festinha de aniversário.
Sábado chegou, e Sunghoon não podia estar mais nervoso. Havia encarado suas roupas por um bom tempo, não tinha ideia do que vestir. Suas roupas eram, no geral, mais para a moda adolescente do que adulta, e gostava bastante de cores escuras.
Depois de refletir bastante, escolheu ser exagerado como sempre fazia quando ia para festas ─ em contraste para suas roupas da faculdade habituais, que eram muito desleixadas, Park era muito perfeccionista quando tomava tempo para se arrumar.
Pegou uma calça preta jeans, seu blazer preto favorito, uma camisa branca básica e finalizou com botas pretas. Já iria se destacar mesmo, então poderia se destacar ainda mais. Iria ser o papai
legal entre as crianças, e com sorte, poderia evitar as mães com a desculpa de ter que brincar com os pequenos.
Arrumou sua filha de forma confortável, pois festas
de criança costumavam ser no jardim quando o local é a casa de uma delas. Colocou em Seol um macacão amarelo e prendeu os cabelos negros da menina em um coque alto, deixando a franjinha para frente. Nos pés, deixou tênis, para que pudesse correr bastante. Passou um bom tempo checando tudo antes de sair.
A festinha não havia começado ainda, mas era um pouco longe, então precisava sair cedo. Uma última vez, se olhou no espelho e respirou. Ainda estava nervoso, não podia se conter.
Desceram para o carro, de mãos dadas. Consigo carregava seu celular e o presente da aniversariante. Não era de trazer muita coisa.
Depois de muita insistência de Seol, acabaram comprando um carrinho para Yeri. Sunghoon, pelo menos, conseguiu impedi-lá de sair daquela loja correndo com um carrinho de controle remoto que custava mais que o salário do pai. Levar uma boneca seria muito clássico, de qualquer forma, estavam certos em pensar em algo diferente.
Entraram no carro, e o mais velho arrumou o GPS para o destino. Cerca de 35 minutos, e o movimento não estava pesado, logo chegariam na festinha.
Park estava de queixo caído. A vizinhança só tinha casas enormes, que ele não conseguia em sonhar
em comprar. Antes, quando leu o convite, sentiu alguma familiaridade com a localização, mas não pensou muito sobre. Era, literalmente, um dos bairros mais ricos de Seul.
Não podia acreditar que aquela criança ia para a mesma creche que sua filha.
─── Papai! São castelos!
─── São tão caros quanto castelos... ── Resmungou para si mesmo. Chegava a ter vergonha de dirigir seu carro até ali.
Um pouco dentro do condomínio, depois de certa dificuldade para passar pelo portão com o interfone moderníssimo, avistaram alguns balões na frente de uma mansão mais clássica. Na frente, alguns carros de gente mais comum estavam estacionados, fazendo Sunghoon sentir-se mais confortável. Parou ao lado deles e tirou a pequena da cadeirinha. Assim que os pequenos pés tocaram o chão, foi correndo para a porta, tirando uma gargalhada de seu pai. Com todo o seu esforço, pulava para alcançar a campainha, mas falhava miseravelmente. Park a deu uma ajudinha, a deixando satisfeita.
Quando a porta foi aberta, o humor agora mais descontraído de Sunghoon, e o seu sorriso, se foram. O encarando, bem a sua frente estava um rosto familiar o bastante para ser reconhecido. Engoliu em seco, entrando em um leve desespero.
Era o novato do seu departamento, o mesmo da foto que Ryujin o mandou e o qual Park viu algumas vezes de longe no campus. Não sabia o nome dele, e ele com certeza não sabia o seu.
─── Park Sunghoon? Você não é meu veterano na faculdade de ciência da computação? ── O garoto o encarava surpreso, parecia ter momentaneamente esquecido da situação onde estavam.
Sunghoon queria correr dali. Como era possível que soubesse o seu nome? Não era como se fosse famoso ou algo do tipo em sua área, era apenas mais um dos muitos estudantes homens do seu departamento.
Paralisado, sem saber o que fazer, acabou criando um silêncio constrangedor, o qual foi quebrado por Seol, que agarrou as pernas do colega de seu pai, como se já se conhecessem.
─── Tio Sun! Cadê a Yeri, tio Sun? ── Ele abriu um sorriso adorável para a criança, e passou sua mão na cabecinha dela de leve, para não bagunçar o penteado que usava.
─── Ela está lá fora, brincando com as outras crianças no jardim. Que tal ir lá? ── Apontou para a direção de uma grande janela de vidro, onde parecia dar em um gramado. Seol soltou-se do garoto e saiu correndo na mesma direção, deixando Sunghoon sozinho. "Tio Sun" o voltou a ter sua atenção para moreno, mas não conseguiu falar nada antes de ser interrompido.
─── Sunghoon! ── Exclamou a senhora, a qual Park imediatamente reconheceu como a mãe de Yeri. ─── Que bom que viesse. E parece que já conhecesse meu filho.
A mulher aproximou-se da porta, e colocou o seu braço vago no ombro do filho, pois no outro segurava uma taça com o que parecia alguma bebida alcoólica. Sunghoon não conseguia acreditar no que havia se metido. Nunca pensaria que estava estudando com o irmão de um dos colegas de Seol, mas agora não tinha mais como esconder a sua filha, só teria que implorar para que o mais novo não espalhasse nada sobre.
Com a pouca vontade que ainda sobrava em seu corpo, abriu um sorriso forçado.
─── Eu disse que viria, Sra. Kim.
─── Venha, entre. ── Abriu espaço o bastante para o universitário entrar, puxando o filho para o lado.
Sunghoon entrou, meio apreensivo, segurando o pacote com força em sua mão. A mais velha o olhou dos pés a cabeça, e depois virou-se para o próprio filho, que parecia um tanto confuso.
─── Vocês parecerem ter quase a mesma idade me faz sentir-me mais velha. ── Riu, e para não se constranger mais, Sunghoon abriu um sorrisinho.
─── Ele não é irmão de Seol? ── Perguntou, confuso, encarando a mãe.
─── Não, meu filho. Ele é o pai dela, eu já falei dele para você, é o pai jovem da creche.
O mais baixo o olhou incrédulo, sem conseguir acreditar naquilo. O mais alto desviou o olhar, não podendo se sentir mais desconfortável do que já estava. Provavelmente nem a Sra. Kim sabia que ele tinha apenas vinte, e torcia para que o filho dela também não soubesse.
─── Vocês podem ficar conversando por enquanto, devem ter assuntos parecidos. ── Sorriu, simpática. ─── Mas não se esqueça de ir dar um oi para as mães mais tarde. Todas as elas estão empolgadas em te conhecer, querido.
A mulher afastou-se os deixando sozinhos novamente. O clima continuava estranho, mas não podiam evitar.
─── Venha, vou pegar um pouco de bebida para você. ── Fez um gesto com a cabeça, para que seu veterano o siga.
A casa era enorme, com lustres e decoração dourada e branca, extremamente chique. Nem parecia que uma criança morava ali, de tão organizada. A própria cozinha parecia maior que todo o seu pequeno apartamento.
O dono da casa foi até a geladeira, tirando uma garrafa de champanhe, a qual parecia ter custado um bom dinheiro. Sunghoon, no entanto, não gostava de beber fora de casa.
─── Só um pouco de água, por favor. ── Sorriu sem graça.
O outro assentiu com a cabeça, pegando uma jarra de água. O mais velho sentou-se em um dos banquinhos da enorme ilha no meio daquela cozinha, a qual parecia ter sido retirada diretamente de uma construção do The Sims.
Não muito tempo depois, os dois colegas estavam
sentados lado a lado, em um silêncio esquisito. Sunghoon aproveitou para observar melhor o rosto sobre o qual sua amiga havia falado tanto sobre, e percebeu que ele era realmente lindo. Seus cabelos eram na cor rosa e curtos, os quais ele usava repartidos na lateral, sua pele era pálida ─ típica de um aluno do seu departamento, que fica horas dentro de casa no computador ─, os olhos, rasgados, com uma pálpebra dupla que parecia natural e lábios medianos e delicados. Poderia ser um modelo, sem muito esforço, pois também parecia ter um bom físico.
─── Sunghoon-hyung, é você mesmo, não é? ── Os olhos dele encararam o mais velho. ─── Ah, esqueci de me apresentar, fui dizendo que você é meu veterano sem nem dizer o meu nome. Kim Sunoo, irmão mais velho da Yeri. Estou no quarto semestre no mesmo departamento que o seu.
─── Ah, sim, está certo. Sou eu mesmo. Que coincidência. ── Falava meio travado, desviando o olhar.
─── Você não é muito bom em esconder o que sente, hyung. Não vou falar nada sobre a sua filha para ninguém, já notei seu incômodo. ── Sunghoon virou o rosto rapidamente para Sunoo, surpreso, mas logo voltou a olhar para o copo de água, esquecido em cima do balcão, do qual tomou um gole. O mais novo riu de leve. ─── Pode relaxar.
─── Desculpa agir estranho. Você é o único que sabe sobre ela, além da Ryujin, minha amiga. É um tipo de detalhe que eu prefiro esconder até me formar.
─── É casado também? ── Quase cuspiu a sua água com a pergunta.
─── Não. ── Negou rapidamente. ─── Sou muito novo pra isso, só tenho vinte.
─── Vinte? Caralho... Eu tenho dezenove e não consigo nem cuidar de mim mesmo... Quem diria de uma criança.
Não conseguia acreditar que havia exposto a si mesmo. Antes eles acharem que pelo menos era um adulto legal quando havia ganhado a sua filha, do que apenas um adolescente. Sunoo, novamente, notou o desconforto notável do garoto, mas antes que pudesse tentar confortá-lo, duas pequenas garotinhas aparecem na cozinha.
─── Oppa! ── Exclamou uma garotinha de tranças, vestida com um vestido florido. ─── Vem brincar com a gente.
─── Papai vem também. ── Seol bate da perna de Sunghoon.
─── Claro. ── Sunghoon levantou-se, segurando na mão de Seol. ─── Do que vamos brincar?
─── Casinha! ── Respondeu Yeri, agarrada na perna do irmão.
As meninas os arrastaram para fora, onde era o enorme jardim da mansão. O mais velho não tinha como não impressionar-se com aquilo. Havia uma área com mesas de madeira, onde as mães estavam sentadas, as quais no momento os encaravam, com uma área para a churrasqueira, uma enorme piscina e ainda um bom pedaço onde era grama.
As crianças brincavam em alguns grupinhos separados, mas incrivelmente não estavam muito agitados. Apesar de tudo, o que mais o surpreendeu foi a casinha de brinquedo da aniversariante. Era enorme, não ao ponto de poder caber em pé dentro dela, mas era larga o bastante para ser comparada ao seu quarto. Era branca, era semelhante a uma miniatura de madeira da mansão onde estavam, e parecia bem nova.
─── Bonita, né? Meu pai fez para o aniversário dela. Por isso querem tanto brincar de casinha. ── Comentou, enquanto ainda eram puxados na direção da casa de brinquedos.
Ao chegarem na frente daquela miniatura de madeira, mais algumas meninas se aproximaram, e começaram a falar entre si, mesmo com um pouco de dificuldade.
Os dois mais velhos se entreolharam, tendo que esperar as instruções.
─── O oppa da Seol é o papai. Eu quero ser a mamãe. ── Falou Yeri, indo abraçar Sunghoon. ─── O oppa da Seol é mais bonito.
O mais novo encarou o seu veterano, fingindo inveja, e ambos tentaram não rir.
─── O meu papai é meu! ── Exclamou Seol, agarrando a outra perna do universitário. Sunghoon passou a mão no cabelo, se achando, tirando uma risada muda de Sunoo.
─── Meninas, meninas, eu sou só um. Não façam o Tio Sun se sentir excluído. ── Piscou para o mais novo, que entendeu o recado, fingindo estar triste.
As garotinhas se entreolharam, confusas, mas soltaram as pernas de Sunghoon e foram até o Sunoo, o qual continuava fiel à atuação. Assim que elas se afastaram o bastante de seu veterano, o mais novo jogou-se na direção dele, agarrando o braço do mais velho.
─── Eu que vou ser a mamãe.
O rosto de Sunoo estava próximo demais, a ponto de Sunghoon conseguir sentir o cheiro do shampoo que usava. Não sabia se era porque não havia tido contato íntimo desde o colegial, mas seu coração estava batendo mais rápido do que o normal com a aquela proximidade. Estava com medo de que ele percebesse, mas não podia simplesmente empurrá-lo. Desviou o olhar, procurando onde estavam as meninas, que haviam se apressado em separar os dois enquanto Sunghoon viajava em seus próprios pensamentos.
─── Tudo bem, vocês venceram, podem ficar com ele. ── Sunoo soltou-se, levantando as mãos ao lado da cabeça, como se fosse culpado de algo.
As garotinhas foram murmurar em privado novamente, o que não demorou mais do que alguns segundos. Seol se aproximou do seu pai, o olhando, confusa.
─── Eu ouvi você falando de namorados com a tia Ryujin no telefone. O Tio Sun é o namorado do papai?
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