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Meu motorista tem uma vassoura e não tem medo de usar!

Eu estou quase desistindo de tentar ter uma vida normal, em uma escola normal e com pessoas normais. Infelizmente falhei em tudo. Nada aqui era normal.
Quando acordei, eu estava sem camisa em um lugar estranho, na minha barriga tinha uma faixa tampando o ferimento que eu tive a sorte de ter. O lugar era silencioso, o teto era de vidro, haviam mulheres passando com um traje de enfermeira e logo pensei que eu deveria estar na enfermaria.

-Como se sente, Killiam? - Uma das enfermeiras falou, eu jurava ter escutado um sibilo, mas okay.

-Bem, eu acho

Eu realmente estava me sentindo bem - deitado - não sei se seria a mesma coisa quando eu levantasse.

-Que bom, você tem visitasss - Ela esboçou um sorriso, novamente escutei um sibilo. Ou essa mulher tinha asma, ou ela era uma cobra no sentido literal. Infelizmente ela não tinha asma. Olhei para a sua parte inferior e não tinha pernas, tinha uma cauda verde escamosa.

-Por que não estou surpreso com isso? - Olhei para o teto.

-Killiam - Um sujeito pálido, com o cabelo negro na altura dos ombros veio na minha direção. A roupa dele era bem normal. Um smoking preto e um chapéu coco da mesma cor.

-Quem é você?

O Dracula começou a rir e logo olhou nos meus olhos.

-Meu nome é Michael Andrômeda, o diretor dessa escola.

Ótimo, primeiro dia e o diretor veio pessoalmente falar comigo.

-Eu não fiz nada.

-Eu sei, mas eu preciso falar com você.

Michael sentou na cadeira ao lado da cama.

-Esse lugar não é mais seguro para você.

Jura? Eu estava com um buraco na barriga e ele vem me falar isso agora?

-Ah, nem notei.

-Killiam, eu estou falando sério. Você tem que ir embora, eu já falei com a Alice.

O que ele está falando? Eu acabei de chegar.

-Eu consegui a transferência de vocês para uma escola na Inglaterra.

-Como é? - Arregalei os olhos - Eu não posso!

-Você não tem escolha. A familia de vocês receberá uma carta, digamos que vocês foram fazer intercâmbio pois eram alunos exemplares.

-Super - Murmurei.

-Suas coisas já estão na entrada da escola - Michael levantou e arrumou o paletó - Vocês vão ser levados para Quebec e um jatinho particular vai estar esperando por vocês dois.

Michael foi embora. Fiquei olhando o teto por um tempo. Eu iria para Quebec e pegaria um jatinho particular, até que era legal.

Fui até a entrada da escola e encontrei Alice. Já estava quase anoitecendo e estava ventando bastante.

-Como você está? - Ela olhou na direção da minha barriga.

Fiquei em silêncio, apenas observando ela.

-Certo, você vai me ignorar.

-Achei que estivesse falando com a minha barriga.

Ela começou a rir.

-Isso não faz sentido. Enfim, vamos.

Na frente do portão havia uma limusine branca e um sujeito vestindo um terno preto abriu a porta. Olhei para Alice.

-É sério isso?

-Eu...vamos logo. - A garota parecia perplexa. Ela andou rapidamente até o carro e sentou perto da janela.

Aquilo era muito legal. Mas algo não saía da minha cabeça. Por que tínhamos que ir embora? Alguém está atrás de nós dois?
Entrei na limusine e logo dormi, novamente.

- Oi, meu precioso

Meu precioso? De repente eu me senti um anel dourado e o Gollum estava bem na minha frente.

-O que?

-Vejo que você está bem

A mulher não parecia nada com o Smigle. Ela usava um vestido preto sem manga, e só. A sua pele era pálida, seus olhos pareciam labaredas roxas e seu cabelo loiro se estendia até a cintura. Resumindo, ela era linda.

-Você me conhece?

A mulher sorriu. O que me deixou um pouco tímido.

-Eu estou de olho em você há muito tempo.

Ótimo. Agora uma mulher que faz citações do filme Hobbit está me vigiando. Tudo normal, nada estranho.
A Gollum foi caminhando até um campo coberto por neve. Eu deveria estar sonhando, mas era tão real. Eu não tinha escolha há não ser segui-la.

-Espera - Parei na frente dela - Qual é o seu nome?

-KILLIAM!

De repente, a voz da mulher soou igual a da Alice.

-Seu nome é Killiam?

-ACORDA!

Tudo ficou preto. Quando eu abri os olhos, o rosto de Alice parecia pálido, a limusine estava parada e o motorista não estava no volante.

-O que aconteceu?

-Lobos! Na estrada! - Ela parecia desesperada.

Estávamos em uma limusine, eram apenas lobos. Bom, eles poderiam ter rifles e apontaram para o carro. Mas isso era bem impossível.

-MORRAM! CRIATURAS IMUNDAS!

Alguém gritou do lado de fora. Quando fui olhar pelo vidro do carro, o motorista estava com uma vassoura na mão e golpeava ferozmente os...lobos? Espera. Não eram lobos. Pareciam homens com muito pelo.

-Lobisomens?

Aquilo não podia ser real. Lobisomens? Sério? Estou começando a achar que Michael Andrômeda realmente era o Drácula. O motorista parecia estar no controle da situação - Usando uma vassoura - Talvez fosse uma arma muito útil contra lobisomens. Eu disse talvez.

Tudo estava bem, até um dos lobisomens acabar atingindo o motorista, que explodiu em pura luz.

-O que foi aquilo? - Olhei para Alice.

-Ele era um Mysticino.

-Um o que?

-Mysticino. No colégio Andrômeda, aprendemos sobre um outro lugar chamado Mystic, quando uma pessoa de lá morre aqui na Terra, ela explode em pura luz.

Existe um lugar chamado Mystic? E o que ela quis dizer com "Aqui na Terra"? Enfim, eu não podia me preocupar com isso agora. Os lobos estavam vindo na direção do carro.

-O que vamos fazer? - Alice olhou para mim.

Ela realmente estava achando que eu tinha um plano. Bom, eu tinha que improvisar.

-Você confia em mim?

-É obvio que não

-Muito obrigado.

Abri a janela que separava a parte onde ficava o motorista e pulei para o volante.

-Você não vai... - Alice ficou me olhando.

Girei a chave e o carro ligou.

-Sim, eu vou.

Comecei a acelerar. Os lobos se despersaram e logo começaram a correr atrás do carro.

-Você vai acabar nos matando!

Continuei focado em fugir dos lobos. Iríamos morrer de qualquer jeito. Logo a frente, havia um posto de gasolina, os lobos não estavam mais correndo atrás da limusine.

-Vamos parar um pouco. - Sugeriu Alice.

Assenti com a cabeça e na hora de estacionar o carro eu acabei batendo no poste ao lado do posto.

-Acabou de passar no teste de baliza.

-Agora não é hora para piadas - Reclamei.

-O que vamos fazer agora?

-Ir para Quebec...De algum jeito.

Alice entrou na loja de conveniências do posto. Eu fiquei do lado de fora tomando um pouco de ar. Estou começando a sentir falta da minha vida antiga, pelo menos não tinham lobisomens tentando me matar e híbridos de escorpião perfurando o meu estômago. Percebi que a Alice estava demorando demais para sair e de repente, uma explosão tomou conta do local e Alice apareceu com a mão no ombro.

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