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Uma luz forte quase cegou Anne pela manhã, fazendo com que ela fosse obrigada a acordar. Se sentou na cama com toda calma do mundo e então olhou ao redor.
Com a luz do sol, ela conseguia reparar melhor na casa. Os móveis pareciam muito com aqueles do antigo apartamento, aquele onde Anne havia conseguido atirar no garoto.
— O que foi? — Ruel apareceu de surpresa e pela primeira vez, Anne não se assustou.
— Como conseguiu resgatar os móveis?
— Você é uma boa observadora, Anne River. — Ele sorriu, passando os dedos por um quadro. — Não são os mesmos, são apenas parecidos.
— Sempre gostou desse tipo de decoração? Como era na casa da sua mãe?
Ruel mudou sua feição rapidamente, mudou para aquele olhar frio e voltou a conversar de uma forma mais rude.
— Não te dei liberdade para perguntar sobre a minha vida.
— Quer um abraço? Um carinho de uma figura feminina?
— Vai pra puta que pariu. Eu tive a Stella, não preciso de você.
Anne revirou os olhos, ela odiava aquela mudança de humor mas também já estava preparada, ela sabia que ele jamais iria querer falar sobre aquela parte da vida dele.
— Eu estou com fome.
— Problema seu. — Ele deu de ombros. — Estou saindo, não tente fugir, eu vou trancar tudo.
— Eu estive com a Sarah e ela chamou a polícia. Se quer um conselho, me deixe sair logo, eles já devem estar atrás de mim.
— Ela te expulsou?
— Me tratou como se eu fosse um monstro, ameaçou me bater e eu tive que fugir, foi péssimo.
— Interessante, Anne. Te vejo mais tarde.
O garoto logo deixou o "quarto" fazendo Anne se jogar na cama e bufar de raiva. Não era justo o que ele estava fazendo e ela precisava decidir logo o que iria fazer com a sua vida.
Encarou o teto por mais alguns segundos e assim que desceu seu olhar pela parede, conseguiu enxergar letras brancas, muito bem contornadas na parede de madeira.
Como sua curiosidade sempre falava mais alto, ela se levantou e se aproximou da frase, para conseguir ler os dizeres contornados por uma letra linda.
— Se por te beijar tivesse que ir depois pro inferno, eu faria isso. Assim depois poderei me gabar aos demônios de ter estado no paraíso sem nunca entrar. — Leu em voz alta, deixando a confusão tomar conta de si. — Porra!
Anne deu um passo pra trás após achar fotos. Fotos suas no manicômio, dormindo, ou até mesmo solta pela sala de recreação e a mais assustadora de todas, era uma sua no dormitório, uma foto que havia sido tirada extremamente próxima do seu rosto. A garota estava desesperada, então ele esteve com ela em todo aquele tempo, ele estava a perseguindo há muito tempo e aquilo era assustador e obsessivo.
A garota não pensou muito, apenas pegou uma das cadeiras e jogou fortemente em direção a janela, tentando fugir dos cacos de vidro que voaram em direção ao chão. Ela precisava ir embora. Ruel estava obcecado e aquilo, era doentio.
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