15 - TERMOS
Trabalhe mais forte, faça melhor, mais rápido, nos faça mais fortes.
Daft Punk – Harder, Better, Faster
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– E então? – Lissa apareceu arrumando o cabelo e com uma roupa nova. Um decote ciganinho e uma saia longa estampada no estilo boho, bem solta e leve. Levava algumas tornozeleiras que pareciam feitas de coco e madeira. Seu cabelo estava solto e penteado, as mechas onduladas caíam pela cintura fina que estava a mostra. Na sua testa ela levava uma pequena fita de couro, que deixava uma parte do cabelo levemente levantado, dando um ar de estar mais despojado, e dessa fita de couro caíam as famosas penas que se mesclavam em seus cabelos. Também estava com um cordão no pescoço com uma espécie de dente de algum animal pendurado e nas orelhas dois brincos feitos de madeira. Ela andava descalça pelo bar, mas isso não parecia incomodá-la. Todos eles prenderam a respiração ao vê-la. Ela estava deslumbrante, muito diferente da jovem suja de sangue e terra que haviam visto há pouco tempo.
Layla apareceu logo atrás dela, tinha um sorriso bobo no rosto, como uma jovem apaixonada e isso mexeu tanto com o sentimento de alguns, que tiveram que desviar a visão para não se entregarem.
Não demorou muito para que Senka e Aylin aparecessem, completamente bêbadas na mesa. Lissa arqueou uma sobrancelha ao vê-las e depois riu.
– Sentem-se – Kai ofereceu a todas – Já chegamos a uma conclusão.
– Estou ansiosa – Lissa falou sorridente.
– Não deveria estar depois de passar esse tempo com a Layla – Senka bufou.
– Senka, o que isso? – Lissa falou se divertindo um pouco – Quem vê pensa está com ciúmes.
– Não estou – ela falou apertando os dentes – Só acho que tínhamos coisas mais importantes para fazer e discutir.
Havia sido imperceptível, mas Carlos, assim como Kai, pensaram que talvez, Lissa realmente não era ciente do poder magnético que ela tinha, mas preferiram ficar quietos.
– E então? O que decidiram? – ela falou animada.
– Temos algumas condições – Kai falou olhando-a diretamente – Se você puder escutar, ficaremos muito agradecidos.
– Vá em frente – ela se jogou para trás no encosto da cadeira e cruzou os braços relaxadamente, sem que seu sorriso luminoso desaparecesse ou que em sua feição se demonstrasse qualquer hesitação.
– Nossos termos são esses: primeiro, você nunca irá invadir a nossa mente ou tentará descobrir por conta própria algo que seja nosso.
– Muito justo isso – ela falou ainda sorrindo – Antes de que você continue, preciso de um favor de uma das minhas meninas. Aylin, está com disposição? Preciso do seu dom, sacerdotisa.
Aylin olhou vagamente para sua capitã, deu de ombros e se levantou.
– Espera só um pouco, capitã. Já ficarei sóbria para isso.
Ela foi até o banheiro, lavou o rosto e forçou o vômito... notando que não fazia efeito ela saiu do banheiro comum e subiu para o quarto e se enfiou com toda a coragem do mundo debaixo da água gelada. A água gelada a trouxe de volta para a realidade de uma vez e fez com que ela ficasse enjoada. Ela vomitou mais uma vez, escovou os dentes, colocou uma roupa qualquer da pequena sacola que ela tinha levado, não se deu o trabalho de secar o cabelo, deixou ele enxarcado do jeito que estava, tomou um comprimido, acendeu um cigarro, pegou uma pequena carteira e desceu novamente para o bar.
– Sinto muito, capitã – ela falou sorrindo – Já estou disponível.
Ela se sentou, pegou a pequena carteira que havia levado do quarto e abriu. Dentro havia pequenos papeis com símbolos de runas que pareciam muito antigas. Também pegou uma espécie de caneta de pena, com a ponta extremamente fina e um pequeno bisturi.
– Para que é exatamente isso? – Yugo perguntou olhando fixamente para aquelas coisas estranhas espalhadas na mesa.
– Sei que vocês não confiam em nós – Lissa disse tranquilamente – Não os julgo por isso, acho que eu também não confiaria se estivesse no lugar de vocês. E para que vocês fiquem mais tranquilos, Aylin irá escrever os termos de vocês, e se nós aceitarmos, firmarei um contrato de sangue. Primeiro escutarei os termos, obviamente. Depois, se for o caso, explicarei como funciona esse contrato.
Kai passou a língua pela boca, que parecia de repente extremamente seca, pediu algo para tomar e virou seu copo de uma única vez antes de iniciar a falar novamente sobre os termos.
– 1: você não irá invadir a nossa mente em hipótese alguma, se precisar saber de algo, terá que fazer como qualquer pessoa normal e nos perguntar, nos dando a chance de negarmos responder.
– Isso se resume a vocês Malphas, ou a todas as pessoas? – Lissa quis saber.
– A nós Malphas. 2: Sei que você prefere ficar no barco, mas temos que admitir que seus poderes de descobrir certas coisas são perfeitos em certas ocasiões, portanto queremos que você nos acompanhe quando for necessário, mas que só use seus poderes se for algo extremamente necessário ou se pedirmos para fazer isso.
– Estão achando que ela é o que? Uma ferramenta? – Senka falou irritada – Uma arma que vocês podem usar quando quiserem?
– Senka, fica quieta – Lissa advertiu sua amiga, seu tom era amigável, mas não deixava em dúvidas a sua ordem.
– Não achamos que ela seja uma arma mais do que nós mesmos somos. Essa é a nossa vida, usamos o que temos ao alcance para conseguir nossos objetivos, e nesse momento podemos ter essa vantagem – Kai falou sinceramente – Porém, não somos dados a uma violência extrema como vocês tem demonstrado, por isso, não queremos que ela use sempre esse "dom", ou seja lá como vocês chamam isso. 3: Como suas companheiras sabem como lidar com você caso você saia do controle ou caso ocorra algum acidente como o que aconteceu hoje cedo, sempre que você vier com a gente, gostaríamos que pelo menos duas pessoas de sua confiança nos acompanhem também, desde que essa pessoa saiba lidar com o seu segredo, claro. E por último, 40% é muita coisa. Como já havíamos deixado claro, conseguiríamos tomar as cidades sem a sua ajuda, então a proposta é que seja 35%.
Lissa observou cada um deles, colocou uma mão no queixo enquanto pensava na proposta. Claramente ela estaria em desvantagem sempre e isso não era bom.
– Tenho algumas coisas a adicionar, se vocês não se importarem – ela falou calmamente – 1: Não usarei meus poderes se vocês não solicitarem, salvo quando a minha vida ou a vida dos meus subordinados estiverem em risco. Salvarei a vida dos meus subordinados pela troca da vida apenas de inimigos, deixarei claro aqui que vidas de inocentes não poderão ser tocadas por mim a não ser que esse seja o desejo deles. Ninguém que está sob o meu comando morre, e isso é algo que eu tenho que deixar claro. 2: Essas regras se resumirão somente ao tempo em que estivermos trabalhando juntos, caso eu tenha que fazer algum trabalho que esteja relacionado às Kitsunes, eu estarei livre para usar esse dom da maneira que eu achar mais conveniente. 3: Se vamos fechar um acordo, deixaremos claro que nem as Kitsunes atacarão ou prejudicarão os Malphas e nem os Malphas atacarão ou prejudicarão as Kitsunes enquanto esse contrato estiver vigente. 4: 35% não supre as necessidades do meu navio, portanto, estarei livre de mandar equipes para saquear outros lugares que não estejam sob o domínio dos Malphas enquanto esse contrato estiver vigente também. Após isso, voltaremos a ser livres em qualquer território, sejam de vocês ou não e por último, esse contrato será encerrado quando eu conseguir o meu objetivo, independente se isso durar um ano ou 10. Também será rompido caso vocês solicitem. Se uma dessas regras for descumprida pelos Malphas, o contrato acaba, se uma dessas regras for descumprida pelas Kitsunes... nesse caso, eu estarei sob contrato de sangue e vocês passarão a ter domínio sobre mim em condição de escrava até que eu pague a suposta dívida ou consiga o perdão de vocês. Ah, certamente ainda somos duas quadrilhas com objetivos diferentes, trabalhos individuais seguem sendo trabalhos individuais. Ajudaremos a conquistar cidades, outros tipos de trabalhos terão de ser pedidos como favores, assim como os trabalhos das Kitsunes, seguem sendo apenas trabalho das Kitsunes.
– Já vi que você adicionou muitas coisas aos nossos termos – Sam falou sem deixar de sorrir.
– Tenho que assegurar a segurança de quem está sob meu comando – Lissa deu de ombros – Espero que entendam, afinal, vocês também têm inúmeros homens que precisam comandar e proteger ao mesmo tempo. Além do mais, não alterei nenhuma das condições que vocês propuseram.
– E como é feito esse contrato de sangue? – Kai perguntou sem se imutar com as exigências delas, no fim ele já esperava que houvesse algo assim, ele já havia feito outras alianças antes e sabia que nunca era tão simples. No entanto, mesmo com as condições adicionais, eles continuavam com a vantagem de poderem romper o contrato e elas não.
– Ok – Aylin falou arrumando os materiais – Vamos as explicações. Esses papeis – ela apontou para alguns pequenos papeis retangulares com uma espécie de runa marcada em cada um – são talismãs de contrato, foram criados baseados no talismã shinpu, escrevemos nele todas as normas do acordo, tanto Lissa como o responsável pelo acordo assinarão nesse papel com o próprio sangue, por isso o nome.
– Só isso? – Roy arqueou uma sobrancelha – Isso não nos garante nada.
Aylin riu, um riso malicioso e o encarou.
– Se fosse só isso, eu não precisaria estar sóbria. Existe uma parte difícil de explicar, portanto, demonstraremos a pedido da capitã. Capitã, escolha um deles.
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