É sério isso? Todo mundo ganha armas legais e eu ganhei uma luva! UMA LUVA! O que eu vou fazer com ela, me proteger da Elsa?

Depois de um bom tempo dirigindo, Alice trocou de lugar com Hiro e foi dormir na caçamba. Eu fiquei junto com ela (Hiro pisava no freio do nada e a garota quase caía do caçamba, e eu tinha que segura-la) Olhei para a paisagem e entramos em uma cidade. Eu não consegui enxergar muito por causa da neve. Quando Hiro parou o carro, desci e olhei ao redor. Tinha um parque logo a frente, ao redor haviam algumas casas e outras lojas.

-Que lugar é esse?

-Estamos em Londres. - Hiro desceu do carro.

Até quando o piloto ia esperar a gente chegar em Quebec? Tínhamos que chegar mais rápido. Olhei para a entrada do Victoria Park, e vi um garoto correndo na nossa direção, ele parecia desesperado.

-Me ajuda! - O garoto agarrou a minha mão. Ele estava usando uma touca azul e estava todo agasalhado. Seus olhos azuis me encaravam com um certo pânico. - Um monstro pegou a minha irmã!

Ele disse monstro? Ele só podia estar brincando. Mas eu não vou mais duvidar de nada depois da galinha de Chernobyl.

-Monstro? - Encarei ele.

-Sim, minha irmã e eu estávamos brincando no parque. E um tio pegou ela. - Ele começou a tremer.

-Qual o seu nome? - Hiro se aproximou.

-Johan Grace - Ele respirou fundo. O nome dele ecoou na minha mente, parecia que eu já havia escutado esse nome várias vezes - Minha irmã se chama Laís.

Fiquei olhando para Hiro. Por que o monstro pegaria apenas a irmã dele? Isso era bem estranho.

Eu tinha que pensar em algo. Obviamente não ia acordar Alice, ela precisava descansar. Encarei o garoto. Já sei!

-Você sabe se isso já aconteceu antes, com outras crianças?

-Bom...Tem algumas meninas que estão desaparecidas. Phoebe, Emma e Mellanie. - Disse o garoto. Ele parecia saber demais.

-Como sabe disso tudo?

-Meu pai é policial. Eu escuto as ligações dele. - Johan deu de ombros.

-Espera - Hiro parecia pensativo - Apenas meninas estão sendo levadas?

-Pelo visto, sim.

Johan estava ficando mais calmo. O garoto poderia ter chamado o pai dele, afinal, ele é policial.

-Por que não avisa ao seu pai? - O garoto lobo olhou nos olhos de Johan.

-É melhor não... - Johan ficou com um olhar melancólico de repente.

Achei melhor não perguntar o motivo.

-Tudo bem. A gente ajuda... - Olhei para Hiro. - Fique aqui, quando a Alice acordar, explica tudo a ela. Se eu não voltar até o pôr do sol, é só fazer aquele negócio de farejar.

O garoto lobo franziu o cenho.

-Como sabe que sei fazer isso?

-Você não é um lobo?

-Sim, eu sou.

-Então, você consegue farejar - Arqueei as sobrancelhas.

-O fato de você ter razão, não muda o fato de que isso foi estranho.

Resolvi ignorar. E olhei para Johan.

-Você pode me mostrar os papéis dos casos recentes?

-É claro.

Começamos a andar na direção da delegacia. Que ótimo. Estava fazendo muito frio e eu estava usando apenas uma camisa preta com um calça de moletom e um chinelo. E claro, a minha luva.

Assim que chegamos na delegacia, Johan parou e olhou nos meus olhos.

-Então, quando a gente entrar, você vai ficar esperando aqui fora.

Espera, o que? Apenas concordei. Ele conhecia o local, então não iria discutir.

Quando Johan adentrou a delegacia e eu fiquei olhando os detalhes ao redor. A rua estava bem vazia, exceto por alguns policiais que estavam do lado de fora. As lojas estavam todas fechadas, a neve estava caindo mais forte. Que ótimo, vou virar um picolé gigante aqui fora.

Meia hora depois, um policial se aproximou meio desconfiado.

-Quem é você?

-Meu nome é Killiam.

O policial ficou me olhando por um tempo como se estivesse procurando algo.

-Está sozinho?

Eu poderia falar que estou com Johan, mas seria bem arriscado. Eu tinha que pensar em algo.

-Eu...estou esperando meu irmão.

-Ele está lá dentro? - O policial colocou a mão no coldre.

Isso não era bom - Eu acho - Cade o Johan?

-Não. Ele está vindo de carro.

Por um momento achei que o olho do policial tinha um brilho prateado. Rapidamente ele tirou uma arma de choque do coldre e disparou. Droga! Por que eu não posso ter um dia de paz? Minha mão foi na direção do cabo automaticamente. Isso foi muito esperto, colocar a mão no cabo cheio de eletricidade. Quando segurei o cabo, nada aconteceu.

-Seu moleque... - Ele soltou um síbilo.

-Por favor, me diz que você tem asma. - Fiquei parado esperando ele fazer algo. Estou cada vez melhor nas minhas decisões.

Ele atacou novamente. Dessa vez, ele usou suas garras que pareciam ser de um leão. É sério isso? Ele tem garras de leão e faz barulho de cobra?

Rolei para o lado e olhei ao redor, três policiais estavam se aproximando correndo. Graças a Deus. Quando eles chegaram, apontaram a arma na MINHA direção e um deles gritou:

-Mãos ao alto!

-Como é? - Fiquei confuso.

Eles não falaram mais nada. Correram na minha direção e me imobilizaram.

-Droga... - Murmurei.

Eles me levaram para dentro da delegacia.

Quando entramos, olhei ao redor e não avistei Johan. O policial...É cobra...não...Leão. AH, SEI LÁ! Me revistou. Eu não tinha nada, só a minha luva. Que ele tentou tirar e não conseguiu (O que me deu um leve desespero).

Depois das tentativas fracassadas de retirar as luvas, o leão me trancou na cela. Eu acabei de ser preso. PRESO! Isso era...tão estranho.

-Killiam - Escutei um sussurro. Quando olhei para a janela, Johan estava lá. - Vou tira-lo daqui.

-Não - Encarei ele. - Vá até Hiro e Alice e explica tudo. Você viu?

-Sim...ele não é humano. - Johan engoliu em seco.

-Sim. Agora vai.

O garoto não queria, mas acabou indo embora atrás de Hiro e Alice. Não era tão ruim aqui, deitei na cama e fiquei olhando o teto. Pela primeira vez, desde que começou essa viagem, eu estava em "paz". Fechei os olhos e tentei dormir.