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111 - LAYLA E SAM

Menino, eu ouço você nos meus sonhos
Eu sinto o seu sussurrar através do mar
Eu trago você comigo no meu coração
Você faz ser mais fácil quando a vida fica difícil
Jason Mraz - Lucky (feat. Colbie Caillat)

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– E então? – Yugo perguntou ao ver Yoko voltar, ela era silenciosa e a única coisa que todos ali queriam saber é se o recado sobre a Kat havia sido entregue.

– Ah – ela sentiu o rosto ficar imensamente vermelho – ele entregou o recado.

– E pelo visto mais coisas além do recado – Star bufou de um canto. Seu mau humor era bem nítido.

Apesar de Lissa ter controlado o magnetismo dela, muitos ali haviam constatado de que simplesmente gostavam realmente de Lissa... talvez por costume, talvez respeito, ou talvez porque simplesmente se apaixonaram realmente no meio do caminho.

– Eu juro que não queria ter visto nada – Yoko respondeu de maneira rápida e nervosa – e só que... a porta ficou entreaberta, acho que eles nem notaram.

– E você, ao invés de sair de lá sem ficar bisbilhotando, resolveu que seria prudente ver o que eles estavam fazendo? – Yugo de repente riu com vontade enquanto Yoko sentia o rosto ficar ainda mais vermelho.

– Não é isso – ela estava muito sem graça e a necessidade que ela tinha de tentar explicar a deixava em uma posição ainda pior – é que a Lissa parecia estar gostando tanto.

Esse último comentário fez quase todos caírem na risada. O jeito que Yoko tentava se explicar, ela se entregando por simplesmente admitir que havia realmente bisbilhotado sem querer fazer isso... tudo aquilo parecia inocente demais para a maioria ali.

– É – Aylin deu de ombros enquanto enxugava uma lágrima que saía do canto de um dos olhos – então chegamos à conclusão de que o Carlos é realmente muito bom de cama. Obrigada pela informação valiosa.

– Acho que a sua capitã não vai ficar feliz em saber que o Carlos tem mais alguns na lista – Yugo falou de maneira desenfadada enquanto acendia um cigarro.

– Ah – Aylin o olhou de maneira predatória – isso é ciúmes? Não se preocupe chaminezinha, adoro a sua pegada brusca. Não tenho a intenção de mudar isso por enquanto.

Ela se aproximou dele e sem nenhuma decência ou vergonha se sentou em seu colo enquanto tirava com dois dedos o cigarro que pendia de sua boca.

– Por que você sempre leva por esse caminho? – ele perguntou com um sorriso malicioso brincando no rosto.

– Porque eu amo quando você me pega com vontade. Além do mais, se a minha capitã pode se divertir antes de irmos para o matadouro, eu não vejo por que eu não poderia.

– Ham – Roy pigarreou ao lado de Yugo e se levantou – não precisa ser do meu lado, né? Podem escolher um dos milhares de quartos que tem no navio.

– Não se preocupe, Roy – Yugo resmungou sem nem olhar o amigo – gosto mais de fazer isso ao ar livre.

Ele se levantou e a levou para fora do navio sem dar atenção para mais ninguém.

– É... e lá vão eles – Layla virou um copo de suco e se encostou – esse navio deve ser uma espécie de afrodisíaco, não é possível.

– Mesmo com todos esses contratos é difícil imaginar que ninguém vai morrer para ser sincero – Yan falou baixo, mas de maneira audível desde a barra do bar – talvez eles que estejam certos ao aproveitarem bem antes de saírem daqui. Vou terminar meu trabalho. Se precisarem de alguma coisa é só chamarem.

– E vocês? O que vão fazer? – Lucy perguntou se levantando também – eu particularmente irei contar novamente meus dardos envenenados.... quero levar o suficiente para matar até me sentir satisfeita.

– Eu vou junto – Yoko se apressou em seguir Lucy que não esperou a resposta de ninguém ali.

– Elas não vão contar dardos – a senhora Kendra deu de ombros – sei bem o que elas vão contar juntas – Ei, vamos logo. Temos trabalho.

A senhora Kendra saiu junto com o seu marido e foram em direção a um depósito de peças do navio.

– Ah, que se dane – Maia deu de ombros – eu sim vou realmente praticar. Estarei na sala de tiros se alguém precisar de mim.

– É – Senka deu de ombros – Luc, eu iria adorar passar um tempo com você, mas a Maia está certa. Eu vou praticar também, quer me acompanhar ou vai fazer outra coisa.

– O que você vai praticar? – ele perguntou entendendo bem o ponto dela, nem mesmo ele estava animado para ficar trancado em um quarto enquanto um dia tão importante chegava.

– Luta corporal – ela falou – bem que você podia me dar umas dicas, né? Fiquei realmente impressionada no castelo do lorde Hasegawa, você e o Kai não erraram uma.

– Vamos lá – ele se levantou – eu posso te ajudar com isso..., mas não posso te garantir que não vamos terminar na cama no fim de tudo – ele brincou, mas sabia que tê-la perto mesmo que para ajudá-la em qualquer estilo de luta, seria realmente um passo perigoso – Alguém mais quer vir?

Antes que alguém mais pudesse responder, Star saiu batendo os pés do bar de maneira infantil, o que fez todos lembrarem que ela era realmente apenas uma jovem de 15 anos que não deveria saber nem metade das coisas que sabia, o clima pareceu pesar um pouco. Luc e Senka aproveitaram e saíram também, mas não sem antes refazer o convite para os demais.

Green voltou para a enfermaria. Zyon voltou em algum momento para o bar, falou alguma coisa no ouvido de Niely que sorriu fazendo todos estranharem e sumiram de vista. Kai, contra todas as probabilidades parecia completamente sem ânimos para ter a companhia de alguém e resolveu se juntar a Maia na sala de tiros e foi seguido por Roy.

– Sam – Layla o chamou, só havia sobrado os dois ali. Layla não usava seu tom provocativo de sempre, ela apenas o chamou como se chamara um velho amigo – queria te mostrar os uniformes, se você quiser, já pode até ficar com o seu.

O sorriso dela era sincero e ele sorriu também. Imaginar que de alguma maneira ele a tinha ajudado o deixava feliz, saber que ele de alguma maneira a fez se enxergar como mulher e não como uma ferramenta era algo que ele gostava.

Quando eles chegaram no pequeno espaço que Layla havia feito de Ateliê, ela pegou um sobretudo para ele, com o símbolo dos Malphas, seu nome, sua divisão e o entregou.

Ele ficou olhando de maneira maravilhada aquela peça de roupa e se perguntou por que nunca tinham pensado em fazer aquilo antes.

– Aqui – ela mostrou alguns bolsos e compartimentos internos – pensei nas armas que precisam estar ocultas e deixei em uma altura confortável se você precisar tirar alguma delas com rapidez. Também deixei o sobretudo largo o suficiente para não atrapalhar na hora de puxar a arma do coldre. O ideal é não usar o sobretudo fechado, apesar de eu ter colocado alguns botões nele.

Ela pegou de volta e passou o sobretudo pelos ombros de Sam. Ele ficou olhando para ela, o quanto ela parecia diferente da meretriz que havia conhecido. O quanto ela parecia mais normal, mais mulher, com sonhos e decepções, e não a pessoa perfeita que todos os homens queriam pagar para ter.

Sua expressão animada e satisfeita era tão bonita que fez o sorriso de Sam alargar enquanto passava os braços pelas mangas.

– Está lindo – ele admitiu, mas não tirou os olhos dela. Seu cabelo levemente bagunçado não parecia ao dela, sua expressão quase inocente não parecia dela e mesmo assim, ela parecia ainda mais bonita do que todas as outras vezes que ela já a tinha visto.

Quando ela olhou para ele, contra todas as possibilidades dentro de sua carreira e sua vida, ela corou e se afastou ao notar como eles estavam próximos.

– Eu sinto muito – ela falou envergonhada.

Envergonhada... isso era algo novo para ela. Ela tinha ficado perdida desde que a atração dolorosa que sentia por Lissa foi substituído por um simples amor fraternal, e todos os sentimentos que ela nunca havia experimentado, parecia chegar de maneira repentina até ela.

– Pelo que? – ele seguia sorrindo – você não fez nada de errado.

– Eu... – os olhos dela se abriram um pouco mais ao constatar o como seu coração batia rápido só de ver seu sorriso.

Um sorriso bobo se desenhou em seu rosto contra a sua vontade e para disfarçar um pouco o que estava acontecendo, ela resolveu pegar os outros sobretudos que havia feito para os outros capitães.

– O que você acha? – ela precisava se concentrar. A missão era perigosa e ela não podia correr o risco de distrações.

– Você leva muito jeito com isso – ele se aproximou de onde estavam os coletes e consequentemente dela também – estão muito bonitos.

O sorriso dela se alargou mais, era impossível ocultá-lo e ele riu.

Ela se virou para ele, encostada na mesa onde estavam todos os casacos recém feitos e ficou ali, admirando o primeiro homem que ela queria ir para cama como Layla e não como a meretriz. Era um sentimento estranho e ao mesmo tempo acolhedor.

– Está tudo bem? – ele perguntou ao notar que ela não desgrudava os olhos dele – sabe que é difícil ter uma mulher bonita nos comendo com os olhos assim, não é?

Ela riu e sua risada sincera e sonora preencheu o lugar.

– Obrigada, Sam – ela agradeceu com sinceridade – quem diria que seria você a me ajudar.

– Eu não fiz nada – ele deu de ombros – apenas falei a verdade.

– Então obrigada por me fazer engolir a verdade – ela continuava sorrindo, ele estava próximo dela e ela tentava fazer o coração parar de bater com rapidez.

Ele, sem pensar muito levou sua mão até o rosto dela e a acariciou.

– Você fica linda assim sabia? – ele sorriu e tirou a mão ao perceber o que tinha feito – acho que nunca te vi tão bonita como agora.

Ela se levantou ainda sorrindo, o envolveu pelo pescoço e o beijou. Era a primeira vez que ela beijava por vontade própria, sem se sentir na obrigação de fazê-lo. Era a primeira vez que ela não precisava fingir caras e bocas de uma maneira exagerada com alguém que não fosse Lissa e o sentimento era refrescante.

– Espera, Layla – Sam a parou – você não precisa fazer isso. Sabe disso.

– Eu sei – ela sorriu – mas pela primeira vez na minha vida, eu quero.

Ele primeiro abriu um pouco mais os olhos com a revelação repentina, mas logo relaxou e sorriu novamente. Entrelaçou seus dedos nos cabelos negros da moça e a puxou para si novamente.

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