59 - CARLOS E LISSA
E o amor é uma coisa engraçada
Está fazendo meu sangue fluir com energia
E é como um sonho acordado
É o que eu desejava, está acontecendo
E chegou na hora certa
Jason Mraz - Love Someone
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Carlos ficou de repente estático. O que ela tinha dito? Ele a mataria? Como ele seria capaz de matá-la? Mesmo que não houvesse nenhum sentimento, os Malphas não matavam mulheres. Isso não fazia sentido, mas antes que ele pudesse perguntar qualquer coisa, ela seguiu.
– Eu iria falar nesse dia sobre o Lohan, assumiria minha culpa – ela falou parecendo respirar um pouco melhor – você não queria me matar, mas eu te pedi incansavelmente até você puxar o gatilho.
Carlos saiu de perto dela, deixando-a livre dele. Ele tremia e parecia incrédulo, mas não duvidava que poderia ter cedido aos desejos dela, não depois de saber de todos os sofrimentos que ela já havia passado, muito menos se ele tivesse que adicionar a carga de um grande amigo a isso.
Lissa ficou parada, quieta, esperando que ele falasse mais alguma coisa e quando ela achou que não haveria mais nada, ele resolveu arriscar mais uma pergunta.
– E agora? Por que você segue querendo deixar a gente no topo? – ele parecia perguntar praticamente a pulso.
– Porque nós temos um contrato na qual eu não tenho o poder de romper – Lissa falou com a voz quase apagada.
– Então se eu rompesse o acordo, nos separaríamos agora, é isso?
– Se eu te falasse que sim, você quebraria o acordo?
– Não posso fazer isso sem falar com os outros – Carlos suspirou – mas posso conversar com eles após o ataque.
– Mas se fosse por você, você quebraria? – Lissa de repente pareceu suplicar na pergunta.
Carlos parou para pensar sobre aquilo, talvez quebrar o acordo quebraria essa linha em que estavam agora, mas por outro lado poderia não funcionar, ou poderia levar a uma linha pior. Ele se impressionou ao constatar de que, apesar de tudo, ele não quebraria aquele contrato, ter as Kitsunes para que os Malphas subissem era um acordo bom demais para simplesmente deixá-lo escapar. Por mais que Carlos quisesse pensar como alguém normal, ele sabia que no fundo era ganancioso como qualquer outro Malpha e ele precisava apenas encontrar um meio de romper a linha sem romper o contrato. Ele olhou para Lissa e viu o olhar dela cheio de expectativas.
– Não, se fosse por mim, eu não quebraria – ele falou e estudou a reação dela e ficou surpreso ao notar que ela abria um pequeno sorriso.
– Eu imaginei – e dali em diante, pouco a pouco a Lissa que ele conhecia parecia voltar.
– Por que imaginava isso? – de repente a curiosidade dele pareceu maior que a prudência.
– Simples – ela deu de ombros parecendo de repente extremamente relaxada, nem parecia que havia chorado tanto poucos minutos antes – porque no seu lugar, eu também não quebraria. Malphas em primeiro lugar, não é? Por favor, Carlos, nunca mais faça isso.
– Eu não fiz nada – Carlos falou com a voz mais apagada do que deveria e Lissa apenas sorriu.
– Eu mereço isso, não é? – Lissa sorriu tristemente – já fiz tanto isso, já usei tanto o sentimento de outras pessoas que acho que o que você fez foi bem-merecido, mas por favor, dói muito. Sei que chega a ser hipócrita meu pedido, mesmo assim, leve meu pedido em consideração. Eu sei que você não me quer, então por favor não brinque com os meus sentimentos.
– É isso que você acha? – Carlos simplesmente segurou no braço dela incapaz de continuar retendo o que sentia por mais tempo enquanto a grudava na parede de novo. Ele sentiu como o corpo dela voltava a tremer praticamente inteiro colado ao corpo dele e o quanto ela estava surpresa com aquilo – Acha que eu não te quero? Acha que não é difícil para mim te ver todos os dias e não falar isso?
– O que...? – Lissa parecia confusa e Carlos por um momento teve vontade de ter forças de simplesmente sumir dali, mas não o fez.
– O que eu não quero Lissa, é fazer parte da sua coleção e desse seu jogo estranho, só isso – Carlos falou soltando de repente o que ele sentia para ela – Eu não quero ser só mais um que você brincou durante uma noite. É estranho como todos perceberam antes de mim o que eu sentia e o quanto você consegue ser tão cega quanto eu. Claro que eu tenho esse magnetismo por você, mas não é só ele... eu sinto muito mais. Me dói muito saber o quão hostil nós somos um com o outro. Me dói saber que eu não posso confiar em você 100% e você também não irá confiar em mim. Me dói saber que você não vai acreditar no que eu sinto exatamente porque muitos devem te dizer a mesma coisa. Então, qual era o sentido de te falar a verdade? Qual era o sentido de ter você comigo se você não iria acreditar nas minhas palavras? Claro que eu iria te rejeitar, porque eu simplesmente não quero um faz de contas com você. Pode ser o suficiente para eles saberem que você pode ser deles de alguma maneira, mesmo que por uma noite, mas para mim isso não seria o suficiente, não seria o suficiente porque sim, eu te quero, eu te quero de verdade, te quero porque eu sei que muito além dessa droga de magnetismo que você tem, eu sei que estou apaixonado por você.
Lissa estava incrédula, claro que estava... como era possível que ele a quisesse se a havia rejeitado tantas vezes? Mas se ele estava falando a verdade, por que ele tinha escolhido logo àquela hora para isso?
– Você está com uma cara confusa e assustada – ele deu um pequeno sorriso – na verdade, tenho que admitir que sua cara está linda assim.
Quando ele levou seus lábios até os dela, o coração dela bateu tão forte e tão rápido que ele teve a sensação de que ela teria um ataque a qualquer momento. Ele a abraçou forte, precisava sentir aquilo, precisava sentir o corpo dela reagindo daquela maneira por ele porque isso o deixava feliz, porque isso fazia seu desejo por ela aumentar. Era bom saber que ela o havia escolhido de alguma maneira e mesmo a expressão assustada dela parecia o suficiente para que o desespero que ele sentia por ela aumentasse.
Ela inicialmente não retribuiu o beijo, parecia tentar raciocinar e entender tudo o que sentia e tudo o que estava acontecendo, mas quando conseguiu reagir, ela o grudou de maneira desesperada, como se temesse que ele desaparecesse dali, como se a qualquer momento ele fosse sumir da sua frente.
Carlos não a soltou, apenas tentou achar a maçaneta da porta do quarto dela. Ele sentia como a respiração dela estava descompassada e isso o deixava louco. Não, ele não a soltaria enquanto pudesse ter ela junto dele.
Ele a conduziu para dentro do quarto e antes de deitá-la com cuidado na cama, ele abaixou sua mão por dentro da roupa dela, sentiu seus dedos molhados e sorriu.
– Isso tudo é por mim? – seu sorriso fez Lissa corar, mas ela não conseguia falar nada – está com medo?
– Estou – ela admitiu enquanto ele a deitava com cuidado na cama.
– Por quê? – cada segundo do sorriso aberto de Carlos era uma batida errada no coração de Lissa.
– Porque é a primeira vez que tenho alguém que amo na minha cama.
O sorriso dele se alargou tanto que Lissa achou que não aguentaria mais com o tamanho do sentimento que a dominava.
– Então eu vou deixar esse pouco tempo marcado para sempre na sua cabeça.
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