentira
É uma perfeita negação
Thirty Seconds To Mars - A Beautiful Lie

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Malphas (mitologia cristã com alterações pessoais): Conhecidos também como demônios corvos, são seres noturnos com o poder de construir e destruir quase tudo, mas constroi principalmente coisas de mármores e madeira. Consegue invadir a mente das pessoas e ver suas memórias (linhas temporais), além de ver muitas linhas de futuros possíveis, podendo moldar e romper cada uma de acordo com as suas escolhas. Pode ficar na aparência de um corvo e também de um homem. Possue o poder do magnetismo, que é frequentemente usado quando querem dissuadir outros seres e influenciá-los para fazer pactos e cumprir com as suas vontades.

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– Enquanto você estava desacordada, apareceu na sua testa um símbolo de luz idêntico ao que Luc tem tatuado – Sam deu de ombros – o que exatamente significa isso?

Yan entrou trazendo um pote de sorvete de morango e notou o clima estranho da sala.

– Acho que volto daqui a pouco – ele ia refazer os passos.

– Não, Yan – Lissa se apressou parecendo uma criança assustada – eu acho que vou precisar desse sorvete. Preciso entender – Lissa falou dando uma colherada gigante no sorvete de morango nas suas mãos – apareceu o símbolo de um demônio durante o último ciclo, que coincidentemente é o mesmo símbolo que vocês usam? É isso?

– Sim – Senka cruzou os braços – foi bem estranho.

– Deixa eu fazer uma pergunta para vocês – Lissa parecia concentrada e não olhava para ninguém em particular – Aliás, acho que eu já sei a resposta, mas vou fazer a pergunta mesmo assim. Quem deu o nome Malphas para vocês?

– Acho que já ouvi essa mesma pergunta antes – Kai olhou para Senka que levantou o ombro como se dissesse "é uma pergunta óbvia", mas para ele não era assim.

– Foi a Emma, não foi? – Lissa olhou finalmente para eles.

– Foi, sim – Luc respondeu olhando atentamente o olho vidrado de Lissa em algum ponto específico que não eram eles, como se um turbilhão de pensamentos passasse por sua cabeça.

– Emma, por que você nos juntou? – ela perguntou mais para ela que para os outros.

A confusão pairou no olhar de todos da sala, Lissa falava praticamente sozinha enquanto levava uma e outra colherada de sorvete na boca e então, ela pareceu explodir e lançou o pote de sorvete no vidro da janela fazendo-a quebrar.

– Maldita – ela gritou – Emma maldita! Você me enganou esse tempo todo sua puta! Por que não me falou a verdade Tenko? Qual foi a maldita dificuldade de me falar a verdade?

– Lissa? – Star arregalou os olhos ao ver o estado da sua capitã e quando Lissa ouviu o próprio nome ela começou a rir de maneira desesperada.

– A Emma é a Tenko – ela falou para ninguém em particular – ela é a Tenko... não a Tenko em si, Emma era uma parte da Tenko. Quando eu era criança eu e a Tenko brincávamos, ela gostava de tomar várias formas humanas para isso, eu amava isso nela. Ela me falava de um corvo, segundo ela, esse corvo estava preso e haviam selado os seus poderes aqui no nosso mundo, também dizia que ele iria me ajudar quando fosse o momento... maldição Emma – Lissa começou a chorar, mas não deixava ninguém chegar perto.

– Lissa, que tal você se acalmar para nos explicar – Roy, o único que de alguma maneira havia conseguido chegar perto de Lissa, falou enquanto a segurava pelo ombro.

– Tudo bem – Lissa respirou fundo, se acalmando com o toque suave da mão de Roy.

– Isso – ele falou sorrindo – agora que tal você respirar fundo e tentar se acalmar?

Ela controlou a respiração e olhou para o jovem com o brinco de sino de gato a sua frente, ele parecia tranquilo e seguia sorrindo.

– Agora, você pode contar o que aconteceu?

– A Emma é a Tenko, uma parte da Tenko para ser mais exata, já a Tenko está presa e selada dentro de algum lugar do castelo. Eu nunca tinha percebido antes, mas a Emma tinha uma particularidade que nenhum ser humano tem: seus olhos eram quase brancos, assim como os da Tenko. Ela me falava de um corvo demônio, na qual ela precisava ajudar, mas para isso, ela precisava matar a Nogitsune que havia selado os poderes desse corvo, e com isso ele não era capaz de voltar para um lugar chamado Himura. Eu achava que era tudo fantasia, tudo brincadeira, mas não era. Acho que a Tenko não contava com o fato de que seria feita prisioneira... sabe por que ela se separou de mim? Porque assim eu sobreviveria, afinal, não posso morrer se ela não estiver aqui. Se eu saísse, poderia ficar forte para voltar para o castelo, salvá-la e matar a Nogitsune. Dessa parte eu sabia, mas nunca tinha pensado que o demônio corvo era real, se ela está presa, o corvo não pode voltar para o seu lugar. Ela falava que ele me ajudaria e a ajuda dele está aqui já tem mais tempo do que eu imaginava.

– Está dizendo que essa ajuda somos nós? – Luc arqueou uma sobrancelha – Como poderia?

– Vocês ainda não entenderam? – Lissa falou olhando surpresa para eles – Tudo o que vocês fazem ou que nós fazemos faz com que nossos caminhos se cruzem. A única coisa que impedia que a linha "certa" ficasse intacta, é que eu queria afastar vocês.

– Mas teve uma das linhas em que nós fazíamos parte, Lissa – Luc continuou – foi assim que fizemos o primeiro acordo, lembra.

– Sim – Lissa estava conseguindo raciocinar melhor e isso a aliviou bastante – mas tinha um problema essa linha.

– Qual?

– Eu morria, eu morria de verdade – Lissa sorriu – eu deixaria de ser um receptáculo e morreria, mas acho que não é isso que Tenko ou o demônio corvo querem. Só não entendo o motivo de quererem me manter com vida ainda.

– Tem lógica – Aylin falou parecendo se iluminar – Lissa, é isso. Foi ele que te deu a visão das linhas, e se foi ele que fez isso, então foi ele que forçou a linha que fez com que você decidisse romper o contrato. Ele queria a linha inicial.

– Estou impressionado – a voz de mais alguém surgiu na janela – Vocês realmente têm boas deduções. E respondendo à pergunta da Lissa, realmente não queremos você morta.

– Zyon – Lissa nem precisou se virar para saber que era o subordinado de Niely que havia entrado pela janela quebrada – então é isso? Pobre garoto que teve que caminhar terras e terras em busca de alimentos e uma família. Me dê um bom motivo para eu não te matar agora.

– Te dou dois – ele sorriu – primeiro: você não vai me matar sem ter suas respostas. Segundo: eu posso estar selado, mas acredite, você não consegue nem mesmo me arranhar.

– Posso ter minhas respostas invadindo a sua cabeça – Lissa não queria se dar por vencida assim tão fácil.

– Você pode tentar, mas duvido que consiga.

E de fato Lissa não conseguia, havia uma barreira e isso a admirou e assustou ao mesmo tempo.

– Como? – a pergunta dela saiu em um sussurro.

– Já te falei, posso estar selado, mas sigo sendo muito mais forte do que você. Você não pode me pegar no meu próprio jogo, Lissandra.

– Qual é o seu propósito? Por que você mesmo não salvou a Tenko?

– Você já deu a resposta, fui selado na forma humana e perdi meus poderes, preciso voltar para o meu lugar.

– E por que a Tenko está te ajudando?

– Nossa, capitã... não consegue nem falar olhando para mim? – Zyon riu – ela está me ajudando porque somos amigos. Eu precisava proteger algo importante e ela me ajudou com isso, mas isso me custou a minha liberdade e a liberdade dela.

– Por que vocês não falaram a verdade logo de início? – Lissa perguntou com um sorriso nervoso.

– Porque se falássemos, alguém mais poderia descobrir o nosso plano e tudo estaria perdido.

– E qual é esse plano? Eu posso saber? – Lissa se levantou e foi até onde Zyon estava – me fala, Zyon... ou devo te chamar por outro nome.

– Você sabe qual é o plano Lissandra... vocês entrarão no castelo, vocês matarão a rainha. Nós não podemos matar um ser humano, nosso rei não permite – Zyon passou uma mão pelo rosto tenso de Lissa – vocês resgatarão a Emma e eu voltarei para casa.

– E se eu me recusar a fazer isso? – ela o olhou de maneira desafiadora.

– Então inocentes continuarão morrendo – ele deu de ombros – acredite, eu não me importo, mas a Tenko se importa... a minha preocupação segue sendo apenas uma, isso nunca mudou.

Ele se aproximou um pouco mais e segurou o rosto de Lissa com força, fazendo-a olhar para ele.

– E então? – ele sorriu – Consegue adivinhar o que eu quero proteger?

– Tira a suas mãos nojentas de mim – Lissa resmungou, mas de certa forma ela não conseguia simplesmente sair.

– Gostou do magnetismo, Lissa? Esse é o sentimento – Lissa tremeu – é isso que você causa em cada um deles – ele a olhou de maneira divertida – Mas existe uma diferença entre nós dois. Você tem um limite no seu, eu não tenho. Diferente de você, eu posso ter quem eu quiser, da maneira que eu quiser... por outro lado, eu não poderia fazer isso com você por princípios meus.

– Sai de perto de mim – Lissa falou ainda forçando os dentes e irritada por não conseguir forçar o seu corpo a sair.

– Não consegue fazer isso por conta própria? Eles conseguem se controlar com você, você deveria ao menos tentar me mostrar que pode tanto quanto eles – ele sorriu novamente e Lissa nunca o tinha visto se parecer tanto com um demônio como naquele momento – Por que quer tanto sair de perto princesa? A maioria dos dons que você tem, fui eu que te dei. Invadir a mente das pessoas, escolher uma linha, atrair a todos... fui eu que te dei tudo isso, você ao menos podia ser considerada e me agradecer?

Zyon se afastou pouca coisa ao escutar o som próximo de um tiro que pegou na parede próximo deles claramente na intenção de chamar a atenção.

– Sabe amigo – Carlos falou ainda com a arma na mão – acho que você ainda não escutou a moça. Ela acabou de mandar você soltá-la.

– Ah – Zyon sorriu – meus pequenos meninos. Acho que agora posso dar uma de velho e falar com nostalgia... Como vocês cresceram... lembro quando ainda eram pequenos ladrões de becos. Está bem, Carlos... a deixarei por você, consigo ver que o que você sente é real e o que ela sente também, não sou tão insensível assim no fim das contas e como eu disse, não posso fazer isso com ela, não poderia ser podre a esse ponto, mesmo sendo um demônio. Eu não queria admitir, mas gosto de vocês. Nunca pensei que meu pequeno grupo fosse reunir 8 mil homens, estou orgulhoso.

– Zyon – Lissa falou depois de finalmente se afastar dele – eu entendo o porquê me escolheram, afinal, eu estava perto da Nogitsune responsável pela sua prisão e pela prisão da Tenko, mas se importa de me responder o porquê você os escolheu?

– Simples, Lissa. Eu gosto deles, a Tenko gosta deles e queríamos dar o país para eles. Para os meninos que a Tenko ama. Também existe o fato de que vi essa mesma linha que você enquanto você mal abria os olhos. Falando nisso – Zyon de repente pareceu triste – eu sinto muito pelo Lohan, eu tentei salvá-lo. Eu gostava muito daquele garoto – Lissa engoliu em seco – Nunca vi a Emma sofrer tanto por alguém e juro que vou levar o responsável para o inferno junto comigo.

– Você a ama? – Aylin arregalou os olhos – Zyon, você ama a Emma, é por isso que está colocando essa pose toda?

– Você sempre foi muito inteligente, Aylin – Zyon retomou seu tom anterior – sempre tive que tomar muito cuidado com você. Está bem, eu me rendo... eu não vou forçar vocês a fazer isso, Emma jamais me perdoaria, a ideia não era nos apegar tanto assim e no fim, aqui estamos. Sim, eu amo a Emma, na verdade eu tenho um amor a cada século e calhou desse século ser ela, mas não podíamos ficar juntos... questões de políticas de onde eu venho... para esquecer a Emma eu resolvi ter outra pessoa e foi aí que meus problemas começaram... algo mais apareceu... – ele virou levemente a cabeça e olhou para Lissa e Aylin estremeceu ao notar o quanto os dois se pareciam.

– O seu objetivo, além de ir embora e salvar a Tenko, era colocar os Malphas no poder? Como eu posso acreditar em você? – Lissa falou olhando bem para ele.

– Que tal darmos um passeio no passado, Lissa? – Zyon olhou para ela e antes que ela pudesse responder, ela já estava em outro lugar e em outra época.

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Zyon: Um Malpha. Príncipe da sua espécie. Também faz parte da história intitulada "Hanshas" que será postada em breve.