74 - CURIOSIDADE
Alguma coisa em seu jeito de andar
Me atrai como nenhuma outra
Alguma coisa no jeito como ela me seduz
Eu não quero deixá-la agora
Você sabe o quanto eu acredito
Alguma coisa em seu sorriso, ela sabe
Que eu não preciso de outro amor
Alguma coisa em seu jeito me faz ver
Que eu não quero deixá-la agora
Você sabe o quanto eu acredito
The Beatles - Something
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– A Senka está bem, Luc – Kai chegou tranquilizando o amigo – As duas estão.
Luc olhou primeiro parecendo confuso e depois o alívio foi tão transparente em sua expressão que foi inevitável para Kai não sentir um nó na garganta.
– Que boa fachada você tem, não é Kai? – Roy encheu um copo de uma bebida qualquer que estava na mesa – Quem vê pensa você só fez isso por interesse próprio mesmo.
– Da próxima vez que você falar isso em voz alta, eu quebro os seus dentes.
Roy riu, mas antes de se acomodar ele viu como Aylin e Layla chegavam quase que silenciosamente no bar.
– Eu... – Layla travou, ela nem sabia o que falar. A mulher na frente deles também parecia quebrada.
Como nem Layla e nem Aylin encontravam as palavras que queriam, elas apenas os reverenciaram, levando o corpo aos 90 graus.
– De certa forma – Luc murmurou – ver vocês fazendo isso me incomoda.
– Não se preocupe, Luc – Layla voltou o corpo para o lugar e conseguiu sorrir, mesmo que de maneira vaga – da próxima vez que eu aparecer, prometo que já estarei igual que sempre, mas nós nunca esquecemos as nossas dívidas, e temos uma dívida imensa com vocês agora. Não fale nada Carlos – ela fez um sinal com a mão ao notar que ele falaria alguma coisa – Vamos esperar os ânimos acalmar. Melhor ficarmos quietos para não falarmos coisas que não falaríamos em situações normais. Vamos Aylin – Layla puxou sua amiga estática – Hoje vai ser melhor deixar as coisas como estão. Amanhã já conversaremos melhor. Peçam o que quiserem, hoje é por conta da casa. O fundo do navio também é vip hoje, aproveitem. Naomi daqui a pouco irá entregar as chaves das suas suítes, mantivemos as mesmas da vez anterior.
Layla saiu com Aylin e eles todos foram pegos quase de surpresa pelo simples fato do quanto elas podiam ser pessoas normais, apesar de serem assustadoras e extremamente traiçoeiras quando queriam.
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9 anos
– Acho que vou tomar um bom banho e cair na cama – Luc se levantou e se espreguiçou depois de um tempo ali – Hoje o dia foi longo o suficiente para que eu só queira esquecê-lo.
Ele estava se preparando para sair, mas parou em seco, quando viu uma mulher loira parada na porta, olhando fixamente para ele.
Luc sentiu como seu coração batia de forma desregular e como as lágrimas queriam a todo custo sair, ela correu em direção a ele e pulou entrelaçando as pernas em sua cintura e agarrando seu pescoço. Ela o beijou uma e outra vez fazendo-o perder o fôlego.
– Senka, calma – ele conseguiu falar claramente tentando controlar o que sentia também.
– Cala a boca – ela falou com um sorriso imenso – eu achei que nunca mais te veria, então me deixa perder o controle pelo menos hoje. Me deixa sentir que isso é real.
– É, acho que o Luc no fim não vai descansar como disse que faria – Carlos sorriu e deu de ombros.
– Ah, acho que ele vai fazer algo muito melhor do que isso – Yugo riu e pegou um maço de baralho.
– Calem a boca – Luc resmungou e quando ele ia começar a levá-la para o quarto outra pessoa apareceu.
– Por que ele não vai descansar? – uma criança de olhos curiosos apareceu repentinamente olhando para Luc e Senka de maneira fixa.
– Mete o pé pirralha – Senka falou sem tirar os olhos de Luc com um sorriso tão grande que mal cabia em seu rosto jovem – vamos sair daqui, Luc.
– Se você não me responder Senka, eu vou olhar.
– Se você olhar – Senka finalmente desceu do colo de Luc e olhou com um sorriso feliz e sincero para Lissa, algo que não condizia com o que falaria a seguir – vai ver o que não deveria. Agora cai fora que aqui não é lugar para uma catarrenta como você. Estou esperando com ânsias você passar por todos esses ciclos para acabar com a sua raça.
– Quero ver você conseguir velhota – Lissa sorriu – Agora vai logo antes que eu fale todas as posições que já passaram pela sua cabeça pervertida.
Kai se engasgou com a bebida ao ouvir isso de uma menina de no máximo 9 anos e tentou em vão segurar a tosse que se instalou e entre uma tosse e outra ele conseguiu apenas dizer:
– Cai fora Luc, antes que eu escute algo mais que eu não queira.
Luc saiu dando de ombros enquanto puxava Senka com ele. Lissa olhou para cada um deles e notou o sorriso estampado que eles levavam e virou um pouco a cabeça de lado.
– Por que vocês estão tão felizes? E, quem são vocês?
– É bom te ver bem, Lissa – Sam puxou um chocolate do bolso e jogou para a garota que sorriu de maneira brilhante.
– Obrigada! Vocês querem sorvete?
– Eu aceitaria esse sorvete – Roy falou dando de ombros – Fiquei te devendo isso uma vez.
– Acho que podemos fazer isso – Kai também deu de ombros e em menos de 10 minutos todos eles estavam tomando sorvete e conversando com uma menina de 9 anos que fazia as perguntas mais embaraçosas do mundo para tantos homens que não estavam acostumados com uma criança curiosa.
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13 anos
Lissa andou pelo navio se sentindo estranha, todos pareciam felizes demais ao falar com ela. Aylin tinha dado tudo o que ela havia pedido, Layla deixou ela ficar livre sem nenhuma escolta e ainda tinham aqueles homens estranhos no navio dela.
Quando ela passou pelo bar, ela olhou de um canto que somente 3 deles estavam ali. Segundo a Aylin, Senka estava com um no quarto e dois deles tinham ido descansar, pois a viagem havia sido longa. Segundo ela quem havia ficado era Carlos, Kai e Roy. Ela estava intrigada e tinha a sensação de ter um vínculo muito forte com eles e ela queria muito saber o que era isso que a puxava com tanta força para onde eles estavam. Com cuidado ela subiu uma das vigas que passavam pelo teto do bar e tentou se aproximar. Quando ela ia entrar na cabeça deles, Layla chegou parecendo confiante e por um momento teve inveja da amiga, Lissa queria ser tão confiante quanto ela algum dia.
– Layla, pensei que te veríamos só amanhã – Roy falou sorrindo – O que te traz por aqui?
Layla estava bem arrumada, seu cabelo escuro e ondulado caía pelo lado do corpo e ela usava um vestido apertado, preto, decotado e curto mostrando toda a extensão da sua coxa. Era um vestido muito provocante, mas a deixava extremamente bonita.
– Estou precisando de um pouco de diversão – ela falou encostando as duas mãos na mesa. Ela olhou um por um e cravou seus olhos em Kai, chegou sua boca extremamente próxima a dele e Lissa quase caiu só para ver melhor – O que você acha líder? Quer vir brincar um pouco comigo?
Kai sorriu de maneira predatória, Layla era linda e era realmente difícil resistir uma oportunidade daquela.
– Vamos, Kai – ela o beijou.
– Pensei que você não beijava ninguém, Layla – Kai falou sorrindo.
– Hoje estou abrindo uma exceção. Serviço completo e vip. Vamos lá capitão, me mostra tudo o que você tem aí guardado.
Carlos e Roy viram como Kai mal aguentou se levantar antes de grudar Layla na parede e como foram praticamente já arrancando a roupa para outro lugar.
– Isso não é coisa que uma garota da sua idade deva ficar bisbilhotando, Lissa – Roy falou sem olhar para cima.
– Como você sabia que eu estava aqui? – Lissa falou sem sair do lugar.
– Primeiro porque você adora fazer isso, acho que você deve conhecer cada detalhe dessas vigas. Depois porque você não é tão silenciosa como acha que é. Por que não desce aqui um pouco?
– Mas eles não perceberam – Lissa falou dando de ombros – então acho que não faço tanto barulho assim.
– Eles não iriam notar nem se o navio pegasse fogo – Roy falou despreocupadamente.
– A Layla tem sorte.
– Por que você acha isso? – Carlos perguntou entrando na conversa.
– Porque ela pode fazer isso quando ela quer.
– Ah – ele falou sorrindo ao imaginar em que fase ela estaria chegando – Mas você é muito nova, vai poder fazer isso quando for mais velha.
– Mas eu quero agora – Lissa deu de ombros.
– Você não acha que tem muito fogo aí para sua idade, não? – Roy riu.
– Tenho uma pergunta – Lissa falou se sentando na mesa de frente para os dois e Carlos notou como os traços da mulher que ele conhecia já estavam visíveis mesmo nessa idade.
– Que pergunta? – Roy perguntou apoiando o queixo nas duas mãos cruzadas.
– E se eu quiser fazer isso com uma mulher? Eu posso?
– E por que não poderia?
– Então – ela pareceu ficar sem graça de repente – porque... é que nós não temos aquilo.
Carlos não conseguiu se controlar e soltou a risada que ele havia segurado com o primeiro sinal de vergonha da menina e Roy de repente se sentiu desconcertado.
– Existem outros meios – Roy falou dando um gole grande na sua bebida já praticamente sem gelo nenhum.
– E homem com homem? Pode?
Roy olhou para Carlos em busca de ajuda, mas Carlos só riu mais.
– Se vira, você entrou no assunto – Carlos falou ainda rindo.
– Pode, Lissa – ele respondeu e torceu para que ela não perguntasse mais, algo que obviamente não aconteceu.
– E como eles fazem?
– Você é muito curiosa – Roy falou tomando outro gole da sua bebida – Acho que é melhor você descobrir essas coisas sozinha.
– Quando eu puder fazer isso, eu quero ser como a Layla – o sorriso de Lissa era gigante, mas a frase da menina só serviu para que uma certa melancolia se instalasse dentro de Carlos, pois ele sabia bem o que a aguardava tanto em relação a isso, como em muitas outras partes da sua vida.
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