106 - A DISTRAÇÃO
Sinto algo tão bom
Fazendo a coisa errada
Sinto algo tão errado
Fazendo a coisa certa
Eu não poderia mentir
Não poderia mentir, não poderia mentir
Tudo que me mata me faz sentir mais vivo
OneRepublic - Counting Stars
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Youkees (criação própria): Youkees são espíritos viajantes e possuem um papel bem simples: levar o conhecimento mínimo de um universo a outro, permitindo que de alguma maneira cada sociedade avance. Eles fazem isso de maneira que pareça natural e não levam o crédito de nada. Youkees são seres extremamente poderosos e temidos por terem o poder de dar ordens de maneira forçada a uma grande quantidade de seres, tirando assim o controle do corpo de quem recebe tais ordens.
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Professor Yakumo: Um Youkee que aparece rapidamente nessa história, tendo sua história contada na história "Hanshas" que será publicada em breve.
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⚠️ESTE CAPÍTULO CONTÉM OS SEGUINTES GATILHOS⚠️
⚠️Violência
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– E então? – Carlos perguntou se aproximando dos outros capitães – será impossível se aproximar para pegar a faixa. Vamos ficar aqui parados vendo as duas brigarem?
– Parece que não seremos de ajuda nenhuma na luta dela com a Nogitsune, mas e enquanto ao irmão dela? – Yugo já tinha até perdido a vontade de tentar interferir e resolveu acender um cigarro.
– Eu acho que vocês estão se preocupando demais – Zyon apareceu e encostou em uma parede – Vocês dão conta do irmão dela, o problema é a rainha com certeza e parece que Beatrice sabe disso. Além do mais, vocês estarão mais bem preparados para inimigos humanos também.
– Então o que iremos fazer lá? – Kai bufou.
– O que já estava planejado – Zyon deu de ombros – vocês terminarão antes de que Lissa seja capaz de terminar a luta com Kawany, e é aí que entra a parte da faixa. A rainha vai estar preocupada com os ataques de Lissa e vocês irão tomar vantagem disso. Qualquer distração é válida.
– Entendi o raciocínio dela – Carlos suspirou – finalmente. A rainha não ia poupar palavras contra a Lissa, nem mesmo o irmão dela faria isso. Ela escutaria diversas vezes sobre aquele acidente e isso não pode abalar a Lissa. A primeira vez que alguém falou sobre isso, Luc teve que interferir enquanto as capitãs imobilizavam a Lissa com diversas armas. Ela perde o controle quando alguém fala sobre esse acidente. Além disso, parece que essa rainha é de fato muito poderosa, de uma maneira que Lissa não é... então o que aconteceria? Lissa teria medo? Ela iria ficar da mesma maneira que ficou quando foi Beatrice provocando? Estou errado, Zyon?
– Não, não está errado – Zyon admitiu – a parte da faixa é simples. Lissa ultrapassou a barreira do medo, uma barreira que ela nunca precisou ultrapassar antes. Diferente de vocês, ela não está acostumada a sentir esse medo. Ela apagou o medo que sentiu da rainha com o tempo e não desenterrava ele por nada. Agora que ela ultrapassou, vem a parte de vocês. Eu continuo selado, infelizmente não serei de ajuda para praticamente nada, mesmo porque não posso matar um ser humano.
– É, acho que vamos ter que continuar tentando brigar em grupo – Senka deu de ombros – Nunca tive tanto trabalho em uma briga como agora.
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Não foi preciso muito para que todos tentassem achar uma brecha nas defesas de Beatrice e quando ela os viu de canto de olho, ela sorriu de maneira maliciosa.
Sem dar tempo de pensarem, ela pegava com os vetores novas madeiras ou qualquer outro objeto que estivesse no caminho e tentava acertá-los, também se desviava e tentava acertar Lissa. Não demorava segundos para ela sair de onde estava e aparecer em outro derrubando de vez em quando algum adversário, mas seu foco estava praticamente inteiro em Lissa que a atacava também de maneira incansável. Vários dos capitães conseguiram acertá-la em algum dado momento, mas nem mesmo isso foi o suficiente para pará-la.
Uma boa parte do navio já havia sido destruída e a preocupação de quem estava ali começou a ser nítida. Lissa se desviava subindo em lugares altos com a ajuda de seus vetores enquanto pensava em qualquer maneira de derrotá-la. Estavam todos contra ela e mesmo assim o máximo que conseguiam eram fazer pequenos cortes e Lissa tinha certeza de que Beatrice nem estava usando toda a sua força, Lissa as vezes se perguntava se ela ao menos estava usando ¼.
– Fugindo pelo alto? – Beatrice alcançou Lissa em uma das tentativas de fuga dela e a acertou no estômago, fazendo-a cair no chão sem ar.
Lissa, que havia estudado com cuidado o que sentia em relação ao seu novo poder a cada golpe dado, arriscou fazer o caminho reverso da destruição e criou uma estaca para cima, fazendo com que Beatrice tivesse que forçar o corpo com seus vetores para se desviar por pouco do golpe de Lissa.
Assim que Beatrice se aproximou de Lissa para atacá-la novamente enquanto seguia se desviando de todos os outros capitães, uma voz infantil invadiu o lugar pegando Beatrice desprevenida.
– Ohime! Ohime! – a voz da criança a chamava com um nome na qual ela já havia se esquecido. Cenas de um passado distante, crianças em um porão úmido gritando o nome dela enquanto morriam – Não ataque a minha mãe!
Beatrice sentiu o coração bater com força e parou repentinamente olhando no sentido da voz e viu uma pequena criança com a perna e braço mecânico correndo na direção de Lissa. Seus olhos se abriram mais e o suor escorreu por sua testa quando ela viu Zyon atrás da criança com um sorriso malicioso no rosto.
– Não! – Beatrice se jogou para onde a criança estava e essa foi a hesitação de Beatrice que todos precisavam.
Talvez pensando que Beatrice a atacaria, ou querendo defender alguém que sem dúvidas era importante para eles, várias lâminas de facas ultrapassaram seu corpo no mesmo minuto e uma grande estaca feita por Lissa perfurou um dos seus pulmões.
Kat gritou apavorada com a cena.
– Zyon! Desgraçado! – Beatrice forçou a voz, mas sem conseguir de fato gritar e o mar começou a ficar realmente agitado. Nos olhos de Beatrice foi possível ver pequenas chamas começarem a aparecer – Tire a criança daqui agora!
Zyon estalou os dedos e a imagem da criança sumiu fazendo Beatrice rir de nervoso.
– Era uma miragem – ela riu e relaxou o corpo visivelmente fazendo com que as ondas do mar se acalmassem também – era só uma miragem. Que bom... – ela sentiu como seu corpo era abraçado por seu sangue quente, era como usar uma coberta em um dia frio – Isso dói tanto.
– Não pode me julgar por jogar sujo com você. O fato de você nunca usar seus olhos faz com que você caia em miragens assim. Você jamais teria caído nisso com os olhos fechados – Zyon se aproximou e pegou a faixa da cintura de Beatrice, mas ao invés de entregar para os rapazes, ele voltou a fechar os olhos dela.
– Está começando a ficar frio – Beatrice resmungou – isso não é bom.
– Droga, Zyon! O que aconteceu? De que criança ela estava falando? – Luc perguntou e se aproximou da moça que sem dúvidas iria morrer muito em breve.
– Uma criança com a perna mecânica – Beatrice falou com dificuldade e alguns pares de olhos se abriram um pouco mais com isso – você foi até ela agora e fez ela gritar aquilo, não foi?
– Eu só contei uma história para ela e ela encenou. O resto foi fácil, eu projetei a linha para você e você a viu fazendo exatamente o que ela já tinha feito para mim antes – Zyon deu de ombros – vamos, melhor você ir se curar antes que você morra.
– Ela deveria pensar em ser atriz – Beatrice sorriu – inferno... isso dói demais. Todos me atacaram de uma só vez. Gostei.
– Virou masoquista? – Zyon pegou Beatrice no colo e ela gemeu de dor – Rainha Carmesim, não prefere fazer uma troca aqui?
– Não – ela se aconchegou no braço de Zyon e todos ficaram mudos com a cena – eu não sou melhor do que os ratos que estão presos nesse porão. Irei até o professor.
– Mande lembranças para ele – Zyon deu um beijo em sua testa e ela com dificuldades abriu uma fenda no ar, na qual saiu um jovem loiro com roupas extremamente estranhas para aquele lugar, parecia ter vindo de um passado muito distante.
– Príncipe Corvo? – ele perguntou abrindo um pouco mais os olhos – então é aqui que você está metido?
– Professor Yakumo – Zyon o cumprimentou – leve Ohime de volta... ah, quero dizer Beatrice.
– Ohime e seu senso de humor horrível. Ela ainda vai conseguir se matar – o jovem professor negou com a cabeça e a pegou no colo desaparecendo novamente pela fenda.
– Acho que não – Zyon deu de ombros e a melancolia vazou por sua voz – ela já tenta a mais de 2 mil anos. Vê se cuida bem da nossa irmã.
– Será que algum dia eu vou acordar desse sonho estranho? – Kai resmungou em um canto – essa louca vai sobreviver?
– Beatrice? – Zyon se virou para Kai – Ah, com certeza. Ela só foi pega desprevenida usando 1% ou menos da sua força... ter que reter a força é muito mais difícil do que liberá-la.
– Inferno, está dizendo que ela lutou como se estivesse brincando? – Yugo encostou em uma parede qualquer tentando recuperar o fôlego.
– Acha que a chamei por quê? – Zyon suspirou – A parte boa, é que mesmo assim a força que ela usou era superior à da rainha.
– Ah, então você é bem mais fraco que ela? – Carlos perguntou com um sorriso malicioso no rosto – Talvez você não seja tão assustador quanto parece.
– Quer fazer o teste? – Zyon sorriu com malicia e se aproximou de Carlos – Eu estou selado, não se esqueça disso, mas ainda tenho força o suficiente para acabar com você.
– Ei, Zyon – Lissa o chamou e ele se virou para onde ela estava. Lissa sem pensar duas vezes deu uma porrada no nariz de Zyon fazendo-o cambalear para trás – Isso é por você ter trapaceado com ela. Ela só perdeu porque você fez aquilo.
– Falou a pessoa que perfurou o pulmão dela – Zyon segurou o nariz, mas riu.
– Você é um idiota – Lissa suspirou – eu preciso de um banho e de descansar... e inferno, eu realmente preciso usar o banheiro. Quando isso acabar, eu quero você longe do meu navio.
– Sim, senhora – Zyon sorriu.
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