Capítulo 11
Felix se levantou da cama com cuidado, seus pés descalços entraram em contato com o assoalho frio, ele deu alguns passos cautelosos em frente, se aproximando da janela. Ele abriu as cortinas brancas e deixou a luz natural entrar no quarto, a sentindo em sua pele pela primeira vez em dias. A paisagem que encontrou foi de um bosque próximo. O Lee havia percebido que não havia sons de povoado, como gritos, carroças ou mercadores, a única coisa que era possível ouvir eram cascos de cavalo, mas ainda era um som infrequente. As vozes na casa também eram poucas, ele só havia escutado a voz de Yeji, a voz desconhecida de um homem mais velho e duas criadas. Tinham dias específicos em que ele ouvia sons de cascos se aproximando, uma pessoa se aproximava da casa uma vez a cada cinco dias.
A febre de Felix já tinha diminuído, ele não sabia o que havia acontecido com clareza para ter adoecido, no entanto, não era surpresa, ele sempre adoeceu com facilidade. As únicas memórias que ele tinha eram de estar com Hyunjin na cidade antes de um grande tumulto acontecer, lembra de ouvir gritos, de ser puxado para longe, e seus lapsos de memória antes de adoecer o mostravam estar no meio de uma floresta antes de ter acordado na casa daquela mulher.
Onde Hyunjin foi parar? Ele me abandonou na floresta ou se machucou?
Minho está bem? Meus pais estão bem? Eles conseguiram fugir e se proteger?
Felix não recebia nenhuma notícia que queria, se sentia angustiado e não sabia para onde ir, tampouco tinha forças para isso. O Lee poderia ser considerado ingênuo em muitos momentos, mas naquele momento ele sabia que não deveria confiar plenamente naquela mulher que o salvou, principalmente pelo fato de ele não lembrar como chegou até lá.
Ele ouviu o barulho dos cascos novamente, esperou por um tempo e se aproximou da porta do seu quarto, tentou ouvir qualquer som próximo e, quando percebeu que não tinha ninguém por perto, ele abriu a porta devagar, observando os corredores antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de si sem fazer ruídos. Aquela casa não era tão simples para ser de um simples vilarejo, Felix também havia percebido isso, aquela mulher era mais do que fingia ser. O Lee tomou o caminho que já havia visto Yeji ir uma vez, seus pés descalços faziam um bom trabalho em manter sua presença silenciosa. Felix sempre foi bom nisso, acostumado desde criança a dar algumas fugas com seu irmão, logo depois usou essa sua mesma habilidade para sair do castelo sem ser percebido para encontrar Hyunjin quando ele dormia fora do castelo. Pelo menos aquilo era algo que ele conseguia fazer mesmo com sua saúde frágil.
Vozes pareceram cada vez mais próximas até Felix chegar na frente de uma porta simples, Felix acreditava que aquele caminho levava para fora da casa, então aquela poderia ser a sala, o Lee se aproximou da porta e colocou sua atenção em entender o que diziam.
— Você tem certeza que está tudo bem? — A voz daquele homem mais velho perguntou, parecendo preocupado.
— Tenho, podem ficar tranquilos. Como ele está? — Uma voz nova na casa mas extremamente familiar para Felix falou logo depois.
Hyunjin? Ele também está aqui? Pensou, aproximando mais seu rosto da porta.
— Se recuperando, mas já está bem melhor, se comparar com quando ele chegou aqui — Yeji respondeu.
— É perigoso mantê-lo aqui, sabe como é, está tudo uma loucura no reino — o homem mais velho disse novamente em um tom preocupado.
— Por enquanto, Changbin está focando em Minho, ele não pareceu ter desconfiado — Hyunjin respondeu, fazendo o coração de Felix errar uma batida e o sangue subir à sua cabeça. — Mas precisamos continuar em alerta.
— Eu não confio plenamente nele, ele tem histórico de pisar naqueles que o ajudam.
— Nós sabemos de suas experiências, Taecyeon, mas desta vez é diferente.
— Não, nunca é diferente. No momento em que isso aqui vazar, vamos estar todos condenados. Espero que o entregue no momento em que as coisas ficarem complicadas.
Os três ficaram em um silêncio mútuo constrangedor, Felix não conseguia dizer o que estava acontecendo exatamente, mas sentiu um forte aperto em seu peito. A dor, a decepção e a raiva, tanto de Hyunjin por ter o enganado quanto de si mesmo por ter acreditado tão fielmente nele. Ele estava cego pelo Hwang, gostava dele ao ponto de nunca pensar em desconfiar em suas verdadeiras intenções. Minho estava certo, por ser da família real, nunca deveria confiar tão cegamente em outras pessoas, mesmo aquelas que estavam ao seu lado há anos.
— Mantenham-se quietos e tudo ficará bem, só confiem em mim.
— Acredita que ele perdoará? — O homem mais velho chamado Taecyeon perguntou com sarcasmo. — Qualquer outra pessoa iria odiá-lo no momento em que descobrisse o que você fez.
— Taecyeon está certo, eu também não acho que ele irá perdoá-lo por entregar o reino dele à Changbin.
Felix se afastou da porta, a sua respiração presa em sua garganta, o impedindo de respirar normalmente. Virou-se de costas para sair dali o mais rápido que conseguisse mas se assustou ao ver uma criada atrás de si. A jovem deixou um grito escapar pelo susto e o Lee acabou dando alguns passos para trás, batendo em um vaso e o derrubando. O som fez seu sangue gelar, as vozes se calaram instantaneamente. A porta atrás de si foi aberta e Felix encontrou os olhos daquele que há pouco tempo atrás era o seu confiável guarda pessoal e seu confidente romântico e agora não passava do criador do seu maior pesadelo, do motivo de agora estar em um lugar completamente desconhecido e longe de sua família.
— Felix...
Ele pareceu surpreso em vê-lo atrás daquela porta, talvez porque não esperava ter que dar explicações tão rápido, ou então, ele nunca iria se explicar e deixá-lo sem a verdade. Felix recuou vários passos antes de virar-se e correr novamente pelo mesmo caminho de antes. O Hwang pareceu ter acordado de seu devaneio e foi atrás do príncipe, sua condição física e sua saúde eram muito superiores à de Felix, então não foi difícil alcançá-lo antes que este tentasse fechar a porta do quarto. O Lee não sabia ao certo para onde correr, só queria ficar longe dele e sozinho, talvez tentasse escapar pela janela aberta durante a comoção, mas ele provavelmente não conseguiria ir muito longe na condição em que se encontrava.
— Felix, deixe-me explicar... — Hyunjin pediu, tentando segurar o pulso do Lee.
Ao sentir sua mão o segurar, Felix deu um tapa, afastando a mão de si e em seguida desferiu um tapa em seu rosto com a força que conseguiu reunir. Hyunjin pareceu surpreso, recuando dois passos, enquanto Felix respirava pesadamente, seus olhos vermelhos, injetados de fúria.
— Que merda é essa?! Você era aquele que trabalhava para Changbin! — Felix gritou, se aproximando dele e o empurrando. — Você enganou todos nós! Confiamos em você!!! O que é preciso explicar? Nada!
— Tem razão, eu os enganei e trabalho para Changbin há anos — Hyunjin concordou, deixando Felix desferir quantos golpes quisesse.
— Onde eu realmente estou? Que lugar é esse? E por que está me mantendo aqui?
— Estamos no vilarejo de Drinna, na residência da minha irmã. Não estou o mantendo aqui para entregá-lo, só queria que você recebesse ajuda e ficasse seguro.
Felix se afastou, olhando desacreditado para o Hwang. Ele deixou que uma risada curta de incredulidade escapasse de seus lábios.
— Quer que eu acredite que só quer me proteger quando entregou meu reino para a destruição e me trouxe para um vilarejo em Drimmoya? Realmente me acha tão ingênuo assim?!
Drinna era um vilarejo localizado no Oeste de Drimmoya, ele cresceu após os refugiados de SeungJo serem forçados a se mudarem após a guerra dizimar o vilarejo, que ficava entre a fronteira de Drimmoya e Deungjeong. Era um vilarejo pequeno, e hoje em dia era ainda menos populoso do que no passado.
— Não acho que Sua Alteza seja ingênuo, no entanto, estou falando apenas a verdade.
— O que aconteceu com a minha família?
O quarto ficou em silêncio, o coração de Felix se apertou ao esperar a resposta, ele precisava ouvir, queria que seu pensamento estivesse completamente errado e todos estivessem bem.
— O que diabos aconteceu com a minha família, Hwang Hyunjin?! — Perguntou novamente, elevando a sua voz.
— Os dois monarcas... estão mortos.
Foi como se uma espada tivesse sido cravada em seu peito, todos os seus medos eram reais, eles estavam mortos e um dos culpados estava na sua frente. A cena dos seus pais sendo assassinados brutalmente passou por sua imaginação, suas expressões... quais teriam sido elas? O que eles tinham pensado? Que morrer em prol do seu reino era uma boa forma de partir? Ou que eles queriam viver desesperadamente e juntar-se aos seus amados filhos?
Felix nunca iria saber.
Sua respiração saía de uma forma tão pesada ao ponto de fazer seu peito doer, sua visão se tornou confusa, nada ao seu redor parecia importar mais naquele momento. Suas mãos tremiam incontrolavelmente. O Hwang pareceu querer se aproximar, mas o olhar que recebeu do Lee o fez parar em seu ato.
— E você ainda ousa pedir para que eu escute a sua explicação de merda?! — Felix gritou, as lágrimas escorrendo dos seus olhos injetados de sangue. — Desapareça da minha frente!!! Se continuar olhando para você eu irei vomitar!
— Eu sei que nunca serei digno do seu perdão, Felix, mas eu sinto muito por tudo...
Felix já farto de vê-lo em sua frente, jogou o pequeno vaso de flor próximo à janela na direção de Hyunjin, o acertando. Ele tentou proteger seu rosto, fazendo com que seus braços e mãos acabassem machucados, com diversos cortes, a água dentro do vaso se espalhou pelo quarto, molhando as roupas do Hwang.
— Eu falei para sumir...
Hyunjin nada respondeu, nem mesmo tentou retrucar, pois sabia que merecia aquilo e muito mais. Ele saiu do quarto em silêncio, deixando Felix sozinho novamente.
⊱•⊰
O Kim foi forçado a acordar quando sentiu uma movimentação abaixo de si, seu corpo foi acomodado entre os travesseiros enquanto o outro se levantava da cama. Seungmin abriu seus olhos, cansado. Se virou na cama para olhar o mais velho que se vestia calmamente sentado na cama.
— Acordado tão cedo? Tem algo para fazer? — Perguntou com um certo tom travesso, se sentando e pousando seu queixo em seu ombro, deixando um beijo em seu pescoço.
— Estou preparando a missão do grupo de Jeongin e preciso mandar mais uma carta à Han Jisung antes do festival — Changbin respondeu calmamente, ignorando as tentativas do Kim de fazê-lo permanecer na cama.
Ao ouvir a menção ao nome do Han, Seungmin se afastou, visivelmente aborrecido.
— Ainda confia nele?
— Ele pode ser uma boa ajuda e ele irá fazer o que eu pedir por agora.
— É só porque ele é uma boa ajuda mesmo? Ou quer relembrar os velhos tempos?
— Que modo de falar é esse? — Changbin repreendeu, lançando um olhar estressado ao Kim.
— Te aborrece que eu retruque? Quando Han Jisung faz isso você não parece odiar. Na verdade, acho que gostou dele exatamente por causa disso!
Changbin se levantou enraivecido e segurou o queixo do Kim com força, encarando seus olhos determinados e furiosos.
— Quem você pensa que é para se referir a mim como se eu fosse um igual? Kim Seungmin, não esqueça que eu sou um Rei e você um mero subordinado que vive às sombras da nação!
— Incrível como você muda tanto quando cita Han Jisung, ontem me tratou como se eu fosse muito especial e hoje pede para que eu conheça o meu lugar?
— Talvez seja exatamente por eu tê-lo deixado acreditar que é especial que está agindo dessa maneira tão desrespeitosa com seu Rei.
Seungmin soltou-se do aperto do Seo e se levantou da cama também, indo atrás de suas roupas, se vestiu rapidamente e saiu do quarto após estar vestido. Changbin não se importou, Seungmin sempre era assim, parecia decidido mas voltaria no primeiro momento em que o chamasse e fosse carinhoso por somente alguns minutos.
Por que todos eles são tão complicados? Changbin bufou, terminando de se vestir e também saindo do quarto.
A sofrência está só começado hehe no próximo já teremos o temível festival. O que vai acontecer? Façam suas apostas aqui!!! (E suas teorias também).
Os irmãos Lee foram criados só pra se ferrar, principalmente na vida amorosa, como pode kkk
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