confronto.
Sunghoon tremia enquanto segurava as costas de Sunoo. Tudo o que havia falado era verdade, mesmo que não quisesse acreditar. Havia algo de errado com aquela obsessão que o mais velho tinha por si, que não poderia ter surgido a partir daquele
mísero encontro às cegas improvisado. Heeseung começou a agir agressivamente do nada. Assim que notou que Sunghoon não iria aceitá-lo tão facilmente como achava que iria, começou a agir mais agressivamente, já não considerando mais as respostas do garoto.
Tudo que importava agora era a sua vontade e a sua felicidade em tê-lo perto de si. Mas como Heeseung estava fazendo a cabeça do garoto com tanta facilidade? A resposta era simples. Ele estava fazendo Sunghoon se sentir endividado. Estava acusando ele de não saber cuidar bem da própria filha. Estava o acusando de precisar do mais velho para que sua vida finalmente entrasse nos eixos. E Sunghoon, com a mentalidade fraca que tinha, foi na onda. Fez o que Lee mandou sem falar um pio. E iria continuar fazendo o mesmo se não tivesse se encontrado Sunoo no dia seguinte.
Assim que encontrou Sunoo no ensaio, e recebeu aquele olhar frio e indiferente, sentiu-se ainda mais culpado do que com as palavras de Heeseung. Estava claro; Sunoo sabia de tudo. Ele descobriu tudo antes que Sunghoon pudesse ter sido sincero. No começo, ao chamá-lo, planejava somente se desculpar, mas aquelas respostas secas mexeram com ele mais do que o esperava. No final das contas, fez o que o fundo de seu coração queria, desabafar e pedir ajuda.
E Sunoo não tinha nenhuma obrigação, mas mesmo assim virou-se e abraçou seu hyung.
─── Sunghoon. Onde você se meteu...? ── Murmurou, afagando os cabelos do maior. ─── Claro que eu vou te ajudar.
Sunghoon começou a chorar, deixando Sunoo completamente confuso e sem jeito. Não podia acreditar que ainda o tinha ao seu lado mesmo depois de toda a incerteza que o fez passar. Fungava baixinho, para que as crianças não ouvissem. Já havia chorado na frente de Seol, e ela sempre chorava junto. E Sunghoon não aguentava ver sua menina chorar.
─── Mas... Como é que você o conheceu? ── Perguntou, enquanto secava as lágrimas do maior.
─── Wonyoung me marcou um encontro às cegas com Heeseung. Eu fui substituir ela. ── Explicou, tentando simplificar ao máximo. ─── Na segunda vez que a gente se viu meu objetivo era o rejeitar... Mas daí a Seol ficou doente... E ele começou a agir estranho.
Sunoo respirou fundo, não podendo conter o ciúmes em saber que Sunghoon estava indo nessas tal coisas como "encontros às cegas". Mesmo que tenha sido como um favor.
─── Quem é essa tal de Wonyoung?
─── Mãe da Seol. Acho que nunca te contei sobre ela mesmo... ── Suspirou, pouco surpreso.
─── Precisas falar com ela então. Ela com certeza tem algo a ver com isso. Tem certeza de que você estava substituindo mesmo? ── Indagou, o que acabou fazendo Sunghoon pensar um pouco mais sobre.
─── Não acredito que ela possa ter armado para mim... Não há motivos.
─── Mas você não tem como ter certeza. Esse cara pode ser muito pior do que você acha. ── Avisou-o, uma vez que não tinha laços o bastante para não duvidar de qualquer possível suspeito. ─── Quando vocês irão se ver novamente? Você e esse tal de Heeseung?
─── Na verdade, em alguns minutos... Ele
provavelmente estará aqui.
⏳
Junto das meninas, seguiram para fora do auditório, enquanto Sunghoon dava todos os detalhes os quais sabia sobre o Lee. A conversa dos dois foi atrapalhada pelo som estridente da buzina de um carro. Assustados, ambos olharam na direção do som. Sunghoon estremeceu ao reconhecer o veículo esperando ali.
Inconscientemente, apertou a mão da pequena ao seu lado, que o encarou confusa.
─── Papai?
O mais velho percebeu logo depois, e aliviou o aperto, com um leve sorriso culpado no rosto.
─── Desculpa, amor. Não é nada. ── Passou a mão livre pelos cabelos de Seol gentilmente.
Sunoo respirou fundo, tentando conter a sua raiva. Havia se enganado sobre a situação de Sunghoon, e descobrir a verdade o havia deixado extremamente irritado. Encarava o carro de longe, com uma expressão dura. Sunghoon notou aquele olhar, e aproximou-se, acariciando o braço do menor na intenção de acalmá-lo.
─── Sunoo. Acho que eu vou voltar com ele. Talvez se eu pedir de novo, ele irá parar de me incomodar. ── Falou sem pensar muito, pois não era estúpido o bastante para acreditar nas suas próprias palavras.
O garoto não aliviou sua expressão, encarou Sunghoon com a cara de alguém que estava prestes a explodir. Ele sabia que ingenuidade do mais velho não era tão grande. Sabia que ele apenas estava tentando evitar que algum conflito acontecesse. Mas já era tarde demais, ele já havia agarrado o mais baixo por trás e pedido ajuda com a voz trêmula. E aquela era a validação a qual Kim estava procurando há muito tempo na sua rasa relação com Sunghoon.
Sunghoon precisava da ajuda de Sunoo.
─── Não fale besteira, Sunghoon. Você sabe que isso não vai acontecer. ── Resmungou suas palavras, e apertou o punho.
Sunghoon engoliu em seco, e desviou o olhar para o chão.
─── Eu sei que pedi tua ajuda, mas... Não quero que se meta em uma briga por causa de mim. Podemos investigar e achar a polícia... ── Murmurou, mas já era tarde demais.
Sunoo estava sendo levado pelos próprios sentimentos, nem ouviu a proposta do mais velho direito, e foi a passos largos na direção do carro de Heeseung. Yeri ficou para trás, completamente confusa, encarando Sunghoon na esperança de que o mais velho soubesse o que fazer. Desperado ao ver o Kim ir até Lee, agarrou com a outra mão a mãozinha de Yeri e o seguiu, sem saber o que esperar daquele confronto.
Ao chegar bem perto do veículo, conseguia ver o reflexo do tal de Heeseung, o qual o encarava pelo mesmo espelho, com uma cara bem desagradável. Sunoo não precisou falar nada para que Lee saísse do carro, saiu por conta própria assim que Sunghoon também estava no campo de visão do retrovisor. Estava bem vestido como sempre, em um terno preto, o que contrastava com as roupas dos outros dois garotos. Estava com uma expressão tão dura quanto a de Sunoo enquanto checavam um ao outro. Lee cruza os braços.
─── Eu vim buscar o meu namorado. Quem seria você? ── Perguntou, com a voz calma habitual, como se tudo estivesse dentro do controle.
Sunoo soltou uma risada anasalada. Sunghoon já estava entrando em desespero, quando sentiu uma mão passar por seu ombro.
─── Você quis dizer o meu namorado? Ele me disse que você anda o incomodando. Poderia parar por favor? Não quero chamar a polícia. ── Finalizou com um sorriso falso.
Sunghoon, estava ao mesmo tempo envergonhado e confuso. Na sua cabeça, Sunoo iria imediatamente o enfrentar, e cair na porrada. Mas parecia que ele tinha algum tipo de ideia.
─── Do que você está falando? Sunghoon disse que seria meu namorado. Ele precisa de mim. Fala para ele, amor. ── Rebateu Lee, o qual parecia estar com a sua calma de sempre afetada.
Sunoo quase perdeu a paciência ao ouvi-lo chamar Sunghoon de amor, mas apenas virou-se para o garoto, esperando algum tipo de resposta. Do lado de dos dois garotos literalmente brigando por sua causa, sua voz tremeu, mas não iria simplesmente ficar quieto enquanto Sunoo fazia tudo sozinho.
─── Heeseung, eu nunca aceitei. Eu só parei de recusar pois você só me diminuía toda vez que eu tentava... ── Encarou-o, firmemente.
Estava claro no rosto de Heeseung que ele mesmo não tinha noção do que havia feito. Bufou, irritado com as acusações, e sua calma infelizmente esvaziou. Lee aproximou-se, tentando agarrar Sunghoon, mas Sunoo consegue o impedir, agarrando o braço antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Imediatamente, Heeseung puxa o seu braço de volta, e os outros dois aproveitam para se afastar um pouco, pois estavam junto de duas crianças pequenas, e não podiam arriscar.
─── Sunghoon, você não pode me deixar. Você precisa de mim. Acha que pode mesmo se virar sozinho? Nessas condições? Você entra em pânico quando sua filha fica com febre! ── Gritava, irado, e tentando se aproximar novamente. ─── Você vai acabar matando ela!
Sunghoon olhou para baixo, segurando as lágrimas ao ter o seu ponto fraco tocado, que nem havia acontecido na noite anterior. Tremeu, e Sunoo que estava com o braço sobre si, pode perceber facilmente. Ele precisava calar a boca desse babaca. Soltou-se de seu hyung, e o empurrou levemente com a mão. Sunghoon respirou fundo, tentando se concentrar novamente. Dessa vez não estava sozinho. Segurou a mão das garotinhas com firmeza e se afastou.
─── Cala a boca, quem você acha que é? Sunghoon é um ótimo pai. A última pessoa que ele precisaria é um louco como você. ── Sunoo tentava não gritar, para não assustar as crianças, mas não parecia menos intimidador do que Heeseung. ─── Se você tentar se aproximar de novo, eu vou chamar a polícia.
Seol e Yeri estavam muito confusas. Não entendiam o porquê de o Oppa delas estar discutindo com aquele moço, e muito menos o porque de Sunghoon estar tentando segurar o sorriso bobo com as palavras doces de Sunoo.
─── Oppa, o que o meu Oppa tá fazendo? ── Perguntou Yeri.
─── Ele está... Me protegendo. ── Respondeu-a, baixinho.
─── Oh! ── Exclamou Seol. Sunghoon arregalou os olhos, o que ele queria ter evitado estava acontecendo diante de seus olhos.
Heeseung havia acabado de socar o rosto de Sunoo. Imediatamente, Yeri começou a chorar, e Seol acabou chorando junto. Tentando pensar rápido, olha ao redor para um lugar onde elas não pudessem ver a briga. E por sorte, havia um carro estacionado logo atrás do de Heeseung, então as levou rapidamente para lá, as deixando sentadas.
─── Fiquem aqui, ok? Tudo vai ficar bem. Confiem em mim. ── Passou a mão pelo cabelo das duas, tentando as confortar mas sem perder muito tempo.
Sunoo havia continuado a briga, mas estava muito acirrada, e Heeseung parecia ter a vantagem. Estava segurando o mais novo pelos braços, atrás das costas, até Sunghoon, no calor do momento, se aproximou e acertou um chute bem dado bem no meio das pernas de Lee, e logo depois, uma joelhada em suas costas, o que foi o bastante para o outro se soltar. Aproveitando a abertura, Sunoo agarrou Heeseung ─ agora agonizando de dor ─ pelo pescoço, em um "mata leão", fazendo a força necessária para conseguir fazê-lo desmaiar. Assim que sentiu-o parar de se mover, soltou-o no chão.
A respiração de Sunoo estava descompassada, sem acreditar muito no que havia feito. No final das contas, ambos não tinham experiência com brigas, e haviam feito uma coisa bem arriscada.
─── Polícia. ── Fala Sunoo, olhando para seu veterano.
Sunghoon estava meio aéreo, mas logo pegou o seu celular e chamou as autoridades. Tinha muita sorte de não ter arrastado isso por mais tempo. O que aconteceria se Heeseung chegasse nas garotas? Assim que a chamada acabou, suspirou profundamente.
Sunoo estava ainda impressionado, mas um tanto satisfeito. Aquele cara ela era completamente fora da casinha. Assim que tira os seus olhos do homem deitado no chão para encarar Sunghoon, sente um par de braços o abraçar com força, agora pela frente, e uma cabeça deitar-se em seu ombro.
─── Obrigado. ── Ele aperta ainda mais. ─── Obrigado, obrigado.
O mais baixo começa a rir de leve, surpreso com o ato, e o abraça de volta.
─── Sem você eu também não teria conseguido.
Aquele chute no saco foi incrível! ── Brincou.
Sunghoon riu, em meio as lágrimas de alívio que caiam de seu rosto. A camiseta de Sunoo ficou encharcada depois daquilo. Antes de levantar a cabeça, esfrega o rosto no tecido, para pode encará-lo sem estar com os olhos marejados. Ambos, ainda agarrados, se encararam por alguns segundos, mas estava óbvio o que queriam fazer. Sunghoon tentou juntar ambos os lábios, mas tiveram que voltar para a realidade assim que ouviram pequenos passinhos vindo de perto.
─── Papai? Tio Sun? ── Perguntou Seol, saindo de trás do carro, enquanto segurava a mão da amiguinha.
Os dois soltaram-se imediatamente, e passaram a perceber melhor em que situação eles realmente estavam. Sunoo vai assistir as crianças, enquanto Sunghoon tenta segurar Heeseung da melhor forma possível para poder colocá-lo de volta no carro e trancar as portas. Em alguns poucos minutos, puderam ouvir as sirenes se aproximando.
⏳
Os policiais fizeram muitas perguntas, até mesmo às garotinhas, pois também haviam testemunhado a cena. Sunghoon contou sobre como Heeseung foi violento e como estava sendo manipulado por ele a seguir com um relacionamento. Sunoo declarou que apenas havia usado violência como defesa, e que as câmeras de segurança poderiam provar. Heeseung ainda estava desacordado, e foi levado à delegacia.
Sunghoon voltou com Sunoo, em um silêncio esquisito. Antes, ainda meio desacreditados com o que havia acontecido, agiam mais próximos um do outro, mas assim que se acalmaram, não pareciam mais confortáveis e a situação voltou ao que era mais cedo. As únicas vozes que podiam ser ouvidas eram as das crianças que conversaram paralelamente até caírem no sono.
O único momento em que trocaram palavras foi quando o mais velho precisou dar o seu endereço.
No entanto, havia uma troca de relances entre eles, e às vezes os olhares se encontravam. Era como se ambos quisessem falar algo, mas nenhum tivesse a coragem necessária para começar uma conversa.
Enfim, chegaram ao complexo de apartamentos de Sunghoon, e o mesmo saiu do carro e pegou sua filha, já adormecida, no banco traseiro. Depois de dar a volta no carro, e ficar de frente para a janela do motorista, deu um sorriso para Sunoo, que faz o mesmo. Eles não podiam só ficar em silêncio.
─── Sunoo, eu te devo desculpas. ── Finalmente falou, surpreendendo o mais novo. ─── Eu confundi você. Mas se você ainda não tiver desistido completamente... E quiser começar de novo...
O mais novo ficou em silêncio, e desviou o olhar, mas não parecia ter a intenção de ir embora ainda.
─── Se eu disser que não, você vai correr atrás de mim?
Sunghoon ficou confuso com a pergunta. O que ele queria dizer com aquilo?
─── Bem... Eu... Sim? ── Respondeu pausado.
Sunoo começou a rir baixinho, Sunghoon ainda o encarava
─── Então se eu disser que sim, você vai ser meu namorado?
Sunghoon sorriu com os lábios.
─── É meio rápido chamar o que nós temos de namoro, mas... ── Deu uma risadinha. ─── Sem objeções.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro