39 - A MENSAGEM
Há tantas partes que eu escondi, neguei e perdi
Há tantas maneiras com que eu ataquei e acabei ferindo a mim mesma
Há tantas cores que eu ainda tento esconder enquanto pinto
E há tantos tons que eu secretamente canto enquanto espero
Alanis Morissette - Empathy
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Lissa acordou se sentindo bastante melhor na manhã seguinte e olhou para o lado sentindo a cama vazia. Carlos havia saído dali durante algum momento da noite e ela não percebeu. Ela se praguejou baixo por ter se mostrado tão vulnerável perto dele e resolveu tomar um banho gelado para acordar de vez e afastar esses pensamentos prejudiciais para a vida que ela havia escolhido.
Enquanto se secava, ela notou um recado deixado perto da porta para ela. Ela arrastou seu corpo até ali e quando leu a mensagem vacilou por um momento, respirou fundo e se concentrou.
Ela se arrumou como de costume, vestiu seu sorriso costumeiro e saiu do quarto. Ela voltaria a ser a Lissa de sempre, ela precisava fazer isso.
Ocultou qualquer sentimento de vazio que sentia e bateu na porta do quarto de Senka e nada, após esperar alguns minutos levou seus passos para a porta do quarto de Luc e chamou.
Luc atendeu ainda sem camisa enquanto secava os cabelos recém lavados e Lissa não pode deixar de admirar o corpo bem definido do rapaz a sua frente. Depois de olhá-lo de cima abaixo umas duas vezes ela finalmente falou.
– Bom dia – seu sorriso se estampou de ponta a ponta e Luc arqueou uma sobrancelha procurando a jovem que parecia tão derrotada no dia anterior – Desculpa atrapalhar os dois, mas preciso da Senka... ela que me perdoe, mas ela vai precisar deixar para aproveitar seu corpo perfeito em outro momento.
– Bom dia – foi tudo o que ele conseguiu responder ao constatar a mudança repentina de humor dela.
Ele lentamente se virou deixando a porta aberta e pegou uma camiseta que estava jogada na cama antes de chamar Senka.
– Bom dia, capitã! – Senka ao ver o semblante da capitã se mostrou extremamente animada aos olhos de Luc e isso pareceu estranho, mas preferiu não dizer nada.
– Senka, bom dia. Convoque uma reunião para depois do café da manhã. Iremos atracar amanhã. Deixe os saqueios das lojas de roupas que você tinha planejado sem falar comigo. Recebemos um recado aéreo mais importante do que isso agora e vou precisar da sua divisão. Quero todos os capitães presentes, inclusive eles.
– Sim, senhora – o sorriso estampado de Senka fez com que Lissa sorrisse ainda mais, mas ela não se despediu, apenas seguiu seu caminho.
– Não sei o que vocês vão fazer ainda Luc – Senka falou voltando para dentro do quarto – Mas quando ela disse todos os capitães ela incluiu vocês. Após o café da manhã estaremos na sala de reuniões, veja com os Malphas se irão querer participar.
– Que mudança de humor repentina a dela, o que aconteceu?
– Acha que ela está de bom humor? – Senka riu vagarosamente e deu de ombros – Não, ela nunca está de bom humor, mas ela sabe fingir muito bem. Mas tem razão, alguma coisa aconteceu, eu estava preocupada em não ver mais a minha verdadeira capitã de novo. Estou aliviada de vê-la na minha frente hoje, por outro lado, eu pressinto que algo terrível aconteceu e essa mudança de humor dela me assusta... uma mensagem aérea, acho que vou precisar me preparar psicologicamente.
Lissa comeu rapidamente e levou um copo de suco de morango para a sala de reuniões. Se sentou em uma cadeira qualquer, colocou as mãos por trás da cabeça e ficou pensando na mensagem que haviam recebido, Layla não ficaria nada feliz.
Pouco a pouco os capitães foram chegando, tanto das Kitsunes como dos Malphas, mas Lissa não se virou imediatamente. Ela se levantou, se espreguiçou, desenhou seu sorriso perfeito novamente e quando sentiu segurança de que ele não sumiria do rosto, ela se virou para olhar para todos.
– Bom dia para todos – ela falou animada – Espero que tenham dormido bem. Temos assuntos importantes para discutir antes de atracarmos. Star, por que você não fala um pouco sobre a mensagem aérea que recebemos e o barco que está encostado no nosso navio?
Star apoiou o corpo na perna direita e virou levemente a cabeça enquanto cruzava os braços, depois olhou demoradamente para Layla que estreitou o olhar já prevendo o pior.
– O que aconteceu, Star? – Layla fez o possível para não transparecer a raiva que a dominou repentinamente.
Star deu de ombros, olhou para os Malphas e começou.
– Recebemos uma notícia durante essa noite. Deixei os informes no quarto da capitã ainda durante a madrugada – ela parou novamente e olhou para Green antes de seguir – Lorde Hasegawa está na cidade, parece que andou dando trabalho para um tal de Davi. Parece que esse tal de Davi estava com ordens de investigar a cidade e as quadrilhas locais a mando de Roy. Esse rapaz parece que foi capturado pelos cães do nosso lorde enquanto salvava a nossa infiltrada.
Ela sorriu significativamente para Roy que pareceu surpreso ao ouvir aquilo.
– Como é esse Davi? – Roy sentiu a cor do rosto sumir por segundos, mas se manteve firme.
– E como eu vou saber? Eu não estava lá – Star seguia sorrindo e fez com que um calafrio percorresse pelo corpo do rapaz – Mas, o pequeno barco ancorado aqui ao lado trouxe a nossa infiltrada.
– Merda – Kai resmungou em um canto já imaginando que sim, era o Davi que estavam imaginando e isso não seria nada bom para ninguém ali.
Star foi calmamente até a porta, falou alguma coisa com uma de suas seguidoras e voltou para o lugar.
– Tem mais alguma coisa para falar, Star? Antes que ela chegue? – Lissa perguntou tranquilamente.
– Sim. Aquele porco nojento sabe que estamos com a Green.
– De quem foi a mensagem?
– Da divisão da Niely. Mas depois da mensagem não soubemos mais nada deles também.
– Niely, aqui é caminho para o forte da família Hasegawa, quem estava limpando essa região?
– Zyon e Lucy. Passei uma lista de nomes para eles apagarem silenciosamente, tive retorno no começo, mas tem um tempo que não tenho notícia nenhuma.
– Yan? A Lucy te enviou alguma mensagem importante.
– Até o momento não. Íamos nos encontrar assim que o navio atracasse.
– Kai? Quem é Davi? – Lissa olhou pacientemente o líder dos Malphas enquanto esperava uma resposta.
– Faz parte da divisão do Roy e é irmão dele – Kai falou tentando não demonstrar nervosismo.
– Roy – Lissa seguia de um a outro incansavelmente – preciso saber como é o seu irmão para ter certeza de que estamos falando da mesma pessoa e só tem um jeito de eu saber a aparência do seu irmão. Se você me permitir, posso ver como ele é e comparar as duas pessoas, para me ajudar a única coisa que você precisa fazer é pensar nele.
Roy suspirou e acenou com a cabeça. Lissa chegou próximo a ele e tocou com o dedo indicador na sua testa. Foi algo rápido e Roy apenas sentiu o início do incômodo.
Pouco depois uma jovem entrou pela porta. Ela tinha o corpo ereto e mantinha a postura mesmo enquanto arrastava uma perna praticamente inútil. Assim que Layla a viu, seus olhos se abriram mais e incapaz de controlar a raiva ela gritou e socou o vidro que se desfez em mil pedaços.
– Eu vou matar aquele desgraçado! – ela gritou parecendo incontrolável, mas não fez mais do que isso após Lissa lhe lançar um olhar cortante.
A jovem prestou continência a Lissa e manteve a pose perfeita por mais que estivesse com dor.
– Naomi, seja bem-vinda – Lissa sorriu para a jovem que não se imutou – Talvez você queira se sentar para ficar mais confortável.
– Não precisa, muito obrigada, capitã.
– Você está fraca Naomi, isso vai doer bastante. Tem certeza de que não quer se sentar?
– Eu estou bem, capitã – a jovem a sua frente manteve a postura apesar de tremer visivelmente.
– Tudo bem então, eu vou começar.
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