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100 - RAINHA CARMESIM

A noite cai, eu estou sob seu feitiço
A luz do dia cai, o nosso céu vira inferno
Eu sou deixado para queimar
E queimar eternamente
Ela é um mistério para mim
U2 - She's A Mystery To Me

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Hanshas (criação própria): Humano amaldiçoado que espelha tudo o que vê, desde poderes até dores e sentimentos. A maldição os torna imortais (apenas por causas naturais), mas os impede de poder olhar as coisas sem espelhar o que os outros sentem. Assim como muitos seres sobrenaturais, eles receberam dons individuais com o despertar de seus ruahs.

Divindades (criação própria): as divindades foram criadas a partir do sangue dos ceifeiros, para que pudessem manter as fronteiras mágicas entre os universos e são responsáveis por manter a ordem entre os seres.

Jiwas (criação própria):  Também conhecidos como Sacerdotes/Sacerdotisas, são seres que podem ter o poder de clarividência, mas são poucos os que a possuem. Também podem firmar contratos entre almas e essências. Dom que permanece no ser até mesmo depois da morte, transformando-os em seres sobrenaturais. Também possuem o dom de romper barreiras espirituais ou selos, lançar maldições e criar proteções usando amuletos ou outros meios. Qualquer ser pode ser um Jiwa/Sacerdote, mas é mais comum para um ser humano.

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Ruah(criação própria): Todos os seres vivos têm uma energia no corpo na qual chamamos de ruah. Algumas dessas energias são tão fortes que se convertem em dons, poucos seres possuem esses dons e isso se torna ainda mais raro para um humano. Ruahs também podem ser moldados para proteger o corpo de ataques físicos, como se fosse uma armadura, mas é uma técnica extremamente avançada e quase nenhum ser é capaz de tal feito.

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Rainha Carmesim: Também conhecida como: Mulher de muitos nomes, Ohime, Beatrice e Bella. É uma poderosa Hansha que muda de nome com frequência enquanto foge de algo muito perigoso. Ela faz parte da história "Hanshas" que será postada em breve.

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OBS: Este capítulo serve de introdução para a história "Hanshas". Sendo assim, as perguntas relacionadas à Rainha Carmesim não serão elucidadas.

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Já era de madrugada quando a Rainha Carmesim apareceu repentinamente no navio causando pânico nas poucas pessoas que a viram aparecer através de uma espécie de portal no ar. Seus cabelos escuros e lisos voavam levemente com o vento.

A rainha carmesim era uma jovem branca de aparência oriental e com o rosto delicado. Os cabelos negros eram lisos e longos, a franja repicada caía desordenada pelo seu rosto jovem. Era magra e parecia frágil à primeira vista. Seus lábios eram delicados e finos e em seus olhos ela levava uma faixa da cor vinho que combinava com a faixa que rodava em sua cintura. O vestido preto de apenas um ombro a deixava ainda mais linda. Em suas mãos havia luvas finas e pretas. Em seus pés havia uma sandália trançada. Tudo nela parecia misterioso, frágil e belo.

Tranquilamente ela levantou o rosto como se admirasse o céu, algo pouco provável para aqueles que a estavam vendo. Ela andou tranquilamente pelo convés sem se preocupar com o espanto dos presentes e aproveitou a brisa fresca da noite.

– Tem uma estranha no navio – Naomi chegou pálida e afobada na mesa do cabaré onde todos seguiam bebendo e jogando – ela apareceu do nada... ela apareceu do nada mesmo, tipo... como se tivesse uma porta no ar.

– Do que você está falando, Naomi? – Kai perguntou arqueando uma sobrancelha – Ninguém aparece do nada.

– Tem uma estranha no navio – alguém mais na parte de fora gritou e todos pareceram pular de uma única vez de seus assentos e correram para onde estava a confusão.

– Parada aí – Roy apareceu atrás da moça já armado.

– Você é realmente muito rápido – a Rainha Carmesim sorriu e falou com sua voz doce e moderada – estou impressionada. Vocês têm um belo navio.

– E como você saberia se está com os olhos tapados? – Senka cruzou os braços já na frente da recém-chegada.

– Ah – a Rainha Carmesim sorriu com a pergunta – seria difícil de te explicar, mas enxergo muito mais do que você acredita. Atualmente a capitã do navio está no mastro a nossa esquerda, bem no alto. Vim porque escutei o seu chamado, velho amigo. Então ela é a sua filha, Príncipe Corvo?

Todos praticamente pularam ao notar Zyon chegando com Carlos.

– Majestosa e bela como sempre, Rainha Carmesim – Zyon fez uma pequena reverência – estou honrado que tenha aceitado o meu pedido. Espero que isso não seja algo prejudicial para a senhorita. Tem certeza de que não foi seguida?

– Se não me seguiram? Eles sempre me seguem – ela falou tranquilamente enquanto voltava a sentir o vento em seu rosto – estão sempre no meu encalço, mais cedo ou mais tarde irão me encontrar, principalmente se eu continuar fazendo favores a velhos amigos. Acho que só nos encontramos quando estamos em problemas. No que eu posso ajudá-lo dessa vez?

– Eu sinto muito por isso – Zyon parecia realmente doído pela situação da amiga – Permita-me te ajudar após isso tudo, acho que encontrei uma saída para o seu problema.

Ela sorriu e virou na direção do Príncipe Corvo.

– Como te chamam hoje em dia Príncipe? – seu sorriso era cativante e era impossível não admirar uma pessoa tão serena quanto ela.

– Zyon e a senhorita? – Zyon sorriu de maneira boba enquanto algumas pessoas presentes notavam o brilho nos olhos do príncipe.

– Beatrice – ela deu de ombros – começo a ficar sem ideias.

– O nome Bella combinava com você, Rainha Carmesim.

– Depois da moda de um certo vampiro, eu preferi aposentar esse nome – ela riu de maneira contagiante – mas vamos ao que interessa. Diga-me como você pode me ajudar que eu te ajudarei.

– Achei algo relacionado aos sonhos que a senhorita me relatou da última vez, acredito ter encontrado as pessoas que aparecem para você.

– No que isso poderia me ser útil? Eu nem sei se os encontrar será algo bom ou ruim.

– Ah, impaciente como sempre – Zyon riu – esses seres possuem algo diferente, Beatrice, você só saberá se os encontrar – Zyon parou um pouco e sorriu de maneira divertida – Beatrice, será que não posso ver seus olhos?

– Pelo visto ainda gosta de brincar com o perigo – Beatrice falou de maneira tranquila ainda com o sorriso intacto – Qual a diferença dos nossos seres para os outros?

Zyon se aproximou de Beatrice por trás, levou sua boca até perto do seu ouvido e sussurrou.

– Estamos ligados por algo muito mais forte do que uma linha.

Todos que estavam atentos a cada palavra dos dois notaram como o sorriso dela sumiu com essas simples palavras.

– Você tem certeza disso – ela perguntou ainda com a expressão de espanto.

– Espere por mim Beatrice, eu juro que irei te ajudar. Eu acredito na sua inocência, então prove-a para quem não acredita.

Beatrice ficou um tempo pensativa, mas quando falou, sua voz já estava novamente serena.

– Faz quanto tempo que ela está ali? – Beatrice voltou a sorrir.

– Umas 4 horas talvez – Zyon deu de ombros e saiu de perto da moça.

– Ela está travando uma grande luta interna, acho que você já sabe disso.

– Sim – Zyon suspirou – e torço para que o lado humano vença.

– Um demônio torcendo para que sua filha seja humana. Mesmo assim espero que você esteja certo, porque se o demônio dentro dela ganhar, ninguém mais vai estar seguro por aqui.

– Você pode ajudá-la, não pode? – a esperança na voz dele era palpável – você já foi humana, Beatrice... por favor, ajude-a.

Beatrice suspirou.

– A única coisa que eu posso fazer é indicar o caminho, mas por você irei tentar. Contra quem vocês irão lutar?

– Contra duas Nogitsunes, ainda temos que liberar a Tenko.

– Uma Tenko foi capturada? – a surpresa de Beatrice foi nítida – Como exatamente isso aconteceu?

– Prometo te mostrar os detalhes, acho que o único que você precisa saber por enquanto é que Lissa é o receptáculo dessa Tenko.

– Uma Tenko que foi capturada e ainda por cima é uma Tenko com um receptáculo? – Beatrice virou em direção a Zyon como se de fato o enxergasse com perfeição – Tenkos não precisam de receptáculos. O que você fez Zyon? Aliás, quem selou os seus poderes? Por que o seu ruah está tão falho?

Ao notar que ela começava a ficar preocupada de fato com ele, ele preferiu acalmá-la.

– Beatrice, se acalme – Zyon suspirou.

– Me acalmar, príncipe? – ela riu de maneira nervosa – sabe que eu não posso. Diga-me quem foi. É um selo Jiwa poderosíssimo, nem eu mesma conseguiria tirar isso sem ajuda.

– O receptáculo de uma das nogitsunes é uma jiwa.

– Como isso não chegou aos ouvidos das divindades? Como aqueles imprestáveis não se moveram ainda?

– Beatrice, não se preocupe com isso, logo esse selo sumirá, não precisa se envolver em uma briga que não é sua. Você já tem problemas suficientes com as divindades, se tentar se envolver com mais isso será muito arriscado.

– E como eu poderia ficar de fora ao ver uma das poucas pessoas que eu tenho em perigo? Como eu viveria em paz se algo te acontecer, Príncipe?

– Eu te falei que te mostro tudo depois. E então, o que você acha? Te mostrei uma boa parte da linha já.

– Acho que você está jogando todo mundo em uma tremenda encrenca. A jovem tem picos em seu ruah e isso a torna perigosa, talvez esteja a tempo demais longe de sua Kitsune. Você confia demais nas linhas temporais, mas na minha opinião, eles não estão preparados. Até agora eu só sabia que o tal de Rafael e a tal da rainha Kawany eram receptáculos, não sabia nem do que eram até agora, além de serem receptáculos de nogitsunes, um dos receptáculos ainda por cima é um jiwa. Será que ela não consegue pensar em um contrasselo? Parece uma sacerdotisa muito talentosa – Beatrice indicou Aylin com a cabeça – Ela tem um espírito jiwa incrível.

– A especialidade dela é relacionada com a deusa Inari – Zyon suspirou – Será que podemos voltar para o problema principal?

– Você vai mandar homens e mulheres muito bem-preparados para a vida, posso ver com claridade que todos sofreram terrivelmente durante o trajeto, mas estar preparado para vida não os prepara nem para lutar contra uma nogitsune, quanto mais duas. Em quanto tempo vocês pretendem atacar?

– Queremos sair dessa bacia em 2 dias – Kai falou já impaciente com aquela falação toda.

– 3 dias – Beatrice falou – 3 dias se não houver descanso, 4 dias se vocês quiserem revezar, e isso se vocês aprenderem rápido.

– E por que deveríamos te ouvir? – Lucy perguntou trocando o lado de apoio do corpo.

– Qual é o seu nome? – Beatrice perguntou para a jovem.

– Acho que não te interessa.

– Entendi. Uma curiosidade básica das Nogitsunes e das Kitsunes, Lucy: além de extremamente habilidosas, elas também têm uma capacidade olfativa e auditiva surpreendente, elas são capazes de perceber pela audição até mesmo movimentos de animais enterrados no solo. Elas são fortes, rápidas e expertas. Junte isso com os dons individuais de cada uma e vocês serão pessoas mortas em segundos. A linha atual até pode garantir alguma coisa, mas acho que o nosso príncipe não falou que ele e sua filha são incompatíveis, não é? Vejo por seus ruahs que um é capaz de romper a linha do outro. Como pretende que essa linha se mantenha? A resposta é simples, não confiem nas linhas. Essa linha se romperá sem dúvidas nenhuma e todos vocês estarão em perigo – Beatrice alargou um pouco mais o sorriso – Tenho um desafio para você e para os outros Lucy. Enquanto eu ajudo a capitã de vocês, vocês tentarão pegar essa faixa – Beatrice apontou para a faixa do rosto – não importa se eu estarei viva ou morta, a única missão que vocês têm é essa, pegar a minha faixa. Pegue-a, sem que eu tenha tempo de me defender, ou pegue-a de uma maneira que eu não note. Assim vocês estarão um pouco mais preparados para lutar contra as duas, claro que isso seguindo o plano de vocês de lutarem com elas separadamente. Julgo que já sabem como matar um receptáculo, certo? Não me deem tempo.

– Como você sabe o meu nome? – Lucy de repente pareceu assustada.

– Eu sei o nome de todos vocês – ela deu de ombros – Comecem quando quiserem. Vocês têm 3 dias.

– E se eu atirasse em você? – Aylin arriscou apontando sua arma para a jovem a sua frente.

– Primeiro, você não deveria ter me avisado – Beatrice sorriu de maneira divertida – Isso só me deixaria alerta para isso e acabaria com o ataque surpresa... depois, aproveita que eu ainda estou parada para puxar o gatilho.

– Não a subestimem – Zyon deu de ombros – vocês podem se surpreender.

– Oras. Obrigada pelo elogio príncipe, mas você está me superestimando. Eu não passo de alguém sem nome e sem identidade. Aproveitando Zyon, isso vale para você também, quem sabe você não consegue ver meus olhos?

Aylin se irritou com isso e atirou 3 vezes, 3 sons de tiro foram ouvidos e 3 balas caíram no chão como se tivessem impactado contra uma rocha, mas Beatrice não havia nem sequer movido um músculo.

– Já notaram o como o céu daqui é limpo? Senti uma paz tão grande quando cheguei – Beatrice levantou de novo o rosto – Fazia muito tempo que não sentia uma brisa tão agradável.

– O que raios você é? – Aylin perguntou incrédula.

– Eu avisei, não a subestimem – Zyon deu de ombros e pouco a pouco voltou a sua forma original.

– Gosto mais dessa aparência, príncipe – Beatrice sorriu – Vamos brincar velho amigo.

Beatrice apontou um dedo para Zyon e de repente ele caiu de joelhos tentando respirar, Aylin praticamente desmaiou na mesma hora.

– Esqueci de avisar algo importante – ela falou tranquilamente – eu não disse em momento nenhum que não os atacaria.

Vários tiros puderam ser ouvidos após isso, mas nenhum deles foi capaz de chegar até Beatrice, e enquanto isso Zyon se contorcia por conta da dificuldade de respirar.

Golpes diretos, tiros, faca, nada a alcançava.

– Não sejam idiotas – Zyon falou com a voz rouca e dolorida – Vocês não vão conseguir fazer nada com ela assim, sejam expertos e recuem para pensarem em um plano.

Ao ouvir isso Beatrice sorriu.

– Você está me superestimando de novo, Zyon, mas esse é um bom plano – ela falou calmamente – digamos que foi isso que vocês acabaram de fazer. Irei aproveitar para dar um oizinho para a capitã. Ah, Carlos – ela se virou para ele – preciso ter uma palavra com você depois.

– Por que será que todos resolveram conversar comigo nas últimas horas? – ele suspirou – mas se for o que eu estou pensando, estarei disponível quando você quiser.

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