31 - SENTIMENTOS
Destino,
Contra sua vontade,
Para o que der e vier.
Ele esperará até que
Você se entregue a ele
The Killing Moon - Echo and the Bunnymen
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Carlos descreveu o que testemunhou no possível futuro deles, tomando o cuidado de não revelar os sentimentos expostos de Lissa. Assim, na narrativa de Carlos, ele foi atacado por ser o mais próximo de Lissa. Era evidente que tal relato era inesperado por todos, mas ninguém falou sequer uma palavra.
– Ou seja, nessa linha pelo menos três de nós morremos – Luc falou com cuidado para não demonstrar a ansiedade na voz – Como podemos evitar isso?
– Podíamos só romper o contrato? – Sam perguntou pensativo.
– Não sei se seria eficiente – Kai retrucou – Até que ponto realmente conseguimos fugir do problema? Talvez se fugirmos iremos parar exatamente no lugar e hora exata do que aconteceu.
– Além do mais não podemos simplesmente deixar as Kitsunes – Yugo falou olhando para baixo.
– Na verdade podemos sim – Luc retrucou – Nós primeiro, lembram? Se a saída que encontrarmos for deixá-las para morrer, é exatamente isso que vamos fazer se Kai concordar. Mas não iremos fugir agora, porque se essa não for a saída, Lissa matará muitos inocentes e muitos amigos também. Temos que encontrar a resposta certa. Primeiro, como e quando Lissa enxerga essas linhas? Por que Carlos não pôde ver o que aconteceu antes? Ele viu exatamente o que ela viu ou ela sabe de mais coisas? Se a luta foi no castelo, então deveríamos evitar o castelo? Ou a luta só mudaria de lugar trazendo os mesmos resultados? Qual era a linha que ela havia escolhido antes? Como ela rompeu essa linha? Qual foi o suposto "erro" que ela cometeu? Precisamos de respostas para muitas perguntas antes de encontrarmos uma saída. Infelizmente, precisaremos convencer os líderes das Kitsunes a cooperar, ainda que eu preferia não ter que fazê-lo. Eles parecem cegos pela obediência, ainda que não queiram admitir e diferente de nós eles não têm piedade de ninguém.
– Luc está certo, precisamos de respostas – Kai seguiu – E ele tem razão em outra coisa, uma das coisas que deixamos combinado aqui é que nós seríamos a prioridade. Yugo, melhor você sufocar o que sente, todos sentimos o mesmo. Alguém vai precisar de respostas e acho que o Carlos deveria se aproximar dela para tentar.
– Eu? Você não a ouviu dizendo que me mataria se eu me aproximasse?
– Você não acha estranho, Carlos? Que ela, na sua visão tenha arrancado parte por parte do corpo para te salvar sem se queixar? Não acha que ela provavelmente teria encontrado um jeito mesmo colocando em risco a vida de outra pessoa se ela não se importasse com quem estava sendo ameaçado? Posso estar errado, mas parece que ela tem sentimentos por você, e você pode se beneficiar disso.
– Você está enganado, Kai. Ela não tem sentimentos por mim. Ela faria isso por qualquer um aqui.
– Repita isso umas quinhentas vezes, talvez você consiga convencer alguém. Não entenda mal, eu estou me mordendo de ciúmes e me achando idiota por ter notado isso só agora. Ela gosta de você desde o primeiro dia. Ela supostamente te escolheu quando ainda era "criança", depois não pensou duas vezes antes de se colocar na frente de uma bala para te salvar e mais tarde falou seu nome para o contrato tão rápido que mal deu tempo de piscarmos. Ela te evita, evita estar sozinha com você, evita te olhar e a única vez que vocês ficaram juntos sozinhos, uma linha foi quebrada. Me fala Carlos, o que exatamente aconteceu antes disso?
Carlos engoliu em seco, as observações de Kai e Luc sempre eram certeiras. Não era à toa que eles eram os líderes. Carlos se remexeu na cadeira se sentindo desconfortável e suspirou.
– Estávamos conversando, não estávamos falando nada demais, falei da noite, ela falou que achava a lua cheia bonita e depois me perguntou como iam as coisas com Maia. Eu disse que não tinha interesse na Maia e bom – Carlos se retorceu novamente na cadeira – Ela me beijou e eu a afastei...
– Você a rejeitou? – Sam arregalou os olhos enquanto todos olhavam surpresos também.
– Sei que falando assim parece absurdo – Carlos falou incomodado – Não é que eu não a queira, o problema é que sei que todos se sentem assim também e sei que para ela essas coisas não passam de jogos e eu não gosto disso. Caramba, ela dormiu com o Kai. Eu simplesmente não podia seguir.
– Mas todos nós dormimos com a Layla – Kai deu de ombros.
– Nós pagamos pela Layla, Kai – Carlos começou a se alterar um pouco – Não é a mesma situação.
– Deixando de lado o fato estranho de que Carlos rejeitou a Lissa – Kai falou sem tirar os olhos de Carlos – O que aconteceu depois?
– Ela parecia distante, disse que entendia e que a mulher que tem meus sentimentos é uma mulher de sorte e disse que precisava ficar sozinha. Eu pedi para ela esperar porque a vi muito pálida na hora, notei que ela estava tremendo. A chamei inúmeras vezes, mas ela não parecia me escutar, por isso a segui e depois disso ela caiu inconsciente no chão.
– Acho que você foi a primeira pessoa que a rejeitou – Roy deu de ombros – Acho que é normal que ela se sinta mal. A parte estranha é que foi logo depois disso que a linha supostamente quebrou, certo? Então, talvez quem tenha quebrado a linha tenha sido você Carlos? Isso seria possível?
– É possível – Sam retrucou pensativo – Ainda assim isso não passa de suposições. O que faremos Kai?
– Carlos, está claro que ela te quer – Kai falou tranquilamente – E por isso ela agiu daquela maneira na visão. Sei que não é do seu feitio, mas teremos que usar isso para descobrirmos mais coisas.
– Se eu me aproximar não será pior? Eu não deveria fazê-la me odiar se é que ela tem mesmo algum sentimento por mim?
– E como você a faria te odiar? – Roy perguntou apertando uma mão na outra – Como a faria te odiar se você não consegue esconder que sente algo mais por ela também?
– Do que você está falando? – Carlos perguntou alterado – O que eu sinto é igual ao que todos sentem.
– Não, de fato não é – Kai falou pensativo – Nenhum de nós a rejeitaria, porque no fundo, não estamos preocupados se somos ou não os únicos a sentir isso. Tenho certeza de que para nós uma noite é melhor do que nada. Você a quer, tanto quanto ela te quer, você deixou isso claro ao dizer que não queria fazer parte do jogo dela.
– Vocês estão falando besteira – Carlos apertou os dentes ao falar.
– Descubra Carlos – Kai falou em tom imperativo – Se não tiver outra saída, quebraremos o contrato e sairemos do país. Pessoas inocentes morrem todos os dias. Eu quero protegê-las, mas para protegê-las, nós temos que estar vivos e se Lissa sair do controle, nós não sabemos como matá-la... as Kitsunes que resolvam os problemas internos.
– Pensei que iríamos tentar achar uma saída – Carlos retrucou.
– E para encontrar uma saída, precisamos de respostas – Luc interveio – Sem respostas, ficamos de mãos atadas.
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